Capítulo 12 - Discussion
Shawn tentou conter o sorriso, mas seu corpo relaxou, ainda segurando firme sua amada, que se despedaçava diante dele. Não sentia culpa por tê-la machucado. Pelo contrário, acreditava que seria ele o único capaz de acolhê-la depois da dor que causou.
— Srta. Cabello, as crianças… — Billie entrou na cozinha com um sorriso, mas sua expressão mudou no instante em que viu Shawn tão próximo de Camila.
A tutora aproveitou a interrupção para se afastar, subindo as escadas apressadamente. Não queria saber o que Billie tinha a dizer. Por horas, esqueceu-se das crianças, mergulhando nos lençóis e nos próprios pensamentos, que agora giravam em torno de Lauren. Sentia-se tola por ter acreditado tão facilmente na jovem governanta. Afinal, conheciam-se havia poucos meses.
O dia se despediu, e a noite trouxe consigo Lauren de volta à mansão. Nos braços, carregava uma grande cesta de bolinhos de baunilha com gotas de chocolate, preparados por sua mãe especialmente para as crianças.
— Lolo, você chegou! — Flora exclamou, correndo para abraçar as pernas da governanta. Lauren retribuiu o abraço com carinho.
— Por que ainda estão acordados? Já está tarde — disse, pegando Nellie no colo e voltando-se para Billie, que estava esparramada no sofá.
— Camila não está bem, e eles não querem que eu os coloque para dormir. Ou é ela ou você — respondeu Billie, levantando-se, o cansaço evidente em seu rosto.
— Obrigada, baixinha — Lauren murmurou, abraçando a amiga em agradecimento por cuidar dos pequenos.
Fazer as crianças dormirem foi fácil, pois todas estavam exaustas. Mas, mesmo depois de ajeitá-las na cama, a governanta não conseguia ignorar a inquietação que crescia dentro de si. Desde que Camila chegara à mansão, jamais negligenciara os pequenos. Algo estava errado.
— Camila? — Lauren chamou baixinho, batendo de leve na porta antes de empurrá-la com cuidado. A luz da lua delineava a silhueta da tutora próxima à janela. A governanta sentiu um aperto no peito. Parecia que fazia dias que não a via. — Está tudo bem? As crianças…
— Nem adianta agir como se… como se… — Camila interrompeu, sua voz carregada de fúria, mas se perdendo nas próprias palavras. — Eu sei de tudo! Pode se retirar, por favor?
Lauren franziu a testa, confusa. Seus pés pareciam presos ao chão.
— Sabe de tudo o quê? Camila, o que está acontecendo?
De repente, Camila se virou, o olhar carregado de mágoa e indignação.
— Você e o Shawn. Eu sei sobre vocês dois.
Lauren sentiu o estômago revirar. Seu coração disparou.
— O que ele te contou? Isso não é verdade! — Sua voz falhou. Nunca imaginou que Shawn usaria aquilo para destruí-la.
— Se está preocupada com o que ele me disse, é porque sabe exatamente do que estou falando — Camila rebateu, sua raiva se intensificando.
Lauren tentou se aproximar, tocando os ombros da tutora com delicadeza, mas Camila se afastou bruscamente.
— Você pode pelo menos me dizer o que ele contou? Por favor, me escuta.
Os olhos de Lauren começaram a arder. As lembranças voltaram como um pesadelo que nunca terminou. Ela sabia do que Shawn falava. Lembrava-se daquela noite. Lembrava-se do medo, da força dele contra seu corpo, das mãos trêmulas tentando afastá-lo. E lembrava-se do momento em que o pai das crianças apareceu, interrompendo tudo. Depois, vieram as desculpas, o silêncio imposto, a verdade encoberta. Ninguém nunca quis ouvir Lauren.
E agora Camila também se recusava a ouvir.
— Lauren, não! — Camila gritou, sua voz firme e autoritária, cortando qualquer tentativa de explicação. Seu peito subia e descia com a respiração acelerada. — Eu deveria ter percebido desde o início a grande vagabunda que você é. Imagino que aquela cozinheira também tenha sido outro prato que você devorou.
Lauren sentiu o golpe como uma lâmina atravessando sua pele. Engoliu em seco, mas nenhuma palavra encontrou caminho para sair.
Respirou fundo, tentando não desabar. Se Camila escolhia acreditar em Shawn, não havia mais nada a ser dito.
— Obrigada, Camila — disse, a voz trêmula. — Obrigada por me ouvir e preferir acreditar nele.
Deu um passo para trás, tentando conter as lágrimas.
— Só peço que, seja lá qual for a sua crise insana, não abandone as crianças. Elas já sofreram demais.
Virou-se antes que Camila pudesse responder. Sua visão estava embaçada, o peito doía, mas não permitiu que sua fraqueza fosse vista.
Bateu a porta com força ao sair, torcendo para que, pelo menos, as crianças não tivessem acordado com o estrondo.
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