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Pela primeira vez em mais tempo do que Cassian conseguia se lembrar, ele se sentiu congelar quando viu aqueles olhos esverdeados escuros e selvagens, mudando para dourado enquanto Cibele da Corte Primaveril o encarava.

Ele não tinha a intenção de antagonizá-la, não realmente, pelo menos.

Ele poderia admitir, embora Rhysand o repreendesse incansavelmente por sua cautela e desconfiança em relação à ela, Cassian queria aprender sobre ela, sobre suas intenções, sua mente, como ela agia.

Queria saber se ela era uma ameaça para Velaris. Ou para Rhys.

Afinal, Cassian era o general. Esse era o trabalho dele.

Uma coisa que ele aprendeu com certeza, era que ela não gostava quando Cassian, ou qualquer outra pessoa, cutucava.

E ela sabia muito bem a diferença entre curiosidade e suspeita.

Então, Cassian não tinha uma abordagem definida, ele só queria entender Cibele, o que ela significava, entender por que ele sentia um puxão no peito, como uma corda invisível que os ligava, sempre que ele estava próximo dela e até mesmo quando estava longe.

 Na verdade, Cassian tinha uma ideia do que era essa "corda", ele só não queria admitir ou falar em voz alta, então ele continuava mentindo pra si mesmo.

No fundo, não importa como ele estivesse desconfiado, ele não queria chateá-la, mas ele estava tão nervoso e hesitante perto dela.

Além de tudo, Mor tinha que citar como Rhysand e Cibele eram próximos, além de haver toda essa história dela ter salvado a vida dele.

É claro que Cassian conhecia a história, muitas vezes Rhysand conversou sobre ela com Cassian, a forma como ele sentia falta dela, como ela era a garota mais linda, corajosa e gentil que ele já tinha visto, e como ele se sentia horrível por tudo que eles poderiam ter tido ter sido arruinado.

Rhysand havia tido a audácia de dizer que ela teria sido uma perfeita Grã Senhora para a Corte Noturna, não uma lady, sua igual, se um dia eles tivessem se casado. 

Mas isso havia sido há muitos anos, antes de Sob a Montanha, antes de existir apenas amizade e irmandade entre Rhys e Cibele, porém, Cassian não sabia disso.

Mas a verdade era que Cassian estava morrendo de ciúmes, ciúme da forma que Rhysand e Cibele pareciam ser uma coisa, da forma que Rhys a abraçava, segurava sua mão, da forma que ela confiava em Rhysand, da forma que ela sorria pra Rhys como se ele fosse o único que importava para ela, o único que ela confiava para tocar nela.

Cassian estava com muito ciúmes, mesmo que nega-se para si mesmo a cada instante, principalmente porque ele havia acabado de a conhecer.

O que o fez pensar que aquela ''corda'' era o motivo para ele estar agindo de forma tão estranha, tão pouco como ele.

Agora, ele se perguntou se a lady da Corte Primaveril iria ou não rosnar para ele, o mostrar as garras, ou pular a encenação e simplesmente se transformar e arrancar seus olhos, como ela prometeu.

Ele não poderia dizer que não teria merecido.

Isso só chocou Cassian, por causa da velocidade, da prontidão com quê ela se defendeu da acusação, da desconfiança dele, deixando aquela energia feroz se mostrar como se...

Como se não fosse a primeira vez que ela tivesse que fazer isso.

Como se fosse normal, saltar para a defesa ao primeiro sinal de desconfiança.

Cassian sentiu uma pontada no estômago, mas não deixou que o sentimento de culpa o afetasse enquanto ele, depois de um momento para colocar os pensamentos em ordem, voltava para a Casa do Vento.

Ela não precisava de uma escolta, ela afirmou, então Cassian esperaria um bom tempo antes de vê-la.

Se é que ele o faria.

Os olhos esverdeados iluminando a mente de Cassian por todo o caminho.

