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— Lê isso de novo... deve ter algo errado.

— Eu entendi perfeitamente o que está escrito aqui, Lauren.

— De onde ele tirou isso? Eu não quero nada vindo dele, ainda mais agora que sei que as empresas custaram a vida de dois inocentes.

— Você disse que tinha lido tudo, então sabia o que estava assinando.

Busquei em minha memória e quando me lembrei que não tinha lido tudo, meu coração acelerou. Ele poderia ter conseguido qualquer coisa com o meu descuido, qualquer coisa. Mas isso era demais.

— Me enganei. Ele me chamou depois de eu ter passado pela porta e disse que tinha mais duas coisas para assinar... Eu disse à ele "Você disse três vias" e ele me respondeu algo do tipo "Você entendeu errado, são cinco" então eu voltei e assinei as que faltavam, ele não me queria mais lá dentro, estava me expulsando. Isso foi tudo o que eu fiz quando estava na casa dele.

Eu não queria que Shawn pensasse que aquela tinha sido minha intenção desde quando o conheci. Não queria que as coisas com Aaliyah desandassem.

— Isso é apenas se ele morrer, não é? — Perguntei.

Shawn estava visivelmente nervoso.

— Ele vai morrer, tem 2% de chances de sobreviver. Ele está praticamente morto, consegue entender?

— Eu posso fazer o que eu quiser com isso, se por acaso ele falecer, eu vou passar tudo para você e Aaliyah, como deveria ser.

— NÃO! — ele gritou.

Eu jamais tinha visto Shawn tão revoltado. Não era para menos, ele cresceu e se formou para cuidar de uma coisa que no final não seria dele, ele tinha todo o direito de se revoltar, mas não contra mim, afinal, eu não tinha pedido por aquilo.

— Me desculpa, eu... — Ele disse tentando colocar sua mão sob meu ombro, mas eu afastei — Se esse é o último desejo dele, então você deve ser a dona de tudo.

Mesmo que ele tentasse parecer calmo, seus movimentos e seu olhar ainda diziam que ele estava com raiva, e com raiva de mim.

— Eu não pedi por isso... não pedi. Meu único erro foi assinar essa porcaria de contrato sem ler direito. E eu não quero nada do que é seu, muito menos se for vindo das mãos dele. Já que isso tudo será meu e você se importa tanto com dinheiro e essas coisas, eu vou fazer o que é certo e você não vai me impedir. Estava indo tudo tão bem, e alguma coisa tinha que estragar... agora o que resta é você dizer que essa era a minha intenção desde o início. Eu não sou Ashley, achei que você já tivesse entendido isso.

— Não quero que você pense isso de mim, eu não me importo apenas com dinheiro, eu me importo com você — Ele praticamente gritou.

— Então por que está gritando comigo como se eu fosse a culpada e tivesse tomado tudo de você à força?

Tive que gritar, a raiva estava começando a me consumir também.

— Você acha que eu me aproximei de você por causa disso, não acha?

Como ele não respondeu, achei que era certo pedir um tempo para raciocinar.

— Vá embora, me deixa sozinha!

[...]

Nos últimos dias, Shawn e eu não nos falamos muito. Ele não apareceu na empresa e uma vez por dia me mandava apenas uma mensagem perguntando como eu estava me sentindo.

Nem eu poderia me dizer como estava de fato me sentindo. Talvez ódio fosse a palavra certa.

Segundo o noticiário, Manuel estava piorando cada vez mais. Esse não era o único problema, Ashley e Aaliyah não davam sinais de vida.

Karen havia me visitado na empresa uma vez para falar sobre as crianças e como elas estavam amando passar um tempo fora do Canadá novamente, e também para pedir um favor, ela gostaria que eu cuidasse das crianças para que ela e Shawn pudessem ir até Portugal visitar Manuel. Segundo Karen, mesmo que ele fosse um ser humano desprezível, ninguém merecia passar por momentos tão difíceis sem apoio.

Peguei o meu carro e fui até a casa de Shawn, onde ficaria com as crianças durante quatro dias.

Assim que toquei a campainha, fui muito bem recebida com um abraço apertado de Stacy.

— Eu escondi um presente para você, mas vai precisar seguir as pistas para achar — Stacy disse, me puxando para dentro da casa — Shawn disse que você ia gostar e me ajudou a escolher.

Até então não tinha olhado diretamente para ele, mas no momento em que olhei recebi um sorriso.

— Posso falar uma coisa no seu ouvido? — Stacy pediu, fazendo eu me abaixar para ficar na sua altura - eu sei que você está brava com ele, mas ele gosta de você, ele até me ajudou a escolher seu presente.

— E eu posso saber por quê estou recebendo presentes? — Perguntei sorrindo, um pouco curiosa.

