𓅂 𝓣𝓱𝓮 𝓒𝓲𝓰𝓪𝓻 𝓪𝓷𝓭 𝓣𝓱𝓮 𝓗𝓮𝓪𝓻𝓽 𝓑𝓮𝓪𝓽

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#DocedePessego
🍑

Deixem o voto e comentem!

Boa leitura!

Jungkook passara a tarde no castelo conversando sobre as demanda infindáveis de Edward. Havia sido convidado pelo príncipe para ser seu conselheiro pessoal, um cargo de maior prestígio para um súdito na monarquia e não declinou ou aceitou, pelo menos por hora.

Precisava pensar sobre absolutamente tudo em sua vida antes de dar uma resposta definitiva.

O reino sob a mão indecisa de Edward passava por uma etapa de transição importante que necessitava de todo modo de um conselheiro que suprisse as exigências reais com bastante responsabilidade e o duque de Strand temia não ser a pessoa certa para ocupar o cargo.

Não era segredo para o príncipe que a cúpula de conselheiros abrigava mentes perversas, sedentas pelo poder absoluto que ele herdara por direito, porém sua imaturidade para o exercício da regência suprema na figura de um rei o colocava numa posição de submissão e ele não poderia negar ajuda.

Era noite quando o duque pisou na soleira da porta do hall de entrada do casarão de Strand e adentrou o recinto. Retirou o sobretudo de couro preto e o pendurou no cabideiro ao lado da porta, inalando o ar profundamente, grato por finalmente estar em casa.

- Olá, duque. - Lorde Archer o saudou.

- Olá beta. Meu marido já se recolheu? - Jungkook perguntou ainda parado ao lado da porta.

- Ele está na biblioteca.

- Ainda não jantou? Avisei tanto a você quanto a ele que não me esperassem para isso. - fixou seus olhos em Lorde Archer de modo a reforçar seu descontentamento.

- Ele disse que estava sem apetite, tomou apenas chá de flor de maracujá.

- Hm. - o alfa exalou - Vou até a biblioteca e gostaria de não ser interrompido, apenas em último caso.

- Como preferir, duque. - Lorde Archer arfou, compreendendo o recado.

Há tempos Jungkook prometera ao marido uma conversa franca e sem amarras.

E Jimin aguardava ansioso por esse momento.

Entretanto, os receios do duque quanto aos tópicos que seriam abordados era um fato difícil de lidar. Jimin era perspicaz, havia em si o dom de arrancar inconscientemente qualquer confissão apenas com um menear de cabeça.

Era sem dúvidas um ômega atrevido.

Sendo assim, Jungkook aliviou a tensão de seus ombros, arregaçou as mangas da camisa e abriu dois botões da gola, preparando-se para a grande batalha.

- Sinto que hoje foi um dia daqueles em que eu não deveria ter levantado da cama. - ele lamentou assim que adentrou a grande biblioteca, o som da sola de suas botas ressonando pelo ambiente.

Jimin o olhou e endireitou a coluna, afastando-se do encosto do sofá. Ele segurava um livro aberto nas mãos, o qual não foi possível ser identificado pelo alfa, já que a capa estava voltada para baixo.

- Teve um dia ruim? - Jimin perguntou, direcionando seus olhos curiosos ao marido.

- Você esteve ao meu lado em boa parte dele, não finja que não sabe do que estou falando.

A resposta do alfa não foi dada em tom ríspido ou que carregava qualquer teor acusativo. Um traço fino de humor poderia ser notado no canto de seus lábios, inclusive.

- Está se referindo à visita que fizemos à Maison? Mme. Davaux não me pareceu satisfeita com sua tentativa de criar uma amizade aprazível entre mim e Camille. Ela deve ter lhe repreendido com firmeza. - o ômega caçoou, escondendo os lábios risonhos com as mãos.

Andando devagar, Jungkook aproximou-se do sofá e sentou-se ao lado do marido displicentemente, jogando a cabeça para trás. Afastou inconvenientemente as pernas, como se estivesse sozinho no ambiente.

E Jimin reparou cada detalhe.

Desde as botas de montaria que cobriam-lhe até a linha dos joelhos, até as dobras do tecido da calça preta de linho que formavam uma protuberância interessante entre as pernas dele. As mãos dispostas relaxadamente nas coxas grossas tomaram também toda a atenção do ômega; ademais os dedos longos e as unhas bem cortadas foram notados com minúcia.

E recobrando a consciência, Jimin engoliu com força um quase gemido que ia atravessando sua garganta sem permissão alguma.

- Sim, ela, Magnólia, Yoongi e você. Hoje foi um daqueles dias em que eu poderia ter passado na cabana, ou até mesmo caçando. - o duque respondeu de olhos fechados, completamente alheio à análise milimétrica de Jimin sobre seus atributos físicos.

