𓅂 𝓣𝓱𝓮 𝓜𝓲𝓼𝓽𝓻𝓮𝓼𝓼 𝓪𝓷𝓭 𝓣𝓱𝓮 𝓢𝓪𝓲𝓷𝓽-𝓔́𝓶𝓲𝓵𝓲𝓸𝓷 𝓦𝓲𝓷𝓮
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#DocedePessego
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Deixem o voto e comentem!
Boa leitura!
O som relaxante das gotículas finas de chuva que atingiam a janela suavemente na manhã fresca em Strand, servia de conforto raro ao alfa que permanecia deitado em meio aos lençóis mil fios de algodão egípcio.
Seus braços estavam dispostos displicentemente acima de sua cabeça, o tórax exposto e apenas o quadril coberto. O resquício de febre, sintoma clássico de seu rut, ainda prevalecia, porém o desejo e lascívia já não o tiravam mais do controle de seus atos.
Encontrando-se assim em condições raras de relaxamento e conforto, ele voltou seus pensamentos à noite anterior, fazendo-o recordar-se do cheiro tão único e da textura macia da pele de Jimin.
Duas características sensoriais que não eram novas para si, afinal já havia tocado os pés do ômega na noite de núpcias, entretanto nunca havia ficado tão próximo a ele como na noite anterior.
Provara incontáveis corpos desde seus dezoito anos e nada, em nenhuma vaga lembrança, se assemelhava ao suave toque do ômega, a forma como ele lhe segurou pelo pescoço, ao brilho dos tímidos e misteriosos olhos azuis.
Tão sublime.
Girou o corpo na cama, ficando de bruços e apanhou o relógio de bolso na mesinha de canto para que pudesse conferir as horas. Não havia ninguém além deles no casarão e obviamente Jimin não saberia se era prudente sair do quarto e tomar suas próprias decisões.
Jungkook sorriu amplamente com o fato.
Jimin já havia lhe mostrado o quanto é atrevido e sua personalidade autêntica contradizia sua timidez ao falar e lidar com situações do cotidiano.
Talvez fosse hora para uma boa conversa. Hora de mostrar ao ômega que ele poderia expressar-se livremente e não agir como um boneco de louça guiado pelas rédeas ditatoriais da burguesia.
Algo que claramente ele não era. Não intrinsecamente.
No entanto, um pouco de prudência havia de ser necessária, já que o ômega não era beneficiado por experiência alguma com os traquejos do matrimônio e muito menos com as convenções sociais daquela estrutura aristocrática.
Diante as divagações, o duque ponderou. Deveria plantar o quanto antes a semente da independência em Jimin para que pudesse livrá-lo de uma vida condenada a infelicidade ao lado dos pais.
E livrá-lo também do acordo matrimonial feito por ambos, para que seu destino não fosse tão miserável quanto.
Levantou-se com calma e alongou a coluna cervical, deixando que o lençol deslizasse por seu corpo e seguiu para o toalete.
Faria o café da manhã de seu adorável marido.
Imediatamente nos aposentos ao lado, Jimin despertou com uma ótima sensação lhe percorrendo. Espreguiçou-se, esticando os braços para cima de modo a tencionar a última fibra muscular. Sentou-se na cama e olhou ao redor, recordando os acontecimentos da noite passada e um leve sorriso tomou seus lábios.
Ele havia tocado no corpo do alfa.
E o alfa também havia o tocado.
Um arrepio se arrastou desde a nuca até a base do quadril e ele se deitou novamente, recolhendo-se, ainda não reconhecendo se o sentimento que lhe veio era de vergonha ou desejo.
Animou-se com o fato de que Jungkook se ofereceu para conversar com ele e sua mente fervilhava em busca dos tópicos aos quais queria tratar.
No entanto um sinal de alerta se fez presente.
Não deveria ser audacioso diante do seu marido, afinal atribuía a sua falta de filtro nas palavras à condição atual de seu casamento.
Precisava ter cautela, absolutamente, ou estaria fadado ao desprezo pelo resto da vida, reconsiderou.
Ainda preenchido pelo conforto da cama macia, foi levado à realidade por um barulho sutil vindo de fora do quarto.
Levantou-se, obviamente tomado pela curiosidade que lhe era traço forte de personalidade e seguiu para fora do quarto em busca do alvo de sua bisbilhotice.
Desceu as escadas e logo que pôs seus descalços pés na madeira maciça que revestia o chão da sala de estar avistou Jungkook, que segurava um conjunto de louça que certamente fora resgatado de alguma das várias cristaleiras que havia no local, já vestido com uma calça social e camisa com mangas dobradas até a altura dos cotovelos.
Jimin praguejou num muxoxo por não estar vestido à altura e encolheu os dedos dos pés, receoso que seu marido o repreendesse.
— Bom dia. — a voz matinal do alfa ecoou grave pelo ambiente, deixando Jimin um pouco mais envergonhado. No entanto era bastante amistosa.
— Bom dia, alfa. — ele levou as duas mãos até a boca, soando envergonhado.
— Venha, estou preparando o café.
Havia na cozinha alguns pães, frutas e uma jarra de leite como opção para o desjejum. Jungkook manipulava uma chaleira, onde provavelmente havia café, dada a intensidade do aroma marcante da bebida. Jimin concentrou-se nas mãos do alfa, admirando sua destreza com os utensílios e a forma inesperadamente delicada com que ele servia as porções.
Era consciente sua devoção por aquela parte do corpo de Jungkook.
Antes que pudesse salivar, não exclusivamente pelo aroma dos alimentos, o ômega pousou seus olhos na aliança ao qual fazia par com a sua.
Sentiu-se melancólico, porém não desviou o olhar.
— Está olhando admirado porque pensou que eu fosse um alfa sem atributos domésticos? — o duque comentou com humor, a voz exclusivamente adocicada.
— Sim, é realmente curioso. — Jimin disfarçou com maestria. Sua atenção estava intimamente ligada ao ato em si e não à motivação.
Lorde Archer tinha razão. Jungkook não era um alfa qualquer.
— Sei tratar dos afazeres de um lar, talvez melhor de que muitos ômegas, apesar de achar que essa obrigação deva ser compartilhada independente da classe. Se nós, alfas, somos capazes de usar o ambiente em igualdade condições devemos mantê-lo em ordem na mesma proporção.
Jimin ainda mantinha-se em pé. A brisa fresca da manhã nublada trazia calma e aconchego, tornando aquele início de conversa absolutamente aprazível, como nunca antes.
— É realmente um fato. Porém não acho que seria aplicável. — falou genuinamente enquanto deslizava os dedos pela cabeceira da cadeira. — Alfas são líderes natos, dividir uma função exclusivamente subalterna beira ao ridículo. Digo isso porque convivi com o conde de Norwich e havia empregados a postos para recolher suas vestes sempre que ele iria se lavar.
Jungkook acenou para que ele se sentasse e Jimin o fez imediatamente. Estavam os dois completamente interessados em manter a pauta da conversa que haviam iniciado.
— Chegamos num ponto onde a sociedade nos dividiu baseada em funções. Não fomos perguntados se concordaríamos com isso, apenas nos deixamos levar. — o alfa puxou a pequena xícara e perguntou: — Café puro?
Concordando com a cabeça, Jimin relaxou os ombros e recostou-se na cadeira, algo que seria considerado fora da etiqueta social, o que causou uma leve ansiedade mesclada à sensação gostosa da desobediência.
Havia complacência em sua face e um genuíno interesse em discutir a fundo o assunto que já lhe ocupou os pensamentos por muitas tarde e noites.
— Eu não concordo com nenhuma das funções que exerço. — sorveu um gole moderado do café e olhou para o alfa, aguardando pela retórica. Sabia que transitava por terreno desconhecido, porém saber sobre as opiniões de seu marido o instigava.
Jungkook ponderou antes de dizer qualquer palavra. Sabia que havia colocado Jimin numa situação a qual definitivamente ele não queria, tornando-o refém de escolhas que não eram dele.
— Não concorda em estar casado. — o duque afirmou, tomando um gole do café amargo que lhe desceu como brasa pela garganta.
