𓅂 𝓣𝓱𝓮 𝓒𝓱𝓲𝓵𝓭𝓱𝓸𝓸𝓭

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#DocedePessego
🍑

Deixem o voto e comentem!
Boa leitura.

Um mês depois...

— Black Pearl dará a luz em breve, Jungkook.

Magnólia apontava para a égua de ancas largas e protuberantes que andava de um lado para o outro inquieta dentro da baia ampla das cavalariças de NewBrook's Farm. O garoto havia se mudado para a casa da mulher imediatamente após o enterro de Jungseok e Magnólia tratou de decorar uma suíte especialmente para ele, além de orientar todos os criados para preparar-lhe seus pratos preferidos. Jungkook ainda chorava a morte do pai quase todos os dias e por esse motivo, Magnólia achou que seria prudente levá-lo para a fazenda situada ao norte de Westminster, próxima as montanhas. A estadia no local tinha o intuito de ser como um retiro espiritual para o luto do pequeno alfa.

NewBrook's Farm era uma ampla extensão de terras, com um casarão construído inteiramente em carvalho maciço e decorado com móveis vindos praticamente do mundo todo, dada a influência social de Magnólia. Ela tinha o dom da diplomacia e comunicação, mas a alfa não se insinuava ou sucumbia a galanteios, não era do tipo que se casaria novamente, apesar de sempre ser cortejada. Os presentes vinham naturalmente, muitas vezes sem que ela soubesse, entretanto a mulher fazia questão de retribuí-los. Quando contraiu matrimônio com seu falecido marido, o duque Robert Wilson, Magnólia aceitou a ideia de se mudar para NewBrook's Farm e apaixonou-se perdidamente por seus campos intermináveis de plantações densas de lavanda e girassóis, rios e cachoeiras de águas cristalinas e pelos animais do local. A alfa viu despertar em si um amor incondicional pelos cavalos da fazenda que eram muito bem tratados pela família de caseiros que ali habitavam. Min Hyunjin, alfa e Min SeoJoon, ômega, eram pais de Min Yoongi, ômega com a mesma idade que Jungkook, mas que possuía a destreza e liberdade da vida no campo que o garoto alfa ainda não estava habituado. Magnólia tratava os caseiros como amigos fiéis, como alguém da família. Sempre que ia até a fazenda pedia para Min Hyunjin selar Black Pearl, uma égua puro sangue lusitano e às vezes, Lord Sinclair, um garanhão também puro sangue lusitano, ambos presentes do rei de Portugal.

Ela costumava cavalgar por horas e levava consigo o pequeno Yoongi que desenvolveu uma habilidade impressionante para o polo equestre, praticando diariamente e adquirindo uma destreza invejável para o esporte.

Black Pearl estava prestes a parir seu filhote e se movimentava incomodada pela baia forrada com feno e soltava pequenos chiados que denunciavam a boa hora. Magnólia fazia questão de estar perto dos seus amados bichos naquele momento que era genuinamente especial.

— Quero presenteá-lo com o filho de Black Pearl. — Ela olhou para Jungkook com ternura e voltou a acompanhar a inquietação da égua através das grades da baia. — Eu não poderia imaginar que você um dia viria morar comigo então o potro já foi batizado. Se for macho se chamará Heólico, se for fêmea, será Missy.

Jungkook permanecia em silêncio, também observando os relinchos lamuriosos de Black Pearl, porém se animou com a notícia dada por Magnólia.

— A senhora vai me dar um filhote de presente? — sorriu, deixando à mostra os dentes grandes e brilhosos.

— Sim, Jungkook. Darei-te um filhote e quero que você aprenda a cavalgar com Min Yoongi. Vocês tem a mesma idade, presumo que podem ser grandes amigos e Yoongi pode te ensinar o trato com os cavalos.

— Obrigado. — o garoto disse com gratidão, seus olhos refletindo a imagem de seu pai orgulhoso, vendo-o andar a cavalo, um sonho de Jungseok.

— Eu já lhe disse uma vez e quero repetir. — Magnólia segurou Jungkook pelos ombros e se abaixou um pouco para manter o contato visual. — Você será o duque de Strand, será um lorde muito bem orientado e ensinado pelos melhores professores do mundo. Irá viajar e conhecer vários países e reinos e será digno de respeito por onde quer que passe. Terá princípios antes de tudo e eu rogo a Deus todas as noites para que um dia você encontre quem tirou a vida de seu pai e faça a vingança que tanto deseja.

Uma onda quente percorreu o coração de Jungkook após ouvir atentamente as palavras da duquesa. Ela jamais havia falado sobre a morte de Jungseok desde o dia do fato e por isso pareceu claro que ela também guardava ódio e raiva. O pequeno alfa culpava-se às vezes por pensar que ela não havia ficado abalada por sua perda, mas aquela confissão trouxe lhe certezas irrefutáveis.

— Mas agora, Jungkook, você vai me prometer que irá viver como um garoto de sua idade libertará sua mente do rancor e quando fizer dezoito anos, se ainda desejar e se eu ainda aqui estiver, buscaremos juntos pelo assassino. — ela ainda segurava o garoto pelos ombros e ordenou — Prometa-me!