— Porque eu e o Brian gostamos de você.

Eu realmente não sabia como lidar com crianças, elas eram tão puras e inocentes, na maioria das vezes só querem arrancar um sorriso seu, e naquele momento era exatamente o que eu precisava.

— Lauren, querida, que bom que você chegou — Karen disse, me abraçando — As crianças estão bem animadas porque vou deixá-las com vocês, já faz um bom tempo que não vejo elas assim, desde... bom, você sabe.

— Eu vou cuidar muito bem dessas crianças, prometo. Mas e o Shawn? Ele não vai?

— Em dois dias.

E aquele tinha sido o detalhe que ela tinha esquecido de me avisar.

— Vocês quatro vão ficar bem, é só não brigar ou discutir na frente das crianças, elas ficam um pouco agitadas quando isso acontece.

Seria um milagre se isso acontecesse. Eu ainda estava muito chateada pelo modo como Shawn havia me tratado alguns dias atrás, mas eu tinha a consciência de que as crianças não mereciam ouvir nada do que eu gostaria de dizer para ele. O respeito vinha acima de tudo. Até mesmo da minha vontade de matar Shawn Mendes.

— Daqui a pouco, Shawn vai me levar ao aeroporto e você vai precisar ficar sozinha com as crianças, tudo bem para você?

Eu não tinha muita certeza, mas concordei.

— Então está tudo certo. Daqui a alguns dias eu estarei de volta — Karen disse, indo para a cozinha.

Como eu não gostava de cozinhar, fiquei feliz por Karen resolver deixar o jantar preparado, assim teria uma preocupação a menos.

— Lauren, qual o seu desenho favorito? — Brian me perguntou.

— Eu não sei, Bob Esponja talvez?

— Se eu conseguir desenhar o Bob Esponja, você me deixa ficar acordado até tarde?

— Sim — Respondi ao mesmo tempo que Shawn disse "Não".

— Ele perguntou para mim.

— É, eu ouvi. Mas a resposta é não.

Respirei fundo. Eles não aguentariam nem mesmo até as dez.

— Ei Stacy, vamos ver quem consegue ficar acordado até mais tarde?

Enquanto eles discutiam sobre quem sempre dormia cedo, Shawn veio até mim e segurou levemente uma das minhas mãos. Soltei no mesmo instante.

— A gente pode conversar lá no quarto? — Ele perguntou, para que apenas eu conseguisse escutar. O que foi inútil, já que todos perceberiam nossa ausência na sala.

Assenti com a cabeça e fomos até o quarto onde ele fechou a porta.

— Eu só queria te dizer que vou te apoiar, independente do que você quiser fazer. E peço milhões de desculpas por ter gritado com você daquela maneira, a culpa não era sua.

— Mais alguma coisa?

— Não quero brigar com você de novo. Para ser sincero, não aguento mais.

— É só não mentir ou sei lá, desconfiar que eu sumi com uma pessoa. Você basicamente concordou que eu me aproximei de você por dinheiro, Shawn. Acho que tenho todos os motivos para estar com raiva de você.

— Você também mentiu e agiu pelas minhas costas. Os dois estão errados.

— Tem razão. Eu posso pedir desculpas por dizer que você só se importa com dinheiro, isso não é verdade — Falei — Mas não posso me desculpar por ter ido escondido até a casa do seu pai. Isso vai além de nós dois e se eu fosse Cameron, gostaria de ter alguém fazendo isso por mim, mesmo que eu não merecesse.

— Eu entendo. Não te culpo por isso, desculpas aceitas.

Por mais que as desculpas fossem aceitas, o clima estava estranho, e eu realmente não sabia como reagir.

— Espero que você saiba que eu te amo muito e não consigo suportar a ideia de ficar longe de você — Ele disse.

De repente, uma ideia um tanto quanto estranha e maluca veio na minha cabeça. Mas fazia sentido.

— Essa era a intenção dele... Manuel sabia que ficaríamos um contra o outro se ele passasse tudo para mim.

— Se essa realmente era a intenção, ele não vai conseguir chegar aonde queria. Nós vamos ficar bem e não vamos tocar nesse assunto... apenas se você quiser.

Pensei melhor, Manuel me odiava no início, mas pareceu sincero quando falou sobre Shawn e eu naquela noite em que eu assinei os contratos.

— Não... Acho que não é isso. Ele pareceu sincero quando disse que gostava de ver nós dois juntos e que as coisas seriam mais fáceis se...

— Se o quê?

— Nada, deixa para lá. Não vamos mais tocar nesse assunto.

Talvez eu estivesse errada, mas era melhor evitar o assunto e deixar aquilo do jeito que estava. Não era a hora certa para falar que Manuel queria um casamento. Não, definitivamente, não.

