Popcorn

Uma bandeja flutuava entre os dedos desmembrados de um dos defuntos, que como uma marionete se ergueu e caminhou com a bandeja repleta de sacos de pipocas entre cadeiras e fileiras.
As pessoas não sabiam se deveriam ou não tocar naquela comida, tudo ali era assassino, cruel e perigoso, o que poderia garantir que comer aquela pipoca fosse seguro? E se estivesse envenenada?

A primeira corajosa a tocar na embalagem, tirando um olhar repleto vazio e um sorriso forçado nós lábios abertos do defunto, foi Lisa, uma garota de franja feita e fios dourados, um sorriso fraco se fez nos lábios da humana assustada, recolhendo o pacote que escolheu e o colocando ao lado, mesmo que tivesse pego a pipoca, não teve a coragem de comer.

Pelo menos isso garantiu que não havia problemas em pegar o pacote, na fileira mais a cima, um rapaz, George, havia pego um também, porém diferente da moça, o rapaz de fios azuis escuros fez questão de comer uma única pipoca diante do olhar curioso e preocupado de todos os presentes.
O rapaz levantou as sombrancelhas com uma expressão surpresa.

– Gente, o sabor é maravilhoso! – o rapaz disse empolgado, buscando mais um pacote de pipoca e entregando ao rapaz ao seu lado – Aqui, Folksong, pode pegar um!

– Eu prefiro esperar se vai dar algodão doce... – o garoto não iria pegar mesmo se desse algodão doce, pois estava apavorado demais, porém a expressão séria em seu rosto escondia perfeitamente bem.

– Você quem sabe...

O público se dividia entre alguns tocando no pacote e outros negando.
O Yang por sua vez se negava a acreditar que aquilo era coisa boa, não sabia se algum novo inimigo, ou no caso, alguma nova atração, poderia aparecer no meio da alimentação, isso seria terrível! Além de que com certeza vomitaria toda a comida.

– N-não, obrigado. – O Kim negou, vendo o defunto caminhar lentamente com os pacotes restantes para fora da entrada.

O som de mastigação era nojento, como alguém conseguia comer com tantas pessoas desaparecendo e morrendo diante de seus olhos? Algumas até mesmo ao lado!
Jeongin se perguntava como alguém teria tanto sangue frio a ponto de conseguir comer numa situação como essa.

Seungmin apenas olhava para o chão, não queria em momento algum olhar em volta, sabia que aonde quer que olhasse, veria pessoas mortas ou pessoas comendo, mesmo que das poucas pessoas restantes, no máximo dezessete pessoas que ainda permaneciam vivas naquele circo, de todas elas, exatamente duas estavam comendo.

– Eu estou com medo de saber que realmente vão morrer... – Jeongin sussurrou, ouvindo o amigo concordar – Com certeza pode haver alguma atração que sinta o cheiro de comida e vai atacar, eu tenho certeza... Seria muito clichê...

– Um monstro que não gostava de barulho, um que não gostava de ser visto... Pode ter um que não goste de cheiros... É uma suposição sensata. – o Kim respondeu em um sussurro de volta, na fileira aonde estavam, não haviam mais pessoas, porém ainda assim, o cheiro de bacon da pipoca chegava até aí – Eu tenho certeza de que deve sim ter algum montro que ataque cheiros de comida.

Atenção! Todos em seus lugares, o espetáculo já vai começar! –  a voz do homem soou outra vez, a iluminação precoce diminuiu completamente por longos segundos.

Até que um pequeno brilho passou a iluminar, pequenas lâmpadas localizadas ao pé do palco.
Apenas a silhueta era visível naquele instante, a iluminação era péssima, algo que logo mudou, uma luz clara e irritante apontava diretamente para o homem de fios negros e corpo musculoso.

Os olhos pintados pela sombra negra lentamente se abriram, as orbes opacas eram visíveis, ele era cego, seu corpo tremia em pequenos espasmos, sussurrando a fome que lhe acarretará.

As orbes negras do Yang se arregalaram quando viu que estava completamente certo.
Aquele homem pareceu crescer, seu corpo dobrou-se de tamanho, até que seus musculos ficasem expostos, a carne rosada com linhas brancas de pequenas gorduras e ligações da pele arrebentada.

A criatura parecia como um gigante, havia se tornado quase do tamanho daquele circo inteiro, sua mão se guiou cegamente contra a fileira de onde vinha o cheiro de pipoca e bacon, apanhando o rapaz de fios azuis escuros, que gritava e se debatia contra os dedos grandes que lhe esmagavam.

Os dentes da criatura lentamente se encontravam com o crânio do humano, que implorava misericórdia naquele momento.
O Yang não queria olhar, mas estava em choque, seus olhos não se desviaram, apenas teve a visão do crânio sendo triturado pelos dentes enormes e arredondados do monstro, enquanto o cérebro molenga do rapaz escorria entre o queixo e clavícula do ser.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top