18 | Eu morreria por você, meu amor.
JEON JUNGKOOK.
Estreito os olhos, analisando o documento em minhas mãos. Ausência de informações, detalhes mal feitos, organização deixa a desejar e os resultados são péssimos... Por Deus, estou lidando com adolescentes no ensino médio? Não é possível que sejam tão incompetentes.
— Isso está uma merda — jogo o relatório na mesa, provocando um barulho na sala de reunião. — Para não dizer pior.
Os representantes de cada departamento — o Conselho da empresa — nem se atrevem a erguer a cabeça. Aguentam a bronca quietos, porque sabem que estão errados.
Sinceramente, já previa o fracasso de qualquer forma. Os homens escolhidos para estarem aqui são como sangue-sugas: não contribuem para porra nenhuma, irritam e só extraem o dinheiro dos Jeon's em prol de seus próprios lazeres. Meu dinheiro. São um bando de desocupados.
— Jungkook — encaro o dono da voz autoritária. Kim Hangjun, o pior dos doze presentes. — Com respeito, acho que digo por todos que — ri irônico antes de completar: — você não é o presidente. O Senhor Jeon aprova nossos métodos, e...
Bato a caneca na mesa de vidro, interrompendo-o. O objeto trinca com a força, vazando gotículas de café nos meus dedos. O velho barrigudo, em seu terno engomado e caro, não fraqueja.
— Eu sou o Senhor Jeon — corrijo, ríspido.
O fato de que ele tem coragem de me chamar pelo primeiro nome, como se estivesse dando bronca num moleque bobinho, é motivo suficiente para me fazer perder a cabeça. Conto até três mentalmente, obrigando meu corpo a relaxar e enfrentá-lo de uma forma — no mínimo — educada e democrática.
— Meu pai está doente, conselheiro Kim. Sou o herdeiro e, no lugar dele, o presidente provisório. Seguirão as minhas ordens — Hangjun engole em seco, calando-se.
Limpo a mão melecada de café no guardanapo, satisfeito. Faço um sinal para a secretária à minha direita pedindo mais café. Vou precisar de um estímulo se quiser enfrentar este dia.
O silêncio predomina novamente na sala por um curto período, quando a voz rouca e debochada de outro conselheiro eleva-se para mais uma crítica.
— Discordo. As polêmicas sobre sua vida pessoal trazem desvantagens para a imagem da empresa e perda de clientes. Não podemos confiar num rebelde que há pouco tempo nem se interessava em herdar o cargo, companheiros! — um burburinho irritante cresce, concordando com a fala.
Fecho o punho, segurando a vontade enorme que estou de simplesmente pular nessa mesa, agarrar o colarinho dele e mostrar quem é o "rebelde". Esse maldito, como ousa...
Todos eles me consideram uma criança inexperiente. Seguem as ordens do meu pai há anos, sem mudanças e variações, apenas obedecendo feito robôs. Um bando de boçais inúteis. A primeira medida que tomarei na liderança oficial é jogá-los na sarjeta. Substituir por jovens inovadores que tragam benefícios reais para o nosso negócio.
Num estalar de dedos, vão sumir de vista. São parte da vingança contra meu pai. Eu vou tirar tudo deles também.
Sei bem a qual tipo de polêmicas o babaca refere-se. Mulheres com quem saí, noitadas, maconha, meus surtos de raiva, e por aí vai. A principal delas é relacionada à minha filha desviada com uma suposta "qualquer" — acham ser um erro, um acidente de garotinho besta que esqueceu a regra básica do sexo causal: usar camisinha. Tem milhares de boatos e eu explodo de fúria quando ouço que "a mãe do bebê foi chantageada para fazer um aborto, mas pegou o dinheiro e sumiu".
De onde diabos as pessoas tiram tais absurdos? Além de me taxarem de vilão na história, ainda sugerem que Dahyun é interesseira. Por que não cuidam de suas vidinhas insignificantes e calam a porra da boca?
Ok, Chunja não foi exatamente planejada, porém, tanto eu quanto a Dahyun sabíamos o risco que corríamos. Não foi e nunca será um erro. Sempre soubemos, mesmo ela tomando anticoncepcionais. E gravidez não seria um problema porque nós fizemos a promessa de ter uma família. Cedo ou tarde aconteceria e, sendo sincero, demorou até demais diante da nossa falta de preocupação nos quatro anos de relacionamento.
Lembro do falso positivo que ela teve aos 19. Muito cedo para ser papai. A gente surtou, no final não era nada. Nós éramos realmente doidos e eu amava isso.
— Oh, então vamos falar de polêmicas? Ótimo! — relaxo na cadeira, mirando atento os rostos presentes. Escolhi minha vítima. — Conselheiro Sangoo, não foi o senhor que mandou nudes por engano para um de nossos antigos clientes? Perdemos bastante dinheiro limpando sua sujeira.
O homenzinho de óculos arregala os olhos e tenta gaguejar uma explicação. Suspiros de surpresa e indignação preenchem o ambiente. Aposto que sequer recordavam desse boato.
Tudo bem, não me importo de relembrá-los de seus erros.
