𓅂 𝓣𝓱𝓮 𝓓𝓲𝓿𝓸𝓻𝓬𝓮

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#DocedePessego
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Deixem o voto e comentem!

Boa leitura!

Um mês depois...

Solidão.

O sentimento que havia em sua totalidade e fazia morada no coração de Jungkook era solidão.

Havia se distanciado de Jimin de forma abrupta há algumas semanas, fazendo questão de se manter longe fisicamente da presença viciante de seu ômega.

Mas era inexplicavelmente doloroso estar longe. Era como se um ímã o atraísse, como se houvesse um laço em seu pescoço que o prendesse irremediavelmente ao seu ômega.

Seu doce e atrevido ômega.

O qual o havia deixado doente de paixão.

E estar sob os lençois de seda em NewBrook's Farm sem a presença quente e excitante de Jimin, matava seu alfa aos poucos.

Era dor física. Dor lancinante.

Havia voltado a beber descontroladamente, fumava três a quatro charutos diariamente.

Estava arrastando, completamente desolado.

Sozinho.

Por outro lado, Jimin voava como um pássaro livre, aceitando pacificamente a decisão de seu marido em se afastar.

Não houve qualquer discussão entre os dois para que essa situação se instalasse e nem o pedido de Magnólia ou Calista fez com que o casal se acertasse.

Para Jimin, a vida seguia normalmente, embora não tivesse mais as noites de sexo intensas com o alfa, mas o fato era que ele não se importava.

Seus dias estavam repletos de eventos.

As reuniões com ômegas que passaram a compor a secretaria de direitos sociais composta por ele; as visitas em fábricas têxteis para que averiguassem a existência de trabalho infantil e tantas outras tarefas que Edward o havia autorizado a realizar, lhe ocupavam a maior parte do dia.

E durante a noite, Jimin gostava de frequentar os jantares da corte.

Suas companhias eram diversas. Mme. Davaux que havia adquirido certa importância e respeito por conta de seu trabalho ao lado de Jimin; Magnólia que vez ou outra o levava para visitas e chás com aristocratas do reino da Espanha e de Paris que usualmente visitavam Londres; Hyejin sua inseparável amiga; Lily e Taehyung, seus irmãos de coração.

Jimin vivia a melhor fase de sua vida. Havia casado num arranjo completamente desconhecido por si e colocado numa situação a qual ele não pedira para estar.

No entanto, o fato era que havia generosidade da parte do alfa em deixá-lo livre, algo que jamais ocorreria se continuasse morando sob os cuidados de sua mãe megera ou se casado com um duque conservador como ocorria com a maioria dos ômegas da aristocracia londrina.

Ele definitivamente era um ômega de sorte.

Deitado em sua cama, Jimin espreguiçou-se, sentindo o cheiro reconfortante do café preparado por Calista a uma distância considerável do local onde cheiro emanava.

Seu faro estava surpreendentemente aguçado.

Levantou-se, e sem vestir o robe, abriu a porta do quarto, descendo as escadas até a cozinha.

Usava apenas o short do pijama, seu torso alvo reluzindo os feixes de luz que adentravam pelas frestas da janela do casarão de Strand.

― Bom dia, Calista. ― disse abraçando a beta lateralmente e a beijando na bochecha.

― Olá, meu raio de sol! Está tão radiante hoje! Me diga como está?

― Estou me sentindo especialmente tão bem, algo como um arrepio gostoso na barriga. Acho que é um bom pressentimento! ― ele falou exalando felicidade.

― Fico feliz em vê-lo bem! ― Calista vibrou.

Jimin buscou por um copo e se serviu com água fresca. A brisa leve que vinha de fora perfumou lentamente o ambiente de maneira a chamar a atenção do ômega.

― Esse cheiro... são mirtilos? ― Jimin inalou o ar algumas vezes tentando identificar o aroma.

Mas Calista não identificou.

― Não sinto cheiro algum, mas talvez você esteja falando do pé de mirtilo que há nos jardins do fundo da propriedade, estamos próximos da florada.

Curioso, Jimin tomou o restante do líquido em seu copo e seguiu pela porta dos fundos da cozinha. Andou pelo jardim que mais parecia um pomar, apreciando com prazer a grama lhe afagar os pés descalços, massageando os dedos com carinho quase sobrehumano.

Avistou mais adiante a árvore de mirtilo, que não era tão alta, mas esbanjava um lindo cacho da fruta na altura de sua copa, a qual Jimin não alcançava.

E cheio de imaginação como era, ele olhou ao redor e pegou uma banqueta de madeira que jazia escorada na parede da casinha de vassouras com a intenção clara de usá-la para subir até seu objetivo.

Posicionou a banqueta embaixo de alguns galhos da árvore, esfregou as mãos e colocou um dos pés em cima do objeto.

E em menos de segundos após o ato, um vulto grandioso surgiu por detrás da árvore, o assustando absolutamente.

― O que pensa que está fazendo, ômega? ― imediatamente a imagem de Jungkook irrompeu como um fantasma, fazendo Jimin se afastar inconscientemente.

― De onde você surgiu? ―o ômega gralhou enfezado. ― Por que está me perseguindo assim, essa não é a primeira vez que você aparece me espreitando, Jungkook!

― Você é um grande irresponsável, Jeon Jimin! ― o duque falou alto, quase usando sua voz de alfa. ― Estava prestes a cair da banqueta e se machucar! Ele segurou o objeto com ríspidez e o colocou a alguns passos dali.

― E por que você se importa? ― Jimin diminuiu o tom de voz, de modo que Calista não os ouvisse. Já mantinha uma face sisuda, beirando a irritação.

Jungkook o encarou profundamente nos olhos. Não havia resposta para a pergunta de seu ômega.

