Capítulo 02

– Áurea? – perguntou o anão ao ver a garota – O que faz aqui? Pensei que estava com os centauros e os outros.

– Tive um sonho e precisei vir o mais depressa possível – comentou a garota – Tudo começou.

– Exatamente como disse? – questionou o anão novamente.

– Ao que tudo indica – deu de ombros.

A loira não sabia muito bem, mas numa noite enquanto colhia algo na floresta pode ouvir o barulho de uma trompa soando. Como sabia de muitas histórias sobre Nárnia e o que aquele objeto significava, graças ao tutor de Caspian, Áurea não perdeu tempo e foi caminhando até onde suas visões apontavam: a antiga ruína onde um dia foi Cair Paravel, o lar dos grandes reis e rainhas da era de ouro de Nárnia.

– Creio que não fomos apresentados direito – disse a garota que parecia ser a mais nova – Sou Lúcia Pevensie.

– Encantada majestade – respondeu fazendo uma referência com a cabeça.

– Me chamo Susana, esses são meus irmãos Pedro e Edmundo – disse a outra menina que era mais velha que Lúcia.

A loira se curvou sorridente olhando para os quatro irmãos, de fato pareciam que em outras épocas foram grandes reis e rainhas como nas histórias.

– Posso levá-los até onde os outros narnianos estão reunidos se quiserem – disse Áurea – Não levará muito tempo se partirmos agora.

– Íamos comer essa carne, não está com fome? Parece abatida – perguntou o anão.

Antes que ela pudesse responder, o estômago dela roncou deixando-a envergonhada.

– Um pouco talvez – respondeu abaixando a cabeça.

⟅⛥⟆

Depois de comerem, Áurea tinha consigo alguns bolinhos e frutas nos bolsos repartindo entre os demais, começaram a andar seguindo Pedro, pois segundo o mais velho, sabia onde estava indo.

Mesmo que isso resultasse em se perderem no caminho algumas vezes.

– Eu não estou perdido – falou ao ver que chegaram em um desfiladeiro.

– Não, só está indo para o lado errado – disse o anão.

– Sabe que o caminho mais rápido é pelo rio Veloz. Vamos.

Quando todos deram meia volta, Lúcia olhava para um ponto do outro lado da floresta e sorriu.

– Aslan? ASLAN! Ele está ali! – falou para os outros mas quando virou para olhar ao mesmo local seu sorriso sumiu – Ele está...ali.

– Onde Lu? – perguntou Susana.

– Do outro lado, eu vi ele.

– E por que não vimos? – perguntou Pedro.

– Talvez não estivessem olhando.

– Pode haver outros leões na floresta – comentou o mais velho ainda descrente com a irmã caçula.

– Reconheço o Aslan quando o vejo – disse a menor.

– Eu acredito nela – se manifestou Áurea – Se há leões aqui, por que um deles não ser justamente o Aslan? Podíamos ao menos tentar.

– Na última vez que não acreditei na Lúcia, acabei fazendo muita bobagem depois – comentou Edmundo.

Mas Pedro foi irredutível, voltou a seguir o caminho sendo acompanhado de Susana e o anão enquanto a mais nova dos Pevensie ficou com os olhos cheios de água. Áurea trocou um rápido olhar com Edmundo antes de se dirigir a Lúcia.

– Não perca a esperança majestade, verá que mais cedo ou mais tarde seus irmãos te darão razão.

– Acha mesmo?

– Com certeza – sorriu fazendo carinho nos cabelos da menor.

Lúcia assentiu e voltou a andar, Áurea andava um pouco mais atrás enquanto Edmundo andava ao seu lado.

– Foi legal o que fez pela Lúcia, mesmo não conhecendo-a direito. Alguns outros a achariam louca.

– Mulheres tem que apoiar mulheres majestade, e mesmo assim, o que impede de ser realmente Aslan? Absolutamente nada.

– Pode me chamar somente de Edmundo, na verdade pode chamar todos pelo nome se depender de mim, Lúcia e Susana, só não sei Pedro – falou o nome do mais velho fazendo uma careta e arrancando um sorriso de Áurea.

