12 | Jeon contra Jeon.
JEON JUNGKOOK.
Estou sorrindo feito um idiota desde que encontrei Dahyun. A gente precisava ter uma conversa de verdade há anos, foi bem melhor do que eu esperava...
Não existe uma lado certo ou errado, mas sei que errei fugindo no passado. Talvez, se tivesse escutado sua versão da história no momento em que tudo aconteceu, essa briga teria sido evitada. Enfim, o importante é manter a paz.
Para ser sincero, meio que já sabia do plano de Taehyung. Ele ligou avisando que ela estava esperando Yerim na sorveteria. Os dois falaram para eu aproveitar a chance e ir até lá, então corri e cheguei pouco antes dela sair. Minha atuação pareceu convincente.
Falta somente descobrir quem é o desgraçado responsável por machucá-la.
— Juro que vou matar esse cara quando o encontrar!
— De jeito nenhum! — minha irmã repreende a ideia. — Não estou a fim de visitar meu irmão na cadeia.
Sentada na escrivaninha, lança um olhar ameaçador para mim.
Fiquei entediado envolta de tantos contratos e documentos chatos de trabalho e abandonei s demandas. Decidi dar uma pausa e contar as novidades em relação à minha situação com a Dahyun, enquanto Haneul termina de estudar para o vestibular. Uma fofoqueira mirim.
— Ok, não irei matar, apenas machucar... Bastante.
— Você vai manchar minha reputação, Jungkook! Uma estilista famosa não poder ser reconhecida na mídia como a que tem um parente criminoso.
Reviro os olhos pela impertinência. Uma carreira vale mais que o próprio irmão? Será que nessa idade também era insuportável e não percebia?
— Pirralha mal agradecida — resmungo.
— Velho reclamão — ela retruca e faz uma careta.
Deveria tê-la abandonado no parquinho há anos quando tive chance, que vacilo. Espero que a Chunja não puxe o temperamento horrível dos Jeon's.
— Falando em velhos, você contou ao nosso querido pai que a neta dele vem nos visitar?
Arrumo minha posição sobre sua cama, sentando encostado na parede. Faço um bico, ponderando uma maneira de convencê-lo a deixar eu trazer Chunja para cá.
Queria que ela conhecesse a casa onde cresci — apesar de as lembranças não serem exatamente boas — e brincasse com a Haneul. Seus lindos olhinhos negros iriam brilhar ao ver a coleção de ursinhos de pelúcia no quarto da Hani.
— Tentarei resolver esse problema hoje, aviso se der certo.
— Boa sorte na disputa contra o chefão! Você vai precisar... — ri descaradamente da minha situação. Ama fazer piadas da desgraça do irmão.
Minha mente volta no tempo e uma cena de anos atrás faz eu soltar uma risada: a primeira vez que Dahyun e Haneul se conheceram, dias após o nosso rolo confuso começar.
Eu estava de ressaca e minha irmã me obrigou a levá-la ao parque para brincar. Até então, não tinha sentimentos concretos pela Dah, era uma coisa nova e complicada. Achava que seria apenas outra garota na minha longa lista, porém, ela tornava tudo mais difícil, e eu gostava daquilo. A baixinha é o maior desafio que enfrento.
Lembro bem de como Hani olhou-a feio e escapou a pergunta "Você é a nova namorada do Kook?". A minha vontade foi de chutar essa pirralha longe; iria voar com o vento e aprenderia a não abrir a boca novamente. Mas, em vez disso, fiquei lá parado, tentando decifrar no rosto de Dahyun se havia entendido que menti sobre já ter namorado.
Ela sacou o meu golpe e entrou no joguinho sem questionar. É um dos pontos que amo nela: o respeito.
— Hani, você sabia que é uma grande empata foda? Tinha que te largar na vizinha para passar uma noite inteira sozinho com a Dahyun, senão você entrava no meu quarto e ficava dormindo no meio da gente!
A menina me olha ladino, segurando o riso. Juro que lhe darei uns cascudos.
— Eu fazia de propósito para irritar. De nada!
É, fui perceber muito tempo depois.
— Saudades de quando você era um feto e não dava opinião, nem atrapalhava meus momentos de prazer com a minha namorada. Sua feia — mostro a língua, feito criança.
Haneul levanta da escrivaninha e se joga no espaço livre de sua cama. Um sorrisinho sacana brota no canto de seus lábios, e as pernas balançam no ar, animadas. Está se preparando para dizer alguma gracinha.
— Ex-namorada — corrige, dando ênfase no "ex". — Maninho, você não superou ela, né? Que pena, é triste te ver sofrendo por um amor unilateral... — usa um tom de voz cínico.
