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De todas as vezes em que tinha feito entrevistas de emprego, aquela era a que mais me assustava.

Basicamente, Manuel Mendes, o dono da empresa para a qual eu havia me candidatado teve que voltar para a matriz em Toronto, deixando assim a filial de Los Angeles sob os comandos de seu filho mais velho, que por sinal não era tão velho assim.

Antes de você se candidatar à uma vaga de emprego, é sempre bom pesquisar um pouco sobre a empresa que está oferecendo a vaga, eu sempre havia feito aquilo e daquela vez não foi diferente.

Na coluna do jornal, saiu o anúncio da vaga, mas não com boas notícias. Segundo eles, ninguém conseguia trabalhar com o filho do dono. Ele simplesmente fazia com que todas as secretárias pedissem demissão por não saber lidar com pessoas, e todas elas diziam a mesma coisa sobre ele: rude, grosseiro e insensível.

Eu não tinha medo de caras rudes, quer dizer, eu não ia deixar que ele me tratasse mal ou me desviasse das minhas funções caso eu fosse selecionada, pode-se dizer que eu tinha uma personalidade forte, e um orgulho maior ainda.

— Lauren Portman? — uma moça alta e muito bonita me chamou.

— Sou eu - Respondi.

— O Shawn Mendes quer entrevistar você.

— Tudo bem.

— Vamos por aqui - ela disse me guiando para um elevador.

Dei uma última checada na minha roupa, estava vestindo uma calça social preta com uma blusa branca e meu inseparável salto.

Não era minha combinação preferida e aquele calor também não ajudava muito, mas achei que passaria uma boa primeira impressão, afinal, eu era muito nova para a vaga e querendo ou não, roupas sociais iam me ajudar a manter o padrão secretária.

— Não se preocupe com a aparência, ele provavelmente não vai olhar para você, assim como não olhou para nenhuma das outras — A moça disse sem ao menos olhar na minha cara. — Vocês candidatas são todas iguais.

— Eu não me arrumei para isso. Apenas gosto de estar arrumada — Respondi fazendo ela rir.

- Que seja... se você passar nessa entrevista, não dura mais de uma semana aqui, tenho certeza. Nenhuma delas durou. – Ela disse.

Algo bem encorajador para se dizer a alguém prestes a entrar em uma sala de entrevista para trabalhar com um cara com aquela reputação.

O elevador parou no último andar. O que eu tinha notado até então, era que aquele andar inteiro só tinham três salas.

A porta da sala do chefe era larga, tudo naquela empresa tinha um acabamento perfeito e até o momento não mostrava sinais de confusão, fiquei feliz. Eu sabia que não tinham milhares de empregos esperando pela minha candidatura, mas eu priorizaria o que não demonstrasse ser um local de estresse.

— Eu fico aqui. Boa sorte, você vai precisar.

Não sabia se ela estava tentando me confortar, se fosse o caso, não estava funcionando.

— Obrigada Srta...

— Smith. Diana Smith.

Ela saiu batendo seu salto até o elevador enquanto eu respirava fundo para entrar naquela sala.

Quando criei coragem, abri a grande porta e pedi licença. Ele estava mexendo em alguns papéis e olhou rapidamente para mim.

— Sente-se por favor. Eu sou Shawn Mendes, como você já deve saber — Ele disse colocando os papéis de lado e olhando para mim sorrindo.

Para o azar dele eu já sabia a sua fama, então pude supor que aquele sorriso fosse tão falso quanto a moça que havia me atendido antes. Mas ainda assim ele era muito atraente.

— Lauren Portman, 22 anos, mora em Los Angeles, solteira, sem filhos... histórico escolar impressionante.

Sorri satisfeita. Me orgulhava de pouquíssimas coisas na vida, meu histórico acadêmico era uma delas.

— Um pouco nova demais para a vaga, não acha? — Ele me encarou. — O que te fez ignorar as exigências?

Eu tinha lido no site do jornal que a vaga era para pessoas acima de 24 anos . Mas a culpa não era minha se ninguém acima de 24 anos estava interessado em se manter na vaga.

— Tive que ignorar, para ser sincera, não acho que minha idade vá me impedir de fazer um trabalho bem feito, eu atendo a todos os outros requisitos.

Eu realmente gostaria de ter dito a verdade. Outra vez, não era minha culpa se ninguém queria trabalhar com ele.

— Entendi. Me conte suas experiências em antigas empresas e por que saiu da última?

Respondi suas perguntas com sinceridade, mas ele não parecia estar gostando das respostas. No meio da entrevista eu já desconfiava que não conseguiria aquela vaga e o motivo era a minha idade, mas mesmo assim continuei me esforçando para responder suas perguntas da forma mais profissional e educada possível.

