Passei todo o trajeto para a delegacia tentando imaginar como eu tinha ido parar ali, eu não tinha exatamente nada a ver com o sumiço de Amanda e nem sequer sabia que ela estava desaparecida. Ela não apareceu na empresa nos últimos dias, mas todos pensavam que a discussão era o motivo, eu particularmente pensava que ela estava fugindo.

Ao chegar na delegacia, me colocaram em uma sala gelada, não era muito diferente dos filmes e séries que eu tinha assistido, mas os oficiais pareciam piores no quesito arrogância. Eles não tinham nenhum motivo para serem gentis comigo, eu não era filha de ninguém importante, não era multimilionário e também não era famosa.

Para o azar deles, eu não tinha nenhum motivo para ser gentil com eles também.

— Você ainda não está presa, Srta Portman — Um deles disse enquanto se sentava na cadeira de frente para mim.

— Estranho você dizer isso já que eu estou algemada.

— Se você colaborar, conosco, a gente vai colaborar com você também.

— Eu sei. Vocês querem que eu confesse tudo para poupar esforços na busca por Amanda, mas não deram sorte, não faço ideia de onde ela esteja — Estava bem mais calma do que deveria.

— Você foi a última pessoa que viu Amanda Collins, pode nos dizer o local?

Por um segundo, pensei na hipótese de Amanda estar fingindo seu próprio sequestro. Se ela realmente tinha algo a ver com o anônimo das cartas, queria se vingar de mim por eu ter descoberto.

— Qualquer pessoa pode ter visto Amanda por último, eu a vi na empresa.

— Não adianta bancar a espertinha, temos testemunhas.

— Testemunhas de quê?

— Ela sumiu depois da briga que vocês tiveram, temos testemunhas que juram ter visto ela na sua casa na noite em que ela desapareceu. Reconhece essas fotos?

Ele colocou uma pilha de fotos na mesa, tive dificuldades para segurá-la. Quando cheguei na sala, tinha pedido para me soltarem, mas disseram que o máximo que poderiam fazer por mim era algemar minhas mãos na frente, ao invés de deixá-las mas costas.

Mas eu sabia de uma coisa: Ele não deveria ter me algemado. Aquilo não estava certo.

Olhei as fotos e tive um alívio imediato.

— Essa não é a minha casa.

— Mas já foi, nao?

— Sim, no mês passado talvez. Mas não moro aí há semanas e não faço ideia do que ela estava fazendo lá. A casa foi vendida.

Ele anotou algo rápido e logo voltou a atenção para mim.

— Qual foi o motivo da briga de vocês?

— Nós não brigamos. Brigar e discutir são coisas totalmente diferentes.

Ele se levantou e bateu na mesa com tanta força que chegou a me assustar.

— VOCÊ NÃO ESTÁ LEVANDO ISSO À SÉRIO, NÃO É? ESPERO QUE MUDE DE IDEIA PORQUE EU NÃO PRETENDO DEIXAR VOCÊ SAIR DAQUI SEM ME DAR RESPOSTAS.

Um outro oficial, um pouco mais novo, apareceu na sala e colocou a mão no ombro do que me interrogava.

— Precisa ter calma, Collins...

Deixei de ouvir o que ele dizia quando disse a palavrinha mágica. Collins.

— Você não devia estar aqui, não devia estar me interrogando. Você não é um policial local, é o pai dela.

— Responda à pergunta dele, o motivo da briga.

— Você realmente quer saber? —Perguntei, em meio à um riso sarcástico.

— Em primeiro lugar: jamais se dirija à um policial ou qualquer membro das autoridades como "você". Em segundo lugar: a Srta não está aqui para me fazer perguntas, então eu acho melhor você começar a colaborar.

Tal pai, tal filha.

— Querem a verdade?

— É para isso que estamos aqui.

— Amanda estava intervindo no meu relacionamento, ela quer meu namorado de todas as maneiras e chegou a me ameaçar para ter uma noite com ele. Tentou embebedar ele para fazê-lo ir para a cama com ela, mas não conseguiu, por isso estava brava comigo. Sua filha é assim, sinto muito se é triste demais encarar a realidade — Se ele queria saber a verdade, joguei na cara que ele tinha criado um monstro.

— Amanda mostrava interesse apenas em um homem, Shawn Mendes. Não tem chances de essa história ser real. A não ser que você fosse a namorada do milionário.

— Bingo! — Respondi.

