13


Passaram-se incontáveis dias e Shawn ainda não tinha voltado para o seu cargo na empresa. Manuel insistia em saber quem era a mulher que se relacionava com o seu filho e eu me ofereci para ajudá-lo a encontrar essa mulher, dando pistas falsas para que ele não me encontrasse e não pegasse nenhuma outra mulher da empresa por engano. E Diana estava sempre me colocando contra a parede quando o chefe estava junto, mas até o momento minhas desculpas foram todas convincentes e ele não desconfiou de mim.

Nunca poderia esquecer o quanto devia a Cameron por ter conseguido burlar o documento e entregar um que não citava meu nome em parte alguma. Não sabia como Shawn ia lidar com isso, mas ele tinha me dito para não me preocupar e confiar nele.

E Shawn também me ajudava, alimentando a história de ter uma namorada fora da empresa, o que me ajudou bastante. Ele me confessou também que não tinha gastado dinheiro da empresa com nossa cabine especial, então, eu poderia ficar tranquila, Manuel não ia saber que eu estive em Londres e caso perguntasse, ele diria que conheceu uma mulher lá e a levou.

Aaron, Kayla e os outros dois funcionários tinham chegado de Londres exatamente três semanas depois da minha volta, por sorte ainda não tinha encontrado Aaron vagando pela empresa. Com base no que Kayla me contou, Aaron e eu tínhamos horários totalmente diferentes e segundo Cameron, ele estava tentando mudar aquilo. Ele ainda estava sob controle, afinal, não restava sinais do vídeo e também não tinha novas ameaças. Mas as outras coisas pareciam ter fugido do controle após Manuel ter afastado Shawn da empresa por achar que o filho não estava sabendo administrar da forma correta. Aquilo estava me enlouquecendo, literalmente.

— Vamos sair daqui a pouco, você não vem? — Ashley perguntou.

Ela tinha descoberto uma nova casa noturna e iria com Cameron para fazer um tipo de "teste".

— Não estou muito à fim.

— Vai passar o sábado à noite sozinha dentro de casa? De jeito nenhum. Se arruma e vamos.

— Se eu for vou acabar estragando a noite de vocês, acho melhor eu ficar aqui.

— É tudo culpa daquele velho idiota, não acredito que ele te fez trabalhar em um sábado de manhã por ter chegado atrasada há quase um mês atrás.

— Tô fazendo de tudo para não ser pega por ele e se isso significa trabalhar em um sábado de manhã, eu vou ter que fazer.

— Tudo isso para não perder a foda com o Mendes, essa é minha garota.

— Ashley, para de palhaçada e vai embora logo, daqui a pouco o Cameron aparece e você ainda está de toalha.

— Se quer saber a verdade, não seria tão ruim assim — ela respondeu dando uma piscadela, me fazendo rir.

— Minha prima e meu amigo... ok, é até aceitável, mas me recuso a ouvir qualquer detalhe. Se precisar de mim estarei no meu quarto, mas por favor, não precise.

Cameron e Ashley estavam enrolados, os dois eram perfeitos um para o outro. Eu via Cameron exatamente sete dias na semana, exceto quando eu passava a noite na casa de Shawn, o que estava acontecendo quase de modo racionado. Às vezes uma vez por semana, às vezes uma vez em cada duas semanas. Era ruim, mas necessário.

Liguei a TV do quarto e me deitei para assistir um filme idiota que estava passando em um canal desconhecido por mim.

Estava dormindo quando meu celular começou a tocar estridentemente, fazendo com que eu despertasse desnorteada. Nos últimos dias tinha virado rotina eu dormir em qualquer canto da casa pelo fato de Manuel estar exigindo muito de mim no trabalho. Era normal eu estar exausta e às vezes virar a noite fazendo coisas que não conseguia fazer no trabalho.

Minhas vistas estavam embaçadas e meus olhos quase não abriam de tanto sono. Atendi sem ao menos olhar quem era.

— Me diz que você não esqueceu que tinha que me trazer as cópias que pedi para pegar com a Kayla — Shawn falou do outro lado da linha.

Esqueci completamente, me perdoa.

— Preciso que você me dê um Feedback de tudo o que aconteceu lá durante a semana, é nosso combinado, lembra?

Não pude evitar resmungar um pouquinho. Eu tinha acordado, mas estava exausta.

Precisa disso hoje?

— De preferência.