No momento em quê o ilyriano voou escada acima para a entrada, horas depois, Rhysand estava lá, um olhar contemplativo em seu rosto enquanto olhava para a escada, como se estivesse pensando na fêmea que subiu por elas.

Quando sua atenção mudou para Cassian, sua expressão mudou também, assumindo uma aparência mais exasperada.

ㅡ Você gostaria de me dizer, por que ela chegou aqui parecendo um filhote chateado e muito raivoso? ㅡ Rhysand perguntou.

Cassian não precisou perguntar quem, Cibele partiu em um estado delicado. E infantil, na não tão humilde, opinião de Cassian.

Mas ao invés de ficar defensivo, Cassian gentilmente passou pelo Grão Senhor, segurando seu escárnio.

ㅡ O único cachorro que vi foi ela, essa é a forma verdadeira dela, certo?
ㅡ Cassian fez uma pausa, absorvendo o silêncio enquanto Rhysand não fazia nenhuma tentativa de responder, mesmo que tenha parecido incomodado com a fala do amigo.
ㅡ Ela se torna frequentemente raivosa com pessoas que ela não conhece? ㅡ Cassian não conseguiu esconder a acidez.

Não se pode dizer que ele tentou em primeiro lugar.

Cassian ouviu Rhys dar alguns passos, mais para perto do ilyriano.

Sem pensar, Cassian foi até a janela. Aquela que ele observou Cibele ficar parada por horas, olhando para o horizonte, naquela mesma manhã.

Cassian ainda podia sentir a admiração, o espanto, o alívio no local onde ela estava.

ㅡ Sim. Principalmente quando ela se sente ameaçada. Ou com medo.ㅡRhys respirou fundo, antes de soltar uma risada leve quando perguntou:

ㅡ Ela ameaçou morder sua garganta?

Perguntar era uma cortesia. Rhys poderia facilmente entrar na mente de Cassian e arrancar cada pequeno detalhe.

Porém, Rhysand foi educado, o que Cassian agradeceu, ele não queria que ninguém soubesse sobre a "corda" que o unia à Cibele da Corte Primaveril.

Cassian não pôde conter sua reação, soltando uma risada alta, mesmo enquanto seu olhos permaneceram naquele horizonte.

ㅡ Não. Só arrancar meus olhos.

Rhysand soltou uma pequena risada, mas havia um peso enorme por trás disso.

Cassian começou a preencher o silêncio por ele, uma sensação genuína de arrependimento assumindo enquanto Cassian sentia a exaustão e a preocupação rolar de Rhysand em grandes ondas.

ㅡ Eu sinto muito. Eu não deveria ter dito nada. Não pode ser fácil. Nada disso pode ser fácil, quero dizer, para qualquer um de vocês dois. ㅡ Cassian disse.

Rhysand deixou uma pausa mais longa fluir entre eles.

Um silêncio familiar, mas que se arrastou por tanto tempo que Cassian não tinha certeza se Rhysand ainda estava lá.

Quando ele se virou para olhar para o general, Cassian encontrou seu querido amigo, com uma expressão séria mascarando seu rosto cansado. Uma tristeza silenciosa e pesada.

ㅡ O que você disse à ela, Cass?

Não era uma acusação, era preocupação, dor. Muita dor.

Preocupação com algo que Cassian poderia ter dito, algo tão pequeno ou grande, que pode ter feito a única companheira e amiga que Rhys teve por 50 anos, a garota que salvou sua vida, mergulhar em um buraco profundo.

Um que talvez Rhysand não poderia tirar.

Uma pontada no peito acertou Cassian.

Bem no coração. Na alma.

Eu ... eu queria saber quais eram as intenções dela dela, se ela ia ficar, ou-

ㅡ Ela tem que ficar.

Cassian piscou com o tom resoluto, o leve desespero na resposta de Rhys.

Tem que ficar?