— Sim, senhora! — ele respondeu de pronto, aceitando a possibilidade quase certa de aliviar a dor tão cruciante que habitava seu peito e Magnólia sorriu de satisfação.

Pensar quase que diariamente que estava sozinho e desamparado, fazia crescer-lhe a revolta pela perda de Jungseok e o sentimento de vingança tomava vida constantemente. Conviver com pessoas boas e fazer novas amizades era um relento em suas noites frias.

— Quero que prometa outra coisa. — a alfa ainda sorria amplamente dada a euforia do garoto. — Não me tratará com cerimônia, serei sua amiga, Jungkook. Chame-me de Mag, ou Magnólia, como preferir.

Os olhos negros e inesperadamente aliviados do garoto transpareciam aquilo que a duquesa almejava: Jungkook relaxou os ombros tensos pela primeira vez em muito tempo como se aguardasse desesperadamente que alguém o segurasse pela mão e dissesse que tudo ficaria bem.

E ela garantiria isso, pessoalmente.

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— Devo confessar que não acreditei que Jisung pudesse cumprir a tarefa. Fui surpreendido.

Jackson Wang bebericava o conhaque belga contrabandeado, sentando displicentemente na poltrona da sala do conselheiro de tributos e ainda não parecia confiar que Jungseok estava de fato morto.

— Também me surpreendi, apesar de quase ter sido pego pelo garoto, Jisung conseguiu se safar ileso. O fato de ter perdido o anel não nos causará dano algum, ninguém se importaria com um simples anel de corvo e inclusive mandei fazer-lhe outro. — Namjoon respondeu enquanto assinava documentos relativos à burocracia de Westminster. — Além do mais, — continuou — Jungseok estava prestes a nos arruinar. Que o Deus Lugus o tenha. — conclui com deboche.

— Falando em Deus Lugus, você ainda está se encontrando com a sacerdotisa? — Jackson perguntou um tanto hesitante olhando de soslaio, afinal falar sobre Maeve não era um lugar seguro.

— É tudo uma questão prática, ela está sempre disposta e eu sou um alfa com bastante apetite. — o Kim relativizou o assunto, se esquivando de dar mais detalhes sobre a mulher vermelha.

— Ela sabe sobre nós?

Após encarar Jackson por alguns instantes e já um pouco irritado pelo rumo perigoso que a conversa tomava, Namjoon resolveu terminar o expediente mais cedo e encerrar aquela conversa.

— Não misturo negócios com prazer, Wang. — Guardou os documentos dentro da pasta de couro legítimo e andou até a porta, deixando um último recado. — E não, a BlackCrow é algo importante demais para ser tratado com uma prostituta. — ele saiu e fechou a porta atrás de si.

Já no corredor amplo e bem decorado da ala norte do castelo de Windsor, Seokjin vinha trazendo a indumentária pesada da rainha Matilda que havia estado no alfaiate durante toda a manhã. O beta conferia o trabalho feito pelo costureiro enquanto andava rápido até os aposentos da rainha quando de repente, chocou-se com Namjoon saindo da sala.

— Olhe por onde anda, alfa! — Seokjin ralhou, desamassando com cuidado o vestido que havia se dobrado com o choque repentino.

— Perdoe-me, majestade. — Namjoon sorriu ladino e apoiou as costas na parede ao lado da porta displicentemente, encarando o beta dos pés a cabeça.

Seokjin sentiu a mistura de raiva e desejo percorrer-lhe o peito, mas não sucumbiu à provocação do alfa. Virou-se novamente, na tentativa de seguir seu destino, mas Namjoon foi mais rápido, segurando-o pelo braço.

— Qual o motivo da fuga, beta. Não consegue me encarar? — o alfa sussurrou bem próximo ao ouvido de Seokjin, que estremeceu com aquela voz grave e soprosa, fazendo-o relembrar a última vez em que estiveram juntos.

— Não tenho do que fugir, solte-me! — ordenou.

— Ah, Seokjinnie... — o alfa iniciou seu plano sedutor. — O cheiro do seu desejo está me entorpecendo... — Namjon passou as mãos pelos cabelos sedosos do beta e agarrou-lhe os fios com agressividade, trazendo a cabeça dele para trás. — Assuma que está louco para ter-me novamente entre suas pernas, assuma! — rosnou.

Seokjin já não controlava mais o equilíbrio, porém não entregaria o jogo tão fácil. A mistura de sensações ao toque do alfa o fazia perder a noção de tempo e espaço.

— Afasta-se de mim, Namjoon! Jamais me terá de bom grado! — o beta conseguiu se esquivar e fugir pelo corredor a fora, deixando o alfa que sorria vitorioso para trás.

— Você é meu, beta. — ele proferiu para si mesmo, como uma verdade absoluta e ajeitou o terno, tomando a direção que levava até a saída do castelo.

Cinco anos depois...

— Venha, Heólico! Corra!