Não posso sair agora, Shawn. Minha prima vai ficar chateada se eu trocá-la por você.

— Eu posso ir aí buscar, se você quiser.

Esquece, eu vou.

Me despedi de Shawn no telefone e fui direto para o banho, tentar fazer o sono passar de uma vez por todas.

— Laur? Estou saindo, tranque a porta e não fale com estranhos! — Ashley gritou me fazendo rir.

Percebi que tinha dormido pouco, por mais que a impressão fosse outra. Ashley ainda estava saindo, fazia sentido eu estar tão cansada já que tinha descansado por menos de uma hora.

Ao sair do banho, sequei meu cabelo e coloquei um vestido um pouco mais leve e solto, por mais que já tivesse anoitecido, ainda fazia um calor absurdo.

Peguei as cópias que Shawn esperava e desci para a garagem, em seguida, as guardei com segurança no carro e fiz o meu caminho até a casa dele.

Durante todo esse tempo eu e Shawn estávamos evitando nos encontrar pelo fato de Manuel estar na cidade. Mas sempre que nos encontramos fizemos valer à pena a espera.

Quando cheguei toquei a campainha algumas vezes e Shawn demorou para atender.

— Até que enfim — ele disse sorrindo.

— Era só o que me faltava, agora estou sendo cobrada até por você — falei entrando na casa.

— As outras cópias estão guardadas no meu quarto... há alguns dias atrás, meu pai disse que precisava fazer uma reunião no meu escritório e por pouco ele não vê as outras cópias que estavam lá.

— De nada, Shawn. De nada.

— Ah, como eu sou insensível. Obrigado, você salvou o dia mais uma vez.

— Muito melhor — Falei enquanto subia as escadas — Você acha que é seguro deixar no seu quarto?

— Além dos meus pais e a faxineira, só você vem aqui na minha casa, entre todos é a única que entra aqui no quarto.

Fiquei um pouco animada ao ouvir aquilo e sorri sem pensar.

Sentei na poltrona de Shawn enquanto ele organizava os papéis, segundo ele, só os analisaria no dia seguinte.

— E então... o que tem para me contar sobre essa semana?

Não sabia como começar a contar à ele que Manuel havia descoberto a falta do dinheiro que era para investimento e mais mil coisas que eu decorei para contar para o Shawn, mas que eu não entendia absolutamente nada.

— Não sei se preciso explicar muito sobre a empresa, você já sabe que some quantias absurdas à cada semana. Mas a pior parte nem é essa — falei enquanto tentava aliviar a tensão corporal.

— E qual é a pior parte?

— Diana não está roubando dinheiro, ele está dando à ela, mas não por chantagem como você achava. Ouvi dizer que a filial da Suécia vai ter que fechar, Kayla vai te explicar melhor quando você retornar à empresa. Mas a pior parte de tudo... ele acha que é você quem está fazendo isso.

— Não dá pra acreditar que Diana consegue enganar um cara tão inteligente como o meu pai.

Não quis chamar o pai dele de burro. A relação deles era complicada, mas não sei como ele reagiria caso eu o ofendesse diretamente.

— Te garanto que isso é fácil. E tem outro detalhe, ele ainda quer a minha ajuda para achar a mulher que estava se relacionando com você, por que ele acha que essa pessoa está te ajudando a roubá-lo. Isso é loucura, não é? — Falei, mas ele não respondeu — Quer dizer, você roubar seu próprio pai?

Shawn ficou pensando por um bom tempo. Estava um pouco nervoso mas não queria demonstrar na minha frente.

— Você não pode deixar ele descobrir sobre nós dois.

— Shawn, você sabe que eu nunca faria isso.

— Se eu pudesse me envolver com a Diana apenas para fingir que estou do lado dela eu faria isso de novo sem pensar duas vezes!

— Não acho uma boa ideia você se envolver com ela outra vez.

— Por que não?

— Não sei. Simplesmente não acho que isso daria certo! — respondi — E além disso, ela sabe sobre nós dois e se não contou à ele, é porque tem um bom motivo.

— Sim, ela teria que contar à ele como foi que descobriu e se meu pai descobrir que ela anda bisbilhotando, a desconfiança dele vai ser voltada para ela. — Ele respirou fundo —  Dito isso, você precisa me ajudar a voltar para aquela filial. Eu não sei se consigo fazer alguma coisa estando de fora.

