11
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— Ainda bem que chegaram — Kayla disse quando entramos em sua sala.
Nós esperamos até um pouco mais tarde para ir atrás de Kayla, preferimos dar um pouco mais tempo à ela, a fim de não atrapalhar sua rotina. Ela tinha me mandado mensagem, dizendo que era algo importante e pediu que eu fosse somente com Shawn e não comentasse com mais ninguém sobre o assunto.
— Algo muito grave? — Shawn perguntou — Desculpa não termos vindo antes. A Srta. Portman achou que era uma boa ideia te deixar trabalhar normalmente para não interferir no seu desempenho.
— Srta. Portman como sempre estava certa. Tinha bastante trabalho à fazer hoje.
— Imaginei que estivesse atolada de trabalho.
— Se puder ir direto ao ponto... Aaron também quer falar comigo daqui a pouco — disse Shawn.
— Sim, claro. — Kayla tirou um monte de folhas de sua bolsa — Sei que não é da minha conta, mas acho que vocês deviam dar uma olhada nisso aqui... — ela disse entregando os papéis nas mãos dele.
Shawn analisou apenas uma folha me pediu para guardar todo o monte dentro da pasta que eu sempre tinha em mãos.
Uma folha foi o suficiente para deixá-lo com uma raiva fora do comum.
— Merda!
Eu gostaria de perguntar o que tinha ali, mas achei melhor esperar um tempo e além do mais, achei que se tratava da parte financeira e aquilo não era minha área e muito menos da minha conta.
— Essa desgraçada e seja lá quem estiver ajudando vão pagar cada centavo!
Eu e Kayla ficamos quietas por um tempo, o nervosismo do chefe tinha começado nos assustar.
— Vou deixá-los sozinhos — Kayla falou.
— Na verdade, eu preciso da sua ajuda para um assunto particular, será que você pode me ajudar? — perguntei, me lembrando da minha ideia de parar com as chantagens de Aaron.
Enquanto isso Shawn andava de um lado para o outro passando as mãos na cabeça sem parar.
— Lauren, não me espere hoje — Shawn falou jogando as chaves da casa e do carro para mim.
— Onde você vai? — perguntei.
— Não te interessa. Acho melhor ficar longe disso! — ele respondeu com muita raiva e em seguida saiu batendo a porta com força.
Eu não queria de fato saber aonde ele ia. A pergunta saiu tão naturalmente quanto as mentiras que contei no dia anterior. Mas não pude deixar de sentir um pingo de arrependimento por ter sido tão enxerida.
— Ainda bem que ele não é assim todos os dias, seria um saco aguentá-lo desse jeito. — Falei para Kayla que estava ao mesmo tempo aterrorizada e compreensiva com o temperamento do chefe.
— Eu ficaria muito pior se fosse roubada dessa forma.
— Vou evitar as perguntas. Você ouviu, ele me quer fora disso e assim será. Mas quero só ver quanto precisar da minha ajuda...
— Bom, a culpa não é dele se o pai não sabe administrar as empresas... mas enfim, você disse que precisava da minha ajuda, posso saber no quê?
— Vou tentar ser mais direta o possível... um certo alguém está me chantageando com um vídeo comprometedor, mas por enquanto o vídeo está apenas no celular da dele, ou pode ser que esteja com a prima dessa pessoa também... enfim, como o vídeo não foi compartilhado mais de cinco vezes, eu gostaria de saber se você consegue remover o vídeo da da rede com os seus dons na internet.
Parecia um pouco idiota, mas era a única ideia que vinha na minha cabeça no momento.
— Se realmente tiver menos de cem compartilhamentos é quase certeza que eu consigo, mas vou querer algo em troca — disse Kayla sorrindo.
Claro que ela queria algo em troca, ninguém faz nada de graça. Eu já esperava por isso.
— Qualquer coisa — respondi.
— Me ajuda a ficar na empresa do seu país.
— Você salva meu emprego e eu salvo o seu — Falei sorrindo e estendendo a mão para fechar acordo.
— Mas tem uma coisa, eu preciso da fonte do vídeo.
— Como assim?
— Se o vídeo foi gravado por um celular eu preciso do próprio celular.
— Vou fazer o possível para te entregar o celular dele ainda hoje.
— Quanto antes melhor — Ela disse.
— Na verdade, vou providenciar isso agora mesmo — falei me levantando para sair da sala.