Ele não estava em seu juízo perfeito. As suas ações eram completamente guiadas por seu alfa.

― Eu ainda não sei o motivo pelo qual me importo com você, Jimin. ― ele falou transparecendo decepção. Soltou o ar de seus pulmões num gesto cansado, afrouxando os botões da camisa que usava.

Jimin sentiu o corpo se arrepiar como uma onda eletrizante. Seu íntimo pulsou de desejo. Afinal, o embate o excitava de uma maneira quase irracional.

― Então apenas me deixe em paz, já que minha presença o incomoda tanto... ― ele se aproximou devagar, encarando Jungkook com luxúria.

Encarou o marido e o tocou na lapela do paletó, enfiando a mão por baixo da gola até que alcançasse o pescoço do alfa. Uma onda de luxúria selvagem envolveu os dois naquele momento e Jimin simplesmente se deixou levar. Sentia tanta falta de seu alfa. Tocava-se quase que todas as noites imaginando o corpo de Jungkook sobre o seu, os gemidos graves e excitantes lhe entrando como música erudita pelos ouvidos. Seu alfa o seduzia apenas por existir.

E Jimin ansiava por tê-lo para sempre em sua cama. Sem discussões improdutivas.

E ali, o mínimo contato físico entre eles foi suficiente para colocá-los novamente na sintonia erótica que apenas eles sabiam compartilhar.

Jungkook acompanhava os movimentos do marido com os lábios entreabertos, sedento de desejo, enquanto seu corpo reagia ao toque, formando uma ereção rígida.

― Você me enlouqueceu, ômega. Não há nada que eu possa fazer. ― Jungkook chiou, seus olhos fixos aos de Jimin, que descia o tronco lentamente até que sua boca alcançou o volume convidativo sob o tecido da calça.

― Então pare de agir como um covarde e me dê a única coisa que quero de você! ― sem se importar com o teor pesado de suas palavras, Jimin segurou o zíper da calça do marido e o abriu.

Colocou a língua toda para fora e lambeu a extensão de seu alfa com fome primitiva.

Entregue ao ato, Jungkook o segurou pela cabeça, forçando seu membro na boca molhada de Jimin.

― Oh... ― ele inclinou o pescoço para trás na tentativa de controlar o tesão que o arrebatara. ― eu te desejei tanto...por todo esse tempo... meu doce...

E Jimin o abocanhou com destreza. Chupou, lambeu e usou as mãos para estimular seu alfa de todas as formas possíveis.

Mas olhando adiante num relance por entre os galhos da árvore, pode perceber que era observado por uma face completamente em choque.

E um sorriso atrevido lhe brotou dos lábios molhados quando percebeu de quem se tratava.

Esfregou o membro rijo de Jungkook com a mão e se levantou devagar, lambendo a boca do marido em seguida.

― Sua vez, alfa. ― falou, desviando o olhar e ficando de frente para seu observador.

Como ordem, Jungkook se abaixou e tirou com certo nervosismo o short do pijama de Jimin. Puxou a banqueta para perto de si e deitou o ômega de bruços, abrindo as pernas dele e enfiando seu rosto entre as nádegas volumosas.

Jimin soltou um gemido absolutamente erótico. Queria ser ouvido por quem o observava, queria que soubesse que ele sentia prazer com seu alfa.

― Você é delicioso, meu doce. ― Jungkook balbuciou, permitindo que suas lambidas e chupões fizessem barulhos depravados que ecoavam no ambiente.

Ele girou Jimin novamente, dedicando-se a chupar-lhe o membro também rígido, que exalava desejo absoluto. Jimin por sua vez, colocou uma perna no ombro direito do marido e jogou a cabeça para trás, segurando-se com dificuldade na banqueta de madeira.

Seus olhos buscaram mais uma vez pelos olhos estupefatos que ainda o observavam.

E mais uma vez Jimin sorriu atrevidamente em direção a eles.

― Tire as roupas... ― Jimin ordenou. ― Quero a visão de seu corpo nu.

E Jungkook, inteiramente guiado pelo transe, fez o que seu ômega ordenou.

Retirou lentamente a calça e a camisa. Seu corpo completamente exposto, suado, refletindo vez ou outra os reflexos do sol, era como uma obra prima. Jimin aproveitou cada detalhe, alisou cada músculo do abdome de seu alfa com a ponta dos dedos e num gesto rápido mordeu-lhe o peitoral esquerdo, assustando-o.

― Ahh, você gosta de me ver sangrar! ― Jungkook observou seu sangue escorrer suavemente pela boca carnuda de seu ômega e o segurou pelo pescoço, puxando-o para um beijo lascivo.

Jimin apanhou o membro do alfa com uma mão e o estimou novamente, girando o corpo dele de modo que os olhos observadores pudessem captar toda a cena. Disposto a continuar o show, Jimin se inclinou lateralmente e guiou o membro do alfa, ajeitando entre suas nádegas.

― Ahh... ― ele gemeu alto assim que Jungkook se colocou entre suas pernas e o penetrou. ― Desconte sua raiva em mim, alfa. Do jeito que sabe que eu gosto. ― Sentiu Jungkook o posicionar e agarrar-lhe pela cintura de modo a colar suas costas no peito do alfa.

E a cena de sexo depravado e selvagem em baixo da árvore de mirtilo seguiu intensa, com os corpos se chocando até que Jimin gemeu alto em puro deleite pelo orgasmo arrebatador que tivera.

Embora entorpecido pelo clímax, fez um pedido inusitado.

― Quero que se derrame em minha boca, quero tomar tudo. ― Ele se afastou vagarosamente agachando na frente do alfa. Colocou a língua para fora, não sem antes balbuciar algumas palavras em direção aos olhos que o observava.