— E você, conselheiro Yoongsu? — o citado congela no lugar. — Aquelas revistas pornô foram parar sozinhas na terceira gaveta do seu escritório? — mais cochichos inconformados. — Ah, como poderia esquecer do memorável conselheiro Park! As câmeras o flagraram junto do seu motorista ou devo dizer... amante? — essa choca-os para valer. — Sua mulher sabe que não come da fruta dela?
— Basta! — Hangjun berra, cessando as vozes desesperadas dos representantes. — Já entendemos, senhor. Peço descul...
Dessa vez, sou eu quem tem o controle. Apenas o erguer de meu dedo indicador aos lábios, sinalizando silêncio, faz todos fecharem as matracas e desviarem os olhares. Estão envergonhados por suas ações imundas. Hipócritas.
Segredos são uma maldição e a fraqueza do ser humano. A angústia exposta em suas feições quando apontei e citei seus pecados, deixou-os pequenos e vulneráveis. Não confio em nenhum deles. Se fossem pessoas decentes, não precisaria manter investigações em aberto sobre a vida de cada um.
Odeio agir feito um carrasco, mas é impossível aceitar que a própria equipe te despreze. Maquiavel tinha razão: os homens são ingratos, ambiciosos e volúveis. Neste caso, prefiro ser temido do que amado.
— Aqui, ninguém é santo. Pelo contrário, estamos fadados ao inferno igualmente — inclino-me sobre a mesa, fazendo questão da total atenção deles. — Não aceitarei objeções, muito menos opiniões de idiotas como vocês! Tratem de me respeitar e cumprir suas obrigações ou serão substituídos da pior maneira, entendido?
Em conjunto, soltam um "sim, senhor" robotizado. Sorrio discreto, orgulhoso de ter lidado pacificamente com a situação. Estava quase tremendo de estresse e houve um segundo, um milésimo, que quis desmoronar pelas ofensas.
Me contive bem porque sei da minha capacidade. Estudei para caralho, treinei anos, acompanhei meu pai — mesmo odiando — e dediquei minha vida para este cargo. Ser o líder e tomar o que é meu por direito.
Foda-se aquele típico mimimi "você é uma vergonha como herdeiro". Vou provar que mereço estar no poder.
— Bom, façam as alterações necessárias na proposta — afasto a cadeira e levanto. Os doze homens repetem o ato. — Quero tudo pronto em uma hora. A equipe de produção iniciará a partir desse relatório.
Cruzo a sala, contornando a grande mesa. Não esqueço de dar um tapinha amigável nas costas de Hangjun ao passar.
— Adorei nossa conversa, muito esclarecedora. Tenham um bom dia! — sorrio sínico, acenando.
Eles se curvam em referências demoradas, carregadas de um pedido de desculpas silencioso. Vão aprender a não me subestimar nunca mais.
Ando pelo corredor sendo seguido por Jian, minha leal secretária de 24 anos. Solto o ar preso nos pulmões ao entrarmos no elevador, sentindo-me livre da energia pesada de segundos atrás. Eu deveria rezar ou algo do tipo para me proteger daqueles urubus. Sugaram a alma do meu pai e sugarão a minha se eu abaixar a guarda.
— Foi incrível, senhor Jeon — Jian entrega o copo de café que pedi antes.
— Acha que peguei pesado? — questiono, apreensivo. — Contando aquelas coisas.
Dou um gole no líquido escuro e adocicado. Desce quente, aquecendo meu corpo.
— Jamais! Estavam merecendo uma lição de moral, me segurei para não rir — a jovem cutuca meu braço, brincando. — Não sabia que era fofoqueiro.
Sorrio, lembrando de Taehyung. Pelo jeito, ter amigos fofoqueiros te torna um. Sou um tipo de maria fifi especial: contrato detetives para saber de tudo. Nada escapa, essa é a vantagem.
— Funcionários são uma boa fonte... Pode ser minha espiã, que tal?
— Será um prazer, senhor — curva a cabeça levemente, sorrindo em retorno.
Uma mecha de seu cabelo negro escapa do coque perfeito e ajustado — o mesmo de sempre. Sua nuca descoberta provoca a aparição de uma breve lembrança de nós dois. Aconteceu há um tempo atrás e estou arrependido. Apesar de estarmos sendo profissionais, misturar trabalho com vida sexual é uma ideia burra e tola.
O elevador soa um apito baixo, anunciando que chegamos ao penúltimo andar da empresa. No topo, é onde o meu escritório e o do meu pai ficam. Eu, particularmente, apenas gosto da vista e da tranquilidade. Por absurdo que seja, há um mês, quando não tinha sido despejado de casa, sentia mais paz aqui do que no meu suposto lar.
Ao adentrarmos o cômodo de paredes inteiras brancas, Jian circula a mesa e vai direto para o computador. Este hall que antecede minha sala é o local que ela trabalha, encaminhando ligações, recebendo os convidados, completando relatórios e organizando minha agenda e documentos. Já estaria louco sem sua ajuda.
— Devo marcar a próxima reunião para daqui uma hora, certo?
— Sim, avise a equipe no grupo — a jovem assente.