- Acha que exageramos?

Jimin estava gostando do caminho que aquela conversa despretensiosa os levava.

- Se eu disser que sim, não há nada mais que possa ser feito. Então isso não importa.

A forma levemente chateada na qual o alfa se expressou, fez Jimin empertigar-se.

- Você é um alfa que se sente magoado pelo modo em que as pessoas o tratam. Geralmente são ômegas que se afetam com esses ruídos nas relações diárias. É curioso. E engraçado.

- Você é a segunda pessoa que duvidou dos meus genes hoje. Devo me preocupar? - Jungkook o encarou com o cenho franzido.

- Ter sentimentos não torna você menos alfa, apenas mais humano. Isso não é ruim de todo modo.

- Hm. - Jungkook voltou sua cabeça à posição anterior e cerrou novamente os olhos.

Jimin sorriu novamente, mas dessa vez o som de sua risada não foi contido e seus pés bateram no chão em sintonia, evidenciando o quanto ele achara graça na reação espontânea do alfa.

- Você resmunga como um senhor de oitenta anos, isso é divertido. - ele falou em meio a mais uma onda de gargalhadas.

Sentia-se absurdamente relaxado.

Jungkook curvou um canto dos lábios e não olhou para jimin de imediato, manteve os olhos perdidos em algum local por entre os livros bem cuidados das prateleiras, levando seus pensamentos a um lugar distante dali.

Mas precisamente até a figura de seu pai.

De como se sentia bem ao lado dele, de como ele fazia falta.

Entretanto ao notar a seriedade imediata no semblante do marido, Jimin interveio com cautela:

- Desculpe se ofendi você, eu não tenho muitos filtros e...

Atento às reações do alfa, Jimin percebeu que o distanciamento abrupto possivelmente fora causado pela sua fala anterior.

E sentindo o desconforto infundado do ômega, Jungkook o eximiu da culpa.

- Meu pai costumava resmungar e isso era algo que me aproximava dele. Era algo exclusivo. - ele falou sem manter contato visual com Jimin, afinal citar seu pai era íntimo demais. - Sabe quando alguém tem um trejeito específico que te faz identificar a pessoa apenas com um detalhe? Pois bem, Jeon Jungseok era o dono dessa interjeição e eu inconscientemente a tomei para mim quando ele partiu.

Jimin novamente se manteve em silêncio. Não queria dizer mais nada imprudente ao alfa que o olhava pelo canto dos olhos, ainda com a cabeça recostada no sofá. No entanto sentiu-se obrigado a demonstrar o mínimo de compaixão e ofereceu um sorriso rápido como resposta.

A quietude aprazível preencheu o ambiente naquele momento e era possível ouvir apenas o tilintar da madeira seca queimando em brasa na lareira. O barulho da rua também já havia cessado.

Jimin por vezes abriu a boca para iniciar um próximo tópico, mas perdia a coragem, mesmo sabendo que poderia facilmente abordar o tema que quisesse.

Suas mãos estavam dispostas em cima do exemplar que havia pegado na estante e percebeu um pouco envergonhado que Jungkook o olhava.

Aqueles grandes olhos negros.

E o aroma suave de pinus e hortelã que hora ou outra adentravam as narinas de Jimin como um chá calmante que o remetia à infância. Assemelhava-se aos chás que Calista lhe servia quando ele não conseguia dormir.

Era calmo e suave.

O alfa estava o confortando.

- O que está lendo? - Jungkook pegou delicadamente na ponta da capa do livro e girou-a de modo a ler o título da obra - Oh, não acho que seja uma boa leitura para um ômega que ainda não iniciou as atividades maritais, pode ser bastante traumatizante. - ele advertiu, o timbre de voz lento, uma vibração que agradou os ouvidos de Jimin.

- Li apenas o prólogo, mas já sei do que se trata. Conversei com Hyejin sobre essa obra.

- Sim? Diga-me o que achou, estou curioso. - Jungkook ergueu o tronco - Mas antes, vou buscar algo para beber, o que deseja?

- Apenas água, não quero distrações.

- Se importa se eu fumar? Abrirei as janelas para não incomoda-lo com a fumaça. Preciso de um pouco de tabaco para aliviar essa dor de cabeça impertinente.

- Faça como quiser.

Junkgook saiu da biblioteca rumo à cozinha para buscar o hidromel e encontrou Lorde Archer no recinto.

- Estou muito feliz com sua presença e de seu marido aqui, alfa. Seu casamento me parece tão harmonioso!

- Aprecio suas palavras, beta. - ele disse pegando a garrafa e um copo no armário.

Ao ver Jungkook segurando a bebida de forte teor alcoólico, o beta arregalou os olhos e correu em direção ao patrão no intuito de barrá-lo.

- Não sirva álcool ao seu marido! - advertiu, impedindo que Jungkook pegasse o próximo copo.