— Achei golpe baixo usar a Stacy para me deixar sentimental — Falei — Você sabe que criança fofa é a minha fraqueza.

— Falando nisso, já pensou no assunto?

Ele realmente estava me perguntando sobre ter filhos?

— Não e também não quero... pelo menos não agora. Achei que demoraríamos mais para ter essa conversa — Respondi, um pouco sem jeito.

— Isso me lembra da primeira vez que você disse que não queria que eu fosse o pai dos seus filhos — Ele disse, logo em seguida sorriu.

— Que tal a gente voltar para a sala? Elas vão sentir a nossa falta — Falei abrindo a porta para sair do quarto.

As crianças literalmente colocaram a casa de cabeça para baixo. Principalmente após Karen sair, ela era a única que conseguia manter as crianças "na linha", enquanto eu tinha apenas duas opções: ou tentava colocar ordem e seria ignorada, ou entrava na bagunça junto com elas.

Escolhi a segunda opção, já tendo em mente que eu seria uma péssima mãe.
A minha sorte era que Shawn ainda estava ali e poderia me ajudar.

— Você pode ajudar a gente a fazer uma torta de maçã? — Brian me perguntou.

Precisei olhar para o Shawn uma vez e ele entendeu que aquela era a hora perfeita de me salvar dessa conversa.

— Brian, já é quase hora de dormir e vocês já comeram bastante — Shawn respondeu.

— Por favor — Ele insistiu algumas vezes com a ajuda de Stacy.

— Amanhã eu prometo que a gente faz uma sobremesa para o almoço, mas agora vocês têm que tomar banho e ir para a cama — Falei.

— Você promete de dedinho? — Stacy perguntou, levantando o dedo mindinho para juntar com o meu.

— Prometo!

Aquela tinha sido a pior promessa que eu havia feito, pois seria a única que eu realmente não conseguiria cumprir. Eu não sabia fazer tortas e não estava com disposição para aprender.

— Certo, agora vocês podem ir para a cama dormir — Shawn disse.

— Não, Shawn. Eles têm que guardar esses brinquedos — Falei, enquanto olhava pela casa. Me sentia sufocada com tantas coisas espalhadas pelo chão.

Levando em consideração que eu tinha ficado até tarde juntando brinquedos e giz de cera da outra vez que nos vimos, nada era mais justo do quê obrigá-los à colocar tudo no seu devido lugar.

— Vocês ouviram — Shawn disse à elas, que no mesmo instante começaram a resmungar.

[...]

Depois de muitas tentativas, Shawn e eu finalmente conseguimos colocar as crianças para dormir, e eu poderia afirmar que ele conseguia lidar melhor com elas do que eu.

— Está com sono? — Ele apareceu na cozinha, me assustando.

— Que merda! Você me assustou — Falei, sentindo os meus batimentos acelerados.

— Vai passar um filme muito bom daqui a pouco, e você não parece estar com sono...

— Eu passo.

Minha cabeça estava muito cheia com tudo o que estava acontecendo nos últimos dias, a última coisa que eu queria era ficar encarando a televisão e fingir que estava tudo bem, porque realmente não estava.

— Lauren, eu não quero que as coisas fiquem estranhas entre a gente, mas você está me ignorando a tarde inteira, mesmo depois de eu ter te pedido desculpas pelo jeito que falei com você... a semana inteira eu venho tentando falar com você, mas você simplesmente me afasta.

Eu não sabia como agir. A verdade era que eu me sentia culpada, Manuel tinha errado feio em me deixar como herdeira, e acima de tudo eu sentia que Shawn estava chateado por não ser ele o herdeiro de Manuel.

— Não é só você, Shawn... Ashley vem me mandando mensagens estranhas, ela sabia que eu tinha assinado o "contrato" antes mesmo de eu saber o que tinha feito, e agora ela quer que eu dê a parte dela — Falei.

— Parte essa que ela não tem... e sobre a minha parte, eu não quero que você passe nada para o meu nome.

— Mas... — Comecei a falar e fui interrompida.

— Lauren, eu não quero. Tenho os meus negócios fora da empresa, eu não vou falir, se é o que você está pensando. E eu até prefiro que isso fique em suas mãos... a única coisa que eu quero no momento é acertar as coisas com você — Ele disse vindo em minha direção para me abraçar.

— Só queria que essa merda acabasse e a gente pudesse viver em paz — Falei, enquanto ele me abraçava mais forte.

— A gente vai superar isso, amor. Vai ficar tudo bem.

Ele me beijou, e aquilo me fez sorrir. Pelo menos eu tinha a certeza de que não estava sonhando daquela vez.

