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— Sente-se — disse o capitão Kennedy assim que chegamos à uma pequena sala.
Eu sabia que aquela não era a sala de testemunhas e inocentes, e sim uma para interrogatório. E eu tinha certeza que os outros oficiais estavam do outro lado da tela preta, prontos para escutarem meu interrogatório.
— Então... quer me falar sobre isso? — Ele disse e sem esperar minha resposta, reproduzido o áudio em que eu e Ashley tivemos uma discussão.
Ele não me fez ouvir o áudio inteiro, afinal, todos ali já sabiam do que se tratava e estava claro que éramos eu e ela, nomes foram citados e até mesmo alguns assuntos pessoais, não tinha como negar.
—Eu achei que tivesse apagado isso... —Hesitei ao falar. Se não fosse exagero diria que minhas pernas tremiam feito duas cordas bambas.
— Vamos lá, Srta! Somos da polícia, isso aqui não é brincadeira, ou você achou que não saberíamos disso? — Ele esperava uma resposta, e como nada foi dito, resolver continuar — Assumir sua participação nesse roubo pode aliviar o lado do seu namorado, e até mesmo o seu, então nos diga de uma vez, Lauren, você ajudou Shawn Mendes com esses roubos?
— Não! —Minha resposta foi imediata e um tanto agressiva.
— Por que está tão na defensiva?
— Porque eu sabia o que estava acontecendo... mas não fiz nada à respeito. — As respostas saíam automaticamente da minha boca e aquilo não era um bom sinal, eu estava bem mais nervosa do que o normal.
— Então, a srta confessa ter conhecimento do roubo, mas diz que não tem participação... tudo aqui está caminhando contra você, por que deveríamos acreditar no que diz?
— Talvez devessem perguntar à quem entregou o áudio para vocês!
Ele soltou uma risada tensa, era óbvio que estava perdendo a paciência.
— Estava no seu tablet, salvo nas suas contas. Agora me responda, por que deveríamos acreditar em você?
Não sabia se era a hora certa, mas talvez minha desculpa livrasse eu e até mesmo Shawn de uns belos anos na cadeia.
— Não faz sentido eu roubar o meu próprio dinheiro — Kennedy e um de seus detetives se entreolharam — Caso não saibam, Manuel passou tudo para mim. Ele me fez assinar um papel alegando que era uma promoção, depois Shawn acabou descobrindo que aquilo tudo é meu, eu seria uma idiota se tentasse arrancar meu próprio dinheiro de mim mesma.
— Então você tem motivos o suficiente para querer Manuel morto de uma vez, não é?
— Ele está com doença terminal, é uma coisa genética, não teria como ser minha culpa. E além disso, não cabe à mim decidir o destino de ninguém.
Kennedy continuou com os olhares para o outro detetive, enquanto o rapaz apenas assentia com a cabeça eu estava torcendo para que aquele fosse um código que dizia "ela é inocente", mas que não queria que eu percebesse.
— Temos que contatar os oficiais de Portugal, preciso saber de tudo sobre Manuel Mendes e essa sua doença repentina... agora me diga, o que ele vai deixar para a ex-mulher e os filhos?
— Nada. E é por isso que a minha prima louca está atras de mim e caso eu não tenha mencionado ela tentou me matar.
Ele trocou olhares com um de seus oficiais, me deixando cada vez mais nervosa.
— Então ela tem motivos para querer roubar dinheiro da empresa. Deve ter se achado excluída e por isso quer vingança. Você conhece alguém que possa estar ajudando sua prima?
— Não, nem os pais dela ajudariam.
— É tudo questão de vingança?
Fiquei um pouco surpresa com tamanha lerdeza, aquilo era praticamente o que Ashley havia confessado no áudio, como ele poderia ter dúvidas?
— Acho que isso é basicamente o que eu tentei dizer desde o momento em que pisei aqui — Respondi.
— O fato de ter sido abandonada pela mãe deve ter feito com que ela sentisse raiva dos irmãos, afinal, eles foram aceitos e tiveram uma vida boa.
Considerando meus mínimos conhecimentos na área, eu tinha a certeza de que ele não podia falar nada daquilo na minha frente, mas já que tinha dito, comecei a entrar na onda.