De qualquer forma eles saberiam. Já estava óbvio, afinal, Shawn estava na minha casa quando eu fui "levada", estava também envolvido com o meu resgate, não poderia estar mais óbvio do que isso. Imaginei que eles já soubessem.

— E por isso você quis sumir com a minha filha? Por causa do milionário? Por acaso você tem algum interesse pessoal no dinheiro dele? Com certeza deve estar envolvida com o sumiço do dinheiro e está usando o filho do seu chefe para conseguir isso — Ele deu uma pausa enquanto dava andava em volta da minha mesa, uma tentativa de me deixar nervosa — Você por acaso já quis o mal da minha filha? Já desejou que ela desaparecesse?

— Com licença, Srta. Portman, o Sr. Collins e eu vamos dar uma palavrinha lá fora.

Ouvi Collins gritar antes da porta ser fechada.

— Não vou pegar leve com ela por ser a namorada dele. Ela matou a minha filha.

Senti meu sangue ferver, respirei fundo algumas vezes para tentar me acalmar, a minha maior vontade era responder que sim, o tempo todo eu quis que Amanda desaparecesse das nossas vidas, mas eu jamais seria a autora de um crime daquele tipo.

Não seria fácil lidar com todas aquelas acusações, enquanto eu estivesse com Shawn, teria alguém para apontar o dedo na minha cara e dizer que meu único interesse era em seu dinheiro. Eu sabia que nada daquilo era verdade e as acusações não faziam sentido algum, pelo menos para mim.

Eles voltaram, pareciam dois anjos.

— Já que você está na lei deve conhecer as regras... sabe que eu posso te processar assim que sair daqui. E é exatamente o que eu vou fazer.

— Você não vai sair daqui, Lauren. Não até eu encontrar minha filha e provar sua parcela de culpa nessa história.

A paciência que eu já não tinha estava começando a se esgotar.

— Vai me manter aqui com base no que uma "testemunha" te disse?

— Eu posso fazer isso... posso fazer o quê for para encontrar minha filha. Não importa com quem você durma, vou ter a certeza de que ninguém vai te tirar da cadeia, você matou a minha filha.

Nada ali fazia sentido. Amanda não estava morta, disso eu sabia. Ele não poderia me manter com base no depoimento de uma testemunha inexistente.

Ninguém havia presenciado a nossa discussão, além de Shawn. Eu estive com ele o tempo todo e poderia ter certeza absoluta de que ele não teria feito algo parecido. A única pessoa que possivelmente teria escutado seria Aaron, mas apenas se as duas portas das duas salas estivessem abertas, o que não era o caso.

— Espero que tenham checado as câmeras do estacionamento, a hora que eu saí da empresa e a hora que ela saiu, ou até mesmo as câmeras dos estabelecimentos próximos à empresa, vão ter a certeza de que eu não fui a última pessoa que falou com ela, mas eu acho que no fundo vocês já sabem disso. Já pensaram em olhar as câmeras da rua da minha antiga casa?

Eu estava certa, a base deles em uma falsa testemunha não seria o suficiente para me manter na cadeia. Algo me dizia que eles estavam manipulando aquela busca e sabiam exatamente onde Amanda estava. Aquele poderia ser só mais um truque barato e ela estava tirando proveito do fato de seu pai ser um policial.

— Você pensou em tudo, não é?

Resolvi ficar calada. Senti que estava entrando em território perigoso. Eu tinha direito à defesa, era só solicitar a qualquer momento.

— Está mensagem aqui, se lembra de tê-la mandando para o celular da minha filha? — Ele perguntou, colocando uma folha impressa na minha frente — É claro que se lembra, você mandou!

Na folha havia várias mensagens onde eu e Amanda trocávamos insultos.

— O que quis dizer com "Vai se arrepender"?

— Exatamente o que está escrito, mas ela não apareceu na minha casa. Ela não sabe onde eu moro. Nós não somos amigas de trocar endereços e não frequentamos a casa uma da outra. E além disso, eu falo isso o tempo todo para o meu irmão também, são palavras vazias.

— Mas ela é a secretária, tem acesso aos endereços dos funcionários da empresa, com certeza sabe onde você mora.

— Se ela realmente sabe, não foi porque não quis. Ela nunca apareceu na minha casa e nós nunca nos encontramos fora da empresa.

Ele ficou pensativo.

— Você diz que ela estava muito interessada no seu chefe, tem muito ciúmes dele?

— Não. Ele não estava interessado nela.

— Confia nele?

— De olhos fechados — Falei.