Jungkook montava em Black Pearl, segurando as rédeas com destreza e bastante habilidade tendo a companhia de Heólico e seguido por Yoongi que montava Lord Sinclair. O passeio em família dos equinos acontecia quase todas as tardes, após as aulas de música de Jungkook. O alfa estava bem diferente, havia completado quinze anos a alguns meses e também adquiriu responsabilidades. Magnólia ensinou-lhe o básico sobre a administração da fazenda e do ducado de Strand e o garoto interessou-se por tudo que ela lhe mostrava. Era nítida a rapidez com que o jovem alfa captava os ensinamentos e mais transparente ainda era o orgulho de Magnólia ao vê-lo dedicar-se com afinco a tudo que lhe pertencia.

A duquesa assistia os garotos cavalgando, sentada na varanda ampla do casarão. Já era fim de tarde e o visual do sol se escondendo com esplendor atrás das montanhas, banhava os campos de lavanda com uma paleta de tons amarelo alaranjado espetacular.

Jungkook se aproximou dali segurando Black Pearl e Heólico pelas rédeas, mas não os prendeu nos palanques próximos à entrada da varanda, dada a obediência e respeito que os animais tinham pelo jovem dono.

— Heólico tem um talento nato para a corrida, acho que você deveria praticar com ele mais vezes. — a duquesa disse bebericando um cálice de hidromel produzido artesanalmente ali na fazenda, enquanto permanecia sentada na cadeira de balanço.

— Eu conversei com Yoongi sobre treiná-lo para mim, ainda me sinto um pouco inseguro. — Jungkook respondeu e caminhou até a cadeira ao lado da alfa, sentando-se ali.

— Você ainda não me disse o que quer de presente. Só fazemos quinze anos uma vez.

Jungkook completou quinze anos recentemente e não pediu presente algum, mesmo após a insistência de Magnólia.

— Tenho tudo que preciso, Mag. Não sinto falta de absolutamente nada, seria presunçoso demais pedir algo.

— Ômegas, talvez... - Magnólia piscou em direção ao garoto. — passa sempre seus cios caçando, esse hábito não é comum nos dias de hoje, ainda mais por alfas da sua idade.

Jungkook se manteve em silencio olhando o horizonte e a duquesa percebeu que aquele tópico ainda não era um campo aberto para transitar. Preferiu mudar de assunto, pois tinha algo sério a tratar.

— Jungkook, precisamos ir até Windsor pela manhã. Temos uma reunião com a rainha para tratar da minha sucessão.

— Eu ainda não entendi como serão as coisas. Eu terei um novo sobrenome?

— Não, você continuará sendo Jeon Jungkook, a rainha já está a par de tudo.

— Mas eu não tenho direito a nada do que é seu, não quero ser um usurpador. — ele se sobressaltou com a própria afirmação.

— Não se preocupe com a parte legal por enquanto, quero apenas que continue estudando e desenvolvendo suas habilidades incríveis com Heólico. Quando chegar a hora de se tornar o Duque de Strand, você estará devidamente preparado.

— Mas eu só me tornarei duque se você morrer, não vejo vantagem alguma nisso, então eu quero declinar ao título.

Magnólia riu das palavras tão genuínas do garoto e tocou-lhe o braço carinhosamente na intenção de confortá-lo.

— Eu o amo tanto Jungkook, mal pode imaginar o quanto. É o filho que a vida escolheu para mim. — recebeu a palma do garoto sobre a sua e um sorriso em consentimento às suas palavras sinceras.

— Também amo você, Mag. É a mãe que a vida escolheu para mim, apesar de se parecer muito mais como uma amiga. Sou eternamente grato à você.

Assentindo com um sorriso suave, a alfa se levantou e caminhou até Jungkook.

— Então eu declaro encerradas as discussões sobre a minha sucessão, pequeno alfa. Será o Duque e não haverá mais questionamentos quanto a isso. — ela estendeu a mão em direção ao garoto e decretou — Temos um acordo de cavalheiros?

Jungkook se levantou de pronto e segurou firme a palma da condessa.

— Sim, temos um acordo de cavalheiros.

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A rotina no condado de Norwich iniciava geralmente às seis horas da manhã, com a condessa gritando a plenos pulmões pelos corredores.

— POR ONDE ANDAM OS CRIADOS QUANDO MAIS SE PRECISA?

E seguindo o padrão infalível, era sempre Calista a primeira a responder.

— Vou chamá-los, condessa, já estou descendo!

A beta segurava Jimin nos braços, que estava agarrado a ela como um bicho preguiça. Por mais que ele já tivesse completado sete anos de idade, o habito de pedir colo à Calista era um costume que ele não queria abandonar.

Mingau de aveia, uma salada de frutas e pães variados preenchiam o centro da grande mesa da sala jantar onde a família fazia diariamente o desjejum. O conde costumava ser o primeiro a iniciar a refeição que geralmente era silenciosa.

— Terei uma consulta com o doutor Wiliam Acton sobre os supressores para Jimin. — Jisung disse à Dahye e o filhote se encolheu na cadeira.

O pequeno ômega era constantemente recriminado pelo seu cheiro forte de pêssego e baunilha, mas essa característica inerente aos seus genes era algo que ele não conseguia controlar. Notava que nas situações de muita euforia ou estresse extremo, exalava o aroma com muita intensidade.