ㅡ Eu mencionei muito pouco sobre Tamlin naquele dia, por apreço à ela. Simplesmente nunca detalhei até que ponto ele foi para "protegê-la". Para mantê-la escondida. ㅡ Cassian levantou seus olhos, mas Rhys deixou outra pausa se espalhar entre eles, engrossando o ar com a tensão.

O Grão Senhor suspirou.

ㅡ Depois que ela devolveu as asas da minha mãe e irmã, Tamlin descobriu isso, e descobriu também que nos conhecemos na guerra, que Cibele e eu havíamos sido amigos, que ela lutou contra Hybern, ele a culpou e a prendeu dizendo que era para proteção. Foi horrível para Cibele, ela odiava ser presa e ela não podia correr livre, se transformar, e mesmo assim, ela não se virou contra Tamlin, não lutou com ele, porque ela o amava tanto Cass, o amava como só uma irmã pode amar um irmão.
ㅡ Rhys contou. ㅡ Ele a ofereceu para Amarantha no dia do baile de máscaras, como se ela fosse um animal de estimação que precisava de disciplina. ㅡ Rhysand praticamente engasgou com a última frase, e quando os olhos de Cassian encontraram os do Grão Senhor, as íris roxas brilharam com uma raiva fria que Cassian podia sentir, quase tocar.

Cibele, a Lady da Corte da Primavera, irmã de Tamlin, presa, impedida de se transformar, de ser livre, dada como um animal vadio para Amarantha.

Tudo isso para que aquele pequeno Lorde Supremo da Corte da Primavera pudesse ter paz de espírito, porque ele a temia e em troca, ela apenas o amava.

O amava o suficiente para dar a vida por ele se precisasse.

A raiva encheu Cassian, e ele queria muito Tamlin destruído.

Ele a trancou, trancou aquele ser selvagem, indomado e livre.

Presa, em um lugar que deveria ser seu lar, e então aprisionada Sob a Montanha.

Outra prisão com um nome diferente.

E com torturas.

Rhysand ainda não tinha contado para Cassian, contado à ninguém do Círculo Íntimo, o que exatamente os dois passaram lá, mas cada um do Círculo tinha suas suspeitas, e nenhuma delas era boa.

Cassian balançou a cabeça, tentando sacudir os pensamentos da sua mente, tentando se agarrar à parte racional e calma de si.

ㅡ Ela não sabe como agir Cass, não verdadeiramente. Seus poderes são complicados, e há algumas coisas que ela me pediu segredo, mas há algo muito antigo dando poder à ela, e ficar presa por tanto tempo em uma forma tão primitiva...

A expressão de Rhysand explicava o suficiente, a energia drenando dele como um interruptor acionado, mas ele ainda continuou.

ㅡ Mudar de volta para a forma feérica levou horas. Depois, ela não foi verbal até chegarmos à Velaris. Presumo que levará algum tempo antes que ela seja capaz de agir como... agir como antes, se é que algum dia ela conseguirá. Então não, ela não sabe como agir, ela pode ser ameaçadora, raivosa e volátil. E ela precisa muito da nossa ajuda. Nossa paciência. E ela merece muito. Merece todo o nosso esforço. Ela merece tudo, Cassian.

Rhys olhou para baixo por um momento antes de encontrar os olhos de Cassian novamente, mas quando o fez, eles estavam sólidos mais uma vez.

Resoluto. Inabalável. Os olhos do Lorde Supremo, os olhos de alguém que se preocupava profundamente.

ㅡ Tenho certeza de que se ela ouvisse essas palavras, não ficaria nada satisfeita em ser mimada-

ㅡ Eu não estou falando sobre mimos, Cass. Estou falando sobre cuidar dela. Deixá-la saber quando ela está errada, mas não... não excluí-la. Ou trancá-la. Jamais trancá-la. ㅡ ele lançou um olhar penetrante para Cassian.