Eu sabia que Cameron era quem treinava o Aaron, o que eu tinha que fazer era ir na sala dos dois com uma desculpa esfarrapada e conseguir pegar o celular sem ser vista por nenhum dos dois.
Havia uma sala em que era proibido câmeras, celulares, tablets e qualquer tipo de coisa com câmeras e gravadores de voz. Aquele não era exatamente o setor de Aaron mas eu teria que mandá-lo para lá.
Bati na porta da sala de Aaron e em seguida entrei dando de cara com os dois.
— Cameron, podemos falar em particular? — perguntei.
Já que era para enganar, a história tinha que ser convincente para os dois.
— Aconteceu alguma coisa?
— Não, eu apenas vim te avisar que o Aaron vai passar por um teste surpresa e você não pode falar nada pra ele.
— Que idéia é essa?
— Foi o Sr. Mendes, ele quer ter certeza absoluta de que o Aaron é a pessoa certa e se vai cumprir as tarefas da maneira correta.
—E o que eu digo a ele?
— Nada. Só concorda com o que eu vou falar.
– Tudo bem então — Cameron assentiu.
Entramos de novo na sala e Aaron estava vidrado na tela do computador.
— Sr. Carpenter, o chefe quer um relatório total de vendas do mês passado o mais rápido possível, ele precisa que você entregue em suas mãos antes das 4:00.
— Mas eu não tenho acesso à sala.
— Tem sim, avise ao guarda do sétimo andar que foi ordens do chefe, ele já está ciente — Menti.
— Ele quer mais alguma coisa?
— Sim, ele também quer que você peça um relatório para o gerente da área de produção e entregue diretamente nas mãos dele.
Ele desligou o computador e deixou seus pertences com Cameron, mas não incluiu o celular. Por essa eu já esperava.
— Caso eu não encontre o chefe antes do horário, devo entregar os documentos para quem? — Aaron perguntou.
— Para mim, oras.
Observei Aaron sair da sala enquanto pensava em algum jeito de enrolar Cameron para evitar perguntas.
— Fique aqui, eu já volto. Preciso ficar de olho nele.
Sabia exatamente o que fazer e estava com esperanças de que daria certo.
Segui Aaron de uma distância enorme, imaginei que ele iria primeiro para a área da produção, já que era a parte mais difícil.
Eu não estava errada.
Vi Aaron colocar uma touca descartável e despejar o celular na caixa que o segurança indicou, e em poucos segundos, entrou pela porta enorme de ferro.
Não corri imediatamente para não levantar suspeitas, também não queria assustar o segurança do departamento.
— Olá, sou Melinda, a nova estagiária, o Sr.Mendes me pediu para entrar e...
— Use a touca, Melinda — Ele disse impaciente, sem ao menos olhar para o meu rosto — Eletrônicos na caixa, por favor.
Só tinham dois celulares na caixa, não precisei me esforçar demais para lembrar que o celular de Aaron não tinha uma capa cheia de glitter.
Coloquei meu celular ao lado do dele, sempre seguida pelo olhar impaciente do segurança.
Olhei ao redor da pequena sala onde ele ficava e percebi um troféu do campeonato de dança de rua texano.
— Não brinca, o que é aquilo ali? — Perguntei empolgada, fazendo questão de apontar para o troféu.
Ele se virou por alguns segundos e foi o bastante para que eu trocasse o meu celular pelo de Aaron.
Tinha sido mais fácil do que eu imaginei.
— Ah, é só o meu troféu, não é grande coisa.
— Não é grande coisa? Como assim? Você foi campeão de Street Dance em Austin, eu assistia as batalhas quando era mais nova, isso é um grande título!
Usei meu melhor tom de empolgação e ele começou a aliviar a expressão de raiva.
— Não vemos muitas pessoas de Austin por aqui. Bem que reconheci seu sotaque, mas depois de tanto tempo fora, acho que perdi o meu.
— Que nada! Eu posso ter o sotaque, mas não tenho habilidades de dança como você.
— Sem querer me gabar, mas sou ótimo nisso e com certeza você perderia a batalha. É uma pena que eu esteja velho demais para te desafiar.
— Não está velho demais Sr... — Olhei no crachá pendurado ao uniforme — Dibny.
— Acho que estou sim.
— Ah não — Falei para tentar fugir logo do assunto.
— Aconteceu algo?
— Esqueci minha prancheta na sala do chefe. Preciso voltar lá para pegar. — Tirei a touca e entreguei para ele que ficou segurando sem saber o que fazer — Foi um prazer conhecê-lo Sr. Dibny.