Curiosamente não houve por parte de nenhum deles encerrar a conversa ou até mesmo mudar de assunto.
Sendo assim, após um breve silêncio, Jimin continuou:
— Confesso que ainda não refleti sobre isso. Ainda não ponderei se era melhor ter continuado em Norwich, já que as duas situações não são diferentes, afinal. — olhou para o alfa e mordeu um pedaço do pão, mastigando-o com calma.
A sensação de pura determinação se apossou de Jimin, tomando conta por inteiro de seu corpo, como se alguma entidade espiritual tivesse ganhando forma. O alfa o estava ouvindo, ciente de suas demandas, ou pelo menos de boa parte delas e isso era a prova de que um passo enorme fora dado.
Fechou os olhos por um instante, sentindo um gigantesco orgulho de si mesmo.
— Eu gostaria de tratar sobre esse assunto com você, Jimin. Não fui correto em deixá-lo na fazenda e..
— Você tem seus compromissos aqui em Strand e obviamente não teria como me ajudar em minhas demandas já que não tenho mais Calista ao meu lado. — Jimin falou sem olhá-lo, testando ainda mais seus lapsos de sensatez genuína.
— Não foi isso. — o duque tentou se defender.
— Então o que foi? — Jimin inquiriu, seus olhos se mantendo fixos e expectantes, mirando diretamente o alfa.
Jungkook não pretendia dizer que se afastou pelo fato de sentir-se extremamente incomodado na presença do ômega, incômodo esse que o estava quase enlouquecendo.
— Hm.— ele devolveu o olhar penetrante e sem se desfazer do contato, tomou mais um gole do café — Talvez tenha sido isso. — mentiu por fim.
As atitudes firmes de Jimin à mesa o agradavam de uma forma desconhecida, intimidando-o.
Mordendo os lábios e destacando brevíssimamente um leve sorriso vitorioso, Jimin comeu calmamente dois pães de baunilha cobertos por chantilly que aos seus olhos deveriam ter sido assados e decorados pelos Deuses, tamanho êxtase causado em seu paladar.
Gemeu suavemente na última mordida, provocando riso em Jungkook.
— Eu gostaria de pedir algo antes de voltarmos para NewBrook's Farm. Queria poder ver Calista, Lily e Tae. Sinto a falta deles. — ele limpou a boca com as costas das mãos e abocanhou o restante do alimento.
— Sim, é justo. O levarei até lá.
— Posso ir sozinho, assim você pode continuar seus compromissos aqui em Strand.
Sacudindo a cabeça em desaprovação e levando o guardanapo até a boca, o duque recostou na cadeira e direcionou seu olhar para o marido.
— Não é adequado que um ômega casado ande desacompanhado, Jimin. — ele respondeu — Além do mais, não gostaria que você encontrasse sua mãe sem a minha presença. Ela exerce um poder de manipulação sobre você e isso me irrita absolutamente.
Jimin ignorou a última fala do alfa, jogando uma réplica ácida à mesa.
— Não é adequado para sociedade ou para você que eu não ande desacompanhado?
Jungkook foi pego pela pergunta. Contudo gostada da veia espirituosa de Jimin, gostava do tom de confronto, provocativo.
Trincou o maxilar e franziu o cenho, apreciando o embate.
— Eu sei aonde quer chegar com essa pergunta e a resposta é que não é adequado para mim. Óbvio que as convenções sociais influenciam, porém distribuo essa proporção em setenta por cento de minha parte e trinta por cento para a sociedade. Lhe agrada essa resposta? — desafiou com um leve curvar de lábios.
— Se almeja mudanças na dinâmica social atual, não acha que devemos começar por nossas atitudes? — Jimin não se rendeu, pelo contrário, continuou o jogo desafiante com um leve inclinar de tronco.
Jungkook exalou com um sorriso divertido, jogando a cabeça para trás.
— Ora, ora, estou bastante curioso em saber de onde vem esse espírito anarquista. Sabe se esconder tão bem por trás dessa face angelical, porém suas ideias são perfeitamente cabíveis nos militantes que estão tomando as ruas de Londres por esses tempos.
— Cortesia da ômega preceptora Anh Hyejin. — Jimin disse em tom bem humorado, levantando a xícara de café num brinde solitário.
Jungkook silenciou ao reconhecer o nome, relembrando-se então da última conversa com Edward, espantado por Jimin ser amigo da companheira de orgias do príncipe.
— Ela é sua preceptora? — ele perguntou desconfiado.
— Sim.
— Oh, não sei mais onde posso me surpreender com você. — Jungkook riu, cobrindo o rosto com as mãos. — Quero que saiba que não sou de fazer fofocas, mas o fato é que ela e o príncipe têm um caso amoroso.
— Eles não têm um caso amoroso, alfa. É apenas carnal. — Jimin disse com indiferença trivial, saboreando um morango displicentemente.
Intrigado e sentindo-se animado com a nova aura do ômega, Jungkook esfregou o queixo, como se estivesse ponderando algo.
Olhava Jimin se movimentar tão livremente à mesa de modo que uma sensação de alívio lhe preencheu.
Jimin conseguiria facilmente ter uma vida independente quando se divorciassem, constatou.
— Veja bem. Eu não acho de bom tom que você vá sozinho até Norwich pelo motivo que já mencionei. Não gosto de sua mãe, não faço questão alguma de esconder. — ele respondeu certificando-se em ser propositalmente claro.
— Eu também não.
Sem demonstrar mágoa, Jimin respondeu com firmeza. Quanto mais o tempo passava, mais sólidas se tornavam suas convicções sobre os danos psicológicos e até mesmo físicos que sua família lhe causou.
Era hora de agir por si só e se manter firme em seus novos propósitos.
— Desde quando ela o trata assim? — Jungkook quis se aprofundar na delicada pauta. Queria entender os motivos de tanto despeito vindo da condessa em relação ao filho.
— Desde sempre, acho que talvez ela não goste do fato de que sou assim.
— Assim como?
Jungkook ansiava por compreender definitivamente o que havia entre o ômega e Dahye. Aquela relação não era de nenhum modo maternal.
— Tenho genes puros e tenho esse tom de pele diferente de todos os ômegas que ela conhece. Não me pareço com ela e nem com papai. Calista me disse uma vez que ela queria uma filha ômega fêmea e eu fui designado macho quando nasci. Ela me tratou como fêmea até perceber que minhas glândulas mamárias não se desenvolveram como deveria ser.
O dimorfismo sexual de ômegas era bastante sutil na primeira infância, determinado ao nascer pela família que notava a protuberância peniana no caso dos machos e o clitóris pouco desenvolvido nas fêmeas. Quanto ao sistema reprodutivo, ambos os sexos biológicos têm capacidade de engravidar já que possuem ovários e útero, sendo, portanto intersexo.
Durante a hibridação entre humanos e lobos, vários fatores genéticos foram alterados e diversas mutações ocorreram na fusão das espécies. Sendo assim ômegas machos sofrem de uma síndrome chamada "insensibilidade androgênica", onde seus organismos são menos sensíveis a ação da testosterona, presente em machos de todas as espécies. De certa forma, essa pouca receptividade fisiológica ao hormônio explica a semelhança física em ambos os sexos biológicos. Com relação ao órgão genital, os machos possuem o ânus como entrada para o útero e as fêmeas possuem uma entrada a mais, a vagina. O processo evolutivo da hibridação permitiu que ômegas machos e fêmeas engravidassem justamente para que se perpetuasse a espécie em números exponenciais. Ômegas machos possuem o saco escrotal no lugar onde ômegas fêmeas possuem a vagina.
— Mas existe algo a mais que o caracteriza como macho, ela não percebeu? Não trocava suas fraldas?
— Bebês ômegas não são tratados com distinção de gênero até que cresçam e comecem a falar, então ela fazia questão de usar em mim os vestidos que as amigas usavam nas filhas fêmeas. Ômegas fêmeas são consideradas visualmente mais bonitas e atraentes, conseguem maridos mais ricos. Já percebeu que ômegas machos em sua maioria não conseguem um casamento e terminam a vida solteiros, cuidando de seus pais ou atuando como preceptores?
