Trapézio
Quando a luz iluminou o enorme palco, as pessoas estavam confusas, o pouco de público presente estava assustado demais para pensar em olhar melhor a sua volta, pois a cada pavor, sempre vinha o pesadelo do centro do palco, porém dessa vez, não.
A barra de ferro se extendeu do teto como mágica, pois a segundos atrás não havia nada ali, a imagem de um rapaz belo, de vestes coladas em tom alaranjado, assim como os fios ruivos.
Pequenas sardas pintavam seu rosto, assim como as bochechas grandes faziam charme, porém o que mais era chamativo em seu rosto, eram os olhos verdes em tom quase neon e as lágrimas cristalinas, que escorriam como o mais puro lago de tristeza.
Suas vestes lentamente se pintaram de azul, como se trocasse de cor com seus sentimentos. Os olhos verdes se tornaram azuis límpidos como o mar mais belos, os fios laranjas se tornaram negros, tão negros, que parecia sequer haver uma iluminação sequer naquele escuro.
Quando finalmente ele se moveu, ninguém mais entendia o que fazer, não sabiam o que ele faria, não sabia como ele mataria, quem ele mataria.
Sua imagem simplesmente se borrou quando o rapaz que se equilibrava em pé no ferro do trapézio, se jogou para trás, as mãos erguidas pareciam prestes a segurar em algo, porém não existia nada, seu corpo simplesmente se colidiu contra o chão, somente ali perceberam que não havia a rede de segurança naquele lugar.
– Ele... Morreu? – Jeongin questionou, não entendendo o que estava acontecendo ali.
Seus olhos arregalados se toparam em agonia com aquele sangue abundante escorrendo pela boca aberta e pela cabeca rachada pela queda.
Os braços estavam em uma posição totalmente estranha e anormal, pois estavam quebrados, assim como alguns dos ossos de sua coluna haviam perfurado seus órgãos.
Seungmin não sabia como responder, não sabia o que falar ou como agir, não tinha reação senão apenas olhar.
Todas aquelas aberrações entraram naquele palco e mataram inocentes, então qual motivo que teria para um deles se matar daquela forma?
Aquele então era o paladar? Qual a razão dele ser um sentido? Aquilo não se encaixava, havia algo errado nisso tudo.
– Ele não é o paladar, Innie... – sussurrou Seungmin, franzindo a sobrancelha antes de se levantar em um pulo, segurando na mão do Yang enquanto olhava em direção ao rapaz caído – Ele é o sexto sentido... A intuição...
– Sexto... Sentido? – Jeongin, confuso, franziu as sobrancelhas, tentando entender ou pegar ao menos uma pequena parte do raciocínio do Kim – Então qual a razão dele se matar?
– Todos eles atacavam se fizesse algo que ele não gostava... Ele não atacou ninguém ainda... Não sei como alguém conseguiria dar a ele razão de matar se ele fosse o paladar. Talvez ele teria que comer algo ou alguém comer perto dele... Mas... A intuição não parece ser tão... Complexo quanto deveria. Basta... Pensar... – e mais uma vez Jeongin estava confuso, aquilo não fazia sentido na sua cabeça – Todos nós, neste circo, estamos pensando na razão dele ter se matado... E se alguém parar de pensar? Será que... Ele atacaria?
O Yang arregalou as orbes, seu olhar se voltando ao garoto caído, finalmente entendendo a linha de raciocínio de Seungmin.
– Isso não o tornaria o mais fraco? O ser humano sempre está pensando, certo? – Jeongin questionou, nesse exato momento ele estava pensando, nunca parou para pensar que não pensava em algum momento – Okay, isso está me causando dor de cabeça...
– Ele está se movendo... – sussurrou o Kim, trazendo a atenção de Jeongin para o rapaz falecido, ou que deveria estar morto naquele momento.
Seus dedos se moviam lentos, seu sangue retornava para o seu corpo através da boca entreaberta, o som alto da respiração afobada soou, como se o garoto estivesse por horas prendendo a respiração, até seus olhos azuis se encontrarem com os olhos negros do Yang.
O contato visual pareceu durar anos, meses, décadas, dias, século, horas, milênios e minutos, jamais saberia dizer quando seu coração bombeava loucamente e seu cérebro parecia em curto pela lógica que estava seguindo, sua cabeça rodando em pensamentos toscos e banais, tentando a todo custo pensar, mas por qual razão ele havia notado sua presença ali, sendo que ele estava pensando?
Foi quando o rapaz se levantou e lentamente a pelagem grossa cobria seu corpo, o rosnado alto soava rude, ele se transformava da mesma forma que o primeiro a aparecer havia se transformado, como se fossem da mesma espécie, porém ao contrário do outro que possuía orelhas grandes de lobo, mesmo com a aparência total de um urso, esse, possuía espinhos afiados por toda a sua costa, eram ossos, sua coluna estava apontada para fora de sua pele.
O medo o corroeu, quando a primeira voz assustada gritou e com ela a onda de desespero.
A criatura em um salto havia abocanhado a cabeça da garota, saltando para a próxima cadeira, desmembrando cada pedaço de sua vítima.
– ... Jeongin... Você... Acha que ele sente o medo?
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