— Saiu de algum relacionamento recentemente?

Aquela pergunta me pegou de surpresa. Nunca tinha recebido perguntas assim, mas não tive motivos para esconder meu desconforto com a pergunta. Aquilo era muito pessoal e eu sabia que fugia da ética.

— Creio que isso não fará diferença no meu currículo - respondi.

"Parabéns, você acabou de arruinar todas as chances de ter um novo emprego." Pensei.

"Mas pelo menos foi sincera."

— Temos que adicionar "respondona" aqui  — Ele disse apontando para a minha folha. Aquilo havia me deixado bem sem graça, mas ainda assim, não era mentira nem exagero.

— Me desculpa, mas eu não vejo uma razão coerente para responder essa pergunta. Eu sei que é antiético.

— Todas me responderam.

— Eu entendo, mas eu não sou elas e isso é antiético.

Não me importei com o que falava, já tinha arruinado todas as minhas chances de conseguir aquele emprego, que mal faria acabar com todas as chances de uma vez?

— O que te diferencia das outras? - Ele perguntou. Parecia interessado na minha resposta.

— É que eu estou aqui pelo trabalho.

Ele pensou um pouco na minha resposta.

— O que a Srta quis dizer com isso?

— O Sr... nada. Me desculpe.

O homem tinha entendido. Era claro que muitos homens e mulheres se candidatavam em vagas para se aproveitar, já que o alvo estava solteiro e não tinha uma boa fama. A maioria das pessoas que se envolvem com homens, acabam se atraindo justamente pelos que não valem nada. Não poderia dizer que aquele não era o meu caso, já havia acontecido diversas vezes, mas Shawn Mendes não me parecia ser algo tão extraordinário como minha prima pensava.

— Você — Ele precisou enfatizar — Não me chame de Sr, me faz parecer bem mais velho do que já sou. Deixe as formalidades para usar com o meu pai, por enquanto.

— Tudo bem.

— Quanto tempo você leva para chegar aqui?

— Uns 15 minutos.

— Certo. Obrigada por se candidatar. Boa sorte, está liberada — Ele disse.

Eu caminhei até a porta ouvindo o barulho dos meus saltos ecoarem pela sala. Estava confusa, aquilo não era uma entrevista, nem de longe. Eu tinha estragado tudo e ele contribuiu.

— Foi tudo bem? — Diana me perguntou.

— Eu acho que sim.

— Então boa sorte. Caso a vaga seja sua, eu entrarei em contato até amanhã de manhã — Ela sorriu novamente.

Falsa.

— Obrigada - Falei entregando o crachá de visitante para ela e saindo.

Fui em direção à cafeteria que ficava do outro lado da rua. Pedi um croissant e enquanto não chegava, peguei meu celular e liguei para a minha prima Ashley, que estava usando meu carro e já deveria ter me buscado há pelo menos quinze minutos.

A: Como foi lá?

L: Eu te conto se você vier me buscar na cafeteria

A: Ele é bonito mesmo?

L: Ashley, vem me buscar agora!

A: Eu estou perto, chego aí em cinco minutos.

Desliguei o telefone e esperei até que ela chegasse.

— Da próxima vez venha de Fusca, chega mais rápido assim — Falei após entrar no carro.

— Para de ser estressada e me conta como foi lá.

— Ele parece ser irritante. Acho que o que dizem nos jornais são coisas com bastante fundamento. Faz umas perguntas sem noção e eu acabei com a minha entrevista, se eu conseguir esse emprego pode me considerar uma pessoa de muita sorte. Acho que nem um milagre me ajudaria. Mas a mulher que me recebeu...

— Lauren, o que você fez? Nem conheceu o cara direito e já tá falando isso tudo, eu consigo entender os motivos que ele teria para não te contratar, nem eu contrataria.

— Ele perguntou se eu tinha saído de um relacionamento recentemente, o que não fazia sentido, já que na ficha tinha o estado civil com um Solteira bem grande e em fonte legível.

— Você acaba de estragar sua sexta entrevista em menos de duas semanas.

— Não importa. Aquele não é lugar para mim, acho que não daria certo.

[...]

— A gente bem que podia sair pra comemorar — Ashley disse.

— Comemorar o que? Minha habilidade de não conseguir emprego e ainda estragar todas as chances que tenho?

— Não, idiota. Eu não sei você, mas eu não preciso de motivos para sair e me divertir. Vamos no karaokê, vai ser legal.

— E eu lá tenho cara de gente que sabe cantar?

