08 | Amantes das flores.
JEON JUNGKOOK.
A garotinha corre de dentro da casa em minha direção. Sorrio largo e me agacho para abraçá-la.
Esperava tudo, menos uma recepção calorosa igual esta. Chunja literalmente conheceu o pai há pouco mais de uma semana e, mesmo assim, age como se eu estivesse aqui desde que nasceu.
Crianças são tão inocentes e puras... É bizarro pensar que eu também era desse jeito. Crescer tirou toda a magia de mim.
— Falei que iria te levar para passear no meu carro, não falei? — ela dá pulinhos de alegria, cantarolando que vai "passear no carro do papai".
Papai. Fico emocionado toda vez que escuto. Parece bobo, mas meu coração esquenta e isso faz meu dia ser melhor, não importa quantas reuniões e discussões com meu pai eu tenha que aguentar. É bom saber que tem um pedacinho meu brincando por aí.
Dahyun está na porta. Não acostumei a vê-la de cabelo curto, mesmo tendo lhe caído incrivelmente bem. Ela sorri minimamente vendo a animação da filha enquanto, para mim, evita encarar por muito tempo.
Ainda estou envergonhado pelo jeito que me comportei naquela noite... Foi vacilo da minha parte ligar de madrugada e dar aquele show todo.
O pior foi Yoongi não ter impedido. Saímos do clube caindo de bêbados. Eu estava literalmente na casa dele, deitado numa ponta do sofá e ele em outra. Taehyung desmaiado no chão, dormindo e roncando profundamente. Aquele branquelo pinguço estava acordado e não fez nada. Só riu da minha cara quando acordei e me contou o desastre.
Belos amigos, Jeon. Repito diariamente.
Chunja está tentando alcançar as portas do carro — abertas para cima — miseravelmente, por conta das perninhas curtas. É tão lindinha. Dahyun se aproxima e me entrega a mochila estampada de porquinhos da pequena.
— Esqueci de comprar cadeirinha, vou enrolar ela no cinto de segurança — adianto, prevendo a lista de coisas que, como mãe, irá julgar. — E vamos estar de mãos dadas sempre, ela não vai se perder.
— Tudo bem, apenas fique de olho e não deixe-a chegar perto daqueles gansos esquisitos.
Um riso escapa da minha boca ao lembrar da vez que nos metemos numa briga no parque com gansos raivosos e ameaçadores. Ela ri também, provavelmente compartilhando da mesma recordação. Boas e antigas lembranças.
Por um instante, esqueço que continuamos em pé de guerra. Ou nem tanto...
— Trago a nossa porquinha mais tarde. Viva e respirando, eu te garanto!
Dahyun assente, rindo. Nenhum xingamento? Estou com sorte.
Volto para o veículo e posiciono Chunja direitinho no banco traseiro, prendendo o cinto apertado para evitar um acidente. Até poderia levá-la na frente escondido, mas tenho que passar uma primeira impressão de pai maduro e experiente. Depois da aprovação de Dahyun, a gente pode começar a aprontar juntos.
Vou ensinar para minha criança o verdadeiro sentido da palavra "diversão" que circula no sangue dos Jeon's.
ᴛ ᴇ x ᴛ ᴍ ᴇ ᴀ ɢ ᴀ ɪ ɴ
Hoje o dia está excepcionalmente maravilhoso. É quase como se o clima adivinhasse o quão feliz estou por poder desfrutar uma tarde inteirinha com minha filha. O sol está em seu auge da manhã, queimando acima de nós e iluminando nossos passos pelo parque.
Por ser um sábado e carregar o título de segundo maior parque de Seul, esperava que o lugar estivesse consideravelmente cheio. Até agora vi somente famílias e casais passeando, estudantes, cãezinhos com seus donos e esportistas treinando. Tudo calmo e agradável.
Nem lembrava o que era ter um momento de paz, pois fico cercado de trabalho 24 horas a semana inteira. Aproveitei para abrir uma caixa esquecida no fundo do meu armário e trazer minha câmera. A psicóloga sugeriu retornar praticar atividades que eu gostava e tive que parar — incluindo jogar videogame.
Na mão esquerda carrego a cesta de piquenique e, na direita, conduzo Chunja. Suas mãozinhas são quentinhas e macias. Ela está tão alegre, andando e pulando ansiosa. Aponta para as coisas que vê e acaricia cada cachorrinho que passa ao seu lado.
Simplesmente não consigo parar de notar até os míseros detalhes que a compõem. Conforme caminhamos, o cabelo longo e castanho balança com o vento fraco; as pontinhas levemente onduladas voando plenas. Ela veste um suéter rosa de manga cumprida e um shorts branco.