— Ver você me chamando de amor me faz pensar que você está querendo alguma coisa — Falei rindo.

Fiquei um pouco mais relaxada após Shawn me fazer perceber que enquanto ficássemos unidos tudo terminaria bem.

— Só quero saber se você ainda está chateada comigo... eu espero que não, porque ficar esses dias longe de você não foi nada fácil e... — Achei que Shawn estava falando demais, então resolvi interrompê-lo com um beijo.

— Eu não estou chateada com você... quer dizer, não mais.

— Então, já que não está mais chateada e não está com sono, vem comigo, tenho que te mostrar uma coisa — Ele disse um pouco mais animado do que antes.

Shawn segurou em minha mão e me levou até o seu escritório, em seguida, pegou o seu laptop e colocou em cima da mesa que antes estava vazia.

— Senta — Ele disse, me puxando para o seu colo, já que não havia outra cadeira ali.

Enquanto o notebook iniciava, fiquei imaginando sobre os supostos "outros negócios" que Shawn tinha. Não sabia se perguntava, mas estava curiosa e com receio que fosse algo ilegal, pois se eu me baseasse no histórico de Shawn para tirar minhas próprias conclusões, diríamos que eu tinha um pouco de razão em ficar um pouquinho desconfiada.

— Eu precisava te mostrar as estatísticas da empresa... depois daquela ideia que você deu na reunião, nossa popularidade subiu em 85% com a ajuda do Sr. Evans.

— Isso é muito bom — Falei extremamente animada.

Era ótimo em todos os sentidos, pois eu ou qualquer que fosse o próximo da empresa não teríamos que dividir absolutamente nada com o Sr. Evans. E Shawn não precisaria trabalhar tanto quanto estava trabalhando antes.

— Se continuar assim, nós conseguimos devolver todo o dinheiro e muito mais para ele em um tempo mais curto. Tudo graças à você — Ele disse, beijando a minha bochecha.

— Na verdade, tudo graças ao seu pai e Kayla.

— Do quê está falando? Sua ideia salvou a gente.

Não queria desmerecer o meu trabalho na empresa, mas receber os créditos não era nada justo.

— Manuel me colocou naquela saia justa e eu não sabia o que dizer. Acho que ele já estava com planos de deixar as coisas dele para mim, me fez parecer importante e inteligente com a ideia dele. Não tive nada a ver com isso.

— Não importa, você vem me ajudando de outras formas.

— Então, quando a empresa voltar ao auge, porque eu sei que vai voltar, nós podemos comemorar, o que acha?

— Eu acho que a gente pode comemorar agora — Ele respondeu e logo me beijou.

Passei a minha perna para o outro lado de Shawn, já que antes estava sentada de lado.

— Ninguém te ensinou que você não pode comemorar antes da vitória? — Perguntei ofegante, enquanto ele beijava lentamente o meu pescoço.

— É claro que eu posso — Ele respondeu — Eu posso tudo.

Um calafrio percorreu pelo meu corpo inteiro, quando sua mão gelada entrou em contato direto com a minha pele por dentro da camisola. Não demorou mais do que alguns segundos para a minha temperatura começar a subir literalmente pelo meu corpo inteiro.

Shawn parecia sedento por colocar sua boca em meu corpo, ele beijava e chupava toda a extensão do meu pescoço e descia para o vale dos meus seios.

Imaginei que ficar afastada dele por alguns dias ajudou muito na nossa relação.

— Eu acho que estou te devendo uma coisa — Ele disse enquanto subia as mãos pelas minhas coxas até chegar nos pequenos fios laterais da minha lingerie.

Eu gostaria muito de perguntar o que era, mas deixei com que ele tomasse total controle sob a situação e continuasse a fazer o que quisesse. Não era total submissão. Era apenas a vontade receber de volta o prazer que eu tinha dado à ele na nossa última vez.

Shawn retirou a minha camisola e a deixou cair no chão. Me deixando apenas com o pequeno pano que eu chamava de lingerie. Não demorou nada para ele literalmente abocanhar meu seio e chupá-lo com vontade e isso fez com que eu sentisse uma deliciosa pressão no meu sexo, que começava a esquentar subitamente. Eu tentava não me concentrar nas diversas sensações que aquela boca fazia, as crianças estavam no na porta do lado e eu realmente não queria que elas acordassem antes de Shawn fazer todo o trabalho.

Fechei meus olhos e tentei não me deixar levar pelo barulho de sua sucção, mas sua não desceu por dentro na minha calcinha e fez contato direto com o meu sexo quente e molhado. Shawn não demorou muito para começar a movimentar seus dedos no meu clitoris enquanto sugava meus seios com gana, e eu tentava, de todas as formas não gemer, mas as sensações eram tantas que eu atingiria o ápice mais rápido do que imaginava.