Jimin falava sobre suas dores de infância com bastante naturalidade e não havia embargado a voz em nenhum momento.
Olhou para o alfa e notou que ele esboçava empatia através dos olhos negros amendoados.
— Porém meu pai não aceitava que eu fosse tratado como fêmea. — continuou — Ele nunca demonstrou, mas era óbvio que gostaria que eu tivesse nascido alfa e que o sucedesse nos negócios. Não quero que pense que sou frágil ou que não posso suportar dificuldades apenas por ter similaridades físicas com as fêmeas.
— Sei que não é frágil.
Após a fala, Jungkook ficou em silêncio.
Realmente notou que na Maison Rouge havia mais ômegas machos do que fêmeas. Rupert inclusive era um ômega muito bonito e vivia há tempos com Mme. Davaux.
Nunca ouvira qualquer menção sobre o descaso social com ômegas machos, mas já havia notado que os modos de vestimenta e etiqueta eram praticamente os mesmos.
Jimin tinha suas particularidades, não queria viver a sombra de imposições, queria a autonomia, algo tão natural para os alfas.
Queria simplesmente poder agir do modo que bem entendesse. E isso lhe era negado.
Jungkook lamentou extremamente.
— É nítida a preferência dos alfas por ômegas fêmeas, eu noto como vocês olham para os seios delas como bebês famintos! — Jimin bradou no intuito de aliviar a tensão, acusando o alfa com diversão.
— Nunca me viu olhando para os seios de nenhuma ômega, não entendo a incriminação. — Jungkook se manteve sério, escondendo o sorriso nos lábios. — Além disso, os machos compensam a falta de seios com algo que me agrada bem mais.
Jimin perdeu o fôlego por alguns instantes e seu coração disparou, esquentando a temperatura por baixo da camisa folgada que usava.
Havia compreendido exatamente cada palavra da última frase dita pelo alfa. No entanto Junkgook apenas o olhou, avaliando o dano que causara.
— Sua mãe gostaria que você fosse fêmea e seu pai gostaria que você fosse um alfa. Não sinta como se você tivesse que suprir as necessidades deles, Jimin. Você é único e merece ser respeitado.
Calista sempre fora a responsável por dizer-lhe essas palavras, porém ouvi-las de Jungkook o tocou de tal maneira que o fez sentir-se acolhido. Engoliu o nó que se formou em sua garganta e a agradeceu a gentileza apenas com um aceno de cabeça.
O sentimento de compaixão raro em Junkgook pareceu se aflorar espontaneamente.
— Existe algo que você sonha em fazer? Alguma carreira que gostaria de seguir? — Jungkook indagou.
— Bom, eu sempre quis ser tantas coisas... não consigo escolher... — Jimin riu fraco.
— Talvez se você pudesse ver como as pessoas trabalham, teria uma boa noção.
— Mas todas as carreiras são exclusivas de alfas...
— Não importa. — deu de ombros — Na verdade, sinto que algo importante irá acontecer nesse reino. É apenas uma questão de tempo até que Edward se recupere do luto e comece uma revolução.
— Você acredita que ele mudaria algo tão sólido como os costumes?
— Os costumes não são fáceis de serem mudados, o que me anima na realidade são as mudanças nas leis. — Jungkook inclinou o tronco de modo a dizer em voz baixa — Já imaginou se a lei começasse a autorizar ômegas a serem professores de escolas regulares? Vocês são indiscutivelmente mais inteligentes e instruídos do que os alfas.
— Isso seria incrível! — Jimin ficou entusiasmado. — Se começarem a mudar as leis, várias coisas poderiam deixar de ser crime como a... — ele engoliu as palavras no momento em que notou que falaria uma besteira.
— O que ia dizer?
— Era apenas uma divagação, não tem importância.
— Eu gostaria de ouvir. Aprecio suas divagações. — o duque se mostrou interessado, colocando os dois cotovelos sobre a mesa.
Jimin por sua vez, coçou a cabeça hesitando em expor seus pensamentos, no entanto prosseguiu:
— Eu iria sugerir que a sodomia deixasse de crime. Dessa forma você não teria que desistir do seu relacionamento e muito menos ter se casado por conveniência comigo para fugir de uma condenação. Poderia estar livre e vivendo um romance.
Compreendo cada palavra dita objetivamente por ele, Jungkook sentiu uma leve vertigem ao constatar que havia contado uma bela e convincente mentira, a qual nem se lembrava.
Engoliu com dificuldade o pedaço de pão que estava em sua boca e aliviou o tom de voz.
— Eu não tenho arrependimento quanto a esse fato. — quis amenizar, tendo certeza que a história tocava mais Jimin do que a ele mesmo. — Não quero que se preocupe com isso, é passado, sim?
— Sim. — Jimin acatou aliviado.
— Pois bem, quero que me faça um favor. Preciso que haja com determinação e não abaixe a cabeça diante dos seus pais. Eu já lhe disse isso algumas vezes, mas tome como algo definitivo a partir de hoje: enfrente quem quer que seja e imponha sua personalidade. Você possui um título de nobreza maior do que o de seus pais, haja como um duque.
Jimin sorriu.
— Eu o farei. Obrigado por conversar comigo.
— Eu sempre cumpro minhas promessas. — Jungkook piscou, levantando-se. — Assim que estiver pronto desça, estarei esperando na sala de estar.
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Os dois seguiram num coche alugado para Norwich e Jimin mantinha a aura fresca, ainda reverberando a gostosa conversa que tivera mais cedo com o alfa.
— Jimin! — Lily não se conteve ao vê-lo chegar e correu para os braços do amigo. — Eu estava com tanta saudade, achei que nunca mais veria você. — ela o soltou e olhou para Jungkook — Olá, alfa. — cumprimentou o duque.
— Olá, Lily. — ele a saudou cordialmente.
— A que devo a honra de vossas visitas? — Dahye surgiu sorrateiramente na sala de estar, um pouco surpresa pela visita.
— Olá, condessa. Vim ver Calista, Lily e Tae, sinto a falta deles. — Jimin disse com firmeza.
— Ah, claro. — sua face se retorceu em desagrado, ato que expressou seu descontentamento pungente.
O duque apenas observou a atitude de Dahye e sabendo que a inveja e despeito eram inerentes a ela, abaixou-se na altura do ouvido de Jimin e sussurrou:
— Irei até o escritório de seu pai, vá até Calista.
A proximidade com a qual Jungkook manteve seu corpo ao de Jimin era absolutamente indecorosa nos moldes de etiqueta dos casais e o alfa tinha completo conhecimento disso.
Cada passo dado naquele casarão seria milimetricamente pensado.
Jimin encarou o marido nos olhos e sorriu suavemente, tendo a mão beijada logo em seguida, antes que ele partisse ao encontro de Jisung.
— Agindo como um perfeito mundano, não é? — o tom ferino e carregado de amargura da condessa veio quase como um chiado entredentes assim que o alfa adentrou no escritório.
Jimin nem sequer estremeceu.
— Meu marido apenas estava dizendo o que queria para o jantar hoje, mamãe. Que mal há em servir bem o meu alfa? — ele amansou a voz e vestiu o personagem ingênuo.
— Saiba que será jogado na sarjeta assim que ele se cansar de você. — ela bufou — Não sei onde eu errei, esse casamento seria o passo para a ascensão de nossa família e você simplesmente estragou tudo. Não tem o mínimo de decoro e...
— Ai, tão pedante... — Jimin exalou entediado. — Meu marido tem me ensinado coisas as quais você jamais acreditaria se eu contasse, mamãe. — ele seguiu para a cozinha sem olhar para trás, deixando Dahye ultrajada pelo comentário ácido.
Provavelmente aquele era o seu calcanhar de Aquiles, Jimin constatou satisfeito. Talvez o que a afrontava era o fato de que ele estava sendo o que ela gostaria de ter sido:
Livre e casada com um duque.
Deixando as preocupações com sua mãe de lado, ele adentrou a cozinha e foi recebido com espanto por Calista que literalmente gritou de felicidade quando o avistou.