— Acho que está na hora de abri-los um pouco.

Sabia que ele tinha usado um duplo sentido na frase, mas não sabia o que ele realmente queria dizer.

— O quê? — Perguntei.

— Está liberada. Desculpe pela bagunça, seu chefe está te esperando lá fora, vou te acompanhar até o carro.

Toda aquela cena me fez ter a certeza de que era o que Amanda queria, talvez estivesse usando o próprio pai para realizar seus desejos pessoais, incluindo Shawn. Eu queria provar que Amanda estava manipulando o sequestro, afinal, não tinha outra explicação. Aaron mal tinha escutado a nossa discussão e Shawn não era bem o tipo de pessoa que gostava de dar depoimentos por motivos óbvios, a não ser que fosse tão burro a ponto de querer comparecer à delegacia por nenhum motivo. O que me fazia ter a certeza de que ela mesma tinha contratado essa tal "testemunha".

Assim como o policial havia dito, Shawn estava me esperando do lado de fora, com uma expressão de preocupação, não era para menos.

— Como foi lá dentro? — Ele perguntou me abraçando.

— Estressante e desnecessário. Eles nem sequer tinham como provar que eu tinha visto Amanda por último.

— Óbvio que não. Não existiriam provas para isso, os horários que vocês deixaram a empresa não batem e mais outras mil coisas não fazem sentido.

Ele estava certo. Se a polícia estava ciente da noite que Shawn supostamente havia passado com Amanda, por quais motivos iriam atrás de mim antes de interrogá-lo?

O caminho de volta para casa foi silencioso e um pouco perturbador, eu sabia que Shawn estava ficando preocupado e eu sabia que era comigo, e essa era uma das coisas que eu mais odiava.

— Essa semana foi uma merda — Shawn começou.

Eu não tinha como discordar. Os dias foram mais tranquilos enquanto Amanda não estava na empresa, mas ainda assim foram super pesados e cheios de reuniões. A desgraçada era insuportável, mas uma secretária fazia falta em certos momentos.

—Ainda bem que já chegamos — Falei tentando abrir a porta, mas Shawn deixou travada — Não vai abrir?

— É claro que sim, mas antes quero que me responda uma coisa... o que eles disseram que te incomodou tanto?

— Nada — Respondi rápido — Já pode abrir.

— Você mente muito bem e sabe disso... mas eu te conheço, sua resposta não me convenceu.

Era óbvio que eu estava incomodada, com absolutamente tudo que o policial Collins havia me dito.

— Você já pesou, ou pensa, que eu estou me envolvendo com você por interesse no seu dinheiro?

Ele me olhou como se eu tivesse dito a maior idiotice do universo. Mas aquilo fazia sentido, existiam milhares de pessoas assim, Amanda e Sierra eram as provas vivas disso.

— Meu Deus, Lauren. Você? É claro que não.

— Tem certeza? Pode falar a verdade, eu aguento e até entendo, todo mundo se aproxima de você por esse motivo.

— A resposta é a mesma. Sei que você não tem interesse no meu dinheiro.

Não sabia se acreditava nas palavras de Shawn. Se eu estivesse no lugar dele, com tanto dinheiro e poder, duvidaria de qualquer um que tentasse se aproximar.

— Não precisa duvidar, como já disse antes, eu sei diferenciar sentimentos de interesses — Shawn disse abrindo a porta. Talvez tivesse ficado chateado com a minha pergunta.

— Me desculpa ter que te perguntar isso, mas esse assunto me incomoda muito e o oficial não foi o primeiro a tocar nele.

As pessoas normalmente não se importavam com quem Shawn realmente era, Bella era uma delas. Só queria dinheiro e status, e não escondia isso de ninguém.

— Antes de você entrar na minha vida, eu não me importava muito com esse fato e estava ciente do que as mulheres queriam de mim. Todas que não conseguiram arrancar meu dinheiro, deram um jeito de sumir ou arrancar dinheiro do meu pai. Por isso que você tem que acreditar quando digo que sei o que é interesse.

— Eu amo você... espero que saiba disso.

[...]

Minha mãe resolveu dar uma breve passada na minha casa durante o restante do fim de semana, Nash havia ligado para ela dizendo que eu estava na cadeia. Ela entendeu absolutamente tudo errado e apareceu determinada a levar Nash de volta para Miami. Depois de mil tentativas de explicações, consegui convencê-la de que era apenas o desaparecimento de uma garota do meu trabalho e que todos da empresa haviam dado depoimentos, o que era uma farsa total.