— Deita na mesa — Ele pediu, e assim tirou o laptop e as outras bagunças, deixando a mesa livre só para mim.

Antes de tudo, ele lembrou de fechar a porta, e logo em seguida Shawn voltou e abaixou a cadeira, para que seu rosto ficasse na altura do meu sexo. Eu sabia o que ele faria, e mal poderia esperar para sentir sua boca ali também, era quase como uma súplica.

— Espero que você se lembre do que fez comigo da última vez... — ele disse enquanto retirava minha lingerie

— Eu te prendi. Você não pode me prender porque quebramos as algemas da última vez.

— Eu poderia, mas não é disso que estou falando.

Ele não foi "direto à fonte" como eu achei que faria, foi com total calma, beijando e passando a língua pelas partes internas da minha coxa, e enquanto isso, minha respiração ofegava e meu corpo impulsionava em direção à sua boca, implorando por mais contato.

— Eu ainda vou te tocar aqui — Ele disse, passando dois dedos pelo meu sexo — Sem pressa.

Bom, eu estava com pressa... na verdade, muito excitada. E tive que notar como ele tinha autocontrole, pois se fosse eu em seu lugar, já estaria passando minha língua em todos os lugares possíveis.

Sem perceber, estava levando meu corpo cada vez mais próximo de sua boca, e ele pareceu ceder, pois em um movimento súbito, passou a língua lentamente por toda a região da minha intimidade, o que me rendeu um gemido abafado e um sorriso de Shawn. Ele estava me torturando, aquilo não era engraçado, pelo menos não para mim. Era desesperador, de um jeito bom.

Ele tinha gostado da minha reação diferente, pois deixou a demora de lado e voltou a movimentar seus dedos em círculo, me fazendo arfar com calor inexplicável que tomava conta do meu corpo. Senti meu sexo pulsar depois de um tempo e Shawn percebeu o fato, e logo me veio aquela sensação maravilhosa de tê-lo movimentando lentamente sua língua quente e molhada sobre minha intimidade. Shawn chupava deliciosamente meus pequenos lábios, e aquilo me rendia altos gemidos de satisfação.

Quando ele introduziu dois dedos de uma só vez, meu corpo começou a se movimentar espontaneamente em busca de um contato maior e enquanto isso sua língua continuava passeando pelo meu sexo, aquilo me fez agarrar em seus cabelos e pressioná-lo para mais próximo de mim. Quase em um ato espontâneo, Shawn penetrou um terceiro dedo e fez os movimentos com total cuidado apenas para dar prazer sem me machucar e bastou apenas alguns segundos para que eu sentisse meu corpo estremecer, e intensamente chegar ao ápice.

Tentei recuperar o fôlego enquanto Shawn sugava deliciosamente cada gota do meu líquido.

— Agora estamos quites!

[...]

— Lauren? Acorda — Senti Stacy me sacudir, fazendo com que eu acordasse assustada.

— O quê? Aconteceu alguma coisa? — Perguntei enquanto me esforçava para manter os olhos abertos.

— Tem uma mulher lá na sala querendo falar com você.

Fiquei curiosa em relação à tal mulher, mas também preocupada com o que as crianças já poderiam ter feito enquanto Shawn e eu dormíamos.

— Shawn? Acorda — Falei, porém ele continuou imóvel, o que era estranho, já que ele tinha o sono mais leve do que o meu — Stacy, você pode acordar o Shawn?

— De que jeito? — Ela perguntou animada.

— Do jeito que você quiser, eu vou chamar o Brian para te ajudar, mas não saiam daqui, ok?

— Certo, fala para ele trazer aquela arminha de água — Ela respondeu baixo para não acordá-lo antes da hora.

Entrei no quarto de hóspedes e dei o recado ao Brian, que pareceu ainda mais ansioso do que Stacy. Em seguida, tirei as chaves dos dois quartos, para evitar que elas fizessem outra pegadinha que deixasse Shawn trancado no quarto outra vez. E como já imaginava, encontrei Ashley sentada no sofá.

Só queria saber como ela tinha conseguido entrar.

— Não me lembro de ter vindo nessa casa alguma vez — Ela disse.

— Ashley, você não é bem vinda aqui, talvez seja por isso que nunca foi convidada antes.

— Esses não são modos de tratar a sua futura sócia. Já pensou no que eu te falei?

Ela passeava o olhar pelo local e sorria em todas as vezes que via algum objeto de valor. Aquela não era a Ashley que eu conhecia e obviamente, queria essa nova versão dela bem longe de mim.

Ou talvez eu realmente não a conhecia antes. Vai ver ela sempre foi assim.