— Vocês deveriam ir atrás dela — Sugeri - quero dizer, eu conheço a prima que tenho, ela pode ser muito intensa as vezes. Para alguém que teve coragem de disparar uma arma no mesmo ambiente que duas crianças inocentes, não seria nada difícil armar para me deixar apodrecer na cadeia, principalmente depois que ela descobriu que eu herdei tudo o que ela pensa que é dela por direito.
— O que quer dizer com "ela pensa"?
Teria que tomar cuidado para não citar partes importantes da conversa que tive com Karen. Qualquer descuido faria com que o destino daquelas crianças mudasse completamente. Não me importava o que Karen tinha feito, mesmo eu tendo a absoluta certeza de que ela estava envolvida com Ashley, não podia abrir minha a boca.
— Tive uma conversa com a Karen e ela mencionou que Ashley não é filha de Manuel, por isso ele não a quis.
— Acontece que o Sr Mendes não estará vivo para um futuro teste de DNA, e se usarmos o DNA dos filhos, o teste dará positivo. Você está me dizendo que ela está forjando testes de DNA para parecer que é filha de Manuel?
— Uma coisa me deixa com um pé atrás - disse um dos oficiais de Kennedy — Se você não gosta do Manuel, por que ele deixaria tudo para você mesmo que ainda tenha dois filhos legítimos?
— Eu não gosto dele e também não quero nada disso.
— Então por que assinou? — Ambos estavam muito desconfiados, eu tinha que dizer alguma coisa que tirasse a atenção do assunto herança.
— Ele me enganou, eu achei que estava assinando uma cópia do contrato de promoção, já te disse isso. Mas nós conversamos dias depois — Menti — Ele fez isso pensando em seus netos.
— Manuel Mendes não tem netos.
— Bom... eles apenas não nasceram ainda — Falei.
— Oh, espere um segundo — Disse Kennedy, levando alguns oficiais para fora da sala e deixando apenas um para ficar de olho em mim.
Eu não conseguia ouvir a conversa deles, mas sabia que estava me complicando mais ainda com essa história de fingir que estava grávida, Shawn não sabia de nada disso e caso fosse questionado com certeza desmentiria tudo. Mas na minha cabeça era a coisa certa a se fazer, afinal, nós ainda estávamos juntos e não faria sentido Shawn roubar algo que era dos próprios "filhos".
— A Srta quer um copo de água?
Pensei bem antes de responder.
Estava morrendo de sede, mas eles veriam minhas mãos tremerem caso eu as tirasse debaixo da mesa e perceberiam o quão nervosa estava, já sabia que Kennedy e seus homens estavam do outro lado da sala, provavelmente me observando e ouvindo pela janela. Eu não conseguia vê-los, mas sabia que estavam lá.
— Libere-a! — A voz de Kennedy quase me fez saltar da cadeira quando soou pelo microfone.
— Vamos? — Disse o oficial enquanto me levava até a porta — Acho que seu bebê acaba de te livrar de mais perguntas.
— De qualquer forma, eu não fiz nada. Só quero ir para casa.
— Eu te levo.
— Não, eu sei o caminho até a minha própria casa, não quero chegar em casa no carro da polícia e chamar mais atenção — Respondi enquanto saía rápido de perto daqueles policiais.
Assim que me retirei totalmente do departamento, me certifiquei de que não estava sendo seguida por um oficial ou até mesmo uma viatura, eu não iria para casa e qualquer movimento que eu desse seria totalmente suspeito e chamaria a atenção novamente para mim.
Fiz meu caminho até a casa de Aaron e apesar de não ser tão perto do departamento, ainda era um atalho seguro, e caminhando rápido consegui chegar antes do previsto.
Ao chegar no local, Aaron demorou para abrir a porta e aquilo acabou me deixando um pouco desesperada.
— Até que enfim — Resmunguei enquanto praticamente invadia a casa.
— Lauren, são dez horas da noite, o que está fazendo aqui?
Eu provavelmente tinha acordado-o e tudo só começou a ficar mais embaraçoso quando percebi que Kayla estava lá.
— Me desculpe, eu não sabia que vocês... tinham evoluído tanto assim — Falei, um pouco sem jeito.
— Vamos pular esse assunto e ir direto para a parte que você me explica o que está fazendo aqui à essa hora. Não que eu tenha me incomodado, mas é estranho, você nunca vem aqui.