— Da última vez você não só cantou, mas dançou e chorou também — Ela disse rindo da minha cara feito uma idiota.

— Eu estava bêbada e tinha terminado com o Ben, como você me deixou fazer aquilo?

— Eu tentei impedir, juro.

— Filmar não é bem uma tentativa de impedir.

— Mas você achou engraçado também.

Alguns meses depois aquilo tinha ficado engraçado, mas no dia eu estava acabada. Joguei uma almofada no rosto dela para que ela parasse de rir.

— Não se esqueça da vez que você tentou girar no pole dance na boate em Miami — Falei.

— Colocaram a gente para fora — Ela lembrou rindo.

— Eu não faço ideia de como consegui entrar naquele lugar.

— É que você era mais divertida antes. Agora só quer saber de trabalho, a vida não é só isso, prima.

Eu não entendi muito bem o motivo de ela ter dito aquilo, afinal, eu ainda não tinha um emprego e ela adorava jogar indiretas sobre como não queria ter que ficar pagando as contas sozinha. Mas resolvi aceitar seus conselhos e me distrair um pouco.

— Tudo bem, eu saio com você hoje, mas não vou cantar e não vou pagar nada.

— Não vou te fazer cantar, prometo. Agora larga esse computador e me ajuda a escolher uma roupa decente.

— Você nunca se interessou por moda.

— É, mas agora tem alguém na jogada.

— Não acredito que você ainda se veste para impressionar os outros — Falei caminhando até o quarto de Ashley.

— Eu não me visto para impressionar ninguém. Só quero que a pessoa goste do que vê quando me olhar.

— Isso se chama falta de atenção, quer um pouquinho? Liga para os seus pais.

Eu sabia que não deveria tocar naquele assunto, mas precisava tentar, pelo menos uma vez.

— Ah, de novo não. Já falei, não volto pra Miami.

— Você tem que se acertar com eles, cedo ou tarde. Não vai conseguir fugir disso para sempre.

— Podemos não falar sobre isso hoje? Você realmente tem o dom de estragar tudo!

— Ok, não está mais aqui quem falou — Respondi levantando as duas mãos me rendendo.

— Ótimo. Escolhe a roupa e vamos logo. Juro que se eu tiver que ficar aqui com você agindo desse jeito...

— Para de chororô, Ash. Se quiser sair sozinha, é só sair.

Ela entendeu minha frase como se eu estivesse fazendo drama e pediu desculpas, da boca pra fora, mas pediu. Logo depois, voltou ao normal e me incentivou a escolher qualquer coisa e me vestir.

Passei meus olhos pelo guarda roupa e não achei absolutamente nada que me agradasse. Fazia um bom tempo desde a última vez que eu tinha feito compras, mas não planejava fazer tão cedo.

— Você tem certeza que quer se produzir tanto para ir no karaokê? — Perguntei quando vi o que ela tinha escolhido.

— Priminha ingênua... karaokê é só até às oito e também fica apenas na parte da frente, a partir desse horário vão abrir uma nova boate na parte de trás e homens gostosos frequentam boates - Ela disse me dando uma piscadela.

— Obrigada por me avisar, já que eu não me lembro de nada da última vez que estive lá.

— Já pedi desculpas. Vai escolher a roupa ou não?

Procurei mais uma vez até achar um vestido branco com um leve decote.

— Esse aqui - Eu disse entregando nas mãos dela.

— E o sapato?

- Escolhe algum dos meus... não gostei muito dessa combinação, acho que vou escolher outra roupa.

Escolhi um vestido qualquer e deixei separado em cima da cama, quando fosse a hora certa estaria mais fácil de achar. Voltei a atenção para o meu laptop, eu realmente tinha que procurar emprego.

— Eu vou começar a me arrumar primeiro, sabe que eu demoro mais — Ashley disse entrando no meu quarto.

Ela já tinha passado mais de meia hora só escolhendo as roupas antes, gostaria muito de contestar e pedir para ir primeiro. Mas fiquei quieta. Ashley arrumaria uma briga a troco de nada e eu acabaria cedendo, de qualquer forma.

— Tá.

Ela parou e ficou me encarando por um tempo.

— Você não precisa ficar preocupada, eu paguei todas as contas...

— Eu sei, mas isso não está certo. E é como você mesma diz, não quero que fique pagando as contas por mim pelo resto da vida.

— Não precisa se preocupar e além disso, você vai conseguir coisa melhor, tenho certeza disso.

— Vou acreditar em você — Respondi.

[...]