- Há algum problema? Algo que não sei sobre a saúde do ômega? - o duque impostou a voz, preocupado.

- Se formos analisar pela composição física atual dele, as bochechas rosadas e fofas, posso assegurar que dentre alguns meses, teremos um novo morador em Strand. - Lorde Archer suspirou em contentamento enquanto mantinha as mãos em prece, radiante.

Por outro lado Junkgook explodiu em uma gargalhada que reverberou por todo o ambiente. Ele sustentou seu corpo mole na beirada da mesa, devido a falta de forças que foram despendidas em extravasar o teor completamente impossível das palavras do beta.

- Você tornou divertido o que sobrou do meu dia, Archer. Prometo que irei retribuir. - E disparou em outra onda de gargalhadas. - Tenha uma excelente noite! - Acenou por fim.

Lorde Archer não entendeu o que Jungkook quis dizer e nem o motivo pelo qual sua afirmação fora tratada como piada.

- Quem ri por último, ri mais alto, alfa. - fez a ameaça inofensiva, jurando para si que Jimin trazia filhote em seu ventre.

Já de volta a biblioteca, Jungkook ainda sorria displicentemente. Serviu Jimin com água e se serviu com uma dose de hidromel.

- Acabei por ouvir uma das piadas mais engraçadas dos últimos tempos. - ele ainda carregava o divertimento anterior na voz.

- Obrigado. - Jimin agradeceu por ter sido servido. - Do que estava rindo?

- Lorde Archer acha que você abriga um filhote em seu ventre. - Jungkook balançou a cabeça antes de sorver o primeiro gole.

- Ah. - o ômega foi monossilábico. - Bom, o que você disse?

- Eu apenas ri, assim como continuo fazendo. - o duque sacudiu a cabeça em meio a mais uma gargalhada.

- É natural que comessem a especular. Ainda mais se a condessa já tenha contado aos quatro ventos que sou infértil. - ele se envergonhou, abaixando a cabeça e fitando as mãos.

E Jungkook notou seu descontentamento.

- Como tem tanta certeza disso, Jimin?

- Há tempos não tenho heat. E também já tive sangramentos devido ao uso de supressores, é impossível que eu consiga gerar filhotes. Como você também deve notar, não tenho cheiro.

- Tem sim. - Jungkook respondeu de pronto, tomando uma dose rasa de hidromel em um único gole.

- Não tenho, você deve estar confundindo com a minha colônia de amêndoas e...

- Pêssego... - o alfa sussurrou. - É o cheiro do seu gosto, Jimin. Você tem gosto de pêssego e baunilha. E não desvie o olhar como se não soubesse do que estou falando.

Surpreso com a fala lasciva do alfa, Jimin apertou as coxas de modo em que não evidenciasse a forma como seu corpo reagiu à fala do marido. Jungkook era tão explícito que o desconcertava. E fazê-lo reviver a noite nas cavalariças era torturante.

Deliciosamente torturante.

- Mas não é sempre que consigo exalar. Há algo errado comigo. - disse de modo a ignorar a fala do marido.

- Irei levá-lo até a França em breve e você poderá consultar-se com um médico de verdade. Assim saberemos sua real condição. Mas se isso o anima, posso dizer que desde que estamos dormindo sob o mesmo teto, seu cheiro vive impregnado em mim. - a última frase era verdadeira, porém o alfa foi pontual ao usá-la com o intuito de afetar ainda mais os sentidos de Jimin de uma forma positiva, que não o fizesse se sentir culpado.

- O seu cheiro também está impregnado. Mas você faz de propósito. Alfas fazem isso com seus ômegas.

Os olhos de ambos se encontraram, mas apenas Jungkook sorria sorrateiramente.

- Gosto quando se sente confortável em minha presença, ômega. E a forma que encontro em deixar essa situação favorável para você é exalando meu cheiro. Se eu tiver exagerando apenas diga que pararei.

- Eu gosto do seu cheiro. - a frase escapou dos lábios de Jimin, inesperadamente.

- Eu sei que gosta. A última vez em que dormimos juntos, seu nariz procurou pelo meu pescoço por toda a noite.

Jimin estava sufocado. Não havia mais palavras coerentes para serem ditas ali. Temia despencar no precipício ao qual apenas o seu alfa era capaz de resgatá-lo.

O duque era seu herói e seu algoz.

Respeitando a descontinuidade da conversa, Jungkook voltou sua atenção ao exemplar nas mãos de Jimin.

- Conte-me sobre sua leitura atual?

O ômega agradeceu pela mudança do tópico.

- Antes de falar sobre o livro, Mme. Davaux me mostrou uma daquelas "luvas" que você tem guardada em sua gaveta e me explicou a utilidade dela. Achei bastante inovador, inclusive.

O duque riu do comentário.