— Sabe que seu pai e eu somos contra esse seu relacionamento com o seu chefe, não é? — Ela estava tentando se despedir enquanto me "aconselhava".

— Agora você é contra? Engraçado que... — Achei melhor não jogar nada na cara dela, não queria dar motivos para ela tentar levar Nash — Chame ele de Shawn, esse é o nome dele... Me desculpa se vou ser grossa, mas a senhora não é a melhor pessoa para falar de relacionamentos, mal consegue consertar o seu. De qualquer forma, não estamos juntos.

— É totalmente diferente. Ashley me disse tudo, me contou como esse cara é agressivo e o jeito horrível como ele te trata.

— Deixa eu ver se entendi... Ashley te disse isso? — Perguntei incrédula — Não estamos juntos, acho que é a segunda vez que eu tenho que repetir a mesma coisa. Me espanta muito você ficar de conversinha com ela, sendo que ela vendeu a casa com nossas coisas e o seu filho estava dentro.

Por dias tentei manter contato com Ashley, ela simplesmente ignorava, pelo menos naquele momento eu soube o motivo, ela andava muito ocupada inventando histórias ridículas sobre Shawn.

— Ela disse também que ele é daqueles caras possessivos, e confessou que só foi embora porque ele pediu para que ela desaparecesse da sua vida.

Minha mãe não era uma das pessoas mais confiáveis quando se tratava de repassar conversas, mas não tinha como ter inventado algo daquele tamanho, já que ela estava de prova que Shawn já havia se arriscado para ajudar no meu resgate.

— Mãe, confia no que eu vou te falar agora... Shawn é um idiota que só toma as decisões erradas, mas ele jamais faria mal à mulher alguma, Ashley está fora de si. Nada do que ela disse é verdade, você me conhece, sabe que eu não ficaria com um cara desse jeito. Avise à ela que nós precisamos conversar.

— Posso confiar no que você está dizendo? — Minha mãe perguntou com a expressão um pouco mais séria.

— Por que diabos eu mentiria? É claro que você pode confiar na minha palavra. A menos que prefira confiar na palavra da pessoa que quase vendeu seu filho — falei abraçando minha mãe — Dê meu recado à ela.

A campainha tocou algumas vezes e eu saí correndo para atender, na esperança que fosse Shawn.

Quando abri a porta, vi a pior figura que existia no mundo. Saí e fechei a porta atras de mim.

— Quer me explicar que merda é essa? — Perguntei.

— Explicar? Você me deve, eu vim cobrar, simples — Manuel respondeu.

—!O combinado não foi esse, seu idiota. Eu não quero você aqui... não quero que ninguém me veja com você e acho melhor sair daqui antes que Shawn apareça.

— Vocês estão juntos?

Eu realmente não devia nenhuma explicação da minha vida amorosa à ele, mesmo que fosse com o filho dele.

— Não é da sua conta. Vá embora antes que alguém te veja aqui e eu passe vergonha.

— Não pense que eu gastaria meu tempo vindo aqui apenas por sua causa, estava apenas passando e vi o seu carro, achei que seria legal fazer uma visitinha — Ele disse sorrindo — Também não é só isso que você me deve, notei a ausência de algumas coisas... Você sabe.

Se eu tivesse uma faca naquele exato momento, perfuraria meus olhos para não ter que ver Manuel sorrindo para mim.

— Isso se chama perseguição, caso não saiba. Agora por favor, vá embora — Pedi.

— Eu vou. O seu prazo é até meia noite. Espero que o Shawn não apareça lá, ou as coisas vão complicar um pouquinho — Ele disse sorrindo e logo saiu.

Não entendi se aquilo tinha sido uma maldita ameaça. Mas obviamente eu deixaria Shawn ciente de onde eu estaria. Não era tão idiota à ponto de me trancar em uma casa sozinha com Manuel sem que ninguém ficasse sabendo.

— Quem era? — Minha mãe perguntou.

— Meu chefe...

— Seu sogro?

— Mãe, por favor, essa palavra não.

— Certo, o que ele queria?

— Cobrar os documentos que eu estou devendo há algumas semanas. Por favor, para de fazer perguntas senão eu vou esquecer o que ele pediu — Tentei desviar.

— Vou parar, até porque já estou de saída — Ela disse me abraçando novamente — Se cuida, por favor, porque se acha que vou passar os meus domingos te visitando na cadeia, está enganada, entendeu?