Fecho a porta do meu escritório — exageradamente grande — e relaxo os ombros. Odeio acordar cedo, é um porre. Tiro do bolso da calça uma cápsula de remédio e engulo. Beberico o café novamente, cansado. Talvez, misturar cafeína com antidepressivo seja uma ideia ruim, mas quem liga?
Ando em passos lentos até a janela fumê que vai do chão ao teto. A paisagem é simplesmente de tirar o fôlego. Um horizonte amplo, repleto de arranha-céus. Ruas, casas e automóveis são como brinquedinhos de tão minúsculos. E o sol, acima de tudo, brilha poderoso no seu auge da manhã.
É lindo.
A morte ronda meus pensamentos às vezes... É assim que gostaria de partir. Uma cena de filme: feliz, num campo de flores, ouvindo o canto dos passarinhos e assistindo ao pôr do sol. Quando a noite tomasse conta, eu descansaria e reencontraria minha querida mãe.
Droga. Aposto que a consulta na psicóloga amanhã vai render.
De repente, sobressalto assustado. O toque do meu celular ecoa em alto e bom som. Reviro os olhos e me jogo na cadeira macia de rodinhas, antecipando os gritos autoritários do meu pai na linha — mesmo doente, não esquece de me irritar. Alcanço o aparelho e o nome registrado faz meu coração palpitar. Atendo rápido.
— Oi, Dah — arrumo a postura como se ela pudesse ver. — Que surpresa, está bem?
— Desculpa atrapalhar, é que... é urgente.
Me remexo, já preocupado com o tom de voz sério. É grave.
— O que foi, amor? — tampouco corrige o apelido. — Eunwoo fez algo?
— Não viaja, Jungkook! Recebi uma ligação da escola da Chunja. A diretora está me chamando agora, disse que houve uma confusão envolvendo nossa filha e não deu detalhes.
Estreito os olhos, confuso. Será que a minha porquinha se machucou? O medo toma conta do meu corpo.
— Estou no trabalho, não posso sair. Eunwoo está enrolado também. Você poderia ir ver o que aconteceu? Sei que é ocupado, mas tem que ser alguém da família...
Batuco os dedos na mesa, pensativo. Sequer devia considerar duas vezes correr para descobrir que "confusão" é essa, mas justo hoje estou lotado de demandas. Era essencial ficar aqui para acompanhar o andamento das reuniões de produção.
— Está aí ainda, Jungoo?
Porra, linda... Não brinca com meu coração, é golpe baixo. Eu sou tão fraco por você.
Foda-se o trabalho.
— Posso, sim. Esqueci onde é a escola, mande o endereço nas mensagens?
— Mando. Muito obrigada, você me salvou, é sério — ouço a voz abafada de uma mulher chamando-a. — Tenho que voltar, avisa depois como foi, por favor!
Ela desliga, antes mesmo de eu dar uma resposta. Sorrio brevemente. Jungoo.
Viro o resto do café numa única golada e levanto da cadeira num pulo. Visto a parte de cima do terno preto e saio direto para a sala de Jian. Assim que abro a porta, a jovem me encara com dúvida.
— Preciso resolver um assunto pessoal indispensável — checo o relógio de pulso. — Adie a reunião para daqui duas horas.
— Hangjun irá reclamar, sabe como ele é...
— Deixe que reclame, tenho uma lista de atrasos para esfregar na cara dele — ela assente, rindo. — Se eu demorar, me ligue avisando.
Meu celular apita logo em seguida, sinalizando uma mensagem de Dahyun com o endereço. Vamos ver o que Chunja aprontou.
ᴛ ᴇ x ᴛ ᴍ ᴇ ᴀ ɢ ᴀ ɪ ɴ
São onze horas da manhã. Estaciono o carro do lado oposto da rua e atravesso para chegar ao portão do colégio. Há dois homens na entrada cuidando da segurança, que apenas acenam com a cabeça e não me impedem de entrar.
Sem querer me gabar, acho que optaram por não barrar alguém de claro status alto.
A escola é menor do que pensava; um casarão rosado, repleto de desenhos de personagens animados pelas paredes. Devem comportar somente o ensino infantil aqui.
Adentro o local, já parando na secretaria para pedir informação. Não entendo a expressão da mulher de óculos atrás do balcão de atendimento ao encontrar meus olhos. Ela cutuca a outra à sua direita que está concentrada numa papelada. As duas ficam segundos me observando e fico desconfortável com toda a súbita atenção.
— Ah... Bom dia? — estalo os dedos para cortar o contato visual.
— B-Bom dia, desculpa, senhor! — a de óculos replica, nervosa. — Como posso ajudá-lo?
— Meu nome é Jeon Jungkook, sou pai de uma aluna do Jardim II, Kim Chunja. A diretora marcou uma conversa com a minha mulh... — travo. Quase disse que Dahyun é minha esposa, caralho. — Digo, ex-mulher, pode confirmar?
De novo, as duas se entreolham como se conversassem por telepatia. Fofoqueiras.
— Sim, parece que Dahyun avisou que você viria — lê algo na tela do computador. — Nari vai te levar até lá.