É incrível o quanto puxou da Dahyun...
— Papai, onde vamos?
Pego-a no colo. A garotinha mexe curiosa na câmera presa ao redor do meu pescoço.
— Sabia que tem um esconderijo secreto aqui? — ela alarga os olhinhos, encantada. — Estamos indo para lá, mas você tem que prometer guardar segredo! Combinado, princesa?
Balançando a cabeça, jura de dedinho que não contará a ninguém.
Em cerca de minutos, chegamos a uma parte do parque que já vim milhares de vezes, fora das ruas para pedestres e ciclistas. É tipo um túnel formado pela copa das árvores e termina num campo aberto totalmente livre de pessoas. Há uma ponte vermelha construída sobre um laguinho e diversas cerejeiras.
Nosso jardim escondido. Me sinto em casa.
Ouço um suspiro de admiração vindo de Chunja. Ela desce do meu colo e não espera para correr no meio do campo aberto com os bracinhos esticados. A grama de tamanho médio e as flores espalhadas pelo canteiro a acompanham, como se ela atraísse a beleza da natureza.
Relembro um dos momentos mais marcantes da minha trajetória: o pedido de casamento. Foi exatamente aqui.
PRIMAVERA,
6 de Junho,
5 anos atrás, 2025.
Encaro fascinado a garota deitada ao meu lado. Seus olhos estão fechados, usufruindo do sol da tarde e a brisa leve que balança as folhas das árvores. Preparei um piquenique debaixo daquela cerejeira que gostamos. Em volta de nós, flores de variadas cores nos cercam e me inspiram a fotografá-las.
— Consigo sentir você me encarando, bebê — Dahyun dita num sussurro.
Sorrio. Pego no flagra.
— A culpa é sua por ser tão fodidamente bonita — ela ri, tampando a boca. As bochechas coram num tom de vermelho claro.
Me ajeito e troco de posição, deitando com a barriga para baixo e os cotovelos apoiados no pano sob nossos corpos. Acaricio seu cabelo macio, ainda contemplando a beleza da minha namorada.
— Você está muito carinhoso essa semana, marcando encontros e dando presentes... Fez algo errado, Jeon? Conte e eu avalio se te perdoo.
Rio de nervoso.
Comprei um anel de noivado semana passada. Pensei, pensei e pensei repetidamente se já estamos prontos para um passo grande igual este. Se eu deveria ajoelhar como nos filmes românticos, declarar meu amor eterno e implorar para ela ficar comigo para sempre. Estou me precipitando? Temos 23 anos, talvez seja cedo.
Conheço a minha mente insegura e sei que meu medo real é perdê-la. O namoro está fluindo perfeitamente bem, casar estragaria a conexão que demoramos a construir? Acabaríamos nos divorciando em míseros quatro anos — ou menos — e dividiríamos nossos bens numa sala com advogados e um juiz? Droga, queria apenas congelar o tempo e manter Dahyun pertinho de mim.
— Eu... — travo, considerando as piores possibilidades.
— O que foi, amor? — pergunta preocupada, sentando no lugar.
Sento também e avalio profundamente a próxima etapa do meu plano mal feito. A morena aguarda, pegando um dos cubinhos da maça fatiada que trouxemos para comer.
Sou um idiota. Um tremendo de um idiota! Dahyun é a melhor coisa que poderia ter surgido no meu caminho, não posso dar para trás feito um covarde.
Certo, vamos arriscar. Aguento receber um "não".
— Eu demorei para entender que você era a chave para a minha felicidade. Não queria de jeito nenhum me apaixonar de novo, mas permiti aos poucos que meu coração cedesse ao seu jeitinho estressado. Na verdade, aos poucos, não... — rio soprado. — Já estava caidinho desde que te vi, garota da sorveteria. No dia que te conheci, o mundo pareceu ganhar cor.
A garota não entende direito o porquê de eu iniciar esse assunto de repente, mas sorri com a declaração.
— Lembra da promessa que fizemos há alguns anos na sua casa? Prometi que casaríamos, independente de estarmos namorando ou não.
Impossível decifrar a cara de Dahyun. Claramente, entendeu o que vai acontecer. Está parada, imóvel; a própria estátua de um museu. Medo? Felicidade? Pânico?
Devia ter escrito uma fala! Céus, estou nervoso para caralho. Improvisa, Jungkook!