— Sim, conde, faça o que for necessário. Não sei que foi que deu errado para Jimin ter nascido com defeito. Se ao menos eu pudesse ter dado à luz a um alfa, com certeza não teríamos esse problema. — ela respondeu ao marido como se tivesse se desculpando pela peculiaridade congênita do filhote.

— Nada que uma dose certa de supressores não resolva. — o alfa concluiu áspero.

Jimin segurava uma maça suculenta com a pequena mãozinha e tentava controlar as lágrimas que juntavam nos cantinhos dos olhos azul-céu. Destoava de seus genitores, tanto física quanto psicologicamente e não conseguia entender o motivo de parecer tão inadequado aos olhos deles. Era tão bom ouvir de Calista que ele era como uma flor desabrochando na primavera e que seu cheiro era bom, contudo sua felicidade e autoestima se esvaiam em minutos quando sua mãe reclamava de sua aparência ou seu pai o reprimia pelo aroma marcante que exalava.

Pediu permissão para ir ao banheiro e desceu da grande cadeira ajeitando o vestido, que a propósito, odiava com todas as suas forças e seguiu até o toalete, porém mudou o trajeto assim que percebeu que não era mais visto por nenhum criado da casa. Seguiu até os fundos do casarão que dava acesso ao jardim e além dos muros era possível ver os campos de lavanda e as enormes montanhas do norte. Andou sorrateiramente até a fonte central e se esgueirou pelas cercas vivas que culminariam nas grades que delimitavam a propriedade. Segurou cada barra grossa de bronze com força e chorou profundamente, deixando escapar além das lágrimas, ganidos dolorosos de um pequeno filhote magoado e furioso.

Conforme deixava a raiva sair pela garganta, pôde sentir algo muito intenso vindo de seu peito, a sensação de febre pressionando a cabeça e com um único suspiro, tudo se transformou.

Olhou para suas patinhas peludas e brancas como a neve, mas não se assustou. Testou o equilíbrio, sacudiu as orelhinhas e com um pouco de dificuldade, atravessou as grades para fora do casarão. Seu rabinho pomposo e peludo balançava em euforia e admiração, era tudo tão novo e parecia bastante divertido. Seu nariz captava os mil cheiros ao redor e ele desatou a correr sem rumo, aproveitando com esplendor aquele raro momento de felicidade.

Seguiu para a mata alta e densa que abraçava seu corpo peludo conforme ele corria apressado e tão logo suas patas fofinhas acariciaram o gramado macio, farejando o frescor da grama recém-banhada pelo orvalho da manhã. Sua língua rosada permanecia para fora da boca em clara expressão de agitação, mas o pequeno filhote não parava, ele corria em busca de sua liberdade, da sensação indescritível de regozijo.

Jimin se assustou com o bando de cervos que cruzou seu caminho abruptamente, então enterrou as patinhas de uma só vez na terra, parando seu trajeto por alguns instantes, mas não se aborreceu com isso, muito pelo contrário, assistiu os animais correrem em sintonia para algum lugar desconhecido. Tomou impulso novamente e desceu pela encosta até o rio de águas cristalinas que reluzia à luz do sol tímido que surgia atrás das montanhas. Jimin não fazia ideia, mas estava muito longe de Norwich, mais precisamente ao norte de Londres, em NewBrook's Farm.

Ele queria atravessar o riacho e alcançar a outra parte para seguir sua aventura sem rumo. Hesitou por alguns momentos antes de colocar a primeira patinha na pedra e então deu mais um passo a frente, contudo sua pata traseira não alcançou a próxima pedra e ele derrapou na água fria. Correu mais rápido e desengonçado até atravessar todo o riacho e sacudiu o corpo assim que pisou em terra firme, fazendo as orelhinhas baterem umas nas outras. Estava cansado, a língua pingava gotinhas de saliva que demonstrava mais fielmente sua exaustão por ter corrido tão rápido e por esse motivo, se virou novamente para o riacho e parou na margem, sorvendo rapidamente grandes goles d'água.

Bem próximo dali, Jungkook montava Heólico que andava bem devagar em busca de um local raso à margem do riacho afim de também saciar sua sede, assim como o filhote de lobo branco fazia mais adiante. O jovem alfa apeou-se do cavalo um tanto desconfiado, conseguia sentir uma presença desconhecida em suas terras e na tentativa de vasculhar melhor a região, afagou a cabeça do animal e soltou o arreio depois de dizer-lhe para aguardar um momento.

Os passeios matinais de Jungkook e Heólico eram rotineiros nos arredores do casarão e naquela ocasião esporádica, os dois cavalgaram além dos limites das plantações de lavanda indo parar no riacho que ficava próximo a nascente do grande rio Shannon. O alfa gostava de se isolar com seu melhor amigo nas primeiras horas da manhã, era como um ritual, era o momento onde pensava em Jungseok e em como se vingar da melhor forma possível e apesar de ter prometido para Magnólia que não perderia sua juventude em busca do assassino, ele sentia que estava vivo apenas para encontrar quem colocou um fim tão precoce em sua felicidade ao lado do seu pai.