O barulho do karaokê, que naquele momento já havia se transformado em boate estava me deixando maluca. Eu não conseguia me divertir. Ficava sentada no bar, apenas encarando meu copo que já estava vazio.

— Dia ruim? - Perguntou um homem que parecia ser pelo menos uns cinco anos mais velho do que eu.

— Hoje foi um dia péssimo — Respondi sem dar muita atenção.

— Então entra na fila.

— Seus problemas não podem ser piores do que os meus.

— Minha namorada me traiu.

— Bom, é mais fácil arrumar uma nova namorada do que um novo emprego — Eu respondi rindo.

— E você já ganhou.

— Eu sou a Lauren, prazer em conhecê-lo Sr...

— Dallas. Me chame de Cameron — Ele sorriu.

Com certeza era o cara mais bonito que frequentava aquele lugar.

— Acho que nós somos os únicos que não estamos tendo diversão.

Olhei ao redor do local, e Cameron estava certo, estavam todos bebendo e dançando, incluindo Ashley.

— Que tal eu te pagar um drink e a gente fingir que o dia foi super feliz para nós dois?

— Só um drink?

— Sim.

— Proposta aceita — Falei sorrindo.

Dessa vez dei uma boa olhada em Cameron. Se não fosse muito ousado da minha parte, eu diria na cara dele o quanto ele estava bonito. Era uma pena não conhecê-lo direito.

— A sua amiga está se divertindo bastante, não é? — Ele disse tentando puxar assunto enquanto me entregava os drinks.

— Minha prima... ela é assim o tempo todo.

— Isso é fraco, acho que vou precisar de pelo menos mais três — Cameron disse sobre a bebida me fazendo rir fraco.

Enquanto Cameron falava algumas coisas sobre a vida dele, eu olhava ao redor da "boate", alguns rostos conhecidos, nada de tão diferente. Exceto Ashley que dançava como se estivesse tendo uma convulsão.

— Lauren? — Cameron chamou a minha atenção.

— Não entendi, desculpa.

— Eu perguntei se você mora aqui em Los Angeles mesmo.

— Moro, faz quase um ano. Eu nasci no Texas e morei quase a minha vida inteira em Miami, agora estou aqui. E você?

Desejei mentalmente que ele não fizesse sotaque e gestos de Cowboy por eu ter citado Texas. Era o que todos faziam.

— Sempre morei aqui. Acho um bom lugar.

Eu não tinha muito o que conversar com Cameron, afinal, ele ainda era totalmente estranho para mim.

— Espera um minuto — Falei andando até Ashley que estava visivelmente alterada.

— O que? — Ela praticamente gritou.

— Eu disse que eu quero ir embora — Gritei por cima da música eletrônica.

— Eu vou ficar aqui dançando com o Dave.

— Quem é Dave?

— O cara com quem eu estou saindo — Ela disse com uma voz mais arrastada do que o normal.


Eu não fazia ideia de que ela estava saindo com alguém.

— Eu venho te buscar depois — Falei.

Já tinha pelo menos umas três horas que estávamos ali, aquela barulheira toda misturada com a bebida estava fazendo com que minha cabeça doesse cada vez mais.

— Já vai embora? — Cameron perguntou.

— Eu acho que sim. Não estou muito no clima hoje — Respondi.

— Foi ótimo ter sua companhia. Nos vemos por aí, Lauren — Ele disse saindo do bar.

Se eu fosse do tipo que faz apostas, poderia apostar que quando ele chegasse em casa iria beber até cair na cama. O que era triste, pois ele parecia ser um cara muito atencioso e gentil, se fosse outro cara qualquer tinha tentado me agarrar ali mesmo. Não que isso seja algo extraordinário, mas eu sempre achei que a gentileza vinda de um homem em boates sempre vinha carregada de interesse. Estava feliz porque Cameron demonstrou desinteresse total. A gente só precisou fazer companhia um ao outro.

Eu estava quase saindo da boate quando Cameron voltou em minha direção.

— Achei que já tivesse ido embora.

— Eu ia, mas quando cheguei na porta de saída vi o meu novo chefe e resolvi voltar - Cameron disse.

— Seu chefe frequenta boates de pobre? — Perguntei rindo.

— Quase todos caras em Los Angeles frequentam boates.

— Entendi, e onde está seu chefe agora? — Perguntei procurando por algum cara bem mais velho.

— Bem ali — Ele apontou.

Eu esperava qualquer pessoa, até mesmo Brad Pitt. Mas o destino tinha que acabar com o resto do meu dia ou senão minha vida toda estaria errada.

— Shawn Mendes — Falei com certo desânimo.

— Você o conhece?