— Quero honrar essa promessa. Quero acordar abraçado de conchinha com você todos os dias. Quero cheirar seu cabelo e me sentir mergulhado num mar de flores. Quero escutar sua risada escandalosa. Quero beijar seu corpo inteirinho e ouvir meu nome sair da sua boca pedindo mais. Quero chorar e saber que vai estar me apoiando se tudo desmoronar... — pauso, buscando ar. — Quero ter quatro bebezinhos fofos e virar um velho rabugento com você, amor.
Tiro do bolso da calça a caixinha de veludo preta. Se antes Dahyun estava petrificada, agora está preste a desmaiar e cair pálida na grama.
— Ju-Jungkook... — arregala os olhos ao ver o objeto na minha palma.
— Não fuja antes de eu terminar — brinco, numa tentativa de descontrair a situação, mas ela não reage.
Me aproximo mais. Nossas faces estão há pouquíssimos centímetros de distância. Dedilho brevemente sua bochecha, deixando um carinho ali. Minha baixinha é perfeita.
— Fiz muitas escolhas erradas durante a adolescência, porém, ter te passado aquela cantada péssima na sorveteria, com certeza não foi uma delas — aperto sua mão. Estão geladas. — Você é o amor da minha vida, Dahyun! A pessoa com quem desejo viver e ser feliz eternamente. Se não for você, não é ninguém.
Abro a caixinha lentamente, revelando o conteúdo. O brilho do anel de noivado reflete em seus olhos castanhos, já preenchidos por lágrimas.
Levei um tempão para escolher "certo". Fui em umas oito ou nove joalherias caríssimas e nenhuma delas tinha o que estava procurando. Então, decidi encomendar um modelo exclusivo inspirado no Universo, que é uma paixão dela.
A aliança é prata e a grande jóia adornando-a é azul-marinho. Ao redor da pedra preciosa há uma espécie de arco — este seria uma representação dos anéis de Saturno. Ao lado, duas pequenas gemas brancas fazem o papel de estrelas, acompanhando o planeta. E, para completar, na parte interior estão gravadas nossas iniciais.
Eu que desenhei. Nenhum outro ser no mundo pode tê-la para si. É única e especial, assim como Dahyun.
— Lindo, não é? Fiz para você, gatinha.
— Não estou acreditando nisso... E-Eu... — sua boca está aberta num "O". — Você é maluco, Jeon.
Sorrio com sua reação.
— Sou, e farei algo pior agora — me ajoelho desajeitado e suspiro fundo. A frase sai sem hesitação: — Kim Dahyun, meu amor, minha baixinha, a garota com desejo ficar para toda vida, você aceita se casar comigo? Aceita casar com esse babaca chamado Jungkook, que irá te amar desde o começo até o final do dia?
A morena não responde de imediato. Lágrimas quentes escorrem por meu rosto e pingam sobre o pano listrado. Prendo a respiração de tanto medo do que vou escutar. Qualquer coisa eu enfio minha cabeça na terra e finjo que nada disso aconteceu.
— Como poderia viver sem você enchendo o meu saco com suas cantadas horríveis a cada minuto? Jungkook, meu coração é e sempre será seu — seu polegar limpa delicadamente minha bochecha molhada. — Sim, amor. É óbvio que aceito.
Solto o ar, aliviado. Estava ao ponto de explodir. Com as mãos trêmulas, seguro sua esquerda e deslizo o anel por seu dedo anelar. Combina direitinho, impecável.
— Tem certeza, né? — abro um sorriso brincalhão. — Isto é vitalício, nem tente escapar de mim ou terá que pagar indenização.
Ela ri e circula os braços pelo meu pescoço. Perco o equilíbrio com o impulso rápido de seu corpo e caio de costas na grama, trazendo Dahyun comigo. Entre risadas, minha recém-noiva beija meus lábios. Um gesto que dura intermináveis e maravilhosos minutos.
— Eu te amo, bebê — sussurra ao recuperar o fôlego e deitar a cabeça no meu peito. — Vou enlouquecer com quatro filhos, três ou dois no máximo, Jungoo.
Dah não está diferente de mim: nariz e olhinhos vermelhos de choro. Retiro uma mexa de cabelo atrapalhando sua visão.
— Eu também te amo, meu amor. E prefiro a casa cheia, vamos ter um time de futebol!
— Jamais! — esboça uma face de indignação. — Tem noção da dor que é parir um bebê? Sou mulher, não uma máquina. A gente não está em 1950, existe a adoção.
Essa discussão vai durar bastante...
Os raios de sol batendo contra seu rosto e iluminando suas orbes castanhas. O canto improvisado dos pássaros servindo de trilha sonora para a minha declaração. O ruído das folhas das árvores dançando com o vento. O perfume natural da natureza se misturando com o cheirinho do shampoo de flores da minha baixinha. Serenidade, é essa a palavra que me define.