— Acho que fiz a maior besteira da minha vida... eu menti para a polícia.
Aaron riu fraco. Pareceu aliviado, afinal, pessoas mentiam para a polícia o tempo todo e não era um problema, à não ser que eles descobrissem.
— Eu também menti, não sei se você consegue se lembrar, mas eu disse à eles que não sabia absolutamente nada sobre os roubos.
— Não é isso. Eu disse que estou grávida.
— Estava demorando...
Kayla revira os olhos.
— Ela não está grávida de verdade, mentiu para a polícia e por isso está desesperada - pelo seu tom, pude perceber que ela não estava muito feliz com a minha visita repentina. Bom, se eu soubesse que ela estaria lá, jamais teria aparecido tão tarde.
— Shawn já está sabendo disso?
— Provavelmente não. Mas é questão de horas para espalharem isso por aí.
— Agora você não pode desmentir, principalmente se isso te ajudou a escapar de um interrogatório maior ou te livrou de qualquer acusação.
— E eu não vou poder contar a verdade à ele, isso precisa ser real, ele precisa acreditar que é real para passar à diante.
— E depois? Quero dizer, quando ele sair de lá e tudo estiver bem, como você vai fazer? Pelo que eu posso perceber ele gosta de crianças e seria péssimo se a notícia da gravidez o deixasse feliz, desiludi-lo seria um problema — Aaron alertou.
— Eu ainda não sei, preciso torcer para que ele odeie a ideia de ter filhos. Até lá eu penso em alguma coisa.
Eles não mostraram ter gostado do plano, mas aquilo tinha me livrado de sujar a minha ficha e limparia metade da do Shawn, eu tinha que fazer algo.
— Lauren... isso foi uma péssima ideia, você sabe disso. Eu não sei como eles não pediram que você fizesse um exame para provar que estava falando a verdade. —Kayla disse enquanto balançava a cabeça em sinal de reprovação.
— Estamos falando dos "netos" de Manuel Mendes, eles nunca me fariam passar por isso.
— Se algo der errado, essa mentira vai levar os dois para a cadeia, então, como sua amiga, eu sugiro que pense em outra coisa ou arrume um jeito de escapar dessa. Só não engravide de verdade por causa dessa história, por favor.
— Kayla, não sou tão baixa assim. E se eu quisesse isso já teria acontecido, várias e várias vezes.
— É que as vezes você não tem juízo. Mas agora precisa dar um jeito nessa situação.
— Não se preocupe, farei isso.
[...]
Uma semana depois do interrogatório tinha se passado e eu ainda estava sem notícias de Shawn.
E durante essa semana todos os dias eu acordava com a cabeça à mil, além das preocupações comigo e com Shawn, Manuel tinha me ligado no fim de semana e me recordado que alguém teria que continuar na empresa, o que era mais uma preocupação porque a empresa não podia parar e estava funcionando há quase um mês sem minha presença ou a presença de um chefe. E como se não bastasse tudo o que estava acontecendo, ainda tinha que lidar com o rosto de Ashley em todos os jornais e noticiários. Meu depoimento da semana anterior fez com que a polícia reforçasse a busca, ainda mais quando uma mulher afirmou ter visto-a em New York roubando uma criança, o que eu achava totalmente improvável, Ashley odiava qualquer ser vivo que tivesse menos de vinte e um anos, não teria motivos plausíveis para pegar uma criança, pois isso exigia cuidados especiais e era um certo trabalho do qual Ashley sempre fugiu. No fim, a polícia acabou por descobrir que a senhora apenas estava tentando chamar atenção.
Sem mais enrolações, me arrumei e tomei meu caminho para a empresa, e chegando lá, não gostei muito do que vi. Por um momento agradeci aos céus por Aaron e Kayla existirem, conseguiram manter quase tudo sob controle na ausência de Shawn, mas eu realmente não sabia como lidar com tantas tarefas, e tudo só ficava mais difícil quando eu me lembrava que não tinha estudado para administrar absolutamente nada, e exatamente por isso, passei a tarde inteira perdida em meio à papéis e acabei não percebendo a hora passar.
— Ei, chefe, viu o noticiário? — Aaron diz ao entrar na minha sala.