Sai às pressas quando ouvia ele gritar que eu tinha esquecido meu celular.
— Está aqui — Falei, segurando o de Aaron no ar.
Corri até chegar no elevador, torcendo para não encontrar Shawn ou Cameron. Entrei na sala de Kayla sem bater, estava tão ofegante que acabei assustando-a.
— Conseguiu? — Kayla perguntou ao me ver entrar.
— Sim, mas temos que ser rápidas, você pode usar o notebook do chefe se quiser — falei enquanto o procurava no meio das coisas que Shawn havia deixado pra trás.
Quando achei entreguei para Kayla que logo conectou o celular seguido de um aparelho que eu não conhecia.
— Você está com sorte, Aaron só copiou o vídeo para o próprio computador e ele está ligado agora — ela disse.
— Bom, agora que você sabe que eu furtei o celular dele, por favor, não conte.
— Com todo respeito, quero que ele se foda cada dia mais — ela disse com cautela.
— Pelo visto ele também pisou na bola com você...
— Pisou na bola? Ele acabou com o meu noivado, mas essa é uma longa história. Posso te contar quando tivermos tempo lá nos Estados Unidos, quem sabe.
— Bom saber, pelo menos eu tenho você do meu lado contra ele.
Ela desconectou celular e me entregou.
— Você está livre desse vídeo para sempre — ela disse me entregando o celular — Ele não terá como recuperar o vídeo nunca mais.
Meu emprego estava à salvo e eu estava livre de chantagens, restava apenas recuperar meus documentos.
— Eu não faço a mínima ideia de como começar a te agradecer — falei com sinceridade.
— Você sabe, serei mais útil nos Estados Unidos, se é que me entende — ela disse rindo.
— É claro que entendo. Você vai com a gente, tem minha palavra.
— Obrigada, mas agora eu tenho que voltar ao trabalho — Disse, voltando a focar na papelada que estava em cima da mesa.
— E eu tenho que entregar isso antes de ser pega, muito obrigada, pela milésima vez — Agradeci e saí.
Era bom saber como Aaron se comportava com outros funcionários. Só mais um motivo para eu não querer que ele fosse trabalhar no mesmo prédio que eu.
Peguei o elevador e desci até onde Cameron estava.
Para a minha surpresa, Aaron estava com ele.
— Achou o que queria?— ele perguntou.
Não respondi.
— Suponho que sim, agora já pode devolver o meu celular — ele continuou.
— Seu celular? Ah, meu Deus. Me desculpe, Sr.Carpenter. Acho que devo ter confundido quando saí da área de produção.
Cameron sabia que eu estava mentindo, mas apenas entregou o meu celular que Aaron provavelmente tinha pedido para que ele analisasse, só para ter a certeza que era meu.
— Você deveria estar fazendo o que o chefe mandou, não devia?
— Estão aqui os relatórios que o chefe pediu. Que sorte a minha, não? Eles já estavam prontos quando cheguei nos departamentos. Ele já tinha pedido para alguém fazer isso porque quando bati na porta da sala ele gritou "Pode entrar Srta. Portman".
— Uau! Terceirizando o serviço? Essa é minha garota! — Cameron me fez rir.
— Espere um instante — Disse ao meu amigo — Sr. Carpenter, me acompanhe por favor.
Fechei a porta da sala onde deixamos Cameron e fomos para o final do corredor, onde não tinha nada além de um banheiro desativado.
— Quer que eu bata palmas para você? Porque quase me convenceu.
— Só estava fazendo o que o chefe pediu.
— Mentirosa, vi o chefe sair alguns minutos antes de você chegar com essa conversinha fiada.
— Você achou mesmo que eu não ia guardar o vídeo em lugares mais seguros do que meu próprio celular?
— Como com a sua "prima"naquele computador que está aqui na empresa? — perguntei deixando-o sem palavras — O vídeo já era, Aaron. Você não tem mais provas.
— Ainda estou com seus documentos, como ousa me desafiar dessa maneira?
— Eu é quem devia estar te perguntando isso. Você não tem mais o vídeo e eu tenho como provar que você está com os meus documentos. Você foi burro demais. E caso não saiba, sou eu quem vai guardar o seu contrato.
— Você está me ameaçando?
— Não, Aaron. Você está entendendo errado, estou apenas sugerindo que fique fora do meu caminho e me devolva as minhas coisas ou então isso pode ficar pior pra você.
Ele pensou um pouco e respirou fundo.