- Aquilo é um preservativo, é algo que se usa para copular sem que engravide o ômega. Serve para evitar que o órgão sexual do alfa entre em contato direto com o do ômega e também evita sífilis, que é uma moléstia que ocorre por contato íntimo. Foi assim que a Mme. lhe falou?

- Sim. A amiga de Lady Jane não teria contraído sífilis se ela usasse isso com o marido... - divagou, relembrando o fato num dos chás que frequentou quando ainda era solteiro.

- Geralmente não é usado por casais, Jimin. O alfa que possui um preservativo desse o usa nos cabarés da cidade.

- Vocês alfas usam toda sua criatividade libertina com desconhecidos e oferecem desprezo para os ômegas com quem escolheram passar o resto da vida. Isso é tão confuso.

- Defina criatividade libertina. - Jungkook franziu o cenho e o encarou, instigando o ômega a dizer.

- Na verdade eu acho que vocês não são tão mórbidos quanto o Marquês de Sade. Tenho por mim que vocês preferem seguir os ensinamentos do Kama Sutra e devem ser bastante barulhentos, de modo que o contato físico seja totalmente diferente do que vocês têm com ômegas que tomam como esposos. - Jimin bradou orgulhoso do próprio discurso.

- E isso é tudo que você sabe sobre Marquês de Sade? Sua leitura está bastante produtiva. - o alfa inquiriu espantado.

- Eu ouvi relatos do que ele fez no castelo de Balmoral antes de ser preso. Hyejin também me narrou alguns fatos.

- O Marquês era um sadista, violentava ômegas em nome de seu prazer, isso é algo doentio e não é digno de comparação. - Jungkook respondeu com seriedade - Alfas não violentam os ômegas que trabalham como cortesãos, é terminantemente proibido.

- Como você pode dizer com tanta certeza? Se os ômegas consentirem, então não poderia ser considerado algo violento. A orgia em Balmoral fora consentida.

- Eles não consentiram, Jimin. Você realmente tem ideia do que eles fizeram no castelo? Conhece os detalhes? Eram quase todos adolescentes que morreram em nome do sadismo daquele maldito alfa. - o duque se exaltou.

-Não quero que pareça que concordo com o que ele fez, mas a princípio a ideia parecia tão livre e sem regras. Recrutar pessoas para atos libidinosos dentro de um castelo... - a mente do ômega transitou para outra realidade e o alfa o fitou com curiosidade.

Jungkook estava impressionado com o conhecimento de Jimin acerca de um fato que nem mesmo os alfas comentavam entre si. Os cento e vinte dias de Sodoma era considerado uma mancha na história da monarquia inglesa e o Marques, nascido na França, foi preso e acusado de libertinagem e assassinato assim como os outros alfas que tomaram conta do castelo durante aqueles quatro meses de violência e clausura.

Jimin possuía inocência para certos atos simples do dia a dia, contudo possuía conhecimento e opinião formada sobre aspectos polêmicos da sociedade. De todo modo, essas opiniões ainda precisavam ser moldadas com coerência e bom senso e Jungkook se encarregaria de colocar seu marido em contato com pessoas que saberiam lhe informar.

- Foi um crime, não há liberdade em seus atos se eles estiverem cobertos por crimes. - a voz do duque era pesarosa. - Acho que você precisa frequentar a Maison mais vezes e ter conversas profundas com Mme. Davaux sobre a vida e seus dissabores.

- Sim, ficarei feliz em aprender! - Jimin falou com nítido entusiasmo.

- Só espere as coisas melhorarem um pouco. Edward precisa retomar as rédeas, Londres não está segura. Há muitos distúrbios nas ruas, alianças precisam ser refeitas.

- O príncipe não está no comando?

- Edward não comanda o próprio quarto quem dirá um reino. -Jungkook bufou descontente. - Inclusive eu preciso decidir se... - ele cortou a frase imediatamente.

- Decidir o que? - Jimin perguntou ansioso pela resposta.

- É confidencial.

- Mas eu sou seu marido, preciso saber sobre seus negócios. - insistiu e seu tom fez Jungkook gargalhar.

- Você está num lugar proibido pela convenção aristocrática, falando sobre sexo depravado com um alfa e ainda quer saber sobre assuntos confidenciais? Será jogado na fogueira!

- Já decidi que não me importo. Nosso casamento não é tradicional, lembra? Além do mais, sei que Edward está em perigo... - ele jogou a isca, olhando para o marido de soslaio. Prometera a Hyejin que iria investigar a relação próxima do alfa com o príncipe.

- Sabe? - Jungkook o olhou com desconfiança. - Do que você sabe?

- Bom... Hyejin é muito próxima do príncipe e manifestou suas preocupações. Mas se você e ele compartilham uma amizade tão próxima, é obvio que sabe do que estou falando.