Jungkook andou sorrateiramente pela margem e assim que olhou mais a baixo pôde ver o pequeno filhote ainda saciando sua sede.

— Ei, filhote! — ele chamou pelo ômega que acabou se engasgando com o susto.

Jimin mal olhou para o alfa assim que foi chamado e partiu em disparada. Corria e tossia, sentindo o ar queimar-lhe os pulmões. Tentava buscar em sua mente o trajeto de volta para casa, mas era em vão e continuava a se embrenhar ainda mais pela densa vegetação dos campos de girassol. Queria apenas correr sozinho, livre, sem ser repreendido por ninguém.

Jungkook bem que tentou alcançar o pequeno lobo, porém o único rastro deixado por ele foi seu intenso cheiro de pêssego pelo ar, mesclando com o aroma do orvalho matutino e trazendo-lhe uma sensação de paz desconhecida que há muito tempo o alfa não experimentava.

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Muito distante dali em Norwich, a condessa humilhava os criados, culpando-os pelo sumiço de seu filhote.

— Como não conseguem encontrar um ômega de sete anos? Procurem no sótão! — ela ordenou aos gritos, seu tom comumente usado para tratar os empregados.

Calista, Lily e Taehyung já não consideravam aquele desaparecimento repentino como uma brincadeira de criança, afinal Jimin nunca teve tal comportamento e sempre avisava para onde ia. A beta estava com o coração apertado, porém não externou aquele sentimento para a condessa e pressentia no fundo que Jimin não se encontrava dentro dos muros do casarão.

— Condessa, olhe! — Um dos criados entrou pela sala de estar segurando o vestidinho de Jimin rasgado ao meio o que provocou imediatamente o pânico da ômega que antes mantinha uma postura indiferente.

— Meu filhote! Acionem a guarda! Avisem que meu filhote foi raptado! — Dahye berrou andando de um lado para o outro com o vestidinho rasgado nos braços. — Chamem o conde! — decretou por fim.

Não levou tempo para o casarão se tornar o centro das atenções em Norwich naquele início de tarde. Dahye ordenou que o almoço fosse cancelado e ainda vestiu-se de branco para aguardar as buscas pelo pequeno filhote. Era consolada pelas amigas condessas e alguns criados e chorava lágrimas de crocodilo que não eram capazes de borrar-lhe o blush tão exageradamente aplicado nas faces. Isso não significava que ela não sentia preocupação pelo filhote, mas era tão dura de sentimentos que não tinha capacidade de exacerbá-los em situações como essa. Uma típica narcisista jamais mostraria empatia ou afetividade genuína, desconhecia completamente essas emoções.

O conde por outro lado, conseguia preocupar-se em demasia, não era claro se ele apenas expressava sua genética de alfa na proteção da prole ou se realmente nutria o mínimo de identificação sentimental com Jimin. Entretanto ele partiu nas buscas juntamente com a guarda real e prometeu à esposa que traria o filhote de volta são e salvo.

A tarde já entregava o sol novamente para as montanhas e a apreensão dos guardas e de Jisung se tornava cada vez mais latente, dada à falta de respostas e de pistas que dessem uma vaga ideia de onde Jimin pudesse estar. A condessa se encontrava apática em seus aposentos sendo consolada e amparada pelos criados completamente alheia à gravidade da situação.

Enquanto era montada uma verdadeira tática de guerra em busca do pequeno desaparecido, Jimin tentava encontrar o caminho de volta para casa. O entardecer dificultava o cálculo da rota de retorno e o fato do ômega ser tão jovem e inexperiente só tornava mais tardio o regresso. O medo e o frio do início da noite causavam angústia no filhote que já havia notado estar próximo de algumas casas, contudo não fazia ideia se ali era onde morava. Seu denso pelo branco aparentava estar embaraçado e um tanto sujo de terra, suas patinhas traseiras doíam, provavelmente por algum espinho ou pedra e ele já não corria mais. Pensava no rapaz que o vira na margem do rio e rezou para que estivesse longe o suficiente para não ser encontrado por ele. Andava com um pouco de dificuldade e mancava devido a dor tão latente na pata traseira o que motivou sua parada para descanso próximo a marquise de uma loja de tecidos. Permaneceu ali um tanto acuado, afinal não conhecia aquela região e temia ser maltratado ou até mesmo agredido por alguém que o encontrasse. Enrolou-se como um tapete felpudo, bem rente à parede e chiou quase como uma prece para que sua dor cessasse e ninguém mal o visse ali.

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— Está contemplativo, Jungkook.

A grande mesa de jantar estava posta à maneira de Magnólia, ou seja, sem muitos traquejos e modismos. Dispensava a cordialidade engessada dos típicos jantares vitorianos e muitas vezes, como naquela ocasião especifica, tratava ela mesma de preparar o pernil de cordeiro assado à inglesa, sua especialidade. Jungkook fazia questão de ter sopa a lá reine de entrada e Magnólia preparava com muito amor, já que essa era uma lembrança boa que ele cultivava desde os tempos em que morava apenas com Jungseok, em Strand.