— Não me chame assim. O que aconteceu?
— Você vai gostar de saber disso... vão soltar o Shawn ainda hoje.
Senti meu coração congelar. Não conseguia acreditar que depois de dias teria uma boa notícia.
— Mas o motivo não é lá um dos melhores. Manuel faleceu nessa madrugada.
Poderia ser egoísta da minha parte, mas eu não estava me importando com Manuel.
— Aaliyah deve estar preparando uma playlist latina nesse exato momento. Gostaria de me sentir mal por isso, mas não consigo.
— A única coisa que eu estou me importando nesse momento é o luto. A empresa terá que dar uma pausa de pelo menos dois dias, por Manuel — Aaron disse.
Embora ele não merecesse piedade dos funcionários, Aaron estava certo, aquele era o império que ele tinha construído. Shawn não se importava com ele de fato, mas não deixaria passar em branco. O sentimento era mínimo, mas era o bastante para saber que lidaria com o funeral, já que o único objetivo de Aaliyah era dançar em seu túmulo.
— Mandarei um e-mail para todos os funcionários, avisando desse evento maravilhoso.
— Oh, tem outro detalhe... ninguém da família do Manuel quer cuidar da cerimônia. Estão transferindo ele para cá.
— Você acha que meus filhos imaginários sentirão vergonha quando eu disser que a mãe deles não deu um funeral digno para o avô deles? — Perguntei.
— Com certeza.
— Certo, vou falar com Shawn quando ele voltar.
Eu deveria estar me sentindo mal, mas ainda não conseguia. Manuel não era um homem bom e sequer se arrependia de tudo o que havia feito, como tirar Ashley de Karen, ou coisas piores como assassinar os pais de Cameron.
No momento eu não era a maior fã de Cameron Dallas, mas entendia que família era algo sagrado, e que no meu caso era o bem mais valioso e o que nos mantém de pé e era exatamente por isso que eu protegia Nash a qualquer custo. Por um lado era fácil entender Ashley, Sierra, Cameron e Shawn, mas por outro lado achei que Manuel merecia uma cerimônia de rei, afinal, eu estava rica por causa dele.
Tudo que eu conseguia pensar era que poderia ver o Shawn novamente, depois de muito tempo.
— Acredita que eu já imaginava que sobraria para mim? Mas enquanto isso, você consegue me ajudar a espalhar a notícia de que vamos encerrar as atividades mais cedo hoje? Preciso fazer muitas coisas e não vai dar para deixar isso aqui sozinho, e também não posso te pedir para me ajudar mais do que já vem me ajudando nesses últimos dias.
— Você é quem manda, chefe — Aaron exagerou bastante em seu sotaque.
— Me chama assim de novo e eu te despeço.
Encerrei meu trabalho um pouco antes dos outros funcionários, pois precisava ligar para a funerária e reservar um horário para visita. Também pedi para que a faxineira de Shawn desse uma passada na casa. Depois de tanto tempo dormindo em um lugar tão horrível e desconfortável, seria bom ter sua casa e comer uma boa comida outra vez, mesmo que fosse por pouco tempo.
••
— Lauren? — Nash me chamou enquanto batia na porta do quarto — Chegou uma carta para você.
Abri a porta e peguei o papel da sua mão.
Não dizia o remetente e eu também não reconhecia a letra de quem havia mandado.
Sabia que não era de Shawn, nem mesmo de Ashley. Então pouco me importava.
— Obrigada — Respondi — Nash, me desculpe não estar sendo tão atenciosa com você nesses últimos dias. Minha vida está um caos e eu não faço ideia de como começar a arrumá-la.
Ele riu do meu desespero.
— Não tem problema. Mas você pode começar conversando com o Shawn... ele chegou enquanto você estava no banho e está te esperando lá embaixo.
— O QUÊ?
Meu coração disparou de uma forma que eu jamais conseguiria explicar. Tudo o que eu queria no momento era correr direto para os seus braços.
— Eu vou sair para deixar vocês conversarem mais à vontade e provavelmente não voltarei hoje, então, se cuida — ele me deu um beijo na bochecha e logo saiu.
Larguei a carta em qualquer lugar e procurei me vestir rápido. Eu não sabia quando ele ia voltar para aquele lugar, então teria que aproveitar cada segundo ao lado dele.