— Eu posso pedir pra Kayla transferir uma alta quantia para Portugal, quem sabe ele e seus detetives resolvam ficar lá por alguns dias para investigar o motivo da quantia alta ser mandada pra lá.

— Assim eles precisariam de um representante oficial da família para ficar no lugar do meu pai. Lauren, você é genial — ele disse sorrindo.

Na verdade, eu já considerava sugerir isso desde que Manuel começou a me explorar demais e me obrigar a usar o uniforme ridículo da empresa. Aquela era a resolução mais óbvia para mandar Manuel para longe. Shawn não estava pensando direito.

— Não crie esperanças, não posso prometer que isso vai dar certo, tudo depende da boa vontade de Kayla e vai por mim, ela está bem desanimada agora que seu pai está cuidando daquela empresa de perto, todos nós estamos.

Ele parou para pensar em alguma coisa.

— Podemos pagar para ela fazer o serviço.

Você pode. Esqueceu que eu não sou milionária?

— Eu sou e pretendo continuar sendo, por isso preciso dar um jeito em Diana, antes que meu pai declare falência e me leve junto. E isso indica que você vai ficar sem emprego.

Ele estava absolutamente certo nesse quesito.

— Sua riqueza é sua ou do seu pai?

Shawn ficou esquisito com a pergunta é sua resposta foi ainda mais vazia.

— Eu sou herdeiro dele, Lauren. Se declarasse falência eu não teria nada.

— Entendi... — Ele percebeu que não me convenceu.

— O que foi agora?

Estive pensando muito em toda essa situação e não precisava de muito para saber que Shawn não estava sendo completamente sincero comigo.

— Nada.

— Lauren, você quer me perguntar alguma coisa?

Queria perguntar tantas coisas que nem soube por onde começar.

— Por que você quer que eu te ajude se não confia em mim o suficiente para me explicar o porquê de você estar pedindo tantas coisas relacionadas à empresa que seu pai quer te manter afastado? O que você está fazendo, Shawn?

Ele pareceu preocupado até demais. Mas se ia me usar para pegar dados que ele não tinha mais acesso, eu gostaria de saber o motivo. E tinha esse direito.

— Fiz uma coisa errada no passado, ele não confia mais em mim.

— O que você fez de errado?

— Isso não importa — Ele respondeu rápido — O que realmente importa é que eu não faço isso há anos e agora preciso me proteger das acusações dele. Por isso preciso da sua ajuda com Kayla.

Eu já devia saber que ele não me contaria tudo. Mas saber o motivo já era um bom começo.

— Tudo bem. Vou tentar convencer Kayla a fazer o que eu sugeri. Mas se por acaso seu pai me pegar, você vai pagar minha fiança, entendeu?

— Isso não vai acontecer, ele confia mais em você do que em mim agora. Você precisa continuar enganando ele. Seria bom se Kayla pudesse ajudar a manter Diana fora também.

— Pegar Diana não vai ser muito fácil, temos que fazer ele parar de confiar nela.

— Não sei onde meu pai estava com a cabeça quando trocou minha mãe por ela. Espero que isso não dure.

— E eu espero que ele aceite o pedido de troca de escritório — falei.

— Se queremos ficar de olho nele, você não pode trocar de escritório.

— O velho tá flertando comigo... com todo o respeito, seu pai é um idiota. Quer dizer, respeito coisa nenhuma. Ele consegue fazer o capeta parecer bonzinho quando quer.

— Eu concordo com você. Mas o quê ele disse exatamente?

— Na semana passada ele me ofereceu uma grana pra passar a noite com ele.

— Isso já passou de flerte, Lauren.

— Ele não encheu meu saco mais vezes, porém, eu não gosto de ficar naquela sala com ele. O cara está me deixando maluca, consegue acreditar que ele me fez trabalhar hoje cedo e ficar até as seis da tarde?

— Então é por isso que você está visivelmente abalada. Vem aqui — ele disse me chamando para sentar na cama — Sou ótimo com massagens relaxantes.

Eu não poderia rejeitar. Sentei na sua frente e ele começou a massagear meu pescoço lentamente.

— Seu pai me estressa muito, qualquer dia desses ele e Diana vão acabar me matando — falei.

— Nesse caso, teria que me vingar deles por você e eu ia adorar.

Ele riu.

— Você ri? Sabe que isso é possível, não sabe? Morrer de tanto passar raiva não está nos meus planos.