― Esse é o gran finale, mamãe!

Assim, Jungkook se masturbou até que jatos fortes atingissem a face de seu ômega, banhando-a com seu semem.

― Sua face tomada pela minha porra é a cena mais linda de se ver, meu doce. ― Jungkook captou um pouco de semên com os dedos e esfregou nos lábios de Jimin, que o chupou com vontade.

― Humm... seu gosto é tão refrescante que eu poderia tomar um copo dele todas as manhãs sem objeções. ― Jimin fez questão de sorver cada gota.

E após o gozo arrebatador, o que restou para Jungkook foi o arrependimento. Havia sucumbido aos encantos de seu ômega mais uma vez. Havia sentido o perigo o rondar e havia permitido que seu alfa lhe tomasse consciência.

Ele não agia mais com vontade própria, nem com discernimento quando tudo se tratava de Jimin.

O ar lhe faltou dos pulmões quando percebeu então que havia falhado com seu plano tão perfeito.

Ele amava Jimin. E a constatação atingiu seu peito como uma adaga envenenada.

Engoliu o nó que se formou em sua garganta, procurou por suas calças e se vestiu.

― Eu preciso ir. ― disse resignado.

― Não. ― Jimin o segurou pelo braço, dirigindo seu olhar para Dahye que ainda o espreitava ao longe. ― Vamos entrar, meus pais estão aqui, eles devem ter algum assunto para tratar conosco.

Jimin vestiu a camisa de Jungkook, afinal estava apenas de short. Assim, o casal voltou para dentro do casarão, entrando pela cozinha e assustando Calista, dada as parcas vestimentas que usavam.

― Jimin, sua mãe está aqui. Deve subir e se vestir adequadamente. ― ela abordou Jimin, sentindo-se constrangida pela cena.

― Olá, Calista. ― o duque cumprimentou a beta num tom reservado e ela o saudou formalmente.

― Estou em minha casa, Calista. Se minha adorável mãe e meu pai não entenderem isso, o problema não é meu. ― Jimin replicou.

― O conde não veio. Apenas a condessa o espera.

A informação causou estranheza em Jimin num primeiro momento. Dahye jamais o visitaria sem a presença do conde, uma vez que ela preza por seguir à risca todas as formalidades sociais.

Assim, Jimin e Jungkook seguiram para sala e ao chegar no recinto, encontraram Dahye extremamente nervosa.

― Bom dia, mamãe! ― Jimin disse em tom de deboche, segurando a mão do marido que permaneceu calado. Jungkook apenas aceitava o que seu ômega fazia quando o assunto era Dahye.

A condessa girou os olhos que percorreram pelo corpo mal coberto do filho. Sua face estava coberta pela repulsa absoluta.

― Seu pai desapareceu. ― ela ralhou entredentes. ― Há um mês não tenho qualquer notícia dele.

― Oh, já procurou nos bordeis da cidade? Houve um burburinho o qual ele estava se deleitando com uma mulher misteriosa... ― Jimin caçoou da informação dada pela mãe. Sentou-se em frente a ela, com Jungkook ao seu lado e apoiou a mão esquerda na coxa do marido que ainda estava sem camisa.

Sem conseguir controlar a fúria que pulsava em sua face, Dahye se levantou:

― Você é um degenerado! Uma cadela no cio! Um pervertido ― ela gritou, fitando Jimin com cólera.

― Ah, está falando da cena de sexo delicioso que me viu fazendo com meu alfa, mamãe? Isso é rotina em minha vida.Está surpresa porque ainda não viu quando ele ata seu nó em mim, quase vou à loucura! ― Jimin olhou para Jungkook que continuou em silêncio, apenas observando o entrevero entre mãe e filho.

― Você é o mal, Jimin!

E num rompante imediato, Dahye pulou em direção ao filho, com o intuito de machucá-lo.

Mas neutralizando o ato, Jungkook a segurou pelos braços e a jogou no chão, com a fúria desmedida de seu alfa.

Ele estava protegendo Jimin pela segunda vez naquele dia.

Dahye veio ao chão, urrando de dor.

Em choque, a primeira reação de Jimin foi conter seu alfa, cujos olhos destacavam uma coloração rubra, evidenciando o controle do lúpus sobre Jungkook.

― Alfa, não! ― Jimin ordenou, apoiando as mãos no peitoral do marido, justamente onde haviam algumas gotas secas de sangue.

― Ai... minhas costas... ― Dahye tentava se levantar. ― Irei acusá-lo de agressão, duque! ― ela falou com indignação absoluta.

Disposto a não ter pena, não se deixar levar pelas cenas de vitimismo da mãe a qual ele fora exposto durante toda a vida, Jimin girou a cabeça de modo a encarar Dahye que ainda estava sentada no chão.

― Você instigou meu alfa, condessa. Está dentro da minha residência, não deveria ter investido contra mim. ― ele segurou as mãos do marido e o fitou novamente, percebendo agora que os olhos negros de Jungkook já haviam tomado seus lugares.

― Me desculpe, condessa. Mas se tentar algo contra Jimin novamente, sou eu quem irei acusá-la! ― Jungkook disse. ― Agora saia da nossa residência. ― bradou.

― E quanto ao meu marido? Devem me ajudar a procurá-lo! ― Dahye se apoiou no sofá, tentando se levantar com dificuldade.

― Jisung não é problema nosso. Procure pelo conselho de investigação da corte, talvez eles possam ajudá-la. ― Jungkook foi breve na resposta e seguiu até a porta, abrindo-a. ― Vamos, saia!

E completamente humilhada, Dahye tomou o rumo da porta, mancando vez ou outra. Jimin a olhava com desdém, orgulhoso de tê-la tratado da maneira a qual tratou.