— Eu não quero ter essa conversa com você de novo e muito menos quero ser sua sócia, você tem que colocar na sua cabeça que a família que cuidou de você até os dias de hoje é a sua verdadeira família, não seja essa idiota interesseira que está sendo agora.

Ela respirou fundo para conter a raiva, e enquanto isso eu tentava não perder o controle, pois não queria que as crianças escutassem nada.

— Escuta aqui, você não venha bancar a certinha logo agora. Essa é a minha vingança, entendeu? Minha! Manuel tem que entender de uma vez que não se tira uma criança dos braços de sua mãe! Eu quero que ele assista sua empresa definhar, direto dos camarotes do inferno.

— Ashley, você está se ouvindo?

— Não, mas você está me ouvindo. Estamos ricas, baby. Como a gente sempre quis. Por que você resolveu que vai estragar isso agora?

— Não estamos ricas, eu estou. Mesmo que eu não tenha pedido por isso, você não está incluída.

Não conseguia entender o real motivo daquele showzinho que ela estava fazendo, estava declarado em documento oficial, tudo o que Manuel antes possuía, agora era meu, aquela vingança dela estava toda voltada para mim sem que ela percebesse.

— Eu vou fingir que você não disse nada disso e tentar falar com você numa boa outra vez. Manuel é meu pai e isso é meu por direito, não me importo se você precisou ir para a casa dele duas vezes e o convenceu de que ele tinha que deixar para você, ele tem três filhos, você não vai ganhar o que é nosso. Nem que eu tenha que tirar à força.

— Tecnicamente é tudo meu agora, e se tem uma coisa que eu não vou fazer é passar tudo para você.

Ela começou a rir nervosa, e aquilo realmente me assustou, além de me ajudar a confirmar que Ashley estava totalmente desequilibrada por dinheiro e vingança.

— Você não vai tirar de mim a única coisa boa que esse velho inútil tem e que eu posso tirar vantagem, sabe por quê?

Ela percebeu que eu não responderia, então seguiu em frente com a ameaça.

— Em primeiro lugar, você sempre soube que Shawn estava roubando a empresa e não contou à polícia ou ao próprio Manuel, isso já faz de você uma cúmplice.

Ela estava com total razão, mas não tinha como provar que eu sabia.

— Em segundo lugar — Ela disse retirando um revólver de dentro da sua bolsa e apontou para mim — Eu mato você.... espera, melhor ainda, eu mato ele e as crianças.

— Você não faria isso — Comecei, mas antes que eu pudesse terminar, ela atirou em um ursinho de pelúcia que estava no sofá, fazendo um barulho estridente ecoar pela casa toda.

— Me subestime outra vez e me veja entrar naquele quarto e fazer isso agora mesmo — Ela disse, tentando passar por mim mas eu a impedi — Vejo que você voltou atrás... então aqui vai o meu prazo, dentro de uma semana após o velho bater as botas eu quero 97% de tudo o que ele deixou para você, caso o contrário coisas ruins acontecerão... eu tenho, Sierra e Cameron comigo, não tem chances de vocês dois sairem dessa situação sem armar um escândalo mundial e irem parar na cadeia. Não me subestime, Lauren. Você já fez isso antes.

— O que mais você quer?

— Já te falei exatamente o que quero, espero não ter que fazer uma visita ao seu irmão, eu odiaria ter que...

— Não!

— Ah... Sabia que íamos chegar a um acordo. Imaginei que 97% de uma coisa que nunca foi sua talvez valesse menos do que a vida do seu irmão. Acho que agora estamos falando a mesma língua. Odiaria ter que tirar Shawn e Nash de você e ter que te ver se sentindo culpada, não. Definitivamente, não. Você é muito insuportável quando está se sentindo mal.

Olhei para a porta do quarto onde Shawn estava e vi que estava entreaberta. Eu não precisaria de muito esforço para fechá-la.

Coloquei as mãos para cima e fui andando devagar em direção à porta enquanto Ashley me ameaçava de diversas formas.

Ela precisava de mim, não ia me matar. Mas a história seria diferente se Shawn saísse do quarto, afinal, seria um herdeiro de Manuel à menos para competir com ela.

— Ele não vai te salvar, Lauren. Talvez queira sua cabeça tanto quanto eu quero agora.

— Você mentiu — Falei, enquanto tentava alcançar a fechadura — Sempre soube que ele é seu irmão. Como teve coragem de beijar seu irmão?

Ela virou de costas para rir, aproveitei o momento e tranquei a porta. Escutei Shawn e as crianças gritarem meu nome do outro lado. Ele tinha acordado o suficiente para saber que algo estava errado.