Este dia ficará marcado na nossa história. Uma tarde de primavera em que tudo estava em seu devido lugar. Tudo em sintonia, incluindo meu coração e o dela — unidos pelo destino.
— Papai!
Pisco forte, assustado com o chamado de Chunja. Percebo que estou parado feito um retardado, remoendo lembranças mortas. Quanto tempo fiquei aqui?
Esqueça isso, Jungkook, você veio para passear com sua filha. Concentre-se nela.
Ela escolheu justamente a maior cerejeira, grande e chamativa repleta de flores rosadas. Nessa época do ano, a estação está mudando e trazendo consigo novos brotinhos.
Estendo uma toalha de mesa estampada de gatinhos no gramado, logo abaixo da cerejeira. Minha irmã ajudou a arrumar as coisas e pegou a toalha mais cafona. Aquela pirralha feia.
Chunja senta com as perninhas cruzadas em frente a mim. Posiciono a cesta de piquenique no centro do pano e vou organizando os potinhos de frutas, doces e salgadinhos e bebidas que trouxe. Furo com o canudinho um suco de caixinha de uva para a menina tomar. Ela faz um beicinho fofo sugando o líquido.
Confesso que estou meio deslocado. Como um pai inicia conversas? Achei que seria fácil...
— Gostou daqui? — pergunto e recebo um aceno de cabeça em resposta. — Podemos vir de novo, é só me pedir.
No caminho para o parque, liguei o som e coloquei música. Chunja cantava embolado as letras que conhecia e pedia para eu acelerar. Com certeza, estava se sentindo numa montanha-russa. Foi engraçado largar o freio nas descidas e vê-la rindo.
Dahyun certamente arrancaria fora o Jungkook júnior se soubesse disso.
— Bom, já sei que você gosta de porquinhos bebês e carros bonitos. Queria saber mais, pode me contar, princesa?
É fundamental conhecer seus gostos e passatempos. É meu principal objetivo hoje.
Espeto um cubinho de melão num garfo e levo até a boca da garota. Após comer, evita olhar diretamente para mim, tímida.
— Hum... — murmura, pensando e mastigando. — Eu amo tirar fotos de flores, ler livros de insetos raros com a mamãe, brinquedos de pelúcia, comer doce e sorvete de morango! E você, papai?
Incrível essa coincidência dela se interessar tanto em estudar a natureza e fotografia, assim como eu nesta idade. Sem dúvidas, é minha filha. Estou contente por ter a chance de ensiná-la desde cedo sobre tudo que ama.
— Isso é ótimo, nós somos bem parecidos! Também amo tirar fotos de flores e estudar insetos, animais e plantas. E gosto de jogar videogame, basquete, tocar violão, pizza e sorvete de chocolate.
Chunja sorri, dando vista do espacinho que pertencia aos dois dentes que caíram. Me bato mentalmente por quase deixar escapar na lista um "beber até ligar para ex". Seria trágico.
— Adultos são chatos, mas eu te achei um adulto legal! — faz um joinha e suga o suco pelo canudinho.
Amei o elogio. Se ela está dizendo, quem sou eu para negar?
— Há coisas que você não gosta?
— Banho! — retruca de imediato. — Odeio tomar banho, brócolis, golfinhos e bacon!
A garota expressa uma careta, botando a língua para fora a cada item que citou.
Dahyun tinha comentado que nossa filha é uma hater declarada de banhos. Diz que é uma luta para conseguir enfiá-la na banheira. Chuto que essa aversão a bacon também tem relação com seu amor por porcos. Brócolis é compreensível, nem todos comem nessa idade, porém fiquei curioso nos golfinhos.
— Por que odeia golfinhos?
— Porque são malvados com as golfinhas — rio levemente com o termo que usou para se referir às fêmeas. — Vi um canal na televisão que contava que eles machucam elas para terem filhotinhos, e é errado, não é?
Franzo o cenho, meio preocupado por ela ter visto tais cenas — possivelmente, escondida de Dahyun. Não é um conteúdo infantil.
O período de acasalamento dos golfinhos é violento, uma espécie de estupro coletivo que os machos adultos organizam juntos contra as fêmeas... É comum tentarem matar os filhotes para que as mães entrem no cio de novo, além de praticarem incesto também. Vendo por esse lado, são horríveis.
— É errado, mas você é pequena demais. Não pode ver esses programas sozinha, Chunja.
— Posso, sim! Woo cobriu meus olhos nas partes proibidas.
Mordo o lábio, irritado. Eunwoo é um imbecil. Ela tem cinco anos, tem que assistir o desenho do Super Cão, não um documentário de mamíferos estupradores.