Conforme a ômega merecia.

Jimin canalizou seus pensamentos sobre todos os acontecimentos da última hora e não notou que seu alfa havia saído do recinto.

Ele caminhou até a mesinha lateral da sala de estar e serviu-se de uma dose de conhaque. Tomou todo o líquido num só gole e exalou o ar de seus pulmões num gesto resignado.

Não havia qualquer sentimento quanto a sua mãe, nem mesmo pena.

E quanto ao alfa, talvez sentisse o mesmo.

𓅂

Há quase um mês, depois de ser avisado por um soldado de Edward que seria preso, Jisung e a mulher vermelha tomaram rumo desconhecido. Haviam montado cabana em uma montanha mais ao sul, local de difícil acesso para quem quisesse procurá-los.

― Precisamos decidir o que faremos com Jimin. ― o conde falou num tom reservado.

― Ele está perto de completar dois meses de gestação. Deve estar sentindo os sintomas. ― Maeve falou com a voz suave, tocando sua própria barriga e fechando os olhos. ― Devemos trazê-lo logo para perto de nós, precisamos cuidar para que o bebê nasça tão saudável quanto um touro.

― Quer trazê-lo para cá? A essa altura, somos procurados por toda Londres. Não há como capturá-lo.

― Sim, meu amor! Devemos trazê-lo, daremos o chá calmante a ele até o final da gestação e não teremos problema com sua rebeldia nata. ― ela falou rindo, admirada com seu próprio plano. ― Devemos cuidar com amor e carinho do lúpus prometido!

― Você fala tanto desse lúpus prometido, como sabe que Jimin fora o abençoado para gerar esse filhote?

― Porque eu sei de todas as coisas! ― ela gritou. ― Não duvide de minhas palavras, pois eu sigo o senhor da luz! O Deus Lugus nos dará a vida eterna!

― Não será fácil convencer Jimin a vir até aqui, acho que precisamos mudar os planos. ― Jisung não compartilhava das mesmas certezas absolutas que a sacerdotisa. Havia ceticismo óbvio em suas palavras.

― Ah! ― a mulher se irritou. ― Bem vejo o motivo pelo qual Namjoon não o quis em sua organização! Você é um alfa de inteligência limitada! O plano é convencê-lo a fazer um passeio aqui nas montanhas e aí sim poderemos controlá-lo com o chá alucinógeno até que o prometido nasça!

― Jimin é marcado, o alfa virá atrás dele de toda forma. Não acredito que dará certo. ― o conde insistia em fazer com que a mulher mudasse de ideia.

― Marcado? Não senti o cheiro do alfa nele... ― ela indagou para si mesma, desconfiada da veracidade da afirmação do conde. ― De toda forma, o destino do alfa já está traçado. ― ela levantou a saia, mostrou uma adaga e um vidrinho de um líquido âmbar. ― Nada que uma adaga envenenada no peito, não o elimine de nossos caminhos.

Jisung arregalou os olhos, incrédulo com a astúcia do plano

― E quanto a dor de Jimin por perder o alfa? Isso poderá matá-lo!

A mulher nada falou. Ela andou até o centro da cabana e olhou fixamente para fora do recinto.

Então ela estalou os dedos e uma chama brilhante se formou.

― Jimin morrerá de qualquer maneira. O filhote prometido sugará toda a energia de seu pai ômega quando vier ao mundo. Está escrito.

Jisung se arrepiou com a informação. Queria dinheiro e poder, mas não imaginava que chegaria tão longe para tanto. Seu objetivo jamais seria tirar a vida do próprio filho, ou desejar-lhe o mal. Sentia-se aliviado de certa forma por Jimin ser casado com um bom alfa e não depender mais de si. No entanto, as palavras de Maeve lhe pareceram duras demais para serem seguidas.

No entanto, a sede absoluta por vingança o fez se calar.

Seguiria o plano da mulher em busca de poder sobrenatural.

Seria o homem mais poderoso de todos os reinos, decretou para si mesmo, direcionando um sorriso amplo à sacerdotisa.

𓅂

Quando Namjoon finalmente contou a Edward sobre seu passado, houve benevolência por parte do rei. Ele sentia-se como um usurpador do poder estando na condição de rei e tendo o tio preso nas masmorras, mesmo sendo um acusado por crimes contra a Coroa.

Ofereceu um quarto com cama decente e toilete adequada para banho quente e Namjoon a princípio não aceitou tais benefícios, entretanto havia no alfa mais velho a ânsia pelo recomeço. Namjoon sabia que deveria agir com menos arrogância e aceitar o que lhe era dado de bom grado.

Seokjin via toda aquela situação com alívio em seu peito, haja vista que haviam se passado décadas desde quando Namjoon se rebelou. Ainda restavam arestas a serem aparadas entre tio e sobrinho, porém o beta sabia que era questão de tempo até que tudo se resolvesse.

O reinado de Edward estava finalmente se alinhando aos anseios de seus súditos. Seus conselheiros trabalhavam com grandes equipes de colaboradores de modo a intensificar as correções necessárias ao bom andamento da corte. E o rei se orgulhava disso. Ele havia sentido finalmente o peso da responsabilidade de um monarca e agradecia quase exclusivamente aos puxões de orelha dados por Jungkook. Estava mais sério, dedicado apenas aos assuntos reais e aos amores de sua vida, Hoseok e Hyejin.

Sentia-se feliz também por ter dado pela primeira vez na história do reino, um cargo de alto escalão a um beta. E ali naquela tarde em seu gabinete, fazia o trabalho de um bom monarca, agradecendo ao seu conselheiro de investigações pelo bom serviço prestado.