— Eu não o considero como meu irmão, Lauren. Essa coisa de ser filha do Manuel foi um acidente. E se acha que não sei o que fez, está enganada. Avise à ele para não fazer nada. Sei que preciso de você viva, mas isso não significa que eu gosto da ideia — Ela chegou perto da porta — Espero que esteja escutando, irmão. Qualquer movimento que fizer, ela vai pagar.

— Shawn, por favor não faça nada...

— Você a ouviu — Els disse — Não sei o que você está pensando, mas isso é engraçado, não? Eu não me importaria se tivesse que beijá-lo de novo se isso fizesse Manuel ter pelo menos mais um ano de vida.

— Achei que você quisesse ele morto — Minha voz estava trêmula, assim como minhas mãos e minhas pernas.

— É claro que eu queria ele morto, mas que fosse por minha causa. Consegue imaginar que frustrante é passar uma vida inteira planejando o momento certo e quando está prestes a acontecer, sua prima começa a interferir e pior de tudo, ele aparece com uma doença que tem a chance de matá-lo antes de mim. Mas esquece isso, eu vim aqui para falar de uma coisa e como já falei, preciso ir embora antes que a polícia apareça pelo pequeno barulhinho que eu causei — Ela beijou o cano da arma — É linda, não?

Estava assustada demais para responder, mas aquilo era demais.

— Temos um acordo, querida. Espero que você cumpra sua parte. Tenho que ir agora, mas nos vemos quando você estiver assinando os papéis.

Eu queria falar alguma coisa, mas ela ainda estava com uma arma carregada. Particularmente eu não temia, não por mim. E não duvidava de que ela atiraria novamente para assustar Shawn e as crianças se eu a provocasse. O melhor que eu poderia fazer, era apenas deixá-la sair da casa pensando que eu tinha concordado com os termos e foi exatamente o que eu fiz.

Eu não ia deixar aquilo barato, Ashley já estava passando dos limites, odiava ter que bancar a "politicamente correta", mas dessa vez eu faria, se Manuel quis deixar tudo para mim, então assim seria, e Ashley não ficaria com nada.

No mesmo instante em que ela deixou a casa, corri para fechar a porta e desabei atrás dela, tentando respirar fundo e parar de chorar. Não tinha notado que chorava até sentir que meu rosto estava todo molhado. Também não tinha percebido que mal me aguentaria em pé pelos próximos cinco minutos.

Lauren o que foi isso? Está tudo bem?

Lembrei que precisava tirá-los de lá.

Eu caí em seus braços no instante em que a porta foi aberta.

— O que aconteceu aqui?  — Ele perguntou, já observando a marca do tiro que ultrapassou o urso de pelúcia que estava em seu sofá absurdamente caro.

— Não sei como... ela estava armada. Teria atirado em você se eu não tivesse te trancado.

— Como ela entrou aqui? — Ela perguntou, indo até o local onde ficavam as chaves de reserva.

— Stacy estava acordada na hora que ela chegou, deve ter aberto a porta para ela.

— Não, eu perguntei se ela abriu a porta para alguma estranha, mas ela disse que quando acordou a mulher já estava aqui.

Para quem estava roubando empresas sem ser descoberta pelos maiores agentes da polícia contratados por Manuel, abrir uma porta sem usar as chaves era quase tão natural como respirar.

— Ela veio aqui para exigir 97% do que Manuel passou para mim, caso o contrário ela mata você e as crianças... e meu irmão.

— Acho que ela não teria coragem.

— Não era ela ali, era quase outra pessoa, parecia um monstro.

— Fico feliz que ela não tenha te acertado, eu entrei em desespero, você deve ter percebido — Shawn disse, voltando para a minha direção e me envolvendo em um abraço acolhedor.

— Não se preocupe, não vai acontecer nada com nenhum de nós.

— Como você pode ter certeza? Ela sabe de tudo sobre mim e tem provas contra, se quiser ela consegue colocar até você na cadeia.

— Ela está com Cameron e Sierra... isso explica terem me achado tão fácil.

— Como assim te acharam fácil?

— O sequestro... Ela estava ajudando, por isso entramos no carro dela e depois disso ela fugiu fácil. Por isso estava agindo como se o sequestro fosse só mais uma coisa normal que ela tem que superar.

— Nunca pensei que fosse odiar um membro da família mais do que odiava meu pai. A gente tem que tomar cuidado.

— Não estou com medo, conheço todas as fraquezas dela, todos os defeitos, já ela, nunca me conheceu de verdade. Eu tenho você, Kayla, Aaron e Aaliyah, e agora tenho muito dinheiro e tenho a inteligência que o seu pai não tinha, ela não deveria ter se metido nisso.

— Lauren, o que você vai fazer? — Ele perguntou preocupado.