Você ... você quer que eu seja babá da lady da Corte da Primavera?
ㅡ Cassian deu uma olhada vacilante para Rhys. ㅡ A mesma lady da Corte da Primavera que ameaçou arrancar meus olhos?

Rhysand arriscou uma risada, e Cassian sabia que já estava preso.

ㅡ Eu acho que vocês dois poderiam... entender um ao outro. ㅡ Rhys estava sorrindo, mas a luz em seus olhos diminuiu um pouco quando ele disse as próximas palavras:

ㅡ Só não... não a encurrale. ㅡ Rhys fez uma pausa, um sorriso sombrio assumindo suas feições. ㅡ É quando as garras realmente saem.

E Cassian não queria pensar no que isso significava.

Cibele colocou a mão na cabeça enquanto ela latejava, gritos do feérico em seu pesadelo ainda ressoando em seu crânio como uma sinfonia doentia.

Ela não conseguia dormir mais que uma ou duas horas por noite.

E ela não tinha comido nem bebido ontem à noite depois que voltou para a Casa do Vento.

Ela nem tinha mostrado o rosto, algo escuro e zangado ainda fervendo sob sua pele com as palavras trocadas entre ela e o general.

Ilyriano idiota.

Cibele queria zombar, ele agiu como se pudesse ver através dela, como se pudesse realmente a ver.

Mas ele não sabia de nada. Nem uma maldita coisa.

E, no entanto, quando finalmente a garota se arrastou escada abaixo, bem depois do nascer do sol desta vez, ela não encontrou ninguém menos que Cassian parado ao pé da escada de seu quarto, esperando.

Novamente.

Cibele tentou segurar um grunhido para os mesmos olhos escaldantes e implacáveis ​​que encontraram os dela enquanto ela descia as escadas.

Se ele não fosse um amigo tão querido de Rhysand, ela o teria rasgado no dia anterior.

Cassian estava olhando para ela.

Cibele descobriu que odiava os olhos do general, ela descobriu que se sentia nua sob eles.

Garras empurraram às pontas dos dedos dela.

O desejo de sangue quase nublando sua mente.

Mas ao pensar em Rhysand, o paciente e gentil Rhysand, Cibele se conteve.

Se deteve.

A tensão deve ter ficado evidente em seu rosto, porque Cibele observou como Cassian parecia tentar se controlar, pelo que, ela não tinha certeza.

Talvez controlar aquela boca estúpida dele.

Cibele desceu às escadas, os olhos fixos nos dele, apesar da diferença significativa de altura.

Ela não seria pequena e frágil na frente dele, nem na frente de ninguém.

Nunca mais.

Um momento de pausa tensa, e então Cibele fez a única pergunta que pôde pensar para tornar as coisas menos estranhas do que já estavam.

ㅡ Rhysand está por aí?

Por favor, diga sim, por favor, diga sim, por favor. Cibele pediu em sua mente.

A expressão no rosto de Cassian não disse nada.

ㅡ Não. Tarde da noite passada ele partiu para a Cidade Escavada. Ele tem que fazer uma aparição, às vezes.

Cibele sentiu seu rosto cair.

ㅡ Eu queria te mostrar uma coisa. ㅡ a confusão deve ter aparecido, ou talvez o desinteresse, pois Cibele descobriu com um pouco de diversão perversa que o rosto do general começou a ficar vermelho. ㅡ Há uma biblioteca aqui. Na Casa do Vento. Você- ㅡ ele estava visivelmente segurando uma careta. ㅡ Você gostaria que eu mostrasse à você?

A última coisa que Cibele queria era ir em qualquer lugar com aquele ilyriano estúpido, mas ao pensar em estar em uma biblioteca novamente...

Cibele suspirou.

ㅡ Sim.

Cibele deu de ombros e poderia jurar que Cassian parecia aliviado, como se esperasse uma rejeição imediata dela.