Assim que terminei de me arrumar, desci as escadas lentamente, meu corpo queria ir correndo para abraçá-lo, mas ao mesmo tempo hesitava. Tinha ficado dias sem vê-lo, e tinha medo do que poderia ver ali. Parecia besteira, porém, eu jamais estivera em uma prisão, não conseguia imaginar o que ele tinha passado lá dentro, e certas situações conseguem mudar as pessoas de um dia para o outro.
Quando percebeu minha presença, virou o rosto em minha direção e me recebeu com um enorme sorriso.
— Quer que eu vá até você ou prefere ficar me admirando de longe? — ele perguntou sorrindo. Me fez perceber que eu realmente estava admirando por tempo demais.
Tomei coragem e corri para abraçá-lo. Aquilo me confortou de uma forma inexplicável, estar dentro de seu abraço novamente era a melhor sensação do mundo.
— Lauren... não precisa me apertar tanto, não vou à lugar algum.
Não sabia se ria ou se chorava, ou se fazia os dois ao mesmo tempo.
— Eu nem sei o que te falar... não quero que volte para aquele lugar — Falei.
— Até que eu gostei de lá — ele respondeu tentando me fazer rir — Mas não estou com planos de voltar. Você sabe, ficar aqui é melhor.
— Você não vai voltar?
— Não. A fiança está paga e alguma coisa que você disse ajudou a diminuir a pena que eu deveria cumprir, ficou mais fácil para a advogada, seja lá o que for, eu só tenho à te agradecer.
Achei melhor deixar para contar depois, com certeza eu contaria, mas ele estava muito feliz e eu não ia tirar isso dele.
— Você pode me agradecer depois, porque eu preciso me desculpar com você por aquele dia... eu não acredito que fui tão estúpida.
— Eu também tive culpa... mas isso já era, acabou, tudo o que eu quero agora é passar um tempo com você. E só depois vemos o que podemos fazer com a empresa e o caso do meu pai.
— Tem algo que eu possa fazer por você? Sei que passar esse tempo lá não deve ter sido fácil e... — ele me interrompeu com um beijo. Mais uma coisa que eu sentia falta.
— Acho que você já fez muito por mim, desde o dia em que me conheceu. Obrigado — ele disse antes de me beijar novamente.
Ele estava diferente, mas de um jeito bom. Com certeza ficar esse tempo todo lá deve tê-lo ajudado a dar mais valor para a vida do lado de fora.
— Na verdade, tem uma coisa que você pode fazer por mim — ele disse sorrindo.
— O quê?
— Pedir uma pizza. Quando dizem que comida de cadeia é ruim, não estão brincando.
Pedi a pizza e ficamos conversando sobre a situação de Shawn até que ela chegasse. Depois disso, Shawn não demorou muito para pegar no sono, parecia estar muito cansado, e era de se esperar, já que ele estava acostumado a dormir em camas luxuosas e onde ele estava era milagre se a cama tivesse um colchão decente. E como ele acabou usando todo o espaço da cama, achei melhor dormir no quarto de Nash, já que ele voltaria para casa apenas dia seguinte, assim dava para deixá-lo ter uma boa noite de sono, afinal, ele ia precisar para acordar disposto no dia seguinte, o que não seria meu caso.
A cama de Nash ainda era muito esquisita para mim, provavelmente eu não conseguiria dormir tão cedo e o fato de estar novamente perto de Shawn fazia meu corpo querer ficar acordado, para ter a certeza de que aquilo não era outro sonho maluco e que para ter a certeza de que pela manhã Shawn realmente estaria ali.
Fugi dos meus pensamentos quando escutei um barulho de objetos caindo no chão do meu quarto, por mais que soubesse que não tinha ninguém ali além de nós dois, tinha que checar, nosso histórico não era um dos melhores e muitas pessoas não gostavam de Shawn, era melhor ter a certeza de que realmente não havia ninguém ali.
Fui devagar, tentando não fazer barulho, parecia que quanto mais eu tentava ser quieta, mais barulho fazia. Tive que ignorar e continuar, então abri a porta devagar e pude ver que Shawn ainda dormia, um sono ainda mais pesado do que antes. Ele estava totalmente esparramado na cama e uma de suas mãos estava apoiada na mesa de cabeceira, meus objetos que antes estavam ali caíram todos no chão. Fiquei aliviada em saber que o barulho tinha vindo dele e não de outro lugar.