— Sei, mas agora que não está na empresa esquece os dois e relaxa, ficar desse jeito só vai fazer mal pra sua saúde.

— Tudo era tão simples quando ele não estava lá. Não acredito que vou dizer isso e não estou querendo parecer sentimental, mas eu sinto falta de você todos dias.

— Estou bem aqui.

— Quis dizer que sinto falta de quando você estava lá  — respondi fechando os olhos para sentir melhor a massagem, não que aquilo fizesse alguma diferença.

— Aguenta mais alguns dias, sei que nós vamos conseguir me colocar de volta lá. Agora eu quero que você fique relaxada e não pense em nada.

Resolvi aceitar o seu conselho. Ele tinha total razão, ficar daquele jeito seria ruim para mim, tentei ficar o mais relaxada possível.

Enquanto eu respirava fundo, Shawn massageava meus ombros e pescoço, fazendo movimentos circulares. Depois de algum tempo ele desceu para as costas.

Percebendo que a roupa atrapalharia a massagem, ele puxou o meu vestido para cima e removeu devagar. Em seguida eu fiz o mesmo com o meu sutiã, para que ele tivesse acesso total às minhas costas. E assim ele continuou fazendo movimentos circulares com os polegares.

— Relaxa...

Estava começando a sentir sua respiração quente e pesada atrás de mim. Ele estava se esforçando para tentar me fazer relaxar e esquecer o ódio que eu passava todos os dias com Manuel e Diana e eu também me esforcei para aproveitar a massagem, mas o que eles faziam comigo não era algo que se esquece em questão de duas horas.

— Lauren, isso é só uma massagem, concentra. É tudo que eu posso fazer para te ajudar no momento.

Eu percebi que estava quase sendo vencida pelo cansaço, mas despertei quando ouvi a voz dele um pouco distante.

— Acho que está melhor agora

Fiz que sim com a cabeça e coloquei minha roupa no lugar de volta.

— Eu sei que você está se esforçando também, Shawn. Prometo que vou tentar não ficar reclamando deles quando estiver com você. Deve ser um saco me ouvir falando mal do seu pai. Apesar de tudo, ele é seu pai.

— Na verdade, é bem comum e eu já me acostumei. O velho não presta mesmo.

Fiquei pensativa por algum tempo e ele voltou a chamar minha atenção.

— Não precisa fingir na minha frente. Eu te entendo, minha mãe não é a pessoa mais perfeita do universo, mas ainda assim eu não suporto ouvir Ashley falar coisas ruins sobre ela.

Ele forçou uma risada fraca.

— Se soubesse do que aquele homem é capaz, nunca teria feito essa comparação. Mas ele nem sempre foi assim e...

Shawn parou de falar, como quem tinha levado um susto.

— O que foi? — perguntei.

— Ouviu isso?

— Você não terminou de falar.

— Estou falando sério, escutei algum barulho no andar de baixo.

— Isso é coisa da sua cabeça. Deve ser a consciência pesada de ter que falar mal do seu pai comigo.

Esperei ele rir, mas não aconteceu. E uns segundos depois escutei o barulho também.

Nem precisamos perguntar quem era, ele fez questão de se apresentar.

— Shawn? Você deixou a porta aberta! Estou subindo! — a voz grave de Manuel ecoou pela casa.

Merda!

Olhei para o Shawn com reprovação.

— Por que você não avisou que ele viria? — perguntei baixo.

— Porque eu não sabia. Corre, se esconde no banheiro, ele não entra lá — ele disse.

Corri para me esconder antes que Manuel entrasse no quarto de Shawn e me pegasse no flagra.

Pai, o que está fazendo aqui?

Eu me certifiquei de ouvir a conversa por trás da porta.

— Desculpa vir agora... nossa, que bagunça! — Manuel disse.

Não consegui adivinhar do que ele estava falando, a casa estava uma bagunça, sem exceção de cômodos.

Pai, não é uma boa hora. O que você está fazendo aqui?

— Desculpa te atrapalhar, mas eu preciso ficar.

O quê? — Shawn perguntou.

Dava para ouvir de longe a tensão em sua voz. Shawn não conseguia fingir naturalidade quando estava sob pressão e isso era péssimo naquele momento. Ele não podia se dar o luxo de parecer suspeito.

— Teve um problema com o hotel em que eu estou hospedado e não consegui nenhuma reserva à esse horário.