Não havia dúvida de que sua oferta era obra de Rhysand, bem disfarçada e escondida em um lindo pacote. Muito parecida com o Lorde Supremo da Corte Noturna.

Bem, era justo.

Cibele não era cruel, embora seus instintos mais animalescos pudessem querer o fazer sofrer.

Se Cassian pudesse agir bem, Cibele faria uma tentativa também.

Por seu Rhysand.

E assim eles caminharam para onde ficava a biblioteca.

Cibele seguiu silenciosamente atrás de Cassian por alguns passos, contorcendo seus dedos. Ele não tentou puxar conversa. Muito menos ela.

Depois de alguns minutos eles estavam diante de duas portas de madeira altas e largas, elegantemente esculpidas.

Cibele deixou Cassian abrir lentamente a porta pesada e passou por ela enquanto ele a segurava aberta para ela.

O interior da biblioteca era lindo. E muito parecido com a biblioteca dela na Corte da Primavera. Só que muito maior.

Cibele sentiu seus joelhos vacilarem ao pensar em casa, não, aquela nunca foi sua casa.

Do chão ao teto, os livros ocupavam espaço, agrupados em uma coleção adorável e colorida, variando de volumes antigos e cheios de couro rasgando-se nas lombadas até novos e brilhantes, sem dúvida cheios de histórias e conhecimento fantásticos.

Já fazia muito tempo que Cibele não podia ler, cinquenta anos, e ela se sentiu preocupada se perguntando se ela lembraria de como fazê-lo.

E ainda, ao ver tudo aquilo...

Ela sentiu algo que pensou estar morto dentro dela acordar, um animal acordando da hibernação.

Cibele não hesitou, em ir direto até uma estante, selecionando o primeiro livro que despertou seu interesse, antes de se jogar em uma poltrona estofada aveludada perto da janela, a luz da manhã lentamente se derramando como mel.

Ela quase se esqueceu que Cassian estava lá quando abriu lentamente o livro.

Ah sim. Esse era outro prazer simples que ela havia esquecido tão facilmente em seu tempo Sob a Montanha, o cheiro das páginas antigas, a sensação da lombada de couro das encadernações sob seus dedos.

Cibele podia sentir seu coração se alegrar com a sensação.

Quando foi a última vez que ela havia lido de forma alegre?

Sem dúvida, em um canto apertado da biblioteca da Corte Primaveril na calada da noite, nada além de uma única vela e o sorriso sempre presente de Lucien para a fazer companhia.

Ele às vezes recitava as histórias para Cibele  quando ela ficava muito cansado para virar às páginas sozinha, mas muito ansiosa para ler o livro para ir para a cama.

Ela poderia ter passado horas ouvindo a voz dele, e uma vez o deixou corando ferozmente quando o disse isso.

Cibele foi tirada de sua memórias quando uma tábua do assoalho rangeu, seus instintos animalescos facilmente captando o som.

Ah sim. Ela estava sendo seguida por um morcego enorme, um que não confiava nem um pouco nela.

Mas Cibele olhou para ele de onde ele estava no canto. Calculando de novo, mas quase envergonhado.

Ele não conseguia encontrar o olhar dela, o general estava nervoso?

Uma parte de Cibele quase se sentiu mal por ele. Ela voltou seu olhar para as letras na página.

ㅡ Obrigada.

Cibele ficou quieta, mas sabia que ele ouviu o agradecimento.

Ele parou, por um momento, antes de dar o que parecia ser um pequeno sorriso, e lentamente se esgueirou até Cibele.

Ele parou na poltrona ao lado da dela, mas ainda não fez menção de se sentar.

ㅡ Suponho que também seja necessário um pedido de desculpas.
ㅡ ele desviou o olhar. ㅡ Não tive a intenção de antagonizar você ontem, na rua. Não é minha intenção fazer de você um inimigo, ou tornar sua vida aqui mais difícil. Peço desculpas se fiz isso. Não vou pedir que você aceite minhas desculpas, mas eu queria que você soubesse que sinto muito. De verdade.