- Jimin...

- Nunca dei motivos para que você desconfiasse de mim, alfa. Se me contar, poderá dormir tranquilo, pois seu segredo estará seguro comigo. - ele estufou o peito, atuando com perfeição.

- Bisbilhotou minhas gavetas, ameaçou contar à Mag sobre meu caso com alfas... acha mesmo que é digno de confiança, ômega? - o duque retrucou segurando o riso.

- Eu já pedi desculpas e além do mais, estamos mais próximos agora.

- Mais próximos? - Jungkook fixou suas íris negras em Jimin, o convidando inconscientemente para mais um jogo de sedução.

- Sim, você até mesmo falou sobre seu pai.

Inesperadamente a resposta de Jimin o atingiu no peito, não como uma adaga envenenada, mas como o impacto de um abraço reconfortante, que Jungkook não se lembrava de ter recebido em idade adulta.

Jimin era doce, atentava-se às pequenas coisas que ouvia e era cuidadoso em suas palavras.

Jimin era único.

E Jungkook não sabia o que fazer com aquela personalidade exclusiva ao seu lado. Não queria feri-lo, magoá-lo, porém todo o plano construído ao longo desses últimos meses não permitia distrações.

Talvez, esporadicamente, tê-lo em seus braços nas noites frias, ronronando em seu peito, buscando pelo seu pescoço de modo a sentir seu cheiro não fosse de todo mal, refletiu num sorriso rápido.

Ou quem sabe, sentir novamente, o gosto doce de seu corpo intocado. Beber dele, senti-lo desmanchar-se sob si.

Definitivamente, Jimin deixou marcas, não eram como cicatrizes de infância ou de guerra, mas daquelas que se perpetuam na memória e Jungkook não sabia lidar com elas.

Seu coração apertou naquele instante de reflexão.

- Alfa? - Jimin o chamou, preocupado com a falta de reação de seu marido à sua fala anterior.

Num ato brusco, com a intenção única de fugir da situação, Jungkook se levantou do sofá e rumou até a porta.

- Vou buscar o charuto. - Avisou de pronto, desvencilhando seus pensamentos e ações.

Jimin, não compreendeu o comportamento esquivo dele, mas também não se importou. Sua única certeza por hora era não falar mais sobre o tópico pai naquele ambiente.

Alguns minutos depois, Jungkook retornou à biblioteca segurando uma caixinha de madeira que provavelmente continha os materiais para a preparação do charuto tão adorado por si.

Depositou o objeto na mesinha de canto e abriu as janelas laterais para que a fumaça dissipasse. Arrastou uma cadeira e sentou-se próximo à mesa, de modo em que ficou de frente para Jimin. Inalou o ar profundamente e estalou o pescoço uma vez para a direita e outra para a esquerda.

Jimin, como de costume, acompanhava cada movimento.

Procurando por seu copo de hidromel, o duque fez menção de se levantar para apanhá-lo, porém Jimin foi mais esperto e fez a gentileza ao marido.

- Obrigado. - Jungkook agradeceu o gesto.

Assim, o duque sorveu um pequeno gole do líquido âmbar e abriu a caixinha, notando o interesse genuíno de Jimin.

- Já viu um alfa preparar o charuto para ser fumado? - perguntou.

- Não, meu pai sempre o fez no escritório e bem, eu sou um ômega, não é como se ele fosse me convidar a fumar. - Jimin respondeu com diversão.

- Bom, vou mostrar-lhe desde o começo. Primeiramente, é necessário escolher a intensidade do charuto, nós chamamos de força. Este aqui é um exemplar Cohiba, vindo de Cuba. Tenho preferência por essa marca e ele é o mais forte das categorias. - ele olhou para Jimin e prosseguiu - O primeiro passo é cortar. Você precisa olhar para a construção do charuto, veja. - ele mostrou a forma como o charuto fora enrolado. - Repare nessa ponta que parece estar coberta por uma tampa, sim? Geralmente se corta a ponta com esse objeto que se chama guilhotina. - ele mostrou o cortador.

- Sim, consigo ver. - Jimin não tirava os olhos do objeto.

- Pois bem, é nessa demarcação da ponta que iremos colocar a guilhotina. Lembre-se que não podemos cortar após essa linha que demarca a cabeça do charuto, senão a folha poderá se desenrolar. - Jungkook advertiu e Jimin sacudiu a cabeça positivamente, atento.

Num gesto rápido, Jungkook colocou a ponta do objeto na boca e em seguida o retirou, entregando-o para Jimin.

- Tome, pode cortar.

- Por que você colocou na boca? - Jimin estava preso ao ato anterior.

- Ah, é para umedecer a ponta e facilitar o corte, não estou sendo um bom professor, me perdoe por essa falha.

- Não sei se consigo manusear isso. - o ômega olhou para a guilhotina com receio, temendo estragar o charuto.