― Quero dizer-lhe que me sinto grato por tê-lo como alguém de confiança, Taehyung. ― ele iniciou a conversa num tom suave, amistoso.

― Não há o que agradecer, majestade. Farei o que me pedir com responsabilidade.

― Não me chame de majestade, Tae. Sabe que tenho você, Jimin e Jungkook como amigos. Não use formalidades.

Com um sorriso sincero nos lábios, Taehyung acenou levemente com a cabeça, obedecendo seu rei.

Deu um longo suspiro e decidiu abrir seu coração.

― Para mim tudo foi mais difícil. Eu não tive um lar, fui contratado para ser um empregado de uma família abastada desde que me entendo por gente. Cresci tendo que provar que não merecia ir para a rua e tive a sorte de conhecer Calista, outra beta que me tratou como filho, mesmo sem ter me colocado no mundo. Quando pessoas como eu têm uma pequena oportunidade de melhorar nossa condição de vida, devemos fazer o dobro. Sei que soa estranho para todos aqui no reino, a rapidez pela qual me encaixei no cargo e me tornei conselheiro. Sei que isso causa estranheza. Mas o que essas pessoas não sabem é que eu sempre gostei de estudar, sempre li os livros do sebo que fica ao lado da feirinha em Norwich. Sempre peguei escondidos os livros de leis que o conde guardava em seu escritório. Minhas madrugadas eram baseadas em leitura e aprendizado. Betas como eu precisam se esforçar dez vezes mais do que qualquer classe genética. Então o que quero dizer do fundo do meu coração é muito obrigado. Obrigado por ter me dado a primeira chance, algo que eu jamais teria se sua mãe ainda fosse rainha. ― ele fez a crítica sem se importar com a possível represália, mas Edward apenas riu de sua perspicácia. ― Obrigado por confiar em um beta leigo um cargo tão importante quanto esse.

― Você foi bem recomendado por Jimin. Era justamente esse meu intento. Colocar pessoas comprometidas, independentemente de seus diplomas. O que eu quero com o reino de Londres é a união das classes. É ver betas em posições de poder. Ver ômegas contribuindo para uma sociedade mais justa. Tudo em prol de um bem comum. E diante a todas essas conjecturas, convoquei sua presença aqui para dizer-lhe que a primeira turma do curso de Direito da Universidade de Sussex para ômegas e betas, começa no próximo verão. Você será um advogado diplomado se assim quiser. E todos os betas e ômegas desse reino se assim quiser. E sem qualquer prova de admissão. Quero que venham todos, temos vagas!

A face de Taehyung se contorceu minimamente com a notícia. Ele não conseguiu esboçar nenhuma palavra até que seus olhos brotaram lágrimas grossas, repletas de felicidade e gratidão.

― Eu serei o melhor advogado que essa corte já viu, majes... Edward! Terá orgulho de dizer meu nome, eu prometo.

― Eu tenho certeza disso, beta! ― Ele segurou a mão de Tae num gesto carinhoso. ― Bom agora devemos controlar a emoção, temos uma reunião tensa com Namjoon, Jackson e Sangwoo.

Um abraço fraterno, carregado de emoção e de promessas para um futuro mais justo e igualitário, selou o acordo entre rei e súdito.

Mais precisamente entre dois amigos.

Eles saíram dali e partiram para a sala de interrogatório, onde Jungkook, Jimin e os outros conselheiros já o aguardavam. A presença de todos os conselheiros reais, fora um pedido convocatório por parte de Edward, uma vez que aquela reunião ainda não era o julgamento final. O rei apenas deu a oportunidade para que toda a trama fosse revelada de forma voluntária por parte dos acusados, que haviam solicitado tal reunião.

Edward ainda não havia contado a ninguém sobre seu passado com o tio, a pedido dele. Mas gostaria que todo assunto relativo a ele tivesse a presença absoluta de todos os conselheiros do reino.

Com todos reunidos no recinto, Edward presidiu a sessão. Fez perguntas objetivas e teve a colaboração de todos os acusados com as respostas.

Jungkook e Jimin estavam sentados a uma distância considerável. Haviam trocado duas palavras quando se viram e o alfa afastou-se imediatamente. No entanto, Jimin procurou não se abalar com aquela atitude.

Namjoon foi quem começou a contar toda a trajetória da organização desde sua fundação. Jackson Wang falou sobre sua participação como arrecadador das propinas e Jung Sangwoo assumiu os assassinatos. Exceto o de Jeon Jungseok.

A BlackCrow fora finalmente desmembrada. Todos os crimes de desvios de carga e tabaco e conhaque vindos da Bélgica foram finalmente confessados. Os assassinatos de todos os presentes na agenda mortuária encontrada na casa de Jisung, também foram solucionados.

E justamente no momento, quando Jackson Wang entregava todo o cenário do fatídico dia em que Park Jisung assassinou Jeon Jungseok, é que os ânimos se exaltaram.

Jungkook entrou em um estado de fúria. Foi contido por quatro guardas, mas seus gritos ecoavam com força de seus pulmões.

Ele queria apenas justiça.

E justiça para ele era matar todos os envolvidos naquela trama ardilosa. QUe findou tragicamente com a morte de seu pai.

― Meus dias a partir de hoje, serão baseados em fazer cada um de vocês pagarem pelo que fizeram com meu pai! Pelo que me fizeram! ― Ele gritava enquanto tinha os braços colocados para trás.

Edward tentava acalmá-lo de todas as maneiras, oferecendo a ele a certeza de que todos os condenados seriam punidos exemplarmente.

Mas o acesso de fúria do duque apenas se intensificava. Todos os presentes estavam estarrecidos com a cena.

Um dos conselheiros achou de bom tom retirar os acusados da sala de modo a não perturbar ainda mais as memórias dolorosas de Jungkook.