Nari, a senhora ao seu lado, me lança uma piscadinha. É baixa, tem cabelos curtos e pretos e uma maquiagem pesada demais para uma simples secretária do jardim de infância. Chuto ter 40 no máximo, mas age feito uma adolescente de 17 tentando dar em cima de mim.
As paredes do interior estão decoradas por marcas de tinta colorida em forma de mãozinhas. Sou guiado por alguns corredores de salas. A hora do recreio já passou e daqui a pouco será o tempo de descanso das crianças. Que nostalgia... Brincar, comer e depois tirar uma soneca, quem me dera voltar para o passado.
Próxima à diretoria, vejo uma garotinha sentada em uma das cadeiras de espera, posicionadas do lado de fora da sala. Visivelmente cabisbaixa, suas perninhas curtas balançam solitárias.
— Chu? — chamo-a, quase seis passos de distância. Ela ergue a cabeça e eu tenho vontade de eternizar o momento em que seu sorriso dobra de tamanho ao me ver.
— Papai!
Chunja corre ao meu encontro. Estico os braços e envolvo seu corpinho num longo e caloroso abraço. Distribuo uma série de beijinhos na sua bochecha, enquanto ela ri. Senti tanto a sua falta.
— Você está bem, princesa? — acaricio o cabelo trançado, checando seu rosto. Os olhos estão vermelhos; andou chorando. — Quem te machucou?
Um pigarreio nos interrompe. Espio por cima do ombro da Chu e me deparo com uma mulher de uns 50 anos — pele bem conservada, por sinal — nos aguardando. Nari ainda me cerca igual um pedaço de carne. Tenha santa paciência...
— Senhor Jeon, perdão por chamá-lo em pleno horário de trabalho, mas a situação é de urgência. Nari vai cuidar da Chunja, pode me acompanhar? — indica a porta.
— Eu já volto, amorzinho.
Aperto a mão da garotinha, temendo seja lá o que for. Beijo sua testa e sigo a diretora.
O escritório é em cores padrões: branco, preto e detalhes em cinza. Nas paredes há quadros de sua família, de um cachorro peludo de raça, de diplomas em Pedagogia e Letras e outros quadros apenas de enfeite. Uma estante lotada de livros, armário de documentos e sua mesa no centro da sala completam a decoração.
Ocupo uma das duas cadeiras disponíveis e ela retorna para sua cadeira confortável, apoiando os cotovelos na mesa.
— Sou a diretora Park Hyojung, é um prazer ter um Jeon aqui! — sorri, receptiva. — Desculpe, devo dizer que estou um pouco confusa, pois achei que Eunwoo fosse o pai dela... Ele vem nas reuniões de pais com Dahyun.
Escondo a pontada de ciúmes que atinge meu peito.
— Sou o pai biológico, ele é o padrasto — dou ênfase nesse detalhe. — Morava fora do país e mudei recentemente, Dahyun achou melhor não levantar rumores na mídia. Mas não é relevante no momento, vamos direto ao assunto.
A diretora concorda, compreendendo melhor. Em seguida, posiciona um papel na minha direção. É uma advertência.
— Houve um desentendimento entre Chunja e outra aluna antes do recreio. Ao que parece, sua filha agrediu a colega. A professora separou as duas antes que um acidente mais grave acontecesse.
Ergo as sobrancelhas, chocado. Esperava qualquer problema menos isso. Conheço Chunja há quatro semanas e foi tempo suficiente para ter noção de que ela não é uma criança agressiva, nem descontrolada. Ela não é como eu. É dócil, ama animais, a natureza, doces...
— Nossa, não sei o que dizer. Pelo que sei, minha filha nunca fez esse tipo de coisa, é novidade. Tem certeza?
— Sim, sinto muito, senhor. Ficamos todos surpresos também, sua filha é uma menina inteligente e comportada, porém nossa Instituição preza o respeito acima de tudo. Infelizmente, terei que submeter uma advertência e preciso da sua assinatura.
Passo a mão no cabelo, nervoso. Minha testa está suando e meu coração dói por ela. Estou sem entender. Dahyun educou-a bem, não é uma encrenqueira. Tem algo errado.
— E a senhora acha que a minha filha "inteligente e comportada", como descreveu, iria bater numa colega sem motivo?
Provocação. Era o principal motivo de eu me envolver em brigas na época da escola. Meu temperamento já não era legal e, dependendo do que um dos meninos mais velhos fazia comigo, o resultado seria uma longa disputa de socos entre nós. Chegava quebrado em casa e levava suspensão.
É uma questão de limites. Se alguém ultrapassa sua linha, é difícil controlar o monstro da fúria querendo sair.
— Bom... Segundo Yuna, a aluna agredida, ela tentou pegar um pertence dela. Então, Chunja deu-lhe um tapa e puxou seu cabelo obrigando Yuna, foi quando a professora interveio.
Cruzo os braços sobre o tronco, puto da cara com essa história mal contada. Eu fui um mentiroso ardiloso boa parte da vida e reconheço mentiras de longe. Essa Yuna está se fazendo de tonta. Tenho absoluta convicção de que não foi assim o real cenário e ela mexeu de alguma forma com a Chu, propositalmente para brigarem. Além daquela bolada na educação física que arrancou um dente da minha princesa.