Aquilo não podia estar acontecendo, eu precisava sair.

O quarto de hóspedes não está disponível, sinto muito mas acho que não vai dar pra você ficar aqui hoje.

— Deixe de ser bobo, eu olhei o quarto de hóspedes das outras vezes que vim aqui, acho que consigo dormir lá sem problema algum.

Não acho uma boa ideia.

— Por que não? Não me diga que ainda está com raiva por eu ter te afastado.

Não é nada disso, é que...

— "Somos da mesma família, mas negócios à parte" foi você mesmo quem disse, não adianta ficar bravinho agora. Está feito.

Fiquei torcendo para que Shawn fizesse Manuel desistir. Não tinha como sair da casa sem ser vista por ele.

Esquece — Shawn falou — Mas da próxima vez bata na porta antes de entrar na casa dos outros.

— Entendido... olha, meu carro está fechando o seu, se precisar sair amanhã cedo, vai ter que me acordar. Eu até tentei estacionar direito mas foi dividido, tem um carro ocupando minha vaga... aliás, de quem é aquele carro?

Deve ser da vizinha. Não faço a menor ideia... se você quiser ir pra cama ou pro sofá, pode ir, eu preciso descansar - Shawn tentou fugir do assunto.

— Engraçado... já vi esse carro muitas vezes, só não consigo lembrar quem é o dono.

Bom, quando você conseguir lembrar me avisa, assim eu peço para essa pessoa tirar o carro da minha garagem.

— Se quiser eu posso ir na portaria do condomínio e ver de quem é o carro, isso é um condomínio fechado e é um absurdo que coloquem o carro na sua vaga.

Não precisa resolver nada, eu empresto minha vaga quando tem festa no condomínio e hoje é dia de festa, não se estresse com isso. Boa noite — Shawn disse e em seguida ouvi ele trancar a porta.

Sai do banheiro e sentei na cama.

— Shawn isso foi por muito pouco. Como eu vou fazer para sair daqui?

— Você não vai poder sair daqui hoje, sinto muito. Também não vai poder falar alto para ele não ouvir a sua voz.

— Espera, você não entendeu direito, eu preciso ir embora hoje.

— Não dá. Ele já está desconfiado, não pode te ver nem que seja no quarteirão.

— Certo. Você tem razão.

— Eu o conheço bem, vai ficar olhando na janela até ver a dona vir buscar o carro. Não é seguro.

— Isso era literalmente só o que me faltava para fechar a semana com chave de ouro.

— Fica calma, ele só vai descobrir se você se apavorar

— Shawn, ele tá no quarto ao lado, como você quer que eu não me apavore?

— Deita e tenta dormir, ou vamos assistir algo. Você não pode fazer barulho mas eu ainda posso.

— Para ser sincera, não quero assistir nada. Queria mesmo era ir embora, mas já que não vou poder, acho que vou deitar aqui e ficar olhando pro nada até conseguir dormir.

Me deitei e fiz exatamente o que prometi, olhei para o teto sem pensar em nada, até que ele apareceu no meu campo de visão.

— Vai querer mesmo ficar assim até dormir? Você sabe, nós podemos nos divertir um pouco.

Aquilo era uma péssima ideia e eu tentei deixar claro, mas me perdi no momento que ele deitou por cima e começou a me beijar. No instante que ele se mexeu, a cabeceira da cama bateu na parede.

— Shawn, toma cuidado ou ele vai ouvir a gente!

— O medo de ser pega não é a graça disso tudo? — Ele  perguntou levando os lábios para o lóbulo da minha orelha. A onda de calor voltou a tomar conta do meu corpo.

— Você é maluco, sabia? - falei baixo.

Senti meu coração acelerar quando ele desceu os lábios para o meu pescoço novamente, uma das melhores sensações que eu já tinha sentido na vida. E de novo, a cama começou a fazer um barulho absurdo para algo que era tão novo.

— Shawn... não é uma boa ideia —  falei baixo, com a respiração ofegante — A cama faz muito barulho e a gente nem começou.

Nos beijamos por bastante tempo e com muita calma, mas até Shawn acabou perdendo a paciência com o barulho que a cama estava fazendo.

Enquanto eu tirava parte da minha roupa, Shawn colocou o colchão no chão e resolveu o problema do barulho. Deitei só de calcinha e esperei enquanto ele tirava a roupa dele.