Jimin, que já não continha mais as lágrimas de desespero por ver seu marido tão vulnerável, dirigiu seu olhar a Jungkook de modo a tentar fazê-lo se acalmar.

Mas quando os olhos de ambos se encontraram, Jimin pode sentir o desprezo de Jungkook o atingindo como um projétil certeiro, matando-o por dentro.

― Eu vi Jisung atirando em meu pai, é por isso que sempre tive certeza que era ele! Por mais que ele tivesse usado em seu corpo ervas que camuflassem o seu cheiro, eu sabia que havia sido Jisung! Meu coração sabia! ― ele esbravejava, tentando se desvencilhar dos guardas. ― Eu morri naquele dia, junto do meu pai! Hoje eu sou apenas um amontoado de carne e sangue que não sabe mais o que é o amor! Eu acumulei ódio suficiente para que nunca deixe o amor aflorar em meu peito! ― seu olhar cruzou com o de Jimin novamente. ― eu jamais irei amar alguém da mesma forma como amei meu pai. Jamais! ― ele respirou fundo, procurando uma zona de escape para que seu coração não parasse de bater, envenenado pela dor.

Todos na sala ainda ouviam calados o desabafo doloroso de Jungkook. O silêncio era sepulcral.

Havia consternação na face dos presentes. Havia necessidade extrema em confortar o alfa machucado.

― Quero dizer uma última frase. ― Jungkook olhou para todos os presentes com a face tomada por lágrimas grossas e linhas de expressão duramente fincadas em sua testa, evidenciando que sua dor era quase física. ― Amanhã partirei em busca de Jisung e me vingarei assim que o encontrar, então aconselho que sejam rápidos em prendê-lo antes de mim. Não terei misericórdia, Edward!

Estático, o rei fez um sinal para que os guardas soltassem Jungkook. Ele sabia que seu amigo lidava melhor com a dor sozinho.

E assim o alfa saiu do recinto.

Ele sentia os olhos queimarem.Sua mente não processava qualquer informação consciente que permitisse sua mudança de atitude.

Ele queria vingança.

Desceu as escadarias do castelo correndo. Seguiu pelas ruas de Westminster e andou sem rumo até que chegasse perto da mata. Fechou os olhos com intenção de deixar seu lupus guiá-lo, no entanto usou a racionalidade para conter a si mesmo.

― A partir de hoje, não haverá mais espaço para paixão carnal, alfa. A partir de hoje tomarei as rédeas da minha razão, como nunca deveria ter deixado de fazer. Irei aprisioná-lo dentro de mim mesmo que a dor de sentí-lo rasgando-me o peito me consuma. ― ele ajeitou o paletó, secou as lágrimas de sua face, girou o corpo e saiu dali.

Os acontecimentos que ocorreram dentro da sala de interrogações foram recebidos por todos com surpresa. Edward encerrou a sessão num tom breve, dispensando os conselheiros.

Jimin foi amparado por Taehyung que o levou até os jardins para que pudesse tomar ar fresco.

Havia desolação e tristeza profunda na face do ômega.

― Tae, eu sinto muito por Jungkook. Sinto de uma forma que me doi o peito. ― Jimin falou assim que se sentou no banco, perto do canteiro de hortênsias.

― Eu sei, Minnie. Sei o quanto você gosta dele.

― Na verdade eu passei a nutrir um carinho por ele... ― a voz de Jimin saiu embargada. ― Mas nas últimas semanas estávamos mais afastados. Ele não estava se sentindo bem ao meu lado.

― Ele é um alfa genioso, talvez fosse só uma questão de tempo. ― Tae tentava amenizar os acontecimentos com palavras suaves.

― Não, Tae, Jungkook nunca gostou de mim. Ele era carinhoso em nossos momentos íntimos, mas não era ele, era seu alfa. Eu conseguia ver a mudança de comportamento dele.

Segurando a face de Jimin com cuidado, Tae o fitou brevemente.

― Acho que permitir que seu alfa tomasse sua consciência era a forma que ele encontrava para não se apaixonar por você.

― Por que você diz isso?

― Yoongi conversou comigo sobre a personalidade do duque. Sobre como ele sempre esteve obcecado por ving... por encontrar o assassino do pai. ― ele se corrigiu em meio a um pigarro.

E Jimin empertigou-se com a frase do amigo.

― Sempre esteve obcecado por vingança? Então minhas suspeitas eram reais. Jungkook apenas se casou comigo por vingança contra meu pai. Toda a cena e as mentiras sobre ser um sodomita eram para não me dizer a verdade de suas intenções. ― Jimin colocou as duas mãos no rosto e desabou num choro sentido, magoado.

O fato era que Jimin não havia chegado a essa conclusão naquele momento específico. Esse assunto já permanecia em sua mente desde que o alfa mudara de comportamento há mais de um mês, mais precisamente quando Jimin lhe entregou a caixa com as provas sobre Jisung.

Tae o acolheu num abraço e permaneceu ali em silêncio. Não havia mais nada o que dizer.

― Não pense muito sobre isso, Minnie. Você se tornou um ômega forte, independente. Tem seus projetos.

― A minha vida toda foi baseada em ter pessoas más ao meu lado! ― ele esbravejou em meio ao choro. ― Sempre fui enganado pelas pessoas que deveriam cuidar de mim! E eu tenho me sentido tão vulnerável nos últimos meses, com uma carência absurda de carinho e só tenho recebido desprezo do alfa! Chega, Tae! Eu não mereço esse abandono!

― Não diga isso, você me tem! Tem Calista, Lily, Hyejin. Nós cuidamos de você! ― Tae o afagou os cabelos, tentando confortá-lo.