— Fiz uma entrevista para ser a nova secretária. Mas ele não gostou muito de mim, assim como eu não gostei dele — Falei.

— Ele se faz de durão, mas é uma boa pessoa.

— Eu não queria que ele me visse aqui. Vamos pra pista de dança agora — Falei.

— Tarde demais, ele acabou de me ver e parece que está vindo para cá — Cameron disse.

— Você estava fugindo dele, não é?

— Sim, não quero que ele me cobre relatórios que eu consegui entregar a tempo. Ele demitiu a última secretaria e agora eu que faço os trabalhos dela, até ele contratar uma nova.

— Tarde demais — Falei.

— Dallas, que surpresa ver você aqui — Shawn Mendes disse alto o bastante para que eu também escutasse.

— É... bom, essa é Lauren. Nos conhecemos agora — Cameron respondeu tentando tirar o foco principal do assunto.

— Eu me lembro de você, da entrevista hoje cedo...

— Fui um desastre, você vai lembrar de mim por um bom tempo — Respondi pegando o copo de Cameron para beber.

— Você é acostumada a pegar bebida do copo de estranhos? — Ele perguntou, parecia estar fazendo outra entrevista.

— Não, na verdade, eu só estou aqui porque fui obrigada — Falei alto e apontei para Ashley — Sou responsável por aquela criança.

— Ela dança estranho - Cameron disse fazendo Shawn voltar a olhar para Ashley.

Ele segurou o riso e voltou a atenção para onde estava olhando enquanto vinha em nossa direção. Havia uma sala no andar de cima e alguém chamava por ele.

— Eu tenho que ir, só passei aqui para resolver uma coisa com o dono. Vejo vocês depois — Ele disse saindo.

— Eu não quero vê-lo nunca mais. Já passei muita vergonha para um dia só — Falei assim que ele saiu.

— Ele está em um péssimo dia.

— Mas as pessoas não tem culpa disso. Nós tivemos um péssimo dia e não matamos ninguém, ele tem que ser diferente só porque é rico? — Perguntei.

— Ele não é o que está na mídia. Os jornais e sites fazem você ver apenas o que eles querem que veja. O famoso Clickbait. As pessoas não aguentam o serviço, mas a culpa é de outra pessoa, não dele. — Cameron disse caminhando comigo até a saída do estabelecimento.

— Ele foi grosseiro na entrevista. Não estou me baseando na mídia.

— Como eu disse, dia ruim.

Ele repetiu, como se fosse desculpa para tratar outras pessoas de forma grosseira.

— Minha mãe sempre diz que a primeira impressão é a que fica, mas se você está me dizendo que ele não é tão ruim, vou acreditar – Falei, fazendo ele sorrir –  Eu preciso ir, nos vemos por aí?

— Claro. Foi prazer conhecer você, Lauren.

— Igualmente - Respondi e segui andando na direção oposta à de Cameron.

Minha casa não era tão longe do karaokê, mas caminhar de salto fez parecer que eu havia andado por dias.

Quando cheguei em casa, a primeira coisa que eu fiz foi entrar na banheira e passar um bom tempo pensando no que fazer da minha vida.

Ouvi o telefone tocar e resolvi deixar na secretária eletrônica, junto com as outras que eu não ouvia há pelo menos três dias.

"Oi Lauren, é a mamãe. Ashley me ligou falando que você estragou sua entrevista e está mal por isso. Não precisa ficar assim, se quiser passar uma temporada aqui, eu e seu pai estamos de acordo. Amamos você."

Eu poderia matar Ashley, odiava quando ela bancava a fofoqueira e contava tudo para os meus pais, às vezes parecia criança. Não precisava que ninguém ficasse me lembrando dos meus fracassos, precisava ainda menos de alguém para espalhá-los pela família.

"Você tem 3 novos recados" a voz da secretária eletrônica ecoou pela casa.

Me enrolei em uma toalha e caminhei até o aparelho para ouvir os recados.

"Você não retorna minhas ligações, sua mãe está ficando preocupada. Ligue quando ouvir, e me avise se estiver precisando de algo. Beijos."

Era do meu pai, assim como a mensagem seguinte.

Eu estava prestes a ignorar a próxima mensagem quando uma voz que eu conhecia há algumas horas me chamou a atenção.

"Aqui é Diana Smith, precisamos que você compareça na empresa com seus documentos, infelizmente o Sr. Mendes não achou ninguém melhor do que você, então a vaga é sua. Mandarei mais informações por e-mail."

Eu poderia me sentir incomodada apenas pelo jeito dela se referir a mim com total descaso, mas já que a vaga era minha, eu faria ela perceber que eu valia a pena.

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