- Use o indicador e o dedão, assim. - Jungkook encaixou o objeto nos dedos do marido com delicadeza. - Agora você precisa fazer um movimento único e firme, eu sei que consegue.

Mesmo temendo o pior, Jimin segurou o charuto e a guilhotina com as mãos trêmulas e manteve seus olhos no alfa, de modo a aguardar por mais alguma instrução.

- Vou buscar o fogo ali na lareira, enquanto isso você pode cortar sem se envergonhar da minha presença.

Afastando-se com o intuito de dar mais segurança a Jimin, o duque seguiu até a lareira e pegou uma lasca de cedro que continha uma pequena chama flamejante e assim que retornou , Jimin já havia feito o corte perfeitamente.

- Você foi perfeito! - elogiou e o ômega suspirou aliviado.

- Agora vamos acender da forma como meu pai fazia. Ele sempre dizia que se acendesse o charuto direto na boca, perderia-se todo o sabor e é bem verdade esse fato. Fica muito mais intensa a experiência ao acendê-lo com cedro.

Jungkook pegou gentilmente o charuto da mão de Jimin e passou a labareda pela ponta do objeto por diversas vezes de modo que uma fumaça transparente pode ser vista.

- Está aceso! - Ele assoprou a ponta em brasa para certificar-se do que havia dito.

Em seguida o alfa colocou o objeto na boca e inalou várias vezes a fumaça, mantendo os olhos fechados como se tivesse entrado em transe, aproveitando a sensação de conforto.

Era como um ritual e Jimin estava maravilhado.

- Acho que sou capaz de identificar suas paixões na vida: eu diria que é Heólico, o hidromel e fumar charuto.

- Tenho outra paixão a qual estou impossibilitado de desfrutar desde que me casei. - Jungkook soprou a fumaça para cima e encarou Jimin com o olhar provocativo.

- Não quero que se torne celibatário por minha causa, já o livrei dessa penitência. - as palavras do ômega cortaram o ar como navalhas afiadas.

- Me desculpe, eu não quis parecer insensível, mas é que...

- Eu gostaria que nós dois pudéssemos nos tratar sem essa cerimônia medíocre. Sabemos que não somos um casal, então que tal transformarmos nossos momentos a sós em uma troca de experiências entre amigos? Estou disposto a fingir perante a todas as pessoas, mas vamos tentar ser razoavelmente sensatos em momentos como este?

Estar ao lado de Jungkook era diferente de qualquer outra sensação que Jimin já havia experimentado. Seu corpo reagia aos mínimos estímulos, sejam visuais, olfativos, auditivos ou táteis, e havia uma necessidade absurda em senti-lo também em seus lábios, o gosto único de seu alfa.

Era como magia.

Queria as mãos dele sobre seu corpo novamente, mas também queria senti-lo em suas palmas, em sua boca.

Mas de que modo poderia sugerir sexo casual com seu próprio marido?

Como ficaria sua postura moral diante à sociedade depois que se divorciasse?

Jamais seria um ômega honrado, digno o suficiente para ser esposo de um alfa novamente.

E por que ele se importava?

- Eu gosto da ideia. Quero poder ser franco com você, Jimin.

A voz de Jungkook se tornou um pouco mais grave, talvez pelas doses de hidromel consumidas, mas o fato era que Jimin amava aquele tom, era áspero, lento e o arrepiava por completo.

- Então comece me dizendo o real motivo pelo qual se casou comigo. Você me deve isso.

Jungkook contornou a borda do copo quase vazio com o dedo médio, fazendo o movimento bem devagar para ganhar tempo. Observou seu próprio gesto, negando veementemente se desfazer de seu plano, mesmo que custasse mais uma mentira dita.

- Meu lobo gostou de você. - respondeu, mantendo seus olhos fixos na face rígida do marido.

- Mentiroso. - Jimin retrucou, seu corpo perdendo a sustentação e saindo do encosto do sofá.

- O que você quer ouvir? Não acreditou quando eu disse que era por causa do meu antigo caso com um alfa, não acredita agora que digo sobre meu lobo ter se interessado.

- Eu quero ouvir a verdade.

- A verdade é essa. - Jungkook o mirou nos olhos, sua voz ganhando um tom grave, não tão amistoso.

De certa maneira, Jimin não se importou em insistir, seu corpo estava em brasa, idêntico ao charuto que seu marido fumava.

Ouvi-lo se exaltar, mesmo que minimamente, o deixava louco.

- Enfim, acho que não importam mais os motivos, estamos os dois aqui, impossibilitados de seguir nossas vidas da forma como queremos justamente porque temos que manter a discrição.

- Como você quer viver a partir de hoje? - Jungkook indagou, passando a língua entre os lábios e deixando dissipar a animosidade.