― Eu acho que preciso ser capaz de engolir o choro com mais frequência e tomar a decisão correta. ― obstinado, ele ajeitou o corpo, sentando-se ereto. ― O passado não é mais um lugar que quero frequentar. Estive conversando com Mme. Davaux e ela me disse que adquiriu um apartamento simples em Paris e que eu poderia usá-lo quando quisesse. Então estou disposto a seguir com essa ideia. Pedirei um tempo a Edward com os afazeres do conselho, deixarei Mme. Davaux como minha substituta e passarei uma temporada em Paris. Farei alguns cursos rápidos, posso até conhecer pessoas novas. Eu preciso disso e é o que farei.

A notícia repentina pegou Tae de surpresa e ele franziu o cenho.

― Irá embora de Londres sozinho? Não sei se Jungkook aceitará.

― Ele não precisa aceitar nada. Irei pedir o divórcio. ― Jimin afirmou com segurança e convicção de sua fala. E não deixou nenhum traço vacilante em sua face contradizer suas palavras.

Era a sua sentença final.

Taehyung percebeu que a escolha de Jimin era sobretudo a mais correta a se tomar naquela conjuntura. Era nítido para ele e para as pessoas próximas de Jimin que aquele casamento por conveniência não teria qualquer futuro.

― Eu te apoiarei em tudo que você decidir, Minnie. Você merece ser feliz! Todos nós merecemos! ― Tae disse com certa tristeza na voz, mas não iria permitir que sua vontade alterasse as decisões do amigo.

Sentiria uma saudade absurda pela falta dele. Pela presença reconfortante. Mas a felicidade de Jimin era o que mais importava ali.

― Sim, meu amigo, estou tão feliz por você, por suas conquistas, pelo seu ingresso na universidade! ― mais calmo, Jimin segurou a mão de Tae. ― E sim, todos nós merecemos ser felizes e eu não me permitirei perder minha paz e minha felicidade nunca mais!

Ambos concordaram que a felicidade de cada um era o objetivo central de suas vidas. E que mesmo machucado pelos acontecimentos atuais, Jimin sabia que deveria continuar a sua busca por liberdade mesmo que isso implicasse em sua separação.

Assim, ele se levantou do banco e ajeitou o paletó do terno exclusivo, feito por um beta amigo de Mme. Davaux, o talentoso Yves Saint Laurent.

Olhou para Tae e deixou um último recado:

― Conversarei com a alfa e aguardarei pelos trâmites do divórcio. Essa é minha decisão final.

𓅂

As semanas se passaram melancólicas para Jungkook que decidiu canalizar suas energias em treinos intensos com os cavalos da fazenda. Evitava, desde o fatídico dia na reunião com os criminosos de Jungseok, qualquer contato que fosse com Jimin. Havia inclusive determinado a Lorde Archer que lhe avisasse de antemão quando o ômega estivesse chegando em NewBrook's Farm, fato esse que ocorreu uma única vez.

E em Strand, percebendo que o alfa estava covardemente fugindo de si, Jimin começou a logística de sua mudança para Paris. Organizou apenas uma mala com a ajuda de Calista, Lily e Hyejin, afinal compraria roupas novas assim que pisasse na cidade luz.

― O barco costuma sair sempre pela manhã. Preciso comprar logo as nossas passagens, Calista. ― Jimin disse fechando a última necessaire. ― Acho que já guardei tudo que preciso.

Ainda sem acreditar contundentemente no plano astuto de Jimin, Calista apenas acenou com a cabeça, demonstrando preocupação.

― Acho que devia falar com seu marido o quanto antes, meu menino. Afinal, não poderá sair do país sem a autorização assinada por ele.

― Sim, Jimin, ômegas casados necessitam da anuência de seus alfas para poderem sair do país. Sem o consentimento por escrito dele, você não poderá embarcar.

Jimin olhou para elas com espanto.

― Ora! Pois falarei com Edward para que mude essa lei absurda amanhã mesmo! ― ele engoliu a próxima frase e piscou por alguns instantes. ― Bom, para mudar as leis, devemos ouvir primeiro a população e isso demorará alguns meses. Não terei tempo. ― lamentou num muxoxo.

Preocupada com a ideia repentina de seu amigo, Hyejin direcionou seu olhar para Calista e acenou com a cabeça, compartilhando do mesmo sentimento de apreensão sobre o plano mirabolante de Jimin.

― Jimin, venha aqui. ― Hyejin o segurou pelas mãos e o guiou até a cama. ― Não há como terminar um casamento sem que a outra parte tenha conhecimento. Você precisa falar com o alfa o quanto antes e resolver essa contenda.

― Mas o que posso fazer se aquele covarde não quer ao menos falar comigo? Ele apenas mandou um recado para Lorde Archer dizendo que estará incomunicável treinando para o próximo campeonato e que gostaria de ficar sozinho. Então eu apenas estou fazendo sua vontade como um ômega obediente.

― Pois então diga a Lorde Archer para que avise ao alfa que você está de malas prontas e que precisa comunicá-lo de sua decisão. Garanto que ele virá o mais rápido possível.

E assim Jimin fez.

Sem perder tempo, desceu as escadas e passou o recado ao beta.

E Lorde Archer quase teve uma síncope.

― Está me dizendo que irá embora dessa casa? Irá embora de nossas vidas? ― o beta sentou-se, suas pernas já não o respondiam mais. ― Que situação lamentável. Eu sinto muito.

― Eu sei que sente, Lorde Archer. Também sentirei muita falta daqui e da fazenda. Mas você também sabe que meu casamento com o alfa era apenas por convenção.

Jimin já tocava naquele assunto como algo completamente resolvido em sua vida.