— Está bem, me encontre na esquina da casa do chefe hoje à meia-noite, te entregarei os documentos.
— Viu? É mais fácil do que você pensava. E nem pense em fazer besteira Aaron, não irei sozinha.
— Você não pode levar mais ninguém, Lauren — Sua voz agora soava como súplica — Posso até te explicar o motivo de eu ter feito tudo isso, mas por favor, não leve seu namorado com você.
— Ele não é meu namorado e se eu for, vou sozinha. Não tente nada. Seria trágico demais para você se algo acontecesse comigo.
— Não vou fazer nada, não sou esse tipo de homem. Só quero o meu celular de volta — Ele falou estendendo a mão para que eu o entregasse.
— Ah, claro, como pude me esquecer.
Tirei o celular do bolso e joguei-o no chão. Fiz questão de pisar com o salto na tela para que quebrasse.
— MAS QUE PORRA É ESSA? VOCÊ FICOU MALUCA? — ele gritou.
— Que pena, não? — Falei enquanto ele abaixava para recolher a bagunça que eu tinha feito — Acho que você não vai poder filmar mais nada.
Pelo menos metade do prédio havia escutado aquilo seu grito e isso fez com que Cameron e outras pessoas colocassem a cabeça para fora de suas salas.
— Está tudo bem aqui? — Cameron se aproximou.
— Eu estou ótima, Cam. Tenho que ir agora, mas acho bom você dar uma olhada no seu parceiro, ele não parece muito bem, deixou o celular cair no chão, coitadinho — Falei sorrindo falso enquanto caminhava até a porta.
Enquanto saía da empresa, lembrei que Shawn tinha deixado as chaves do carro e da casa comigo e provavelmente ele não estaria lá. Passei na sala da Kayla e recolhi tudo o que Shawn tinha esquecido lá e em seguida, desci para o estacionamento, queria voltar para casa o mais rápido possível, e tinha muito trabalho à fazer, já que tinha passado a metade da tarde resolvendo problemas pessoais.
Dirigi com cuidado até a casa e só chegar, percebi que estava faminta. Fiquei do jeito que estava e fui direto para a cozinha.
A imagem da noite anterior invadiu minha cabeça no instante em que sentei no sofá com minha salada de frutas.
Shawn e eu estávamos sentados assistindo Diário de uma paixão.
— Pode não parecer, mas eu sou bem mais romântico do que esse cara, ele é patético — Disse Shawn.
— Você? - ri um pouco alto — Conta outra! Ninguém é mais romântico do que ele.
— Acha que eu estou brincando? Eu gostaria muito de viver um romance maluco desses. Claro que não precisa ser para sempre, mas acho que seria bom ter uma vida normal, para variar.
— E o que te impede de ter um romance e uma vida normal?
— Muitas coisas me impedem, incluindo a vida que levo, minha família maluca, e também o fato de não ter achado a pessoa certa para isso.
— A pessoa certa não vai cair do céu.
— E se já não caiu?
Eu não sabia se ele estava se referindo a mim ou não. Mas naquele momento me deu uma vontade maluca de beijá-lo.
E foi exatamente o que eu tentei fazer, porém antes que os nossos lábios se tocassem, ele se afastou.
— Termina de assistir o filme, eu vou lá pra cima — ele saiu.
Sacudi minha cabeça para afastar esses pensamentos.
— Vamos Lauren, não seja tão idiota, todo mundo leva um fora pelo menos uma vez na vida, essa foi só a primeira — falei pra mim mesma.
Nunca ia entender o motivo de ele ter se afastado daquela maneira. Ainda mais quando ele havia planejado algo totalmente romântico na roda gigante. Eu tinha a certeza de que ele não falava de mim quando disse que a pessoa certa poderia já ter caído do céu para ele. Eu não queria que ele estivesse falando de mim, mas não pude deixar de pensar que seria legal ter alguém que se sentisse assim em relação à mim. Claro que não precisava ser ele. Não, eu não estava desesperada à esse ponto.
[...]
Durante o início da noite eu saí sozinha para refrescar a cabeça e fazer algumas compras, afinal, eu não tinha viajado para ficar sozinha dentro de uma casa enorme.
Conheci pessoas novas em um tipo de "barzinho" em que eu parei no caminho, os nativos eram muito simpáticos e isso fez com que a conversa fluísse e me ajudou a esquecer os problemas.
Na volta para casa recebi algumas mensagens de Ashley.
A: A viagem deve estar ótima, você nem sequer lembra da prima aqui. Hello?! Nenhuma novidade para me contar?