- De um modo que ninguém acharia convencional. Não quero ser um ômega que vive preso dentro de casa e que vive à sombra do alfa. Quero poder expressar minhas opiniões, quero estudar, quero poder sair de casa e andar pelas ruas sozinho.

- Eu nunca o proibi.

- Sim, mas nunca me orientou, não me dá atenção quando falo.

- Isso é mentira, Jimin. Estou sempre ouvindo você.

- Não me ouviu hoje quando eu disse que queria desmarcar a vinda até aqui. - Jimin retaliou, seu tom subindo algumas oitavas, impositivo.

- Ah, isso é tão ridículo! Estamos brigando como um casal! - o alfa levantou-se e abriu o terceiro botão da camisa, bebendo todo o conteúdo do copo de uma vez. - Você está desafiando meu juízo! - Acusou.

- Eu não fiz nada, estou apenas narrando os fatos, não entendo o seu incômodo. - Jimin se fez de vítima e olhou para o marido com uma face falsamente arrependida.

- Ah, você vai me enlouquecer! - Jungkook bradou, colocando o charuto mais uma vez na boca e inalando a fumaça enquanto andava pelo recinto. - Teremos o seu baile em breve, é daqui um mês, não é? Pois bem, se apresente como o Jimin que você quer ser, use de todos os recursos financeiros disponíveis, peça o que quiser para Patrizia, ela saberá o que fazer.

Conscientemente Jungkook sabia que era culpado por ter colocado Jimin naquela situação e precisava ao menos deixá-lo livre para ser e fazer o que ele quisesse.

Perderia qualquer batalha se seu oponente fosse o ômega em sua frente.

- Obrigado, alfa. - Jimin disse com um sorriso genuíno nos lábios.

Porém Jungkook fez questão de alertá-lo.

- Quero que confie em mim. Irei deixá-lo livre, mas nem tudo é tão simples assim, as pessoas são más.

- Eu também sou, alfa.

- Você é atrevido, mas ainda há muita inocência em seus atos, não se compare com essa gente.

Olhando janela afora, mais precisamente pela escuridão que atravessava os jardins dos fundos da propriedade, Jungkook pensava na culpa que carregava ao enclausurar aquele ômega.

Era mais do que justo e necessário deixá-lo viver ao seu bel prazer.

E mesmo que fosse servir como atenuante de sua consciência pesada pelo crime da mentira, o duque sabia que Jimin seria feliz apenas se aprendesse a viver em liberdade. Longe de Norwich.

E futuramente longe de Strand.

Contudo a última constatação o empertigou e ele girou seu corpo novamente para encarar Jimin, mas seu marido o parou antes que ele pudesse proferir a primeira palavra.

- Me deixe tentar? - Jimin se levantou e caminhou até o marido que o olhou incrédulo.

- Quer fumar? Ora, ora, isso é bastante interessante. - ele ofereceu o charuto que segurava entre os dedos e Jimin o pegou com um pouco de receio. - Coloque levemente entre os lábios e inale a fumaça bem devagar.

Jimin seguiu a risca tudo o que o alfa disse e apreendeu o robusto cilindro entre os lábios rosados com suavidade. Jungkook acompanhava o movimento com os olhos, entorpecido pela cena erótica que sua mente criou, envolvendo a boca suculenta de seu marido e seu charuto.

- Porra! - o xingamento rude foi proferido involuntariamente e Jimin retirou o objeto dos lábios, exalando a fumaça cinza em meio a ganidos baixos que poderiam ser descritos como a clássica tosse.

- Fiz algo errado? - perguntou genuinamente, pigarreando.

- Absolutamente. - Jungkook se recompôs. - Gostou da experiência?

- É um pouco estranho, mas sim, me sinto bem. - repetiu o movimento que perturbou os sentidos de seu alfa assim como anteriormente, apesar de não ter-lhe causado o mesmo efeito agora.

- Não é saudável fumar. - o alfa disse.

- Então por que você o faz rotineiramente?

- Porque não pretendo viver muito. - ele foi econômico nas palavras, não queria tocar em assuntos que abrissem suas feridas. - Acho que já está tarde, acho melhor nos recolhermos. - sugeriu por fim.

- Quero terminar de fumar. - Jimin inalou novamente a fumaça, sem qualquer sinal de repulsa. - Acho que já me acostumei.

- Amanhã não irá conseguir abrir os olhos, a nicotina de um charuto cubano é implacável com iniciantes. Tenha cuidado ao tentar sair da cama.

Relaxado e confiante de seus atos, Jimin jogou a cabeça para trás e a apoiou no encosto do sofá. Observou seu marido por alguns instantes e falou:

- Então dormirei com você. - afirmou e sem manteve inerte, observando a reação do alfa.

- Não. Não tente me seduzir com seu cheiro e sua voz mansa. Você tem essa face angelical, mas é tão astuto como um...