Cibele teve que admitir que ficou um pouco chocada, Cassian, como ela, parecia ser teimoso, mas aqui estava ele, cedendo, se desculpando.

Ainda colocando a escolha nas mãos dela, a escolha de aceitar ou não seu pedido de desculpas.

Rhysand havia dito algo para ele? O que o fez mudar sua opinião?

Enquanto ele estava lá, as mãos enfiadas nos bolsos, os olhos agora encontrando os de Cibele com sinceridade brilhando neles, a resposta parecia simples.

Mas ainda era embaraçoso admitir.

ㅡ Eu aceito suas desculpas. E... eu gostaria de me desculpar também.
ㅡ se Cassian fosse um cachorro, suas orelhas teriam se aguçado. Cibele respirou fundo, lutando para falar, lutando contra seus instintos que a diziam para não se desculpar, achando difícil encontrar aqueles olhos penetrantes enquanto ele a olhava. ㅡ Eu também não deveria ter dito o que disse, não foi certo dizer aquilo para um amigo de Rhys.

Cassian quase parecia querer rir e Cibele lutou contra o rubor que sentiu queimando suas bochechas pálidas.

Ela sempre odiou se desculpar.

ㅡ Eu gostaria de pedir para que você não faça mais ameaças contra meus olhos, ou qualquer parte de mim, na verdade. ㅡ Cassian abriu um sorriso genuíno, um sorriso torto e bobo, que encheu Cibele de algo que ela não conseguia reconhecer, algo que ela nunca sentiu.

Isso a fez sorrir levemente um sorriso pequeno, mas verdadeiro.

Lentamente, muito lentamente e parecendo chocado, Cassian começou a retribuir o sorriso com um sorriso brilhante e sincero.

ㅡ Vou tentar. ㅡ ela disse enquanto o sorriso morria. ㅡ O que fez você me trazer aqui?

Nem mesmo Rhysand sabia totalmente de seu interesse por livros, seu amor pelo santuário que era uma biblioteca.

E Cassian a trouxe alí.

ㅡ Rhys me disse para encontrar um lugar silencioso para você. Porque você gosta do silêncio. E aqui é silencioso, mas ainda assim claro, eu pensei... pensei que você gostaria daqui.

Seus olhos se afastaram por um momento, mas brilharam nos de Cibele novamente.

Ele sorriu novamente e Cibele fez um esforço consciente para retribuí-lo.

Ela não contou à ele sobre a biblioteca na Corte Primaveril, ou às longas noites que ela passou lá, tentando desesperadamente encontrar o mundo perfeito, um lugar em sua mente onde ela pudesse se afastar, um lugar onde ela pudesse desaparecer por conta própria, um lugar onde ela poderia ser livre e feliz, jamais uma prisioneira.

Ela não contou à Cassian sobre a voz de leitura de Lucien, ou a maneira como ela sentia falta da maneira como ele dizia às palavras. Como ela sentia falta da voz dele e de seu abraço.

Ela não trouxe uma grama da Corte Primaveril alí.

Aquele era um santuário seguro.

Este era o santuário seguro dela.

Cibele não poderia arruinar isso, para ela ou... ou para Cassian.

Cibele havia sorrido naquela manhã.

E foi o suficiente.





I. Oie pessoas. O que acharam do capítulo? Gostaram?

II. Fiz um pouquinho do ponto de vista do Cassian, espero que vocês tenham gostado disso.

III. O Rhysand colocando o Cassian pra cuidar da Cibele depois dela ameaçar arrancar os olhos dele: 'essa vai ser minha maior vigarice'. Amo que o Rhysand tá facilitando pro casal acontecer e ele nem sabe de nada ainda.

IV. Por hoje é só, mas nós nos vemos em breve.
Bye

17.11.2023
Duda.

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