— Estive pensando sobre começar a praticar o polo com um pouco mais de seriedade. Conversei com Yoongi hoje à tarde e ele também concorda que estou melhorando minhas habilidades, então vejo que sou capaz de dar o próximo passo. — ele disse e se serviu de mais um cálice de vinho.

— Ora, mas essa é uma excelente notícia! — a duquesa se alegrou em demasia pela novidade e levantou-se para ir até o bar e buscar uma garrafa de conhaque. — Merece uma boa comemoração, deixe esse vinho, vamos celebrar com algo mais forte. — ela retirou o cálice do alcance do jovem e depositou ali o copo raso ao qual serviu uma dose do brandy.

— Mag... eu não acho que seja prudente... — Jungkook relutou ao ver o líquido âmbar ainda se movimentando suavemente dentro do copo e essa atitude apenas serviu para a duquesa gargalhar em alto e bom som.

— Ouça, alfa, você está sob minha responsabilidade e todos os garotos alfas da sua idade já bebem coisas muito piores do que esses simples brandy e inclusive fumam charutos pestilentos o dia todo, está na hora de viver com mais audácia, meu caro! — Magnólia ofereceu o copo novamente para ele e pegou o seu, a fim de fazer um brinde.

— Meu rut está próximo, o conhaque pode camuflar a febre, — Jungkook explicou e teve um olhar fuzilante vindo em sua direção. — mas acho que apenas uma dose não faria tão mal. — concluiu sorrindo e sorveu um grande gole, contorcendo a face pelo sabor forte e marcante da bebida e deixando Magnólia eufórica pela atitude dele.

A duquesa também tomou sua dose e se serviu com mais, porém respeitou a negativa de Jungkook e continuar a beber.

— Irá para a cabana em seu rut? — a alfa voltou para a cabeceira da mesa e deixou seu brandy de lado, pegando a faca para iniciar o corte do assado.

— Estou pensando nisso, estive lá hoje mais cedo e até encontrei um ômega filhote perto do riacho. — ele disse aproximando o prato para que a duquesa o servisse com um corte generoso do cordeiro. — Obrigado.

— Não vai caçar dessa vez? Esse pernil que estamos apreciando é fruto da sua última caçada. Não é toda casa londrina que conta com um alfa lúpus de hábitos primitivos ao ponto de passar o rut em sua forma lupina caçando ao invés de se deleitar com ômegas. — Magnólia piscou para ele e retomou a fala. — Disse que encontrou um ômega, como foi isso?

— Sim, ele era branco e felpudo, se assustou quando o chamei e não consegui alcançá-lo. — Jungkook se serviu de mais uma porção do cordeiro e bebeu um gole d'água, se abstendo do álcool.

— Presumo então que você não é o único lúpus em Londres.

— Ele era apenas um filhote, no máximo dez anos e tinha um cheiro bem característico de pêssego, acho que estava com medo. — Jungkook relembrou o aroma do filhote que ainda parecia tão vivo em suas narinas. — Possivelmente essa deve ter sido sua primeira transformação, ele pareceu bastante assustado.

O jantar em NewBrook's Farm continuou até que Magnólia já não conseguisse sustentar o copo de conhaque até o lábios e por esse motivo, Jungkook tomou a iniciativa de encerrar a noite.

— Vamos, Mag. Te levarei para o quarto. — o alfa segurou a mulher que ria de alguma piada engraçada enquanto se levantava devagar, testando o equilíbrio.

— Não consigo me lembrar com clareza quando foi a última vez que um alfa me levou para o quarto. — ela riu do próprio comentário até perder novamente as forças e cair sentada na cadeira. — Mas você definitivamente não é o alfa que eu gostaria que fizesse isso. — ela colocou as mãos acima dos seios para recobrar o fôlego que faltou diante às gargalhadas.

— Presumo que Robert era um ômega, não? — Jungkook tentou entrar na cena e Magnólia se surpreendeu com o comentário astuto do garoto, que tentava segurar o riso a todo custo.

— Tão perspicaz! Você é o alfa perfeito, Jungkook!—- ela apoiou os braços nos ombros do jovem, porém não conseguiu sair do lugar.

Pensando que aquela tarefa de conduzir Magnólia até seus aposentos fosse algo bastante complicado de realizar dado o nível de embriaguez dela, Jungkook passou os braços por trás dos joelhos da mulher e com um único movimento suave içou-a, se afastando da sala de jantar.

— Isso foi bastante inesperado! — completamente inesperado, ela constatou.

O jovem subiu as escadas vermelho, segurando para não se desmanchar em gargalhadas e adentrou os aposentos da alfa, depositando-a com cuidado em cima da cama.

— Prometo que guardarei essa noite na memória como uma das mais engraçadas que já passei. — agora ele pôde externar o quanto achou grotesca aquela situação.

— Ainda vou socorrê-lo embriagado algum dia, alfa. Não pense que venceu. — Magnólia acariciava as têmporas, evidenciando o início da dor de cabeça que latejaria noite adentro.

— Eu não duvido disso. Boa noite, Mag. Chame se precisar. — Jungkook saiu pela porta e seguiu ainda sorrindo para seu quarto.