A maldita sabe pegar nos meus pontos fracos. Uma cópia cuspida do Yoongi, aterrorizante.
— Quem disse que é unilateral, dentuça? Só preciso conquistar o sentimento de novo! No fundo, ela me ama, não há como ter esquecido.
Está mais na cara que nariz e olho que a Dah guarda sentimentos por mim. Na sorveteria, lancei indiretas e analisei suas reações — principalmente, corporais. Ela estava nervosa e acredito que, assim como eu, sentiu a tensão entre nós.
— Bom, o Eunwoo é um gostoso, até eu teria superado você.
Ergo as sobrancelhas levemente chocado com o comentário.
Haneul praticamente não fala comigo a respeito de garotos ou, sei lá, paquerinhas do colégio. Também não tenho ideia de sua sexualidade, mas sempre deixei claro que mataria sem piedade qualquer pessoa que a machucasse.
— Hani, estou curioso, faltam três meses para os seus 19 anos. Você já... Deu? — faço gestos sugestivos e o rosto da garota enrubesce.
Um silêncio estranho preenche o quarto por uns segundos. Um tapa estalado é depositado na minha coxa e eu grito.
— Ai, caralho! — esfrego o local atingido. — O que eu fiz?
— Jeon Jungkook, que tipo de pergunta imbecil é essa?!
— Eu sou seu irmão, é meu direito receber uma resposta!
Um travesseiro atinge em cheio meu rosto. Abro a boca, surpreso. Atrevida.
— Sai do meu quarto! — escancara a porta e aponta a saída.
— Por que tanta agressividade? Foi uma pergunta simples!
Outro travesseiro esmaga meu lindo nariz. Dessa vez, revido e bato uma almofada em sua barriga. Ela joga um ursinho enorme e, assim, começamos nossa Guerra Mundial de travesseiros, almofadas, ursinhos de pelúcia e qualquer coisa pesada para pegar e atirar.
Obviamente, perdi de lavada. Fui estapeado e devo ter perdido uma boa quantidade de cabelo na parte traseira, causado pelos seus puxões.
Sou empurrado e despachado para fora do quarto, igual um cachorro vira-lata. O estrondo da porta viaja pela casa imensa. A plaquinha pendurada destacando a frase Proibido garotos (Jungkook) irritantes! em letras maiúsculas, deixa evidente que a minha presença é desprezada.
— Eu te odeio!
— Também te amo, maninho — responde, sarcástica. — Pare de enrolar e vai trabalhar! — grita de dentro do cômodo.
Bufo, irritado. Por que caralhos eu não nasci filho único?
— Até sua irmã percebe a sua zero contribuição para os negócios, Jungkook.
A voz grossa do meu pai, debocha. Viro-me de frente para o citado no corredor e rio da indiretinha.
Ah, verdade. Lembrei um dos motivos de eu amar Haneul... Não suportaria sozinho o peso de ser um Jeon, e a culpa é do próprio homem que me concebeu. Ao menos, tenho ela para amenizar esse ódio.
É inacreditável como ele realmente não dá crédito de nenhuma conquista da empresa para o meu nome. Nos últimos três anos que comandei nossa filial em Nova York, mais investidores interessaram-se pelas minhas propostas e tivemos muitos lucros. Aposto que é invejinha e orgulho ferido, pois tem noção de que sou melhor.
A idade vem e, junto, a aposentadoria.
— Não preciso me trancar num escritório o dia inteiro e ignorar a existência dos meus dois filhos para contribuir nos negócios, papai — retruco, jogando sal em sua ferida também.
Ele fecha a cara.
— Ótimo, tocamos no assunto dos filhos... Como vai sua criança bastarda?
Aperto os punhos, já perdendo a paciência, mas tento não demonstrar. Levo na boa e finjo estar tudo bem para poder discutir de forma madura.
Não se afete, Jungkook.
— Que bom que o senhor perguntou! Estou combinando com a Dahyun de trazê-la aqui para visitar a titia Haneul.
A notícia o desagrada; é nítido seu desconforto.
Venho suspeitando de suas ações... Posso estar enganado, contudo há uma probabilidade de ter dedo seu na história da separação cinco anos atrás. Ele tinha conhecimento da gravidez de Dahyun e mentiu. Quais segredos estaria escondendo, além desse? Será útil contratar alguém de confiança para investigá-lo.
— Se acha que irei permit...
— Você não tem que permitir nada, SeoJung — interrompo-o, e cruzo os braços. — Ela é minha filha, meu sangue, eu decido.