L: Eu ando meio ocupada, mas não esqueci de ninguém.
A: Sei... tá usando camisinha?
L: Sério? Essa é coisa única coisa que você tem para me perguntar?
A: Estou falando sério, Lauren. Não quero um bando de crianças berrando no meu ouvido e me chamando de tia. Então eu espero que isso seja um sim.
L: Não estou usando, acho que vai ser tia daqui a nove meses. Bom, já vai pesquisando tamanhos de fraldas, você vai ser a madrinha.
A: Que horror, garota. Mas vem cá, você é mais esperta do que eu pensei.
L: Ainda bem... estou chegando na casa, depois eu falo com você.
Guardei o celular e entrei na casa.
Pelo horário e pelas luzes acesas na casa era de se esperar que Shawn já tivesse chegado.
Assim que eu entrei ele veio na minha direção.
— Consegui resolver tudo, eles podem viajar daqui a duas semanas — ele disse animado.
— Ótimo — falei sem interesse e em seguida subi para guardar as compras.
Passado um tempo Shawn veio atrás de mim.
— Estava pensando em pedir pizza pro jantar, o que você acha?
— Tanto faz. De qualquer forma, não estou com fome — falei enquanto olhava um videoclipe de uma banda britânica que passava na televisão.
— Tudo isso é por causa de ontem? — ele perguntou se aproximando e desligando a TV.
Eu não estava com raiva, apenas não estava com fome. Tinha comido bastante no barzinho com meus novos colegas britânicos, mas achei que ele não precisava saber de tudo, então não contei.
— Esquece ontem, foi um momento idiota. E além disso, nosso trato é contra essas demonstrações de afeto.
— Eu não devia ter saído daquele jeito, mas se você quiser... eu posso te beijar agora — ele disse se aproximando.
— Mas eu não quero que você... — ele me interrompeu me beijando suavemente — Shawn... — comecei a falar mas ele me interrompeu novamente com outro beijo, dessa vez um pouco mais intenso.
Pela forma de me beijar eu senti que ele estava diferente naquela noite, um pouco mais calmo e carinhoso do que todas as outras vezes. Ele abriu os botões da minha blusa com muita calma, analisando cada parte de mim. Eu não sabia o que estava acontecendo ou o que havia mudado a cabeça dele, mas não queria que parasse.
Talvez fosse o arrependimento por ter me rejeitado na noite anterior, talvez ele tivesse apenas procurando entre mil mulheres o amor da vida dele e eu era apenas um dos testes. Ou talvez ele estivesse apenas disposto a fazer diferente naquela noite. Algo que nenhum de nós estávamos esperando. Pela primeira vez em toda a minha vida, eu estava fazendo amor.
[...]
Eram 3 da manhã e eu ainda não conseguia dormir. Tinha me esquecido completamente de Aaron e passado do tempo todo pensando e observando Shawn que estava apenas enrolado no lençol assim como eu. Ele dormia com uma expressão serena no rosto. Eu não podia negar que seria fantástico acordar todos os dias do lado de alguém daquele jeito. Era uma vista e tanto!
— Olha onde você foi se meter, Lauren — disse a mim mesma.
Aquela noite tinha sido diferente, e o pior de tudo aconteceu: nossos corpos se conectaram de uma forma que não acontecerá nas outras vezes. Aquilo era absurdamente errado se levássemos nosso trato em consideração. Mas na hora pareceu muito certo. Só queria descobrir se ele sentiu o mesmo que eu, por que se a resposta fosse sim, entramos em um barco furado, juntos.
— Falando sozinha à essa hora? — perguntou.
Era bom saber que ele tinha o sono leve.
— É... não consegui dormir ainda.
— Lauren, sei que você dormiu antes de mim. Não sei porque está mentindo tanto esses dias.
Me senti envergonhada, mas aquela não era a hora certa para falar sobre Aaron e meus problemas com o vídeo. Já estava tudo resolvido.
Ele insistiu. Apenas se apoiou na cabeceira da cama e me colocou deitada em seu peito. Estávamos fazendo tudo errado.
Ficamos assim por um tempo até que eu resolvi quebrar o silêncio.
— Shawn?
— Sim?
— Nosso trato... isso não vai dar certo.
— Eu sei — ele respondeu enquanto brincava com uma mecha do meu cabelo.
— Quer mesmo continuar com isso?
— Sim.
— Mas nós vamos estragar tudo — Falei.
— Eu não me importo.
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