A noite era particularmente a hora do dia que Jungkook mais se sentia melancólico. Apreciava aquele sentimento quando sua mente não era inundada por lembranças tristes de seu pai, mas ultimamente as novas paixões como o polo e a música ocupavam-lhe o momento e ele aproveitava para planejar com detalhes o seu itinerário semanal.

Retirou seu terno e dobrou com cuidado, colocando-o no recamier próximo a cama. Por ter genes lupinos dominantes, sua temperatura corporal era mais quente do que os alfas comuns e dessa forma se sentia mais a vontade dormindo apenas de ceroulas. Treinava diariamente com Yoongi e havia torneado seu corpo que destacava músculos rígidos em toda sua extensão o que deixava o alfa um tanto vaidoso pela excelente aparência. Despejou a água morna do jarro no washstand que ficava na parede, ao lado da porta e esfregou as mãos no sabonete tendo espuma abundante para lavar o rosto e o dorso. Colocou o dentifrício na escova de dente, confeccionada em madeira com cerdas de crina de pônei e escovou os dentes demoradamente. Adquiriu hábitos de higiene refinados desde que foi morar com Magnólia, mas dispensava as colônias perfumadas, preferia o seu cheiro natural de hortelã e pinus, um tanto sedutor e misterioso, assim como a querida alfa dizia.

Enxaguou a boca e penteou os cabelos negros que atingiam a altura do queixo e secou-se com a toalha ainda mirando sua imagem no espelho, complacente em poder afirmar para si mesmo que havia encontrado sua personalidade, estava seguro, tinha amigos e um lar aconchegante para morar.

E pela primeira vez, depois de sete anos não teve pesadelos com Jungseok.

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O frio, o medo e a saudade do mingau de aveia quentinho e a maciez aconchegante do colo de Calista, foram o suficiente para que Jimin retornasse à forma humana assim que pegou no sono, abandonado a sua própria sorte ali naquela calçada suja. Percebeu que estava nu e tentou se encolher ainda mais quando avistou luzes altas vindo em sua direção.

— Senhor, acho que encontramos!

O guarda que liderava as buscas chamou Jisung aos gritos e desviou a lanterna alta para não acuar ainda mais o pobre filhote. O alfa correu até o Jimin e agarrou o corpinho trêmulo do garoto que exalava odor de pêssego e pânico.

— Meu filho! Jimin! — Jisung acolheu o pequeno ômega nos braços, tentando controlar um choro que ele mesmo desconhecia. Nunca havia passado situações de forte emoção e nem sabia ser capaz de demonstrar afeto daquela forma.

— Tragam cobertores! — o chefe da guarda ordenou e foi prontamente atendido pelo oficial que retirou uma manta dos fundos da charrete.

— Filhote, tocaram em você? Responda! — o alfa sacudiu o garoto esperando respostas. — Guarda, chame o doutor Acton, quero que examine Jimin e se por acaso algum bastardo tiver trocado nele, eu farei justiça! — o homem bradou. — Os crimes estão aumentando de uma forma absurda e não temos uma polícia competente para evitá-los! Somos melhores do que isso!

Jisung explanava um problema corriqueiro na grande Londres: a alta taxa de crimes sem resolução cometidos por serial killers que jamais foram responsabilizados por suas transgressões. Faltava naquele reino, indiscutivelmente, noções redefinidoras de uma constituição de ordem urbana e disciplina social e isso se dava particularmente pelo êxodo rural tão arduamente defendido pela rainha, que prezava pela melhora das condições sociais dos súditos, mas não dava o mínimo do entendimento de como se daria o limiar do comportamento individual e coletivo tolerado em público. Em poucas palavras, faltava-lhes a regra, o limite entre o certo e o errado na convivência em civilização e esse problema era de inteira responsabilidade da realeza e das elites locais, sendo esse acontecimento com o pequeno ômega o estopim para que Jisung iniciasse a ideia da fundação de uma policia mais eficiente assim que se reunisse com o conselho e Victória.

Jimin foi embrulhado em um grande cobertor e não chorava mais e tampouco respondeu as perguntas do pai sobre o que lhe havia acontecido. Temia falar e ser repreendido pela aventura inédita ao qual pode experimentar durante todo o dia.

A porta do casarão foi aberta abruptamente e Jisung adentrou o recinto carregando o filho nos braços, para felicidade de Calista, Lily e Taehyung que esperavam com ansiedade o retorno do pequeno, são e salvo. A beta tremeu e suspirou pesado assim que o patrão entregou Jimin em seus braços.

— De um banho quente nele, beta! O doutor Acton virá para examiná-lo. — Jisung deu a ordem para Calista que derramou a última lágrima de tristeza nos cabelos dourados e sujos do seu amado filhote.

— Vá Lily e Taehyung, esquentem a água e tragam para o banho de Jimin. — ela pediu e subiu as escadas, levando o garoto para o quarto.

Jimin se remexeu em seu colo e olhou pela fresta do cobertor, procurando o olhar de Calista. Queria dizer a ela que estava bem, que sua aventura correu sem maiores preocupações apesar de ter se perdido na volta para casa, mas aguardou estar seguro dentro do seu quarto para poder confessar a travessura.