O homem anda em passos lentos em minha direção. O rosto inexpressivo, sem um pingo de compaixão. Talvez, querendo provocar medo, tal qual fazia quando eu tinha 15 anos e chorava por qualquer bronca bobinha. Na verdade, o problema ali era mais no fundo da minha cabecinha fodida.
Menos de dois pés de distância, ele para. Sua mão agarra minha nuca com força, aproximando nossas faces e obrigando-me a travar uma batalha de olhares. Engulo em seco, impossibilitado de impedi-lo.
— Não se engane, Jungkook. Aguento sua rebeldia desde que nasceu, e ignorei suas merdas diversas vezes, mas meu limite está chegando — sussurra as palavras, e o aperto no pescoço intensifica. Mordo o lábio, segurando a vontade de meter um soco certeiro na cara dele. — Quando as consequências vierem, eu te garanto que irá desejar nunca ter desafiado seu pai. É um aviso.
Seus dedos afrouxam e me liberam. Meu corpo trava diante da ameaça. Não consigo reagir ou revidar de tamanha raiva circulando e pulsando nas minhas veias.
Em silêncio, assisto-o dar as costas e descer as escadas. No segundo degrau, vira e me olha uma última vez.
— Te quero fora dessa casa até o final do dia de amanhã — ordena, e gelo no lugar. — Cansei de limpar sua sujeira. Aquela criança jamais será minha neta. Você é uma vergonha como herdeiro da família.
Já ouvi isso milhares de vezes, "você é uma vergonha", "que decepção, Jungkook". Antes, acreditava nessas palavras e me feria mentalmente por não ser capaz de conquistar o amor do meu próprio pai — a pessoa que deveria estar comigo e ser meu melhor amigo. No entanto, a culpa se desvaiu conforme minhas sessões de terapia. Supostamente, o defeito não está em mim.
Então, por que ele me odeia? O que eu fiz de tão ruim para não ter tido uma infância repleta de boas memórias, risadas e aniversários especiais?
— Kook... — Haneul abre uma frestinha da porta, após escutar a discussão. Os olhinhos estão marejados, prestes a desabar.
Passo reto e vou direto para o meu quarto. Não posso lidar com ela agora. Seria outro item na minha lista de imperfeições: o fato de eu ser um péssimo irmão.
Poderia explodir de fúria se fosse possível. Assim que entro no cômodo, chuto algumas roupas jogadas no chão e arremesso as primeiras coisas que vejo pelo caminho. Meu abajur, dois copos esquecidos na mesinha da cabeceira e porta-retratos estilhaçam em pedacinhos na parede, provocando um barulho absurdo na residência.
Espalho papéis e documentos, rasgo desenhos, quebro o espelho do armário, destruo tudo até cansar e ajoelhar no meio da bagunça. Minha cabeça dói e sinto uma angústia apertar meu peito. Quero chorar. Chorar toda a água existente no meu corpo por me importar com o que ele pensa de mim. Chorar por ser um idiota que depende da aprovação dos outros para viver bem. Chorar de raiva por não ser o suficiente nem para Chunja.
No banheiro, lavo o rosto numa tentativa de espantar as lágrimas e acalmar o estresse. Passo a mão na nuca, observando no meu reflexo o vermelhão deixado de presente pelos dedos do meu querido pai. Ficará marcado para indicar uma advertência do tipo "provoque-me e farei mais que te enforcar".
Rio sozinho. Filho da puta.
Percebo que há um arranhão no braço direito, sangrando. Está ardendo, devo ter machucado quando surtei. Fico olhando o sangue escorrendo e uma sensação boa substitui minha pertubação de segundos atrás.
— Jeon contra Jeon...
Se acha que vou abaixar a guarda, está enganado. Quer brigar? Beleza, vamos brigar. Ele acabou de iniciar uma guerra comigo e não terei descanso até tirar cada pequena posse de suas mãos, incluindo a sua tão amada empresa. Não sobrará nada.
SeoJung vai vivenciar o inferno na Terra antes mesmo de morrer. E eu, como um bom filho exemplar, serei o Diabo que irá guiá-lo.
• ♡︎ •
a relação do jk com a família dele bem saudável, como podemos ver. e agora o jeikei virou morador de rua, vai ter q brigar por papelão e pedir dicas de sobrevivência pro yoongi KKKKKKKJ parei
gente, eu tô tão ansiosa pra escrever o capítulo do beijinho dos dahkook, mas tá longe ainda 😭😭😭😭
aliás, me perguntaram quantos capítulos essa fic terá, e eu ainda não faço ideia. tentei fazer uma conta considerando meu roteiro, >talvez< uns 50, sla... os textings vou acrescentando quando eu vejo que precisa, então é difícil saber pois não tenho todos prontos.
o importante é vcs me aguentarem até o final, beejo 😸
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