— Se cuida você também — Falei.

Assim que ela se foi, liguei para o Shawn avisando que seu pai estava ao redor da minha casa e havia feito uma visitinha desagradável. Ele disse que chegaria em alguns minutos para que eu não ficasse sozinha, já que Nash estava em um encontro com uma garota que havia conhecido na semana anterior.

Eu não tinha como deixar Shawn tomar conta da situação na casa de Manuel, ele até poderia ajudar, mas não tinha chances de fazer com que ele entrasse no apartamento, minha segurança dependia apenas de mim e eu estava com medo.

Depois de pensar muito no que fazer, resolvi que o fardo da dança e das gravações não deveria cair todo nas minhas costas. Resolvi mandar uma mensagem para Cameron, ou melhor, fazer uma exigência.

"Hoje à meia-noite estarei na casa do velho, certifique-se de que eu entre e saia de lá com segurança total, caso contrário eu acabo com aquele baú antes mesmo de deixar o apartamento.
Com amor, Lauren Portman."

Minutos depois, o celular notificou sua resposta.

"Por acaso você está me ameaçando?"

Não era uma ameaça... não totalmente.

"Estou te dando uma pequena sugestão."

Ele não respondeu nada depois disso. E nem precisava. Sabia exatamente onde Manuel morava, e sabia que se fizesse algo comigo ou com Shawn, aquelas gravações desapareceriam para sempre e ele jamais saberia o que realmente tinha acontecido com seus pais.

Não era uma chantagem justa, mas o que mais eu poderia ter feito?

Infelizmente o mundo era injusto.

Passei um tempo pensando em tudo o que já havia acontecido comigo até aquele momento. Mas uma certa lembrança me veio à tona. O dia em que eu estava prestes a sair mais cedo da empresa, quando encontrei Diana no corredor falando ao telefone com alguém que eu julgava ser Cameron.

Suas falas martelavam em minha cabeça.

"Eu não aguento mais essa palhaçada toda, sejam mais rápidos com isso! "

"É claro que eu tenho paciência. Mas se coloque no meu lugar e não esqueça que sou eu quem está trepando com o velho para deixá-lo feliz e para ele não suspeitar de nada, mas acontece que ele parou de me pagar por isso e por culpa de vocês inúteis eu tenho que continuar com isso para ele não desconfiar, está funcionando com ele, mas o filho tem certeza de que sou eu que estou roubando... é claro que eu tenho a chave da casa do Shawn, mas fica difícil já que a secretária desgraçada passa os fins de semana lá."

" Você tem que tirar a secretária do jogo para eu poder fazer o meu trabalho... não, não vou entregá-la pro Manuel, eu não me interesso por saber com quem ela dorme, eu me interesso apenas pelo dinheiro e a liberdade de usar meu verdadeiro nome."

Depois de repetir as mesmas falas mentalmente algumas vezes, eu me dei conta de que ela falava com Cameron, mas não usava "você", e sim "vocês" indicando que mais alguém estava envolvido com aquilo, e não era Amanda, pois naquela época eles não se conheciam ainda.

Estava tão perdida nos meus pensamentos que nem percebi que Shawn já havia entrado na casa.

— Considerando tudo o que já passamos, você não deveria deixar a porta destrancada sabendo que seu ex-amiguinho maluco está à solta e meu pai está rondando a região — Ele disse e logo em seguida me deu um beijo.

Percebendo que eu estava muito pensativa, ele começou a me olhar com um certo questionamento.

— Não vai me dizer que deixou meu pai entrar aqui — Ele disse.

— Shawn... eu não sou tão idiota assim.

— Então por que você está com essa cara de quem viu um vulto ou coisa parecida?

Eu já tinha juntado todas as peças do quebra cabeça e estava certa de que não estava ficando louca. Tudo era tão óbvio, estava ali o tempo todo e eu não conseguia enxergar. Ou melhor, não queria enxergar.

— Lauren? O que foi?

— Eu acho que sei quem é o anônimo das cartas!

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Façam suas apostas, amores. Quem vocês acham que é?

Gente, queria mandar um beijo para a querida leitora Luísa 💕

Ela deu uma ideia, fazer um Q&A. Vocês perguntam pros personagens e eles respondem, o que vocês acham dessa ideia? Mandariam alguma pergunta??

Obs: essa é a chance de vcs perguntarem qual é o feitiço que a Lauren usa pra fazer todo mundo querer ela.

É isso amores, beijos e até o próximo 💕💚