— Quem estava dizendo que não era uma boa ideia? — Ele perguntou enquanto voltava para a nossa cama improvisada.

— Não está mais aqui quem disse isso.

Eu conseguia sentir a pele nua das costas dele, estava quente e a essa altura, provavelmente com alguns arranhões que sumiriam no dia seguinte. Estávamos tentando ao máximo não fazer nenhum barulho, mas as coisas começaram a ficar difíceis para nós dois. Ficar tanto tempo longe um do outro já era estranho e causava uma sensação que ia além do comum. A tensão sexual entre nós era muito forte para ser ignorada.

Já conseguia sentir um desconforto no meu ventre e provavelmente já estava tão molhada que ele entraria fácil.

Comecei a sentir aquela necessidade de mais, e depois de tantas vezes, Shawn já me conhecia o suficiente para saber o que eu queria. Seus beijos molhados foram descendo e sem pressa, sua boca parou no meu seio e não satisfeito com isso, a mão dele desceu para minha calcinha.

Ele chupava e lambia meus seios com cuidado, enquanto molhava seus dedos com minha lubrificação, me fazendo gemer um pouco mais alto. Shawn levou os dedos molhados para a minha boca em um pedido de silêncio.

— Se a gente começar a fazer barulho vamos ter que parar por aqui e acho que nenhum dos dois vai gostar disso.

Ouvimos a porta do quarto ao lado bater, tentei não ficar alarmada demais e enquanto isso, Shawn não parou de mover os dedos dentro da minha calcinha, e com a mão livre fazia "shh".

Assenti com a cabeça e ele voltou ao trabalho, tomando meus seios já doloridos com as mãos e os massageando lentamente.

As pessoas tinham razão, o medo de ser pega fazia tudo ficar mais excitante.

— Se você for uma boa garota, prometo não adiar por tanto tempo. Isso depende de você — ele disse no meu ouvido enquanto brincava com suas mãos pelo meu corpo.

Fechei os olhos para sentir suas mãos em mim e para me concentrar em não me exaltar.

O fato de ter Shawn Mendes com mãos e boca explorando meu corpo e não poder demonstrar o quanto estava gostando, me fazia querer gritar de todas as formas possíveis. Ah, como eu odiava Manuel por tirar essa liberdade de mim.

Voltei a pensar apenas no que estava acontecendo ali, sentir os dedos e tudo o que Shawn podia me oferecer. Forcei meu corpo para frente, procurando mais contato.

Grudei nossos lábios e tirei a mão dele de dentro da minha calcinha, gostava de ter prazer mas não precisava sentir tudo sozinha. Coloquei a sua outra mão em um dos meus seios que estava dolorido e implorando por atenção, mas ele ignorou, colocando dois dedos na minha boca fazendo eu chupá-los em movimentos de vai e vem. Tirei os cachos que caiam sobre os olhos dele e o puxei para outro beijo, dessa vez era um beijo tão desesperado que mordi o lábio dele com um pouco de pressão.

— Já tinha me esquecido do quanto você gosta disso — ele disse, sorrindo malicioso.

Não sabia como ele estava aguentando tanto tempo, sem que eu o tocasse. Mas ele seguiu com o que queria e não demorou muito para que eu estivesse sem calcinha e ele ajoelhado, com o rosto entre minhas pernas.

Eu mal podia esperar para sentir a boca dele em mim de novo e só de pensar naquela sensação, eu me senti ainda mais quente.

Começou a passar o polegar lentamente pelo meu sexo enquanto sua língua passeava pelo lado interno da minha coxa, beijando próximo à minha boceta e repetindo várias vezes pelos dois lados.

Senti seus dedo aumentar a velocidade, fazendo meu corpo esquentar e meus batimentos dispararem novamente. Sua língua subiu pela minha coxa e parou justamente onde eu mais ansiava, fazendo o movimento de cima para baixo duas vezes, gemi alto sem pensar nas consequências.

Ele esperou eu me acalmar antes de circular meu clitóris com a língua e começar a chupar devagar. Minhas pernas fechavam por puro hábito e ele não tirava a boca por um segundo, nem mesmo quando eu puxava seu cabelo com força e implorava para que ele não parasse. Quando me penetrou com a ponta da língua, meu corpo entrou em erupção, minhas pernas enfraqueceram e eu apertei os cabelos dele com mais força. Ele só parou de me chupar quando tinha certeza que eu tinha me acalmado.

