Muralha da morte
– S-seungmin, por favor acorde... – voz desesperada soou suavemente, baixa, quase inexistente.
O Kim lentamente se sentou, forçando os olhos a se abrirem, porém a dor insuportável o atingiu na face, o dando o reflexo de levar a mão para os olhos fechados, engolindo um grito de desespero ao perceber relevos afiados sobre as pálpebras fechadas.
A dor era a cima do comum, nunca havia sentido uma dor tão forte quanto nesse momento, a vontade de vomitar apenas com o medo e nervoso o atingiu, queria tanto acreditar que era tudo um pesadelo...
– Aonde... O que aconteceu? – Seungmin questionou virando o rosto para os lados, se notando nervoso por não conseguir enxergar absolutamente nada, estava fraco, sentia que iria desmaiar novamente a qualquer instante.
– Você se assustou com algo e correu para os espinhos! Todos os lados das paredes desse maltido labirinto é feito de plantas com espinhos... Você correu contra os espinhos e me levou junto... Eu caí antes de chegar próximo ao muro, mas você foi diretamente com o rosto... Eu te tirei dali e te arrastei para o mais distante possível. – o Yang contou, encolhendo os ombros com o resultado que via na face alheia. – Afinal, o que te assustou?
– Eu... Não me lembro... – murmurou, ouvindo um som esguaniçado longe, tão distante que parecia um sussurro em um dia de chuva barulhenta – Temos que sair desse lugar. Como não nos acharam?
– Estamos dentro do muro de espinhos, eu achei uma passagem pequena e dei um jeito de entrar com você. – o Yang sorriu, mesmo que o rapaz não conseguisse enxergar.
O único alívio do Yang, era o fato de que Seungmin não conseguiria ver o estado ensanguentado que o Yang se encontra devido aos espinhos que perfuraram seu corpo na tentativa de entrar na passagem apertada do muro de espinhos.
– Aquele bicho que sente o medo está com o cara da neblina, não os vi mais, porém vi o grandão da comida passando e ele não possuí chave alguma. – Jeongin contou baixo – esse som é ele, está se afastando, podemos aproveitar e seguir o labirinto para a direção que ele foi, pois quem vive aqui provavelmente conhece esse labirinto.
O Kim franziu as sobrancelhas, mas de certa forma isso fazia sentido.
– Se você diz... – Seungmin murmurou, ouvindo sons de folhas e galhos em sequência.
Seus pelos se arrepiaram, assim como o pavor se instalou em seu corpo.
Se sentia vulnerável, apavorado, sozinho, sua vontade era chamar Jeongin, porém não sabia qual era a criatura próxima a eles.
O Kim saltou de susto ao sentir um toque suave em seus dedos, em sequência um leve puxão.
– Sou eu, pode vir. – o Kim seguiu a direção da voz, sentindo vez ou outra algumas leves espetadas no casaco de moletom que usava.
Seus dedos tremeram, porém continuou seguindo, até se notar fora daquele canto que julgou ser seguro. Seus ossos poderiam tremer dentro de seu corpo se não fossem os músculos impedindo tal ação, o pavor se abrigava em sua alma, ainda mais pela sensação, pelo fato de não poder mais enxergar.
– Você precisa confiar em mim – essa frase soava tão péssima nos ouvidos do Kim, poderia ser uma palavra de conforto, poderia ser um desejo de confiança, mas tal frase parecia reencarnar o pesadelo em sua mente fértil, se lembrando unicamente das imagens sangrentas que presenciou naquele maldito circo. – Estou com você, basta me dar a mão... E seguir comigo...
Seungmin era tosco, pois se julgou tanto e agora estava ali, seguindo o amigo labirinto a dentro, ele poderia estar mais apavorado, mas esse papel já era possuído por Jeongin, que resenciava os corpos decapitados, decepados e ensanguentados pelo chão.
O sangue era a cor rubra que cobria todo o canto repleto de matagal por onde pisavam, o cheiro de carnificina era irritante, mas não conseguiria evitar olhar, não poderia deixar de olhar, não com o medo de algo pior aparecer.
Não confiaria que a única ameaça seriam os monstros que ali habitam, vai que existiam zumbis e vampiros? Já viu um humano se transformar em uma besta, um humano desaparecer se tornando em uma densa névoa, um humano se matar e retornar em uma fera, entre outros, do que mais iria duvidar? Se tudo o que a ciência lutou contra, estava ali, residindo a sua frente.
– Alguma imagem diferente do labirinto? – Seungmin questionou, inocente e confuso, tirando um olhar apavorado do Yang, pois por segundos havia esquecido que aquilo era além de um pesadelo e Seungmin não enxergava mais – O cheiro está estranho.
– ... Apenas continue me seguindo, qualquer mudança eu irei avisar. – Jeongin sussurrou, engolindo a ânsia de vômito quando viu o Kim inocentemente pisar sobre miolos estalhados no chão, queria chorar de desespero, mas não poderia, temia atrair a atenção indesejada.
A batida dos corações acelerados pareciam como baterias agitadas dentro de seus corpos, temiam que ouvissem até o som dos corações palpitando, a respiração deveria estar calma pois sequer corriam, mas a adrenalina com certeza era a causa da aceleração naquele órgão pulsante.
– Não anda. – Jeongin disse rapidamente, fazendo o Kim travar imediatamente os passos.
A aflição de não enxergar era insuportável, queria estar a par dos acontecimentos, queria não ser um peso morto, queria entender, mas não conseguia, seu corpo o traiu naquele instante, se movendo contra a sua vontade, porém o que mais lhe apavorava, era o fato que se Jeongin o pediu para parar e não falou absolutamente nada depois.
Se perguntando se deveria ou não perguntar, Seungmin tentou tatear o próprio braço, buscando aonde antes estava a mão de Jeongin segurando a ponta de seu moletom para o guiar, porém não encontrou o que queria, pelo contrário, sentiu a testura gosmenta, grossa e desagradável, ainda mais pelo cheiro de carcaça e o som do rosnado que recebeu como resposta.
– Seungmin, eu estou no seu outro lado... – Jeongin sussurrou para o Kim, no seu ouvido contrário de onde sentiu aquela pele, o que o fez se afastar rapidamente da criatura e se esbarrar contra Jeongin, que milagrosamente conseguiu impedir os dois de ir ao chão – Esse é o bicho do olfato, ele não escuta e nem vê, mas não custa precaver... Pelo visto também não sente toques... Lembra da garota do circo?
Seungmin quis vomitar, se lembrava bem até demais do desespero da garota espancando a pata da criatura e o ser nem sentiu cócegas.
– Está tudo fedendo a morte, então vamos nos camuflar no cheiro... E sair de fininho... Esse aí não tem chave nenhuma. – o Yang julgou que daria para perceber se uma das criaturas estivesse com as chaves, porém temia ainda assim estar enganado, preferia confiar na própria intuição – Vamos... Temos que sair daqui.
O Kim afirmou com a cabeça.
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