— Os Deuses ouviram minhas preces! — A beta mais velha colocou as mãos no peito, petrificada com a imagem de seu garoto diante de si. — Venha, meu raio de sol! — ela abriu os braços o quanto pode e Jimin correu para ela.
— Calista! Eu estava com tanta saudade!
Lily também se juntou ao abraço caloroso.
— Deixe-me ver você. — a mulher o analisou com minúcia — Está corado, tão bonito. O alfa está o tratando bem? — ela procurava por alguma evidência que dissesse o contrário.
— Sim.
— Claro que está, mamãe. Jimin sumiu por duas semanas. Aposto que estava a sós com o alfa esse tempo todo. — Lily franziu o cenho, o tom era suavemente acusatório e caçoador.
— Jimin está em seu direito como marido. Não é crime passar momentos de intimidade no matrimônio. Todos os casados fazem isso. — Calista repreendeu.
Jimin não as corrigiu e tampouco comentou algo que pudesse transparecer que seu casamento não era nos moldes habituais.
Pelo menos por enquanto, manteria segredo.
— Onde está Taehyung? — ele perguntou curioso.
— Já deve estar voltando da feira. Sente-se, vou servir um suco para você, o calor está escaldante.
No escritório, o conde de Norwich conversava com Jungkook animadamente. Seu tom era tão amistoso que o duque se portava com desconfiança.
— Duque, o príncipe entende apenas de bons vinhos e depravação. Será absolutamente simples convencê-lo dos nossos planos.
— Então você pretende dar um golpe? — Jungkook o analisava com minúcia.
— Não seria um golpe propriamente dito, quero apenas um pouco das moedas de ouro da coroa. — ele riu e bebericou o conhaque.
— Você teve negócios com a Coroa, não é mesmo? Algo com Jackson Wang se me recordo bem.
Jisung engoliu a dose de conhaque que lhe desceu como uma bola de fogo pela garganta.
— Não tínhamos negócios. Eram apenas apostas. — foi ríspido na resposta — Na verdade o que quero propor a você é uma parceria nos negócios. Tornei-me sócio na Companhia das Índias Orientais e estamos de vento em polpa.
— Victória tinha sérias reservas quanto a essa Companhia. Ela considerava injusto o monopólio.
Fundada em 1600 por uma carta régia, a Companhia das Índias Orientais foi estabelecida como uma companhia mercantil de ações conjuntas para explorar as oportunidades ao leste do Cabo da Boa Esperança, onde garantiu um monopólio comercial. De forma crucial, para conduzir esse comércio, a Companhia tinha autorização para "travar guerras" e fez fortuna para seus acionistas a partir de seu comércio global em especiarias, chá, produtos têxteis e ópio. Para proteger seus interesses, pagou por seus próprios exércitos privados na Índia, aquartelados nos reinos de Bengali, Madras e Bombaim. Desde meados do século XVIII, começando com a vitória de Robert Clive na Batalha de Plassey em 1757, essas forças garantiram a tomada de território do decadente Império Mughal e principados indianos. A Companhia então administrou esses territórios, recolhendo taxas e deveres para enriquecer ainda mais seus acionistas e manter suas forças armadas.
— Tenho planos grandiosos, duque. Algo jamais visto no mundo. — Jisung tomou de uma vez todo o líquido âmbar que havia em seu copo e continuou — Seremos maiores do que o próprio reino de Londres.
A determinação carregada de orgulho que pesava na voz no conde, preocupou Jungkook de certo modo. Entretanto ele precisava de um caminho para seguir seu plano de vingança e se aliar a Jisung era um passo inevitável.
— Como?
— Vendendo mais barato para o mundo e usando mão de obra dos súditos devotos da rainha.
— Mão de obra escrava, você pretendia dizer. — Jungkook o corrigiu com desprezo.
— Chame do que melhor lhe agradar, meu genro. O fato é que precisarei de sua ajuda com o príncipe.
— Não sei como poderei ajudar, conde.
— Espionando. Diga cada passo que Edward dará no que se trata da economia e comércio do reino e estaremos um passo a frente. O objetivo é tomar os acordos comerciais do reino, vendendo nossos produtos mais baratos e reforçando nossos acordos mundo afora. Fique por dentro das ações de combate do Conselho de Defesa também, precisamos reforçar nosso exército.
Jungkook franziu o cenho.
— Querem construir um reino dentro de um reino?
— Exatamente. E quero que você seja meu braço direito. — decretou. — A união de nossas famílias foi providencial, precisamos perpetuar nosso nome. Faça filhotes em Jimin o quanto antes, quero poder ensinar meus netos a prosperar em um império.
Jisung tinha o semblante pesado e cheio de determinação. Estava claro que todos os seus passos eram cuidadosamente calculados e seus planos pareciam ter um roteiro perfeito que sem sombra de dúvidas se tornariam realidade, pela intensidade a qual ele explicava suas intenções.
O duque por sua vez, apenas consentiu.
Aceitaria o plano de Jisung e ganharia a sua confiança.
— Temos um acordo, conde. — estendeu a mão ao sogro, selando o acordo.
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Alguns dias depois...
A relação de Jimin com seu marido havia melhorado bastante depois da conversa que tiveram em Strand. Ele se reencontrou com Hyejin em uma tarde na fazenda e ela o encorajara a seguir com determinação seus propósitos. Jimin havia confidenciado a ela o quanto sentia-se atraído pelo alfa e que também notara a reciprocidade por parte dele, fazendo com que a conversa entre eles ganhasse um cunho de luxúria intensa, completamente apreciado por Jimin.
Naquela tarde, Jungkook precisou resolver alguns negócios em Strand e Jimin seguiu para mais uma visita aos seus amigos.
— Tae, acho que em breve você irá morar na fazenda também.
Jimin passara a tarde relembrando os bons momentos vividos naquele quartinho humilde, mas que esbanjava aconchego e acolhimento. Seu marido havia dito que iria resolver assuntos com o príncipe e o buscaria antes do final do tarde, o que já estava próximo.
— Yoongi disse que não esperará por mais um mês. Ele quer que o nosso casamento ocorra o quanto antes e confesso que eu também. — Tae disse eufórico.
— Vocês dois estão tão apaixonados, é lindo de ver. — Jimin retirou os sapatos e subiu na cama, animado em ver o amigo tão feliz.
O beta seguiu-lhe os movimentos e se recostou na cabeceira da cama.
— Me sinto tão bem ao lado dele, Jimin. Meu coração parece querer pular do peito, me perco completamente quando estamos juntos.
Jimin lamentou não poder dizer que sentia o mesmo pelo marido. Entretanto Jungkook o fazia sentir algo diferente, exercia uma força de atração desconhecida, a qual nunca havia ouvido falar.
Nem mesmo o mais romântico dos livros havia citado sensação parecida.
Lascívia, luxúria, extrema excitação.
Era a junção de tudo.
—Você vai adorar NewBrook's Farm. Ainda não conheci todos os cantos, mas sei que é primorosa. Temos vários animais também.
— E você? Parece tão feliz! — Tae o abraçou pelos ombros — Seu cheiro está se destacando mais.
— Calista me disse uma vez que o nosso cheiro se torna marcante quando nos tornamos confiantes de nossa personalidade. Acho que pode ser isso.
Lily entrou no quarto querendo fazer parte da conversa e pulou na cama com os meninos.
— Agora que Jimin é casado, podemos tirar nossas dúvidas proibidas, Tae! — ela falou entusiasmada. — Sobre o que vocês conversavam?
— Estávamos falando sobre o cheiro de Jimin, você também consegue sentir? — Tae perguntou.
— Sim, sua pele de pêssego está me fazendo salivar. — ela disse deitando no colo do ômega — O seu alfa tem um cheiro marcante também. Ele é incrivelmente atraente e é tão forte. Deve ser um sonho vê-lo completamente nu. — sua voz mansa e baixa, soava como um lamento necessitado.