— Foi alto demais? — Perguntei quando sai do meu transe de alguns segundos.

Ele ainda se encontrava no meio das minhas pernas, mas agora olhava para mim.

— Tinha até esquecido de como você fica vermelha depois de gozar.

Ele beijou minha boceta e depois subiu para beijar minha boca.

— Mais algum "fato sobre Lauren" escondido?

Ele riu.

Os dedos dele fizeram uma linha pela minha barriga, minhas pernas abriram automaticamente.

— Tem tantas coisas, mas você só vai descobrir depois, porque agora... — Ele levantou e pegou o preservativo, pouco tempo depois já estava deitado em cima de mim outra vez.

— Quero ficar por cima.

Ele já devia estar cansado de tanto que ficou preocupado em me dar prazer.

— Aí está mais um fato — Ele disse enquanto se deitava — Você acha que me deve prazer por eu ter te dado primeiro.

Passei uma perna de cada lado e me inclinei para beijá-lo. Foi estranho, só naquele momento eu lembrei do nosso combinado de não ficar nos beijando. É claro que prossegui, afinal, já estava feito.

— A gente pode falar sobre isso depois? Agora eu só quero uma coisa e isso não envolve falar sobre mim.

Me posicionei em cima dele da forma mais confortável para nós dois. Shawn estava tão duro que se sentia desconfortável, mas a tensão no rosto dele se aliviou quando comecei a me movimentar devagar. As mãos dele estavam na minha cintura, ajudando a guiar meus movimentos. Ele abria os olhos de vez em quando, só para ter aquela visão que todo homem gosta de ter. Eu sabia que ele estava se segurando para não gemer, mas acabou não se segurando quando finalmente o deixei ir fundo dentro de mim, de forma que não machucasse nenhum dos dois.

— Você quer que ele pegue a gente, não é? — Ele falou, tentando evitar sorrir.

As mãos dele apertaram minha bunda com força e dessa vez fui eu que gemi.

Ele já estava excitado há muito tempo, achei que não ia conseguir prolongar o inevitável, então, troquei de posição e fiquei de costas para ele, deixei que ele tivesse uma boa visão da minha bunda enquanto eu subia e descia.

— Lauren...

Entendi o recado e parei com ele dentro de mim, em seguida, a respiração dele começou a desacelerar.

Sai para tomar um banho enquanto Shawn ficava deitado e esparramado no colchão.

Quando voltei, ele estava do mesmo jeito.

— A gente pode dormir no chão hoje?— Ele perguntou.

— A casa é sua, a gente pode dormir onde você achar melhor.

— Tem certeza? Você é quem manda.

Ele estava tão preguiçoso ali, esparramado no colchão e pensando melhor, eu gostaria de acordar no dia seguinte tendo alguns flashes da noite atual.

— É esquisito ter uma cama aqui do lado e dormir no chão, mas eu topo.

Ele levantou e me deu um beijo na testa.

— Você é a melhor.

Ele ficou pouco tempo no chuveiro e foi direto procurar alguma coisa para eu vestir.

— Será que ele ouviu? — perguntei.

— Provavelmente. Mas se eu não tivesse tão cansado faria de novo.

[...]

Naquele dia tudo tinha dado tudo certo, no dia seguinte, saí da casa bem depois de Manuel e me certifiquei de que não tinha ninguém me vendo sair. Mas a gente sabia que à partir daquele dia, o melhor seria ter mais cuidado.

— Ashley, estou saindo para trabalhar e a partir de agora eu uso o seu carro — tinha combinado com Shawn, enquanto Manuel estivesse lá, eu nunca mais apareceria com o meu carro na empresa. Ou pelo menos até ele esquecer.

Shawn tinha se oferecido para alugar um carro para eu usar durante quinze dias, mas achei exagero já que Ashley podia me ajudar com isso.

— Espero que você não use ele para outras coisas além de dirigir — ela gritou em resposta.

Apenas fechei a porta e fiz meu caminho para a empresa. Infelizmente era segunda-feira e eu tinha que retornar à minha rotina. Vi o carro do Manuel no estacionamento e resolvi estacionar do lado dele, afinal, quando acabasse nosso turno, eu ia fazer questão de descer junto com ele, só para deixar o velho ciente, ele tinha que saber exatamente qual era o "meu" carro.

