Com movimentos rápidos e precisos, Shawn capturou Camila por trás, pressionando um pano embebido em clorofórmio contra seu rosto. A tutora sequer teve tempo de reagir. O ar lhe faltou, e seu corpo desmoronou nos braços do homem, que a segurou com a delicadeza perversa de quem acredita possuir um tesouro. Para Shawn, Camila era uma joia — e ela pertencia a ele.

Quando despertou, a mente dela era um turbilhão de pensamentos desconexos. O corpo doía, e por um instante, ela desejou que tudo não passasse de um pesadelo. Mas ao abrir os olhos, percebeu sua posição encolhida, os joelhos pressionados contra o peito. Sua respiração acelerou ao notar um par de olhos a encarando no escuro.

— Finalmente acordou, meu amor — Shawn disse, com uma falsa ternura na voz.

Camila sentiu a raiva ferver dentro dela.

— Me tira daqui, seu desgraçado! — gritou, a voz reverberando dentro da pequena caixa onde estava confinada.

Shawn apenas sorriu. Inclinou-se sobre a caixa e, antes que ela dissesse mais alguma coisa, pressionou um novo pedaço de pano contra sua boca, abafando qualquer palavra.

A caixa era grande o suficiente para que Camila coubesse nela em posição fetal. Seus pulsos e tornozelos estavam firmemente amarrados.

— Você sempre foi esperta… deve se lembrar…

Flashback on

— Esta boneca é sua agora — a voz infantil de Shawn ecoava em sua mente. — E esta caixinha será o lar dela para sempre. Caixas guardam coisas importantes, cheias de amor. Quando algo lhe pertence, guarde aqui.

Flashback off

Shawn inclinou a cabeça, observando-a com doentia satisfação.

— Esta é a minha caixa. E agora, você está dentro dela. Isso significa que não posso mais te soltar.

O sorriso que se alargou em seu rosto era um retrato de pura loucura.

O corpo de Camila se contorceu em agonia. As lágrimas transbordavam de seus olhos, incrédula diante do que estava acontecendo. Seu peito arfava de medo. Ela gritou, implorou, berrou até que sua garganta estivesse em chamas. Mas não importava quantas vezes gritasse — ninguém viria socorrê-la.

Shawn, por outro lado, foi gentil. Uma gentileza assustadora. Com paciência e precisão, apagou Camila novamente, mergulhando-a na inconsciência.

E então, sob o silêncio da noite, ele arrastou a caixa até o lago. A água refletia a luz pálida da lua, indiferente ao destino cruel que se desenrolava ali.

A caixa afundou.

O peso garantiu que ela desaparecesse rapidamente na escuridão profunda do lago.

Camila nunca teve chance.

A morte a envolveu com dedos frios, puxando-a para seu abraço inevitável. Suas últimas lembranças eram um mosaico de dor, ódio e desespero, agora dissolvidos nas águas que a engoliam. E quando sua consciência finalmente cedeu, ela não sentiu mais nada.

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Shawn caminhou tranquilamente entre as árvores, como se nada tivesse acontecido. Ao alcançar seu carro, ligou o motor e partiu. Para qualquer lugar. Não importava. Ele sabia que, quando voltasse à mansão, encontraria Camila.

Desta vez, ela seria apenas dele.

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Na manhã seguinte, as crianças desceram para a cozinha, encontrando Billie encarando o chão, absorta em pensamentos, enquanto Lauren andava de um lado para o outro, inquieta.

Camila não estava em lugar algum.

O telefone não funcionava.

Shawn havia saído com o carro.

Lauren sentia o coração apertar. Correu por toda a mansão, vasculhou os jardins, chamou por Camila até que sua voz falhou. Mas algo dentro dela já sabia. Algo terrível tinha acontecido.

O dia se arrastou até o final da tarde.

As crianças brincavam no jardim, esperando a luz da varanda piscar duas vezes — o sinal de que era hora de entrar. Mas a regra foi esquecida no instante em que Flora parou de súbito, os olhos arregalados.

Ali, à beira do lago, estava Camila.

Seu corpo delicado flutuava sobre a água, sem vida.

A superfície do lago estava calma, como se guardasse o mais profundo dos segredos.

O grito de Flora rompeu o silêncio.

Lauren e Billie correram até as crianças. A governanta caiu de joelhos ao ver o corpo de Camila, incapaz de processar a cena. O choque a paralisou. Seu peito doía, e as lágrimas vieram como uma tempestade.

Billie, lutando contra o desespero, pegou Nellie no colo e puxou Luke pela mão, levando-os para dentro da mansão.

Mas Flora não se moveu.

Ela ficou ali, ao lado de Lauren, olhando fixamente para o lago.

O que mais a assustou não foi o corpo imóvel de Camila na água.

Foi o que viu do outro lado do lago.

Porque, para Flora, Camila ainda estava ali.

Não dentro da água.

Mas de pé, chorando, olhando para seu próprio corpo afogado.