A fala da garota fez Jimin ter um breve vislumbre. Retornou seus pensamentos no dia em que viu o alfa nu, de costas. Suas curvas, a penumbra do quarto, a situação de iminente perigo de ser pego por ele. Todas essas sensações se somavam e se multiplicavam, causando excitação intensa ainda inexplorada por Jimin. Seu baixo ventre pulsou brevemente, despertando-o do precipício erótico ao qual despencara.
— Nos diga, os alfas são realmente tão grandes como dizem? Você pareceu caminhar normalmente quando entrou aqui. — a garota continuava inquirindo.
— Jimin está casado há um mês, Lily. Já deve ter se acostumado.
— Não me acostumei, seus linguarudos! — Jimin falou com o intuito de se defender, mas gerou o efeito reverso.
— Então ele é grande mesmo?! — a garota cobriu os lábios com a mão.
Sem conseguir guardar esse segredo por mais um segundo que fosse e confiando plenamente em seus amigos, Jimin decidiu falar.
— Na verdade eu e o alfa não consumamos o casamento.
— Como não? — Tae se ajeitou na cama para poder ouvir melhor os argumentos.
— Eu e o alfa decidimos que eu preciso primeiro me sentir preparado e só depois vamos de fato, consumar o casamento. — mentiu com maestria. — Mas eu preciso que vocês guardem esse segredo, senão estarei encrencado. — ele clamou pelo silêncio deles.
— Iremos manter segredo. — Lily prometeu. — Mas por qual motivo você não se sente preparado? E, se você e o alfa ainda não tiveram a primeira noite juntos, como é que ele te marcou?
— Ele não me marcou, eu mesmo me marquei e meus pais aceitaram.
— Jimin! — os amigos gritaram em uníssono.
— E eu ainda não me sinto preparado porque conheço o alfa à pouco tempo, quero primeiro adquirir intimidade com ele. Ainda somos muito formais.
— Acho justo. — Tae consentiu.
— Pois eu não acho! Intimidade se adquire unindo os corpos, se dando ao desfrute todas as noites! Não seja um ômega bobão, Jimin!
— Lily! — Jimin foi quem a repreendeu, enquanto suas bochechas queimavam em brasa.
Jungkook o atraia de todo modo e esse caso não estava aberto a discussões. Contudo não era tão simples como parecia ser.
O alfa não gostava de ômegas, gostava?
Relembrou o fato com tristeza.
Antes que o assunto rodeado de obscenidades prosseguisse, Calista entrou no quartinho apressada.
— Jimin, seu marido está de volta.
Jungkook esperou na sala disposto a partir o quanto antes e a despedida entre os amigos ocorreu em meio à promessa de um reencontro muito em breve.
— No final de semana vocês irão para a fazenda comigo. Vamos comemorar seu aniversário e pedirei para que busquem vocês.
A conversa de Jimin era acompanhada com desdém pela condessa, que vez ou outra suspirava de tédio com as palavras de afeto ditas pelos amigos. Jungkook a observava enquanto seguia para fora do casarão, estudando uma forma de incluir sem ressalvas a megera em seus planos de vingança contra o conde.
Assim que Jimin girou seu corpo para descer os dois degraus do alpendre para a calçada, uma voz feminina e um cheiro nauseante de sândalo perturbaram seus sentidos.
— Meu alfa!
Seguindo-a apenas com os olhos, Jimin a viu se atirar nos braços de Jungkook como se ela fosse algum saudoso familiar. Contudo a face sisuda e pouco amistosa do alfa, confirmou que a ômega não era tão próxima assim ou que ela aparecera em local e horário inoportuno.
Ele franziu o cenho, desconfiado.
— Camille, o que está fazendo? — o duque a segurou pelos cotovelos, dando fim a proximidade indesejada e inconveniente.
Ela usava um vestido que deixava seus enormes seios à mostra de uma forma completamente indecorosa, contornando suas curvas. Seus cabelos negros esvoaçantes eram jogados de um lado para o outro por ela, num ato que parecia forçado demais.
— Sinto tanto a sua falta. — a voz estridente e fingida insistia em revelar o caso entre os dois.
Camille não era inocente e sua obsessão pelo alfa só fazia crescer desde que ele parou de frequentar a Maison como um cliente. E sua paixão doentia a cegava completamente.
Jungkook por outro lado, pensava em algo que pudesse reverter a situação desagradável, afinal de contas Jimin estava justamente em frente à cena.
Dando alguns passos para poder alcança-lo, Jungkook o guiou pelas mãos até a porta lateral do coche alugado.
— Venha, vamos embora. — olhou para Camille e disse com rispidez. — Mande um abraço para sua mãe, Camille. Diga que depois irei visitá-la. Agora preciso levar meu marido embora. — ele girou a maçaneta e abriu a porta, olhando para o ômega com um breve desespero.
Jimin sentiu os olhos arderem. Antes de entrar no coche, seus olhos encontraram o da condessa que assistia toda a cena debruçada na janela.
— Você se casou com esse aí? — a garota cuspiu com menosprezo.
Num ato brusco, Jungkook fechou a porta e parou a poucos centímetros do rosto perplexo dela.
— Meça suas palavras ao falar de um duque, Camille. — sua voz abaixou alguns tons, beirando o tom primitivo dos alfas. — Vá! — ordenou enquanto hiperventilava no intuito de acalmar-se.
Sem esperar por outra cena, Jungkook atravessou a calçada e entrou pelo outro lado, pedindo ao cocheiro que seguisse.
Erguendo o olhar em direção a própria casa, Jimin avistou a mãe sair novamente para fora com um sorriso diabólico nos lábios, chamando por Camille.
A viajem de volta a NewBrook's Farm pareceu durar uma eternidade, dada a carga de tensão enevoando o claustrofóbico ambiente.
Assim que chegaram à fazenda, Jimin abriu a porta por conta própria e pulou do coche, correndo até o casarão.
— Jimin! — Jungkook o chamou sem sucesso.
Não fazia ideia do que ele havia entendido em relação a Camille.
E também não fazia ideia do motivo pelo qual se importava.
Jimin abriu a porta num único golpe, sentindo as lágrimas turvarem sua visão. Sentia-se humilhado, um ômega bobo vendo seu alfa cumprimentar a amante no meio da rua.
Seu marido era um grande mentiroso.
Seguiu correndo até as escadas, e quando fez menção de pisar no segundo degrau, uma voz amistosa o barrou.
— Jimin! Que satisfação tê-lo de volta ainda hoje! Acabei de pôr a mesa com deliciosas costeletas de carneiro e exijo sua companhia! — Magnólia falou com imensa simpatia. — Vou buscar um Saint-Émilion para nos acompanhar. — ela concluiu seguindo para a adega.
— Sim, Mag. Me dê apenas alguns minutos. — ele impostou a voz para que não desse sinal do embargo prévio e não se virou, poupando-se de ter de dar explicações.
E então trancou-se no quarto.
Chorou.
Usou o travesseiro para abafar a ira de seus gritos.
Entretanto havia um conflito de sentimentos em seu peito. Não sabia se seu choro era por ter presenciado seu alfa abraçando outra ômega ou se era pela descoberta de uma mentira.
Não iria permitir ser enganado.
Nunca mais abaixaria a cabeça para ninguém.
Levantou-se e lavou o rosto no lavabo, ajeitou a roupa amarrotada e olhou-se no espelho.
— Façam todos te respeitar, Park Jimin! — percebeu o erro na frase e corrigiu-se: — Jeon Jimin. — mas sua voz já não era tão firme. — Queria poder escolher meu sobrenome, todos me foram dados sem minha permissão.
Ainda mirando seu rosto no espelho, não permitiu que mais lágrimas banhasse sua face. Não havia tristeza ali, mas uma raiva pungente por ter sido enganado. Enquanto se olhava, ponderou algumas vezes, estapeou a própria face e repreendeu-se por todas essas atitudes.
Não daria ao alfa o poder de atingi-lo. Não mostraria qualquer incômodo pela cena feita pela amante e tampouco o questionaria sobre absolutamente nada.
Tinham um casamento por conveniência.
O alfa não era alguém com quem ele deveria se preocupar.
Tomou um gole d'água, respirou profundamente e saiu do quarto.