Se for a mesma pirralha...
Não acredito nessa versão. As pessoas pensam que crianças são anjinhos puros, mas às vezes são o oposto. Você pode ser uma cobra desde pequena, a idade não impede de cometer maldades.
— E cadê a menina? Gostaria de falar com ela — a mulher franze o cenho.
— Não há motivos para você conversar com a aluna, senhor Jeon — mordo o lábio, bravo. — Ainda mais sem a presença dos pais. A questão já foi resolvida, e... — rio irônico. — Algum problema?
Vocês jogando a culpa na minha princesa sem nem apurarem o caso direito, porra.
— Nenhum — sorrio, falso. — Onde eu assino?
Ela explica como funciona os termos da advertência (se levar três, é suspensão, na quarta, expulsão) e eu assino no final da página do documento, confirmando que estou de acordo com a detenção. Chu terá que ir embora comigo, pois não pode permanecer na escola.
Saindo de sua sala, avisa da reunião de pais na próxima semana e sugere que eu venha para ficar inserido nas regras, eventos e festivais e desempenho acadêmico. Finjo estar interessado na falação de minutos sobre as glórias do colégio, até Nari — graças a Deus — cortá-la e trazer Chunja. A pequena pula em mim, feliz.
— Ela não parava quieta querendo o pai — a menina beija minha bochecha.
Tão lindinha.
— Vou levá-la, então — cumprimento a diretora com um aperto de mãos. — Peço desculpas pelas ações dela, Dahyun e eu conversaremos para não ocorrer novamente.
Mentira. Vou até conversar, mas para dizer que fez muito bem se defendendo de uma valentona. Talvez, possa ensinar golpe mais letais.
— Nós sabemos que é uma garota incrível, não se preocupe — a mulher tenta acariciar o rostinho de Chunja, mas ela o esconde no meu pescoço e grunhe incomodada. Claramente chateada depois da provável bronca que levou.
Péssima ideia ter pedido para eu vir, Dahyun. Essa velha vai escutar.
— Oh, se eu descobrir que a minha filha está sofrendo bullying e vocês ignoraram tal fato, processo a sua tão respeitada Instituição, diretora. Conhece a reputação dos Jeon's, né? — mantenho um sorriso cínico, enquanto a expressão de Hyojung murcha. — Até semana que vem, foi um prazer conhecê-la.
Deixo para trás a diretora e Nari, abaladas. Elas sabem da minha família, sabem o poder que é ter a filha de um Jeon estudando ali. E sabem que estão fodidas se eu decidir sujar a reputação da escola. Pode apostar que vou me empenhar para isso caso seja verdade a história do bullying.
Saio do colégio com Chunja e atravesso a rua para chegar ao carro. Comprei uma cadeirinha acolchoada e ilustrada por coelhos para ela andar em segurança comigo. Coloco-a sentada direitinho, prendo o cinto e guardo sua mochila rosa de porquinho no banco da frente.
Fico realmente preocupado ao ver a ausência de ânimo dela. Nas últimas vezes, não parava de sorrir por estar dentro do "carro chique". Agora, está tristinha, encarando a paisagem pela janela.
— Filha, quer contar por que bateu na sua coleguinha? Ela mexeu com você?
— Vai ficar bravo comigo, papai? — pergunta baixinho e funga o nariz.
Céus, por que tão fofa?
— Jamais brigaria com você, princesa — sorrio, tentando confortá-la. — Preciso entender o que houve, acho que a sua diretora contou a história errada para mim.
Paro no semáforo e olho pelo retrovisor, esperando a menina começar a contar. Ela balança as perninhas, inquieta.
— A Yuna ri de mim porque não tenho nenhum amigo. Ela quebras os meus brinquedos e rasga os meus desenhos — os olhinhos negros começam a escorrer lágrimas de novo. Aperto o volante, irritado. — Ela rasgou o desenho que eu tinha feito pra você, papai! Diculpa, coelhinho.
Aquela foi a gota d'água. Chunja desaba a chorar e sinto uma dor tão grande no coração que tenho que estacionar o carro para me acalmar ou cairia aos prantos e não enxergaria o caminho.
Necessitei ir abraçá-la. No meio da rua, abro a porta, solto o cinto da cadeirinha e envolvo seu corpo pequenino e frágil no maior abraço que já dei em alguém. Acaricio seus cabelos castanhos trançados enquanto a consolo, sussurrando que está tudo bem. É uma espécie de consolo próprio também, pois quero chorar de raiva por saber que minha filha está sofrendo assim.
As mãos dela apertam minha nuca com tanta intensidade, que noto o quanto ela estava segurando o choro todo esse tempo e precisava de mim. Nem quero imaginar as merdas que a diretora disse, punindo-a por algo injusto.
Nunca tive vontade de socar uma criança — tirando a capeta da minha irmã —, mas se essa Yuna aparecer na minha frente, é melhor procurar um buraco para se esconder.
É neste instante que percebo outra coisa: eu sou pai. Somente um pai consegue transportar toda a angústia do filho para si, como se tivesse vivenciado igualmente aquela experiência ruim. Somente um pai deseja tirar o sofrimento do filho e poupá-lo da dor. E eu daria minha vida pela felicidade da minha bebê, sem hesitar.