— De jeito nenhum! Prometa que vai pedir permissão para sua mãe antes ou ficará sem passeios no carro chique!
A menina cruza os braços, emburrada. Mantenho uma postura firme e ela cede após alguns segundos, enroscando seu dedinho ao meu.
Agi digno, como um pai responsável. Minha filha não será uma miniatura do Yoongi.
Conversamos e rimos mais enquanto comíamos mini sanduíches. Chunja fez perguntas da época que eu e Dahyun namorávamos. Queria saber histórias de nós dois; onde nos conhecemos, a razão de estarmos separados, o porquê do "Tio Jimin" usar palavrões feios para falar de mim, e outros questionamentos assustadores que evitei responder.
Gostaria de explicar tudo, o que implica é a idade... Daqui há uns dez anos, quando tiver maturidade o suficiente, conto a verdade. Não quero estragar o carinho que já adquiriu, ela me odiaria se descobrisse que o próprio pai vivia despreocupado, sequer sabendo da existência dela.
— Coelhinho — a pequena aponta para a máquina fotográfica ao redor do meu pescoço. — Podemos mexer nisso?
Saindo de sua boca, este apelido é inofensivo e fofo. Gosto dele. O problema é que a Amber me chamava assim. Antigamente, estaria incomodado pelas recordações ruins que traz, porém fico feliz agora. Feliz por poder transformar meus traumas numa imagem perfeita das bochechas infladas e o biquinho de Chunja.
Já a amo incondicionalmente.
— Claro que podemos, quer que eu te ensine, princesa? — ela concorda, entusiasmada.
Nas duas horas seguintes, presenciei a personalidade "pestinha" dela. Brincamos de pega-pega pelo campo inteiro. A garotinha se escondia e depois pulava nas minhas costas, gritando que havia ganhado. Sua risada contagiante encantava meus ouvidos conforme corríamos.
Acabou sendo vantajoso eu ter costume de me exercitar três vezes por semana, senão seria difícil manter o ritmo. Crianças são elétricas e esgotam a sua energia. Taehyung acertou ao dizer que Chunja não para quieta.
Também expliquei o básico de como funcionava a câmera. Ela escolheu algumas flores rosadas da cerejeira e um ninho de passarinhos filhotes numa árvore para fotografar. Ajudei-a e o resultado foi incrível. Enchemos o cartão de memória.
Lógico que aproveitei para guardar recordações desse dia, tirando fotos nossas juntos. Meu primeiro passeio com a minha filha... Haneul terá que me aturar chorando de amores em casa. Quem precisa de terapia, quando se tem uma pirralhinha inteligente na sua vida, afinal?
Passei mais uma hora penteando o cabelo colorido das bonecas que ela trouxe em sua mochila de porquinho. A última coisa que fizemos antes de ir embora, foi dar as sobras dos sanduíches para os peixes no laguinho. Por sorte, aqueles gansos bravos não estavam lá. Eu teria enfrentado eles, pode apostar.
Chegamos na casa de Dahyun no final da tarde; o sol quase se pondo. Chunja adormeceu no meu colo após esgotar toda a sua disposição para brincadeiras. No carro, checava se estava bem pelo retrovisor, mas a pequena nem mexia no banco traseiro de tão profundo que estava o sono.
Dah agradeceu eu ter passado um tempinho com ela e sorriu para mim, afirmando que iríamos combinar novamente um passeio. Meu coração disparou pelo ato. Dei um beijinho na bochecha da garotinha e entreguei-a para o Eunwoo — que passaria a noite lá, assim como normalmente faz nos finais de semana.
Senti um vazio ao vê-la sair dos meus braços. Apenas um único dia de convivência e eu já estou com saudades da minha porquinha.
Das diversas curiosidades que soube sobre Chunja hoje, a mais interessante é nosso amor inexplicável pela natureza. Somos dois amantes das flores...
• ♡︎ •
jungkook papai babão é a coisa mais fofinha que vcs vão ler hoje ): ela vai curar ele, fml
o flashback ia ser pequeno, mas adicionei bemmm mais cenas dos dois namoradinhos pra vcs sofrerem pq até eu chorei enquanto revisava escutando the truth untold, é isso.
já aviso que o próximo capítulo tbm vai doer, MAS vocês vão gostar da dor e me agradecer (spoiler: dahkook + sorveteria + lágrimas e abraços 😼)
obs.: desculpa, amores 😭😭 tive q adiar a postagem do capítulo por causa das minhas duas últimas semanas de aula q foram mto corridas e pq eu perdi a inspiração total. agora tô de férias, vou tentar atualizar + rápido.
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