— Ainda não sei, mas vou pensar em alguma coisa. Só tenho a certeza de que ela não vai encostar um dedo em ninguém!

— Não sei o que isso significa, mas estou dentro — Ele respondeu, um pouco mais calmo — Espero que você saiba o que está fazendo.

— Ainda não sei, mas isso não é hora de descobrir — Apontei com o queixo discretamente para as crianças.

Elas estavam assustadas e eu sequer me lembrava que estavam ali.

Shawnie, ela não vai levar a Lauren, não é? — Stacy perguntou enquanto Shawn se abaixava em sua altura para abraçá-la.

— É claro que não, ninguém vai tirar a Lauren da gente. Aquela é só a prima da Lauren, uma prima muito brava, mas inofensiva.

— Mas ela te chamou de irmão — Brian interferiu, se juntando ao abraço.

— É, ela me chama assim as vezes.

Shawn estava me pedindo socorro através do abraço que dava nas crianças.

Limpei minhas lágrimas e sai para lavar o rosto enquanto Shawn lidava com elas.

Shawn apareceu no banheiro.

— Você me ajuda a vou arrumar as crianças para elas tomarem o café da manhã?

— Claro.

Foi uma tarefa difícil, as crianças brigavam a cada três segundos, simplesmente pelo fato de estarem no mesmo cômodo.

Assim que terminamos, Shawn ainda estava preparando o café, coloquei as crianças na mesa, uma bem longe da outra, e fui ajudar o Shawn.

— Aaliyah me ligou há alguns minutos, disse que precisa falar com você.

— Contou para ela sobre o testamento do seu pai? — Perguntei curiosa, já esperava uma reação agressiva de Aaliyah.

— Já contei, mas ela não deu muita importância, disse que não quer nada que venha do meu pai. Daqui a alguns minutos ela estará aqui para conversar com você e levar as crianças para passear.

Era estranho ela dizer isso, já que tinha dado a ideia de roubar Manuel em primeiro lugar.

Tomamos o café da manhã enquanto Brian e Stacy tagarelavam sobre como Aaliyah era legal com eles e o quanto estavam animados para passar o dia com ela novamente.

Enquanto eles falavam, eu apenas assentia com um sorriso, pois não entendia praticamente nada do que eles diziam. Eles falavam tão rápido que até agradeci quando finalmente a campainha tocou, me livrando de responder perguntas que eu não saberia responder.

Levantei para abrir a porta e receber Aaliyah.

— Como vai a nova milionária?

— Menos, Aaliyah, nós nem sabemos se ele realmente vai morrer — Falei, enquanto fechava a porta. Tudo bem que Manuel havia se mostrado arrependido, mas não descartava a possibilidade de ele estar fingindo tudo isso para forjar a própria morte.

— Vou torcer bastante, ninguém aguenta mais esse velho egoísta.

— Shh... não deixe as crianças te ouvirem falar assim.

— Vamos para o escritório do meu irmão, precisamos conversar.

Fechamos a porta do escritório e Aaliyah foi direto ao assunto, sem perder tempo.

— Shawn me falou que deu a louca na sua prima, ou minha irmãzinha, e que ela apareceu aqui armada m ameaçando ele e as crianças...

— E meu irmão. É verdade, inclusive, atirou no sofá para provar que faria tudo o que fosse preciso.

Eu tive quase certeza de ter escutado as sirenes do carro da polícia minutos depois de Ashley ter saído. Mas como não recebemos nem um interfone, provavelmente estava tudo bem.

— Acontece que eu também faço o que é preciso... nesse exato momento o necessário é tirar Ashley da jogada.

Não entendi muito bem aonde ela queria chegar com aquela conversa.

— O que você está tentando dizer? — Perguntei curiosa.

— Sendo direta, quero reconstruir as empresas, reerguê-las ao lado de Shawn e você. Recomeçaríamos uma nova empresa, dessa vez tudo do jeito certo conforme os termos.

— E quanto à Ashley? Como sabe que ela é sua irmã de verdade se ela não provou nada?

— Ela é minha irmã, de fato. Eu sabia que uma hora isso viria à tona, mas achava que ia esperar o velho morrer primeiro. Mas eu vou provar à ela que não se deve mexer ou ameaçar ninguém da família Mendes... eu quero te propor uma coisa, trabalhar comigo e me ajudar a esconder os rastros que Shawn deixou, assim podemos culpar apenas Ashley.

— Acabar com a Ashley? — Perguntei.

Não sabia se era possível apagar os rastros que eles tinham deixado.

Na verdade, tinha quase certeza que era impossível. Mas eu tinha que ganhar tempo e me agarrar a qualquer oportunidade.

— Sim!

— Vamos acabar com ela!

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