― Mas eu pensei que vocês estavam em bons termos. Devo confidenciar que Calista estava tão feliz quanto eu. ― o beta ainda lamentava.

― Ah, o que eu tinha com o alfa era apenas carnal. Nós dois temos objetivos diferentes em nossas vidas e devemos seguir nossos rumos separados.

― Você me parece convencido disso. Não creio que o alfa terá a mesma reação. Jungkook é irredutível.

Impaciente, Jimin quis abreviar o assunto:

― Está feito, Lorde Archer. Quero apenas que o comunique que desejo falar-lhe com urgência e que preciso da autorização dele para fazer uma viagem.

Jimin achou prudente num primeiro momento, apenas dizer que gostaria de viajar sozinho. Trataria do assunto do divórcio de maneira mais reservada quando conseguisse conversar com Jungkook a sós.

O fato era que nada iria lhe fazer mudar de ideia. Tanto ele quanto o alfa precisavam seguir suas vidas distantes um do outro, Não havia mais qualquer circunstância que mantivesse o casamento deles em bons termos.

Estava decretado.

E numa noite, mais precisamente uma semana depois da conversa que Jimin teve com Lorde Archer, Jimin ainda refletia sobre como seria sua nova vida em Paris. Seus olhos observavam as gotículas de água escorrer pela janela, evidenciando a noite chuvosa que ele tanto amava.

Subitamente, ouviu a porta se abrir e a sombra de Jungkook lhe ofuscar a visão através da luz ofuscada do ambiente.

― Você perdeu completamente o juízo, ômega?

A camisa branca molhada que Jungkook vestia, transparecia a musculatura torneada de seu peito, fazendo Jimin quase gemer com a cena. No entanto, ele piscou os olhos, tentando manter-se sob controle.

Mas seu íntimo pulsava.

― Olá, alfa, boa noite! É bom revê-lo. ― ele sentou-se na cama de modo a conversar com o duque de maneira civilizada.

― Quero que saiba que não lhe darei autorização alguma! ― Jungkook não pareceu compartilhar das mesmas intenções pacíficas do marido e se manteve em pé, pronto para o embate que ele tanto gostava.

― Você não tem escolha. Esse casamento começou errado, fui capturado por você como um peixinho, como um ômega bobo que não tinha ideia dos seus planos perversos.

Disposto a falar sobre o que sentia, Jimin cuspiu as palavras. Estava decidido a dizer tudo que lhe travava a garganta.

― Vingar meu pai não é um plano perverso! Acho que você deveria saber que morou a vida toda com um assassino! ― o tom de Jungkook era absolutamente ressentido.

Ambos não gritavam, mas suas palavras vinham em notas graves, que exaltavam o quão nervosos e irritados estavam.

― Eu não me orgulho disso! Mas ter um pai criminoso não me faz criminoso como ele! Você me escolheu para sofrer no lugar dele e acho que nesse quase um ano que estamos juntos, presos nesse casamento de conveniências eu paguei por todos os pecados de Jisung. Você me torturou com sua indiferença, com cada noite em que dormi sentindo saudades suas. Você já se vingou, alfa. Mas escolheu a pessoa errada!

Pronto para o embate, Jimin se levantou e encarou o alfa, que sentiu o peso daquelas palavras duas.

Jungkook sabia que também havia errado quando não mediu as consequências de seu plano. Quando colocou um inocente em meio a sua trama de vingança.

Ele sabia sobre sua parcela de culpa.

― Não o usei. Não diga bobagens...― sua voz se suavizou por um momento. Era quase um pedido de desculpas.

― Apenas eu posso dizer o que senti ao longo desse tempo ao seu lado. E foram as piores coisas que senti em toda minha vida. É fato também que você me deu a liberdade para agir como eu quisesse e me deu sexo da forma como eu queria e foram as melhores coisas que senti em toda minha vida. Então posso dizer que você zerou sua dívida comigo. Agora é a hora de me deixar ir e seguir com seu plano.

— Jimin, me ouça...

A face de Jungkook estava banhada por espanto. Havia abaixado a guarda, disposto a ceder às vontades de Jimin.

Como o alfa perdidamente apaixonado que se tornara.

Queria tocar Jimin naquele momento, dizer que sentia saudades, mas não havia qualquer sentimento de reciprocidade evidente na face do ômega.

E aquela constatação o congelou.

— Se buscar sua vingança por tanto tempo nos trouxe até aqui, acho que é hora do seu acerto de contas. — ele respirou fundo, retirando a coragem para dizer as próximas palavras do fundo de seu coração. — Mas acho que deva fazê-lo da forma que sempre planejou, e temo que minha presença seja um empecilho.

— O que está dizendo?

— Estou indo embora, Jungkook. Eu quero o divórcio. 

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Olha como eu sei cumprir minhas promessas com maestria!

Estou feliz por ter conseguido voltar, mas também bem triste pelo casal.

E agora?👀

Quem tá certo ou quem tá errado nessa história? Que coisa complexa, eueinn!

Provavelmente teremos mais uns cinco capítulos até o fim dessa jornada e devo concluir tudo antes do aniversário de quatro anos dessa fic! Me sinto tão grata por tudo, por cada um de vocês que nunca me abandonaram! Nunca direi o suficiente sobre o tamanho da minha gratidão com o respeito e carinho de vocês com as minhas histórias. Saibam que cada um de vocês, mesmo aqueles que nunca comentaram ou deixaram votos ( os famosos e amados leitores fantasmas) são importantes para mim, para minha vontade de continuar! Só posso pedir ao universo que mande energias prósperas para cada um em retribuição. Obrigada! 💕

Comentem mais nos capítulos porque eu me diverti demais lendo! Vocês são incríveis!

Volto com o próximo capítulo antes do final do mês! É uma promessa!🙏

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