Beberia quantas taças de vinho fosse possível ao lado de Magnólia.
𓅂
— Jimin, esse vinho é precioso! — a duquesa levantou a garrafa com orgulho. — Sei que é um vinho forte e robusto para um ômega, mas garanto que você é capaz. — ela o serviu até a borda da taça.
— Estou começando a apreciar agora bebidas alcoólicas, preciso ir com calma. — riu.
Jungkook não estava presente à mesa, para alívio do ômega. Magnólia os serviu com costeletas e batatas assadas e ao primeiro gole do vinho, Jimin sentiu seu corpo flamejar.
— Hum, é realmente forte! — ele olhou para a taça e apertou os lábios, apreciando o gosto complexo da bebida.
— Vinhos Saint-Émilion são os mais antigos da região de Bordeaux, na França. São encorpados e elegantes, imaginei que você se assustaria ao primeiro paladar, mas que apreciasse de todo modo. — ela tomou um gole e se serviu novamente. — A França produz os melhores vinhos, penso em adquirir uma propriedade naquela região de vinícolas o mais breve possível.
— A França me parece um reino tão avançado, gostaria de poder conhecer.
— Seu alfa imprestável ainda não o levou para a lua de mel? — a duquesa debochou, batendo a taça na mesa.
E como se ela tivesse invocado pelo nome, Jungkook entrou calado no recinto.
— Falando no diabo... — ela cochichou para Jimin.
Magnólia já sentia o poder do álcool lhe preencher os sentidos e seu semblante esbanjava relaxamento. Sentado à direita dela, Jimin não olhou em direção ao alfa que tomou a cadeira imediatamente em frente a sua.
Jungkook usava uma camisa preta com os punhos dobrados na altura dos cotovelos e alguns botões abertos no colarinho, insinuando levemente a musculatura do peitoral. Seus cabelos estavam molhados devido ao banho recente e havia certo incômodo e urgência em seus gestos.
— Estava dizendo a Jimin que o levarei até a França no próximo mês. — Magnólia chamou a atenção de Jungkook ao oferecer uma taça de vinho a ele. — Não consigo aceitar o fato de que você ainda não levou seu marido para a lua de mel, alfa. Isso é uma falha grave.
— Tive muito trabalho por essas semanas. — ele tomou todo o líquido da taça em um único gole — Mas estou providenciando isso. — olhou para Jimin com a feição trincada.
Não saber dissipar a forma como Jimin o atingia, era quase sufocante. Passara os últimos minutos numa batalha interna entre não se importar pela cena feita por Camille e se desculpar com o ômega.
Estava irritado por não tomar suas próprias decisões.
E estava irritado por ver Jimin parecendo absolutamente despreocupado e ignorando-o.
— Acho que seria uma viagem bastante interessante, Mag. Você seria uma ótima guia. — Jimin relaxou o corpo e elogiou a duquesa, causando mais ira ao anular completamente a presença de Jungkook ali.
— Uma sugestão de viagem de lua de mel que seria aprazível para vocês dois: Roma! — a duquesa insistiu em somá-lo à conversa, notando uma leve rusga entre o casal.
— Viajar deve ser incrível sem sombra de dúvidas. — Jimin buscou por mais vinho e ao notar o gesto, Jungkook pegou a garrafa e o serviu até a metade da taça.
Magnólia apenas observava pelo canto dos olhos a animosidade entre os recém-casados.
A tensão sexual exalava pelos poros dos dois.
— Acho tão romântico quando o alfa controla o teor de álcool que o ômega consome. Passa-me a mensagem de que você pretende ter seu marido inteiramente são até o final da noite, estou certa, duque?
— Jimin não lida muito bem com o álcool. — Jungkook não fez questão de ser cordial nas palavras, soando bruto.
— Meu marido ainda não me conhece muito bem, duquesa. Ainda estamos na fase das apresentações. — Jimin levantou a taça novamente e num cena ensaiada, pediu: — Complete, por favor, querido.
Com a tensão do corpo direcionada ao maxilar, Jungkook fulminou o marido com os olhos. Segurou novamente a garrafa e serviu a taça de Jimin até quase a borda, obedecendo-o.
— "Sua taça jamais ficará vazia, pois serei seu vinho". — Jimin disse as palavras e aproximou a taça dos lábios com cuidado para que o líquido não derramasse. — É uma linda jura de amor, não acha?
— Ah, jovens... esse embate é o que apimenta a relação. — Magnólia não se segurou e externou seus pensamentos entremeados a mais uma dose generosa de vinho.
Já estavam na terceira garrafa.
Vez ou outra, Jimin olhava o marido através da taça vazia e tinha seu olhar correspondido em tom de desafio. Provocava seu alfa, passando a língua entre os lábios e deixando escapar gotas de vinho, algo extremamente sensual e lascivo para um ômega. Jungkook havia entendido o tom instigante e aceitava cada gesto com satisfação.
Segurando a costeleta com as mãos e com os lábios engordurados, Jimin falava livremente à mesa. Combinava com Magnólia os preparativos de sua festa de apresentação que seria dada na próxima semana à sociedade.
— Strand não irá suportar tamanho evento, Jimin. Convoquei colunistas e fotógrafos de Londres para fazer a cobertura. Estamos precisando de uma nova personalidade tomando os holofotes, Lady Jane não está cumprindo bem a função.
O álcool foi capaz de imputar uma aura pretensiosa com um leve orgulho latente em Jimin. Sua mente fervilhava e o sabor robusto e marcante do Saint-Émilion enchia suas veias de determinação e coragem.
— Preciso falar com Patrizia antes disso. Encomendei algumas peças que eu gostaria de usar no chá de apresentação. Sabe como posso contatá-la?
— Mandarei uma carta avisando que o ômega duque de Strand deseja vê-la. Estou ansiosa para ver o que ela tem para você. Lembre-se que será o seu dia, Jeon Jimin. Triunfe!
O duque era completamente ignorado à mesa. Já havia parado de beber e ensaiava sua retirada há alguns minutos.
Precisava desfazer de suas vestes e refrescar o corpo e a cabeça quente.
— Bom, acho que cinco garrafas de Saint-Émilion são meu novo recorde. — Magnólia perdera o decoro e tomava o último gole do vinho diretamente da garrafa, provocando uma risada solta em Jimin, enquanto Jungkook olhava a cena, contrariado.
— Jimin, permita-me usar seu alfa por alguns instantes? Preciso chegar até meus aposentos e não faço ideia se a direção é pelo leste ou oeste. — ela gargalhou do próprio comentário.
— Faça bom uso, duquesa. Obrigado pela noite maravilhosa.
— Venha, duque, me pegue no colo. Meu corpo carece de contato. — Magnólia levantou os braços como uma criança pedindo colo e Jimin riu alto da atitude dela.
— Hm. — Jungkook se levantou com um único movimento, a face sisuda demonstrando um desconforto por ter sido ignorado por quase toda a noite.
Jimin estava recostado displicentemente na cadeira e acompanhou cada passo do duque até alcançar Magnólia e segurá-la em seus braços.
Era devoto fervoroso dos trejeitos de seu marido. Da forma como os músculos do antebraço dele se contraíam ao máximo esforço, de como a calça de tecido leve se enrugava quando ele abaixava e de como o volume instigante se formava naquela região inexplorada.
Seu marido era seu objeto de desejo.
Jungkook notou que era observado e fez questão de demonstrar isso a Jimin que manteve o olhar desafiante, preso ao dele.
Assim que o perdeu de vista escada acima, Jimin pegou um cacho de uva e no intuito de se refrescar pelo calor absoluto das incontáveis doses de vinho, saiu pela porta da frente do casarão.
A sensação de embriaguez trazida pelo vinho era diferente da provocada pelo hidromel que experimentara naquele mesmo local, há um mês.
Saint-Émilion trouxe liberdade e determinação.
Hidromel apenas humilhação.
Por certo preferia o vinho.
A brisa noturna acariciava seu rosto com suavidade e a lua cheia banhava o gramado defronte ao casarão, dando plena visibilidade num raio que permeava as cavalariças. Jimin retirou o sapato e desceu a escada da varanda até pisar descalço na grama úmida pelo orvalho.