Peguei o elevador e parei no meu andar. Infelizmente ele já se encontrava na sala à minha espera.

— Bom dia Lauren.

— Bom dia Sr Mendes.

— Por favor, sem formalidades — ele respondeu sorrindo.

— Acho que não temos intimidade o suficiente para você me chamar pelo primeiro nome.

— Feliz é a pessoa que tem intimidade com você  —  ele disse apontando para o meu pescoço. Shawn havia deixado marcas enormes e eu não tive tempo para esconde-las com maquiagem.

—  É, ele é muito feliz — respondi me sentando na minha mesa - Com todo o respeito, Diana está aí pra isso.

— Diana? — ele riu — ela é ótima funcionária, mas na cama não aguenta dez minutos. Sabe, Lauren, acho que você faria esses dez minutos valer a pena.

Velho idiota.

E quem era ele para falar que Diana não aguentava dez minutos com ele?

Bom, Diana tem seus defeitos e isso eu não posso negar, mas nenhum deles eram externos.

— Desculpa Sr. Mendes, mas acho que você não está mais na idade de fazer essas coisas — o Velho nojento estava me fazendo perder a paciência.

Tinha passado um fim de semana tão bom, com alguém que eu realmente desejava, mas a vida não podia me dar trégua por uma mísera semana?

— Quinze mil. Minha oferta inicial.

Não, a vida não me dava trégua.

— Você sabe que isso é assédio, não sabe? O Sr. pode achar um jeito de gastar esse dinheiro, um jeito que não me envolva, de preferência.

— Pense no quanto sua vida poderia melhorar com esses quinze mil, apenas por um striptease.

Ah, os homens que têm dinheiro! Sempre fazendo o que querem sem consequência nenhuma.

"Não é possível que Shawn Mendes seja filho desse homem" Pensei.

— Acho que você entendeu errado, mas eu posso repetir. NÃO! — gritei nervosa.

Ele estava prestes a abrir aquela boca nojenta para falar mais algum tipo de merda, alguém bateu na porta.

— Entre!

Eu não acreditei quando vi Aaron passar pela porta, mas tive que fingir normalidade e agir como se Aaron não fosse o cara que quase me entregou pro mundo.

— Bom dia Srta Portman, está tudo bem? — Aaron perguntou.

Fiquei surpresa, ele realmente pareceu se importar com a minha resposta. Mas não consegui responder à tempo.

— Vocês já se conhecem?

Aaron me olhou, como quem buscava resposta e ao mesmo tempo sabia que me tinha nas mãos. De novo.

— É, nós ficamos presos no elevador uns dias atrás — Aaron disse.

Odiei seu comentário, mas agradeço mentalmente por ele não ter citado Londres como um ponto de encontro.

— Imagino que você deve ter aproveitado bem. Não é sempre que temos a sorte de ficar preso com uma mulher dessas.

Ele riu, sozinho.

— Na verdade, não, Sr.

— Ah, isso deve ser coisa de britânico. Falta de atitude, eu diria.

Aaron e eu nos olhamos confusos. Eu já nem sabia mais o que falar ou fazer. Já era ruim ter que aguentar o velho me oferecendo dinheiro por striptease enquanto estava sozinha, mas com Aaron ali ouvindo so tornava tudo mais humilhante.

— O Sr tem hora marcada? - perguntei, com raiva. O que foi burrice da minha parte, afinal, era eu quem marcava os compromissos do velho nojento.

— Eu o convidei. Penso que ele pode nos ajudar em algo, Srta Portman — Manuel disse fingindo formalidade.

Nos ajudar?

— Sim. Já viu as habilidades desse rapaz?Ele é a pessoa perfeita para nos ajudar.

— Habilidades? — Perguntei.

Manipular, mentir, ameaçar e agora se aproveitar da situação para me detonar de uma vez.

—  Estou ficando curioso Sr Mendes. No que exatamente eu posso te ajudar?

— Sabemos que tem uma pessoa roubando a minha empresa, normalmente eu nunca desconfio das namoradas do meu filho, mas dessa vez essa mulher é alguém daqui, uma mulher que tem acesso aos meus bens. Quero que você descubra qual a funcionária que está envolvida com meu filho. No almoço nós vamos resolver o assunto, pago quanto for preciso. Aaron, você acha que consegue isso?

— Pode considerar meio caminho andado — Aaron respondeu.

E lá estava eu, nas mãos de Aaron novamente.

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