- Demônio? - ele sussurrou. - Patrizia já havia me dito isso. Não gosta da ideia de ter um marido diabólico, alfa?

A nuance sedutora reacendeu os ânimos de Jimin, que sentia-se desejoso, necessitado de uma forma única. Ele olhou para o lado e pegou a garrafa de hidromel que descansava na mesinha de canto e passou suavemente a língua pelo gargalo, de modo a captar alguma gota do líquido e também provocar o marido.

- Não me dou bem com hidromel, mas apenas um gole não fará mal, não é mesmo? - Virou a garrafa por entre os lábios e deixou que algumas gotas escorressem pelo seu queixo e deslizassem pelo seu pescoço. - Oops!

- Atrevido... - o alfa compreendia o inteiro teor dos atos de seu ômega.

Sentiu a visão cada vez mais turva, porém a luz vermelha em sua consciência brilhava como sinal de atenção.

Não tocaria em Jimin.

Não cometeria o mesmo erro novamente.

Não permitiria que seu coração batesse forte mais uma vez naquela noite.

- Eu deixei que você tocasse meu corpo e eu gostei da sensação. Agora estou fumando seu charuto e também gostei da sensação. É estranho dizer, mas você tem me feito muito bem.

Jungkook cruzou os braços diante à confissão do ômega. Sua posição era expectante.

- Minha intenção nunca foi fazer mal a você.

Deixando a garrafa de hidromel ao lado, Jimin se levantou e parou bem próximo ao peito rígido do marido. Fixou seus olhos azul-céu na figura robusta e quase selvagem a sua frente e recebeu os grandes olhos negros sobre si, assim como queria.

Seu alfa o estava obedecendo.

- Seu corpo é tão forte... - Jimin deslizou suas mãos pelo tórax do marido e seguiu gentilmente o trajeto até os ombros dele. - Eu não sei dizer, mas existe um desejo forte em mim em vê-lo nu.

Jungkook franziu o cenho, surpreso com a confissão.

- Já me viu apenas de toalha, não foi suficiente? - perguntou, gostando da forma como as mãos de Jimin transitavam por seu corpo.

- Eu queria completamente nu. Queria ter essa experiência, você sabe que nunca vi um alfa nu em minha frente, apenas em livros.

- E o que você faria se me visse nu em sua frente? - Jungkook provocou, o canto de seus lábios se retorcendo em luxúria.

Jimin retirou as mãos que percorriam o bíceps do alfa e as colocou em volta do pescoço dele, colando seus corpos. Ficou na ponta dos pés e se aproximou do ouvido do marido de modo a responder-lhe a pergunta.

- Não sei. - cochichou.

Jungkook explodiu em uma gargalhada solta, segurando Jimin pela cintura para que ele não desequilibrasse.

- Está vendo como você é atrevido? - Jungkook voltou a face relaxada pelo riso até Jimin e o olhou nos olhos.

Seu semblante estava tranquilo, completamente desfeito da carranca sisuda e fechada. Seus dentes brancos se destacaram num sorriso amplo, suave, confortável que o rejuvenesceu alguns anos.

Os olhos de Jimin brilharam diante a cena inédita e ele também ofereceu um sorriso singelo, grato por presenciar a nova face de Jungkook.

- Gosto tanto da forma como seu rosto fica depois que você sorri. Parece que todos os seus pesadelos se dissipam. - ele falou baixinho, seus braços ainda envoltos no pescoço do marido.

Aquelas palavras emudeceram Jungkook por alguns instantes até que ele soltou a cintura do ômega e se afastou vagarosamente do contato entre seus corpos.

Falhara miseravelmente em esconder seus fantasmas, afinal sua postura diária sempre o condenara.

Então ali, displicentemente ao lado do ômega, ele deixou sua máscara protetora, aquela que escondia seus medos e aflições, cair.

E Jimin o notou.

Havia alguém além de um alfa amargurado e sedento por vingança dentro de si.

E a constatação fez seu coração falhar algumas batidas.

Havia alento para suas noites frias.

Havia um coração dentro de seu peito machucado.

E mesmo que ele negasse até a eternidade, Jimin havia o tocado no fundo, onde ninguém nunca havia chegado.

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Oi gente! Como estão?

Eu estou bem, naquela correria gostosa de estágio e TCC, porém estou resistindo!

Eu precisava fazer esse capítulo exclusivo da conversa entre eles, porque agora é fase de transição e Jimin finalmente virou a chavinha do atrevimento.

Jungkook tá sentindo o coração bater e Jimin vai começar a viver a vida como quer... serase vai dar ruim?

Capítulo que vem é o baile!

Fala comigooo, tô com saudade, meus doces!

Um dia eu volto e obrigada mais uma vez por estarem aqui, amo muito o apoio de vocês!

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