– Tudo bem, chamarei-os pelo nome se assim desejar.

– Como chegou aos narnianos?

– Eu fugi do castelo por algumas razões pessoais, Miraz não gosta muito de mim então fui dada como morta apenas por entrar na floresta – explicou a loira – Mas já sonhava com Nárnia e o seu povo alguns anos, acho que desde que era pequena. Encontrei os narnianos e após explicar a eles, me acolheram.

– E então sabia como éramos? Você nos encontrou toda sorridente.

– Eu vi vocês uma vez num sonho.

Edmundo olhou de soslaio para ela e viu que Áurea estava sorrindo de forma brilhante, diria até contente.

– Sonhou conosco?

– Quase todas as noites.

– E foi bom?

– Diria que foi mágico.

– Já sonhou com Aslan? – Lúcia perguntou se juntando a conversa.

– Uma ou duas vezes, quando não o vejo apenas ouço sua voz.

– Você disse que fugiu por razões pessoais, pode dizer quais eram? – perguntou a menor.

– Não seja indelicada Lu – falou Edmundo.

– Está tudo bem. Fugi porque queriam me casar e isso não está nos meus planos agora, só tenho 15 anos.

– E isso é tão ruim? Não era um príncipe ou pelo menos alguém respeitável? – perguntou Lúcia, lembrou vagamente na época que governava Nárnia em que o conselho queriam casar ela e Susana para fazerem alianças políticas, obviamente as Pevensies recusaram.

– Não, Miraz estava me arranjando um pretendente que tinha idade para ser meu tio – Áurea fez uma careta – Eu com 15 anos tendo que me casar enquanto Caspian com 18 podendo ficar solteiro, sem condições. Se for casar, quero que seja com quem eu escolher e quando eu me sentir pronta.

– Não está errada, você deve se sentir pronta para um passo tão importante – comentou a pequena.

– Sim, e creio que o mundo é tão grande para eu não explorar devidamente. Não terei essa oportunidade casada na sociedade que vivemos, isso pode esperar – comentou Dellavita engajando em um assunto de mulheres e suas "obrigações" deixando Edmundo de lado.

Ele resolveu apenas deixar as duas conversando, sabia que não tinha um lugar de fala ali, ficando apenas a observar sua irmã e Áurea.

Especialmente a última dita.

– Abaixem! – falou o anão repreendendo as duas ao verem que estavam próximas a uma construção que os telmarinos faziam no rio.

Áurea viu que se tratava de uma ponte e que alguns lordes que não gostavam dela estavam ali, tendo a brilhante ideia de os assustarem.

– Áurea! Vamos – Susana a chamou baixinho e ela notou que os outros já estavam voltando a floresta, provavelmente dariam meia volta ou fariam a mesma trilha novamente.

Ela foi até onde eles estavam preparando seu arco e flecha mais silenciosa possível.

– O que está fazendo? – Pedro questionou ao vê-la apontar para o alto.

– Não se preocupe majestade – Dellavita comentou puxando a corda até as bochechas e mirando de forma que a flecha caísse no meio da construção – Apenas alimentando a mente desses homens que os bosques são assombrados. Observem.

Ao soltar a flecha, ela foi para cima e caiu depois de um curto período de tempo no meio da ponte que era construída aterrorizando os trabalhadores, palavras como "espíritos", "maldições" e outras coisas eram berradas pelos homens deixando-os em pânico até um dos generais botar ordem novamente.

– Não entrarão no bosque por um tempo – a loira sorriu satisfeita consigo mesma antes de voltar a andar para a floresta.

As feições dos antigos monarcas eram distintas, enquanto Pedro avaliava aquilo com uma pontada de raiva, Susana estava com medo do que aquela ação poderia causar, já Lúcia achou engraçado ao ver homens com medo de uma simples flecha "amaldiçoada" e Edmundo se encontrava encantado com a atitude de Áurea.

⟅⛥⟆

Nota da autora: Oi pessoal, tudo bem com vocês?

O que estão achando? Será que alguém vai se apaixonar pela Áurea? Fiquem de olho.

Até o próximo!

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