— Calista, eu me transformei em um lobo. — Jimin cochichou assim que foi desembrulhado dos cobertores e deu uma risadinha abafada com as mãos.

— Santo Deus! Jimin, o que está dizendo? — ela separou a camisola que vestiria o ômega e sentou-se na cama para ouvir o que ele tinha a dizer, estava espantada.

— Sim, no café a mamãe e o papai estavam falando que meu cheiro é ruim e que sou um problema, então eu quis fugir e fui para o jardim. — ele contava a história com um brilho único no olhar. — Quando eu vi as grades, fiquei com muita raiva e chorei muito e então eu senti uma coisa vindo daqui - apontou para o próprio peito — e quando olhei para baixo, vi minhas patinhas peludas e comecei a correr.

Era tudo tão verídico e fantasioso na mesma proporção que Calista não soube como reagir além de manter a boca entreaberta, não era como se ela duvidasse do pequeno, entretanto parecia impossível uma criança como ele que jamais saiu do perímetro do casarão se aventurar muro afora.

— Pois bem, então por onde esteve até tão tarde? — ela incentivou para que ele continuasse a narração.

— Eu corri para bem longe, atravessei os campos de flores e até encontrei uma pessoa. — Jimin contava abrindo os braços como se revivesse a cena e relembrava com pouca nitidez do rapaz que o chamou à margem do riacho.

— Saiba que isso foi muito perigoso e não quero que faça novamente, imagine só se o conde e a condessa tomarem conhecimento dessa travessura? — a beta repreendeu o garoto segurando o rostinho rosado, queimado de sol. — Você é meu sol nascente, pequeno, não saberia viver se algo te acontecesse. Não conte isso a ninguém, pois não?

— Tá bom, não vou contar. — prometeu, cruzando os dedinhos atrás do corpinho desnudo que aguardava ansioso por um banho relaxante.

Com um breve toque, a porta do quarto foi aberta por Lily que carregava o balde com a água quente sendo acompanhada por Taehyung que carregava apenas a sua preocupação e curiosidade com o amigo fugitivo.

— Jimin, você quase nos matou de susto! — Tae correu para abraçá-lo, mas teve o caminho interrompido por Calista.

— Sem abraços agora, vamos para o banho!

A pequena tina de carvalho foi preenchida até a metade com a água quente e o pequeno ômega foi colocado lá dentro com delicadeza, afinal seu pé estava machucado o que dificultava que ele se equilibrasse perfeitamente ou se locomovesse sozinho. Calista, Lily e Taehyung rodeavam a tina e iniciaram a limpeza de Jimin em sincronia. Lily esfregava as mãozinhas sujas; Tae massageava-lhe o couro cabeludo e Calista esfregava o sabonete canforado nas costas do filhote fujão. Jimin olhava para todos eles, segurando a novidade dentro de sua boca até que as bochechas rosadas ficassem tão infladas de ar e seus reluzentes olhos azuis se esbugalhassem para fora.

— Tae, eu virei lobo. — se não contasse, explodiria ali mesmo.

— Jimin, o que prometeu? — Calista repreendeu na mesmo hora, porém já era tarde.

A cena foi digna de um teatro de comédia. Os três riram alto, gargalhando enquanto a espuma do sabonete escorria pelo corpinho de Jimin e a água da tina ganhava uma coloração um tanto âmbar dada a sujeira adquirida durante a aventura vespertina.

A condessa provavelmente já havia sido avisada do retorno do filhote e talvez por isso o show pessoal de boa mãe cessara. Deixaria para adular Jimin pela manhã, depois de descansar a beleza gasta em lágrimas falsas e suspiros mentirosos.

Contudo aquilo não fazia falta. Jimin possuía um arranjo familiar um tanto peculiar e aquilo lhe bastava para sobreviver.

Ter Calista, Lily e Taehyung eram um alento, uma sorte grande, um presente enviado dos deuses e ele sabia reconhecer.

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Heólico

Esse puro sangue lusitano é um dos personagens originais dessa fanfic. Ele se chama Heólico e mora em Portugal, olha que coincidência!🤭

Ele é amigo da minha amiga portuguesinha Duda! Cavalos24

Washstand: é o lavatório que contém uma pia de louça usada para banhos noturnos e matinais nas casas da aristocracia vitoriana.


Ceroula: calça de tecido fino usada como roupa íntima.

Dentifrício: a pasta de dente usada naquela época.

Brandy: é o conhaque propriamente dito, mas que é fabricado fora da cidade francesa de Congnac.

***

Demorei um pouco, mas relevem, por favor!

O que acharam? 👀

Tô amando muito escrever essa história, demanda um pouco de tempo pelo contexto do século 19 e as mudanças que preciso fazer pra encaixar no omegaverso, mas está sendo bastante interessante.

Gostaram do Jimin virando lobinho e saindo por aí? Postei um vídeo no tiktok dessa aventura dele ao som de Butter! Meu user lá é glowings2girl o mesmo daqui, vão ver!

Prometo não demorar! Beejo^^

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