Esfregou os dedos entre as folhinhas, rindo fácil das cócegas que sentia. Andou e dançou pelo gramado até que percebeu estar na entrada do grande galpão. Entrou devagar pela porteira e apenas a luz de uma lamparina central servia de iluminação parca, dando pouquíssima noção de espaço a ele que num passo em desequilíbrio, derrubou um latão que era usado para alimentar os animais.
— Shiii! — ele se recriminou em meio ao riso contido.
Alguns cavalos haviam despertado e Missy também saiu de sua aconchegante montanha de feno para recepcionar o visitante. Heólico se manteve no canto da baia,e ao contrário de sua gatinha, era pouco receptivo.
— Oi, Missy! Então é aqui que você mora? — Jimin estendeu a mão e acariciou a pelagem trigrada da bichana. — Boa noite, Heólico. — foi mais formal ao cumprimentar o garanhão.
Naquela conjuntura, Jungkook já caminhava pelo gramado à procura de Jimin. Ouvira o barulho vindo das cavalariças há alguns e instantes e imaginava que poderia encontrar seu marido fujão na localidade.
Próximo à baia e tentando forçar a amizade, Jimin direcionou sua fala à Heólico.
— Não sei o motivo de não gostar de mim. Você tem muito em comum com seu dono, não é? — tentou acariciá-lo na face, porém o cavalo refugou ante ao ato, dando um passo agressivo para trás.
Desequilibrando-se com o susto, Jimin foi amparado pelos braços de Jungkook, que o colocou de volta ao prumo rapidamente.
— Você se machucou? — o alfa perguntou preocupado.
— Não me machuquei. Estou apenas conversando com Heólico, você pode se retirar. — Jimin foi indiferente, ajeitando a roupa e girando o corpo para que ficasse de costas para o alfa.
— Heólico não está a fim de conversar a essa hora da noite.
— E você também controla o que ele deve fazer ou não? — Jimin voltou a encarar o alfa com coragem desmedida, disposto ao enfrentamento.
Queria encurralar Jungkook, mostrar a ele que não era um tolo manipulável.
— Está agindo assim por causa de Camille, mas nem ao menos me permitiu explicar o que houve. — ele subiu o tom de voz, aproximando-se devagar, os olhos negros penetrando em cada poro de Jimin.
Heólico desistiu de seu sono sagrado abruptamente interrompido pela figura indesejada do ômega. Já havia entendido que ele era um novo morador e que também era bastante impertinente, já que o alfa sempre parecia nervoso ao seu lado. Mordeu um punhado de feno, despreocupadamente, sabendo que provavelmente aquela conversa entre o casal seguiria noite adentro.
Girou o corpo e deu-lhes privacidade.
— Não me interessa saber sobre suas amantes, eu não durmo com você. Desfrute o quanto quiser, uma vez que me parece adorar ômegas fêmeas de seios fartos. — Jimin fez menção de sair e o Jungkook o segurou pelo braço, fazendo-o chocar contra seu peito rígido.
— Ela não é minha amante. — ele respondeu quase tocando seu queixo na testa de Jimin e ainda o mantendo firme próximo de si.
O nível de excitação de ambos era quase palpável. Jimin sentia as coxas molhadas e o coração acelerado.
— Talvez mais duas garrafas de vinho sejam suficientes para que Mag me conte alguns segredos. — o olhar de Jimin era de puro desafio — é normal para casais apaixonados querer saber sobre o passado um do outro, não?
Sentindo-se levitar por um instante, Jimin foi prensado na parede da baia vazia e quase gemeu quando a mão forte do alfa segurou seu queixo.
— Quanto?
— O quê?
— Diga quanto, Jimin! Dê seu preço!
Temendo que toda sua trama de mentiras viesse à tona, Jungkook tentou jogar da forma como imaginou que Jimin estivesse jogando.
Mas na verdade o duque estava caindo em um blefe.
Um magnífico blefe de seu gracioso marido.
— Então está assumindo que mentiu, querido? — Jimin sorriu amplamente, o êxtase causado pelo álcool lhe encorajando.
Jungkook já não raciocinava com clareza e o medo de ter Magnólia envolvida em toda aquela história criada por ele, o fez tomar uma atitude drástica, assumindo de fato seu relacionamento prévio com Camille.
Afastou-se poucos centímetros e abaixou a cabeça, resignado.
— Ela é uma prostituta. Trabalha numa casa de entretenimento para alfas.
Jimin sentiu o ar lhe faltar e antes que pudesse dizer algo, o duque o interrompeu.
— O levarei até lá amanhã e você poderá ver com seus próprios olhos, poderá perguntar a Mme. que gerencia o recinto sobre a minha relação com Camille. A última vez que estive com ela foi há meses, eu nem ao menos estava em um noivado com você.
A sinceridade do alfa ao dizer aquelas palavras foi recebida por Jimin com reservas. Apenas aceitaria a história como verdade após verificá-la com detalhes.
— Então você sempre gostou de ômegas. De fêmeas, de seios enormes! — Jimin o acusou aos gritos. Se apegou ao detalhe de que tanto lhe causava insegurança.
Alfas preferiam fêmeas.
— Não grite! Magnólia tem sono leve!
— Mentiroso! — Jimin o esmurrou nos ombros.
Jungkook, num ato brusco, encostou seu corpo novamente no marido, colocando sua coxa esquerda entre as pernas dele. Queria fazer Jimin mudar de opinião quanto as suas preferências e sabia que ele estava receptivo a isso. Fez uma investida suave e encarava cada reação desejosa do ômega com vitória.
— Gosta disso? — Segurou-o pela cintura e esfregou seus corpos com mais intensidade. — Vi como estava me olhando enquanto bebíamos, a forma como passava a língua entre os lábios... estava tentando me passar algum recado? — Jungkook sussurrou-lhe ao ouvido.
— Ahh... — o ômega estava absorto em sua própria onda de excitação. Os olhos fechados e boca aberta denunciavam o quanto aquela carícia era gostosa.
Sentia seu membro quente e enrijecido sendo massageado pelas coxas duras do alfa e desejou poder senti-lo também.
Será que era tão grande como Lily e Tae diziam?
Um toque levemente molhado em seu pescoço e uma mordida superficial do alfa na região o fez despertar brevemente.
— Eu não deveria deixar que me tocasse assim. Sua prostituta ainda deve estar com seu cheiro no corpo dela, com a lembrança dos seus beijos ainda recentes. — ele tentou empurrar o alfa para longe, mas não havia força suficiente para movê-lo.
Jungkook bufou.
— Nunca beijei Camille, tampouco fiz sexo com ela desprotegido. Sabe a caixinha que encontrou em minha gaveta quando bisbilhotava? Pois bem , aquilo era um preservativo, nunca fiz sexo com ninguém sem usá-lo. — o alfa se justificava com orgulho desnecessário.
Sentindo falta do estímulo gostoso em seu ventre, Jimin arqueou o próprio quadril contra o do alfa. Queria mais, queria tudo que tivesse direito. Seu corpo estava em pleno estado de êxtase iminente e o dono de suas fantasias mais íntimas permanecia bem ali, servindo-o ao prazer do toque carnal.
Num rompante desconhecido, faltando-lhe a dignidade, perdendo toda a consciência e se permitindo pela primeira vez, Jimin fez um pedido imprevisível.
— Então faça sexo comigo. — sem esperar por resposta alguma, enfiou as mãos por baixo da camisa do alfa, tateando-lhe todo o peitoral definido, esfregando as unhas, se apossando daquela região com devoção.
Jungkook, ainda chocado pelo pedido travesso do ômega, deixou-se ser tocado. Com um sorriso malicioso nos lábios segurou uma das mãos de Jimin e a levou até seu membro, apertando-o. Com os olhos arregalados e extremamente eufórico com a ousadia, o ômega soltou um ganido rouco.
— É isso que você quer, ômega atrevido? Quer que eu conte para a condessa o quanto seu filho puro e casto geme necessitado quando aperta meu pau? — Jungkook guiava a mão de Jimin pela extensão, porém o tecido da calça atrapalhava a sensibilidade de ambos.