Passados vários minutos, Chunja fica mais calma. Seco as lágrimas fugitivas dos meus olhos e retomo o caminho. Desvio o assunto para evitar tristeza, decido simplesmente contar a ela sobre minha casa nova. Falo do parquinho privado e do pula-pula que encomendei para o quintal e lhe tiro um sorrisão.
Chegando na empresa, recebo uma ligação de Jian, que vem acompanhada de uma mensagem lembrando que a reunião começará daqui 15 minutos. Dou uma acelerada no passo, andando pelo saguão e corredores carregando Chunja. Os funcionários observam, apontam e cochicham vendo minha garotinha.
É bom que estejam falando que puxou o pai na beleza.
Chunja se mantém admirada por cada milímetro da empresa. A garota analisa os objetos, pessoas e móveis com suas orbes escuras — herdadas de mim — e faz um milhão de perguntas, que pacientemente eu tento responder. De volta ao topo, andar do meu escritório e o do meu pai, apareço na sala de Jian segurando uma criança no colo e os olhos dela se arregalam.
— Ah, senhor Jeon — faz uma breve reverência e me segue para dentro do escritório. — A reunião é em cinco minutos. Estão te aguardando.
Pouso Chunja no chão. Ela corre direto para a janela e encosta a testa, maravilhada com o tamanho e a vista. Solto um riso, vendo-a conversar sozinha e correr pelo cômodo explorando, a mochila balançando nas costas.
O que eu faço, merda? Levá-la comigo está fora de cogitação, as pessoas já têm certa dificuldade em me respeitar, imagine discutir negócios com uma bebê no colo.
— Pode fazer um favor para mim? — viro-me para a secretária. — Cuide da minha filha até eu terminar? Houve um imprevisto, a mãe dela está ocupada... Peço desculpas se estou sendo abusado.
Jian me encara, atônita. Não sei se quer fugir ou me xingar, afinal o emprego não é de babá.
— Não é abuso, senhor! — nega, prontamente. — Mas sou péssima com crianças, será responsabilidade minha se algo acontecer...
— Relaxe, Chunja logo vai cansar e cochilar. Trabalhe daqui e me chame se ela chorar, ok?
A jovem assente, ainda meio indecisa. Contorno minha escrivaninha e rio ao encontrar a garotinha girando na cadeira e xeretando tudo.
— Porquinha, preste atenção — seguro seu queixo. — O papai tem trabalho de chefe para cumprir, então a Jian vai tomar conta de você — aponto para a citada, que acena tímida. Chunja a julga dos pés à cabeça. — Tem lápis e papel se quiser desenhar. Promete se comportar? Vai ganhar um prêmio depois!
Um sorriso sapeca brota em seus lábios finos. Ela concorda e me abraça. Retribuo, espalhando mais beijos em seu rostinho lindo corado.
— Te amo, amorzinho — olho o relógio, vendo que estou atrasado. Corro para a porta. — Já venho, respeite a Jian!
Lanço uma piscadela para a jovem secretária antes de ir e murmuro um "obrigado". No corredor, longe da presença de minha filha, sinto que uma parte de mim está faltando.
Uma hora de reunião acabou tornando-se duas, depois três, depois quatro... Minha cabeça apenas rodava em torno de Chunja. Me senti péssimo por ter largado ela, porém tentava me convencer de que foi necessário. Além do mais, duvido que aguentaria ficar quietinha e sentada do meu lado por tanto tempo aguardando eu terminar de discutir porcentagens e contratos.
Quando a última reunião do dia finalmente é finalizada, acelero para o meu escritório. Abro a porta rápido e me deparo com Chunja dormindo tranquilamente no sofá, enquanto minha secretária digita em seu notebook, sentada na poltrona preta que compõe a mobília da sala.
— Desculpe, não achei que demoraria tanto assim — sussurro, me aproximando da garota. Jian fecha a tampa do aparelho e levanta. — Atrapalhou você?
Ela ri, dispensando o pedido.
— Sua filha é uma fofa, senhor! Ela queria te esperar voltar, mas pegou no sono. Demorou para descarregar a bateria, agora apagou de verdade.
Solto um suspiro aliviado. Que bom que a pequena ficou bem, estava preocupado.
— Obrigada, você me salvou — sorrio, sincero. — Aqui o relatório com os detalhes decididos para a construção do hotel.
Ao lhe entregar os documentos, sua mão toca de leve na minha. Um sorriso envergonhado brota em sua boca pintada de vermelho. Boca muito bonita, por sinal, lembro do gosto de seu beijo.
— Não precisa agradecer, você é meu chefe, Jungkook. Sabe que te admiro.
A minha consciência pesa para caralho com o breve pensamento que tive de beijá-la. Detenho-me pois, além de Chunja estar somente a alguns passos de nós, a única coisa que quero é suprir a necessidade de receber carinho. Não é justo fazer isso.
Estou na corda bamba da depressão desde que cheguei em Seul e, às vezes, parece mais fácil transar para esquecer os problemas e ela. "Esquecer ela", só na teoria. Como se você fosse capaz de superar o maior amor da sua vida, né, Jeon?
