Capítulo 6 - Touch

O corpo de Lauren afundava no colchão macio, a exaustão lentamente a arrastando para o sono. Sentia os músculos relaxarem, os pensamentos se dissipando, até que algo inesperado aconteceu. Uma mão quente tocou a sua. 

Demorou a abrir os olhos, ainda entre a inconsciência e a realidade. Antes que pudesse reagir, a mesma mão a puxou com força, fazendo-a cair no chão. 

O susto percorreu seu corpo como um choque. Seu olhar varreu o quarto em busca de alguém, mas não havia ninguém ali. 

Sozinha. 

A respiração acelerada mal teve tempo de se estabilizar quando gritos vindos do andar de cima cortaram o silêncio da mansão. Lauren levantou-se num salto, ignorando o medo ainda pulsando em suas veias. Sentia, de alguma forma, que aquele puxão não fora um ataque, mas um aviso. 

Seguiu os sons apressados até o quarto das crianças. Passou pelo quarto de Demetria e viu a porta aberta, a cama vazia. 

O pânico se instalou. 

— O que está acontecendo? — Lauren praticamente gritou ao entrar no quarto das crianças, encontrando os três tentando abrir o armário com pressa. 

— Srta. Lovato ficou presa. Estávamos brincando… e a porta não abre! — Flora explicou, a voz carregada de preocupação. 

Lauren pegou uma das chaves sobressalentes e tentou destrancar o armário. Foram segundos que pareceram uma eternidade. 

Quando finalmente conseguiu abrir, sentiu o peito apertar ao ver Demetria caída entre as roupas, desmaiada. Seu corpo estava encolhido no chão, e suas bochechas estavam úmidas—ela havia chorado. 

— Crianças, se afastem. — Lauren pediu firme, sem esconder a tensão na voz. 

Nellie já soluçava, abraçada a Flora. 

— Ela se machucou? — Flora perguntou baixinho, a voz trêmula. 

— Não, meu amor. Está tudo bem. — Lauren tentou acalmá-los, oferecendo um meio sorriso. — Acho que ela acabou dormindo enquanto esperava. Vou levá-la para a cama, já volto. 

Dizendo isso, abaixou-se e, com algum esforço, pegou Demetria no colo. Ela era um pouco mais pesada do que imaginara, mas a urgência de garantir que estava bem lhe deu forças para ignorar qualquer dificuldade. 

Com cuidado, deitou-a sobre a cama, observando seu corpo se remexer levemente—um sinal de que estava recobrando a consciência. 

Aliviada, Lauren voltou ao quarto das crianças, encontrando Nellie ainda abraçada a Flora, enquanto Luke as olhava em silêncio. 

— E então, Lolo? Como ela está? — Nellie perguntou, a voz carregada de preocupação. 

— Está bem. Só disse que estava mortinha de sono. — Lauren brincou, tentando descontrair. 

Luke riu baixinho. 

A governanta se certificou de que as crianças estavam tranquilas antes de ajudá-las a se deitarem e esperou até que adormecessem. 

A mansão finalmente estava silenciosa. Tudo sob controle. 

Mas sua mente não descansava. Algo a puxava de volta ao quarto de Demetria. 

Cedeu ao instinto e entrou no quarto da tutora mais uma vez. 

Demetria se remexia na cama, os traços delicados suavizados pelo sono. Lauren a observou por alguns instantes, fascinada. Desde a primeira vez que a vira, surpreendeu-se com sua beleza. Seu rosto tinha um desenho harmonioso, um misto de doçura e força. 

Sem perceber, a ponta de seus dedos tocou a pele quente da outra. 

Um arrepio percorreu seu corpo. 

O toque era delicado, mas a conexão foi instantânea. Diferente de tudo que já havia sentido. Nem mesmo em seus últimos relacionamentos experimentara algo tão intenso e, ao mesmo tempo, tão sereno. 

Enquanto Lauren lidava com o que sentia, Demetria começou a se agitar. Seu semblante mudou, os lábios resmungaram palavras inaudíveis. 

De repente, sua mão agarrou a de Lauren com força. 

A governanta ficou imóvel, os olhos arregalados. 

Demetria abriu os olhos com um suspiro pesado, o peito subindo e descendo rapidamente. 

O medo ainda estava ali. Mas a visão de Lauren trouxe alívio imediato. 

As lágrimas escaparam antes que pudesse contê-las. 

— Está tudo bem. — Lauren murmurou, apertando levemente sua mão. 

— Como… como eu vim parar aqui? — Demetria perguntou, a respiração ainda descompassada. — Eu… eles me prenderam lá… 

— A porta emperrou. Eles tentaram abrir, mas precisaram da minha ajuda. Estavam preocupados com você. — Lauren explicou, observando a tutora finalmente soltar sua mão. — Trouxe você para cá. 

Houve um momento de silêncio. 

— Se quiser, podemos conversar amanhã. Você precisa descansar. Foi uma noite e tanto… 

Demetria hesitou. 

A inquietação ainda a consumia. 

— Fica aqui? — sua voz saiu quase num sussurro. — Hm… quero dizer, você pode dormir aqui? Eu… não quero ficar sozinha. 

Lauren piscou, surpresa pelo pedido. 

Demetria percebeu o cansaço estampado no rosto da governanta e se apressou: 

— Quer dizer… tudo bem se não quiser… Eu não deveria ter… 

Lauren apenas sorriu, puxando uma cadeira para perto da cama. 

— Eu fico.

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