— Sim, conte! — autorizou. — Eu quero você, alfa. Agora!
Jimin fazia pressão ao estímulo, friccionando habilmente as mãos pelo membro completamente duro do alfa. Sensações abrasadoras percorriam seu corpo, dando-lhe a impressão que iria se desfazer em lava incandescente. A sua consciência não estava deturpada pelo teor alcoólico consumido, mas sim pela deliciosa intimidade a qual vislumbrava há tempos.
Tinha plena certeza de que se lembraria de cada segundo daquela noite.
— Não. Eu prometi que jamais te tocaria.
Aquele tom usado pelo alfa foi de absoluta provocação e Jimin nem ao menos ouviu a frase. Sua atenção estava única e exclusivamente em suas mãos.
Naquilo que as preenchia.
— Repita a palavra que usou para chamá-lo? — ele puxou a camisa do alfa por ambos os lados, arrebentando os botões.
O queria nu.
Era urgente.
Estava queimando em brasa.
Queria ouvir o modo rude ao qual Jungkook havia falado. Apreciou absolutamente as palavras obscenas ditas por ele.
— Quer me ouvir dizer pau novamente? Gosta de tocar no meu pau? De acariciá-lo, de senti-lo pulsar em suas mãos? Ah, você é um depravado, Jimin!
Assim que terminou a frase, sentiu a boca de Jimin abocanhar-lhe um mamilo, faminto. Aquela toque era inédito para si, porém extremamente gostoso de modo a provocar-lhe um suspiro entrecortado.
O ômega parecia preocupado em dar-lhe prazer, entretanto quem deveria mantê-lo extasiado naquela noite era Jungkook.
Havia um segredo em jogo.
Num movimento rápido, Jungkook segurou-lhe as duas mãos e as afastou de si, provocando-lhe um gemido em desaprovação.
— Me deixe te provar o quanto prefiro ômegas machos e quanto nenhum seio farto é mais delicioso do que isso aqui. — apertou suavemente a ereção de Jimin em sua palma e riu com deboche da forma como ele quase desfaleceu em seus braços.
Ajoelhando-se em frente ao ômega, Jungkook levantou-lhe a saia e esfregou o nariz na insinuação voluptuosa sob suas vestes íntimas.
Jimin sentiu as pernas tremerem com o ato.
— Tão sensível... — Jungkook lambeu o relevo com a ponta da língua — Vai gozar na minha boca do jeito que nenhuma ômega fêmea faz.
E puxando-lhe a roupa íntima para baixo com pouca delicadeza, o alfa abocanhou-lhe com devoção desmedida. Sugou a cabeça melada de pré sêmen e massageou-lhe a base de uma maneira que enlouquecia Jimin.
Era irreversível.
Jurou que jamais tocaria no ômega e naquele momento estava chupando-o com avidez. Não conseguira controlar as insinuações obscenas à mesa e sabia que era algo que ajudou a fomentar.
Era delicioso provocá-lo.
Era delicioso telo dentro de sua boca.
Sorveu dele com vontade, e Jimin já não segurava mais os gemidos, agarrando forte os cabelos do alfa, com a intenção de se segurar e não despencar no precipício do prazer. Vez ou outra Jungkook o soltava, e o barulho molhado excitava ambos, intensificando o quase clímax.
— Ohh... — Jimin já não conseguia mais equilibrar-se com a iminência do orgasmo e apoiou as mãos nos ombros da alfa, completamente enlouquecido.
E assim Jungkook potencializou os movimentos, tomando-o todo em sua boca, por vezes repetidas e ritmadas.
A fresta do telhado do ambiente permitia que a penumbra da luz do luar os iluminasse, revelando parcialmente a cena erótica, digna de recordação.
Jimin já não manifestava reação, apenas esperava pelo Nirvana do absoluto prazer.
— Olhe para mim. — Jungkook pediu quase como uma ordem — Você é delicioso, Jimin. Tão doce, meu doce.
Como se seu marido tivesse ordenado, Jimin girou os olhou e deixou que o orgasmo arrebatador lhe tomasse os sentidos, o tirando a consciência. O alfa ainda o tinha completamente em sua boca, bebendo cada gota do mais puro néctar de pêssego adocicado.
Jimin sentiu tudo a sua volta rodopiar: sua cabeça, as penumbra da lua, o deleite inimaginável que envolvia seu corpo e os espasmos que percorreram cada centímetro do seu ser.
Erguendo o corpo devagar após vestir a roupa íntima novamente em Jimin, o duque se colocou em sua frente, olhando-o nos olhos.
— Você está bem? —o segurou pelo queixo, analisando-o. Jamais vira um ômega quase desfalecer em um orgasmo.
E era magnífico ver Jimin perder os sentidos apenas com o estímulo de sua boca.
— Me deixe dormir com você? — a face completamente sonolenta de Jimin, denunciava o puro relaxamento.
— Não está em condições de fazer mais nada por hoje, não acho prudente.
— Quero apenas dormir... — o ômega falou com a voz manhosa — e talvez tocar acidentalmente em seu pau durante a madrugada.
Jungkook gargalhou. Seu marido atrevido voltara ao tom espirituoso habitual.
E assim ele o pegou nos braços e o levou de volta ao casarão. Temia que seus atos pudessem gerar um novo afastamento de Jimin ou até mesmo uma repulsa por tê-lo tocado intimamente. Aceitaria o que viesse e atuaria em sua própria defesa, caso fosse necessário.
O deitou em sua cama e seguiu até o lavabo. Olhou-se no espelho e esfregou os dedos na boca levemente avermelhada.
— Tão doce, Jimin. — mordeu o lábio inferior, sorvendo dos resquícios em seu paladar.
As lembranças deram margem para que uma nova ereção se formasse e dessa vez ele fechou a porta do toalete e não a negligenciou.
Desejou que fosse Jimin a tocá-lo, a devorá-lo com seus lábios carnudos e acariciá-lo com sua língua macia.
Gozou em jatos fortes, aliviando-se completamente do tesão absurdo, instigado por seu marido atrevido. E sem demora, limpou-se e voltou para o quarto.
E olhando com ternura para a figura aninhada sob seus lençóis, fez um pedido genuíno:
— Espero que ao acordar amanhã, não se arrependa do que fizemos.
Deitou-se na cama e como um íma, Jimin se aconchegou em seu peito.
Talvez pudesse fazer desse casamento uma empreitada interessante de puro divertimento.
Contudo não se deixaria levar por distrações, seu alvo era sua vingança.
Constatou o fato, acariciando a pele desnuda dos ombros de Jimin e o estreitando em seus braços.
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Voltei! Feliz Natal atrasado!
Que fogo no parquinho é esse aqui?? Vou fingir que todo mundo que tá lendo isso aqui é maior de 18 anos, heinn??
Hm.👀
Entenderam a questão da hibridação? Do motivo pelo qual machos e fêmeas ômegas engravidam? Lembre-se que esse mundo aqui é imaginário, tirado do fundo do meu c.. coração! ☺️
Ai gente, cês gostaru memo? Revisei porcamente isso daqui...
Eu achei que tava apressando as coisas com esse final aí, mas na verdade um boquete não se nega a ning... tô brincando! Os jikook tão se provocando faz tempo e vocês são testemunhas reais desse caso e o Jimin tá saidinho, tá querendo causar.
No próximo capítulo as fortes emoções continuam! Até porque com esses dois aí é um passo pra frente e dois pra trás!🫣
Eu tinha falado de fazermos um grupo para comentar sobre a fic e alguns spoilers e teorias e tals... topam? Não me deixem no vácuo! Eu to com medo real de derrubarem essa fic agora que vou começar a focar em conteúdo mais sequissual, se é que me entendem, e por isso tenho medo de perder vcs, caso a conta caia. Pensem aí, pode ser whatsapp, telegram, twitter...
Bora combinar de tomar um Saint-Émilion aqui em casa qualquer dia?😋
Sem mais para o momento, adeus meus doces!🍑
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