— Pode sair mais cedo hoje, já são quase seis horas — espio o horário no relógio de pulso. — Recompensa pela sua ajuda.
— Hum, se insiste, eu vou... — rio do jeito que respondeu. — Até amanhã, senhor Jeon!
Aceno em resposta, assistindo-a encostar a porta. Sou idiota demais. Fui profissional e me controlei, esse é o importante.
Meu olhar para em Chunja, encolhidinha no sofá de couro. Pego no armário próximo da minha escrivaninha uma manta para cobri-la. Virar noites na empresa é um costume, então essa é exclusiva para esse tipo de ocasião.
O fim do dia está sendo agraciado com um pôr do sol de tirar o fôlego. O horizonte projeta uma mistura das cores laranja, amarelo e azul no cômodo inteiro. Os raios de sol entram pelas janelas grandes, é maravilhoso.
Sobre a mesinha de centro redonda feita de madeira polida — combinado com o material da minha mesa — há um papel e lápis de cor espalhados. Me inclino para ver o que fez. Ela desenhou bem detalhadamente, seguindo à risca as característica de quatro pessoas: Dah, Eunwoo, Chunja e eu num campo florido e ensolarado. Os nomes estão acima de cada um de nós. Puxou o talento da mãe.
O que chamou minha atenção, é o fato de Eunwoo não estar ao lado de Dahyun. Pelo contrário, no desenho sou eu, ela e Chu que estamos de mãos dadas, como uma família. Eunwoo está lá, no entanto numa distância considerável.
Rio de sua interpretação. Significa que deseja que sejamos um casal de novo. Isso pode ser útil no futuro.
Jogo a coberta por cima da menina, arrumando direito para ficar enroladinha num casulo. Ajoelho e observo-a dormir profundamente com a boquinha entreaberta; é visível a falta de dois dentinhos. As bochechas estão infladas e o cabelo todo bagunçado, porém brilhando por causa do sol. Não evito sorrir encantado e aliso algumas mexas, desfazendo as tranças para ajeitá-las.
Minha filha é irreal de linda. Devo dizer que, porra, Dahyun e eu estávamos inspirados no dia que a concebemos...
Vai arrasar corações igual o pai, óbvio. Mas é melhor que qualquer um fique longe se não quiser apanhar de mim! Não serei um sogro bonzinho.
ᴛ ᴇ x ᴛ ᴍ ᴇ ᴀ ɢ ᴀ ɪ ɴ
Passei mais duas horas completando demandas do dia seguinte para adiantar, até a noite e a lua tomarem lugar no céu. Chunja continuou descansando no sofá, vez ou outra eu fazia carinho nela.
Aproveitei para mandar uns áudios explicando a confusão na escola para Dahyun e falando mal da pirralha que provocou a Chu. Ela escutou todos, porém não respondeu nenhum. Perto das sete da noite, enviou mensagem avisando que já estava em casa.
Fiz aquele processo cansativo de tentar acordar uma criança do sono profundo em que está inserida e acabei não conseguindo nada. Deu uma dó tirá-la do quentinho, então levei-a no colo com a coberta mesmo, andando sob os olhares curiosos dos funcionários da empresa.
Nem no carro ela acorda. Apenas quando chegamos e vou desafivelar o cinto da cadeirinha, ela abre os olhinhos, piscando-os perdida.
— Papai? — boceja e se espreguiça.
— Oi, porquinha — num impulso só, retiro seu corpo de dentro do automóvel e a posiciono nos braços. — Estamos na sua casa, mamãe está te esperando.
Suas mãozinhas minúsculas e macias agarram forte meu pescoço.
— Mas eu quero ir com você, coelhinho! — ela mostra um biquinho fofo. Técnica espertinha para me convencer.
— Outro dia a gente marca, Chu — vou andando pelo jardim em direção à casa. — Prometo de dedinho que irei te levar lá depois que eu terminar de arrumar seu quarto. Será o mais lindo do mundo!
A menina abre um sorriso que cura minhas feridas, em seguida deita a cabeça no meu ombro novamente.
Pela janela, noto as luzes da sala acesas. Toco a campainha e, em poucos segundos, uma figura alta e esbelta destranca a porta. Eunwoo sorri de um modo irritante com seus dentes perfeitos ao avistar a enteada comigo.
Odiosamente bonito. Dahyun tinha que ter um gosto tão certeiro para namorados?
— Boa noite, Jungkook — retribuo o cumprimento, forçando um tom educado. — Como ela está?
— Ótima. Trouxe a pequena sã e salvo — brinco, entregando-lhe a mochila e avisando que há um chocolate no bolso exterior como prêmio por ter sido comportada.
Chunja resmunga ao sair do meu colo e aquele sentimento de vazio se apodera de mim, igual anteriormente. Quanto mais tempo ficamos juntos, mais eu gostaria que fôssemos uma família unida. Não consigo me acostumar.
Agora Eunwoo que a carrega. Dou um último beijinho de despedida na testa da garotinha, que já está fechando os olhos sonolenta. Eu te amo tanto.
— E a Dahyun?