Juntei todas as minhas coisas e coloquei em cima da minha escrivaninha, antes de sair do quarto dei uma última olhada no chão para ver se não tinha deixado nada, o piso estava completamente limpo, exceto por uma coisa, a carta que tinha recebido mais cedo estava debaixo da cama, conseguia ver apenas a parte que estava o selo.
— Em pleno século 21 e ainda existe gente que manda carta? — Falei para mim mesma, antes de abaixar para pegá-la.
Eu realmente não tinha nada melhor para fazer, Shawn estava dormindo, Nash não estava em casa e em seu quarto não tinha nada além de videogames que provavelmente eu não aprenderia jogar por falta de interesse, a melhor coisa a ser feita era ler a carta, talvez ela pudesse me dar um pouco de sono, então eu abri.
Sem data, sem remetente, apenas o destinatário.
" Olá, Lauren. Quanto tempo, não?
Na verdade, não sei ao certo quanto tempo faz que nós não nos falamos, mas sei que se voce está lendo essa carta agora, provavelmente eu já estou morto e você deve estar muito feliz por isso.
Mas eu quero ir direto ao ponto, você deve ter se perguntado qual o motivo de eu ter deixado absolutamente todos os meus bens para você, e aqui estou para explicar a coisa mais simples:
Eu confiei em você, e você não me desapontou. Mesmo sabendo que eu tive que fazer com que você me odiasse, mas tenho que te parabenizar, pois você passou em todos os testes.
É isso mesmo, eu nunca tive interesse algum em você, nunca quis que você fosse algo além de namorada do meu filho, e me sinto mal por ter te testar de uma maneira tão horrível, mas eu tive que ter a certeza de que você não era como eu pensava, não é gananciosa como Aaliyah e Shawn, ou até a sua prima que nesse momento eu não me lembro o nome, mas vamos direto aos pedidos de desculpa.
1: Me desculpa por ter te assediado verbalmente muitas vezes. Eu realmente me sinto mal por ter feito aquelas propostas ridículas, mas infelizmente foram essas propostas que me fizeram enxergar o quão podres eram as pessoas que se aproximavam do meu filho por interesse, e você se destacou, pois não era uma delas. Tinha passado no meu teste.
2: Me perdoe por ter que fazer sua mãe mentir, ela já sabia de tudo. Desde o dia em que vocês e meu filho começaram a sair juntos, ela já sabia.
3: Me desculpe por ter que fazer Karen mentir para você também. Ela já sabia de tudo, sabia que no fim eu deixaria tudo para você e concordou.
E por último, me desculpe por ser um idiota em vida, você sempre foi justa com todos e me doeu ter que fazer tudo dessa maneira, mas só assim para saber que eu estava entregando tudo nas mãos da pessoa certa. Enfim, tem outras coisas que Shawn ainda terá tempo de te contar.
Não sou muito bom com despedidas, mas acho que não tinha jeito melhor de fazer isso. Cuide de tudo muito bem e tenha uma ótima vida.
P.S: Um dia eu pensei que você era a filha perfeita, aquela que eu sempre quis ter. Mas acho que o seu destino é outro e estou muito feliz por você ter passado pela vida do meu filho. Espero que planeje ficar nela.
Com todo carinho, Manuel Mendes"
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Olá, gente, esse capítulo foi mais para esclarecer o ponto de vista do Manuel, e eu realmente precisava tirar o Shawn da cadeia, amém? Amém!
Vou tentar postar o próximo o mais rápido possível, e espero que vocês entendam que esse capítulo foi essencial, principalmente pra Lauren ( por mais que pra gente tenha sido entediante kkkkkkk ) enfim, até o próximo, amo vcs e obrigada por estarem aqui me apoiando, amo vcs ❤️
Ah, e leiam minha nova fanfic "Protect Me" ela também é com o Shawn e está ficando muito boa, como ainda não plagiaram ainda tenho MUITAS ideias e ela vai ficar tão boa quanto The Boss, ou até melhor, prometo 🙏🏻 qualquer erro eu edito depois.
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