— Na cozinha — responde, indicando o interior da casa. — Pode entrar, se quiser.
Ele afasta a porta, dando espaço. Eunwoo sobe as escadas para levar Chunja para o quarto. Entro meio incomodado e sigo para cozinha. Encontro Dahyun encostada no balcão, de costas para mim e cabeça abaixada.
— Dah?
Ouço um soluço fraco e a preocupação atinge meus nervos. O quê? Praticamente corro até a garota para ver o que está acontecendo e ela se esquiva ao perceber minha presença.
— Jungkook, me deixa em paz! — esfrega os olhos marejados com a mão.
— Dahyun, olha para mim! — peço, mas não adianta. — Baixinha, sou eu. É o Jungoo, seu Jungoo — ergo seu queixo para me encarar. — Diga, o que foi?
Então, ela me abraça. Não um abraço qualquer, um daqueles apertados e necessitados. Sinto como se estivesse passando pela mesma situação do carro, quando Chunja chorou e tive que a consolar.
Dahyun continua com os braços ao redor da minha cintura e cabeça apoiada no meu peito. Aliso seus cabelos curtos delicadamente e aprecio a maciez dos fios castanhos. Os minutos que ficamos assim, corpo a corpo, fazem meu coração disparar. Bate tão rápido, simplesmente por um único toque seu, e tenho certeza que ela escuta.
— Droga, desculpa — desvencilha-se dos meus braços e desvia o olhar, envergonhada. — Estou me sentindo uma péssima mãe. Não sei o que fazer, não sei.
— Ei, nunca repita isso. Você é uma mãe maravilhosa, Dahyun, não é sua culpa — seguro sua mão. — Nós vamos resolver, vai ficar tudo bem.
Ela nega, ainda tentando prender o choro.
— Como? A Chunja é tão ingênua, não entende o que faz de errado para não ter nenhum amigo. Só queria que ela não estivesse sofrendo desse jeito, Jungkook...
Dahyun está prestes a derramar lágrimas de novo. Moldo seu rosto com as mãos e faço-a se concentrar apenas em mim. Traço com o dedo suas bochechas coradas e limpo as gotículas que escapam. Seus lindos olhos cor de mel se mantêm presos nos meus, analisando minha face também.
Amo o fato de Chunja ter herdado quase tudo da Dah. A minha baixinha é uma das mulheres mais bonitas do mundo e eu gosto de lembrar disso toda vez que vejo a Chu. Reconheço que fui um cara de sorte.
— Linda, se acalme. Nós podemos mudá-la de escola ou conversar com os pais da Yuna e acertar essa história direito, sei lá... Não importa o que seja, a Chunja vai ficar bem, entendeu?
— Promete? — sorrio pela vozinha de criança e o beicinho fofo. Um bebê.
— Prometo — aperto sua bochechinha. — Sempre vou cuidar de vocês, sempre. Se fosse preciso, eu morreria por você, meu amor.
O mundo desaparece diante de mim. Um silêncio cresce entre nós, um silêncio bom. Aquela tensão gigante que é possível sentir a quilômetros de distância.
Minha mão pressiona sua nuca e inclino-me devagar até nossos narizes se encostarem. Ela fecha os olhos. A pontinha do meu nariz percorre toda sua face, indo para a orelha e pescoço para aspirar seu perfume e voltando para a boca. Nossos lábios roçam por um segundo, um mísero segundinho que teria virado algo maior se Dahyun não me empurrasse.
— A-Acho melhor você ir embora — evita me encarar.
Uma pontada de decepção atiça meu peito. Não esperava que realmente fosse acontecer, mas tive esperança por um momento.
— É, também acho — arrumo o cabelo, nervoso e viro para sair.
Dahyun me surpreende ao agarrar meu pulso, impedindo que eu vá.
— Muito obrigada por ter buscado e cuidado dela hoje. Eu... — pensa nas palavras, tímida. — Eu nunca duvidei que poderia ser bom para nossa filha. Saiba que você é um pai ótimo, Jungkook.
Minha boca forma um sorriso. Não resisto e abraço Dah novamente. Ela retribui e ri da minha emoção. É a primeira vez que alguém diz isso para mim. Nem sei se mereço, porém me permito ficar feliz.
— Até mais — sussurro em seu ouvido: — gatinha.
— Jungkook! — exclama, brava.
Roubou um beijo na sua bochecha e saio correndo para não apanhar pela ousadia. Escuto suas reclamações enquanto abro a porta de entrada da casa.
Aceite o destino, Kim Dahyun. Você sempre será minha gatinha.
• ♡︎ •
um quase beijo????? se preserva hein kim dahyun, vc tem macho já
6k de palavra, slk. capítulo grandão de interações do papai coruja com sua porquinha pra mimar vocês!! nao mas o jungkook ceo dando lacrada em td mundo, jss diz aí se nao é um gostoso
desculpem pela demora ): esse foi um dos maiores caps q eu tinha planejado, acabei ele ontem. aliás, postei shortfic texting nova do namu, vão ler!!!!!!!
já aviso que a reunião de pais vai ser babado, hein. muitas mães casadas pro jeikei 🗣
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