Malabarismo
Os rostos chocados foram impossíveis de se focar em qualquer coisa, por menor que seja, que não fosse o corpo falecido sendo lentamente triturado pelos dentes daquele gigante deformado.
O sangue espirrava ao redor como tinta a cada mordida, parecia um humano comendo coxa de frango, porcamente, sujando seus dedos com sangue, era traumatizante e nojento.
A vontade de vomitar veio no instante em que o monstro desistiu de comer aquele homem, largando o corpo mastigado como um chiclete após ser retirado da boca, haviam os pedaços dos ossos perfurando os órgãos internos e saindo da pele deformada, o cheiro de sangue e carcaça recente era enorme, ainda mais por não ser o único corpo ali.
A criatura levantou a cabeça como se farejasse o ar, olhando fixamente para o repleto nada, seus ouvidos pareciam não capturar sons, pois não havia conseguido notar a garota barulhenta que gritou apavorada quando o corpo falecido caiu em seu colo, manchando suas vestes brancas e caras com o sangue e saliva do monstro.
Porém ele sentiu perfeitamente o cheiro impregnado de pipoca em um acento, sua mão o alcançou, como um ímã, certeiro, porém não havia nada além daquele saco de pipoca intocado.
A garota de fios loiros estava com os olhos arregalados e imóvel, a mão enorme se aproximando de seu lado e tocando aquele banco como se buscasse algo, porém tudo o que ele havia feito, foi espalhar as pipocas pelo chão ao esbarrar no pacote.
O monstro resmungou, em fúria, socando aquele banco como se estivesse sendo enganado propositalmente.
O grito da garota soou junto ao som da madeira se partindo, seu rosto exibia a dor que sentia, assim como suas mãos socavam de forma desesperada a mão enorme do monstro que ao atingir o banco ao lado, havia esmagado sua perna direita junto.
Sua agonia era óbvia, porém mesmo que pedisse, ninguém iria ser louco de ir ajudar.
Estavam todos chocados demais para isso, asustados demais, eles sabiam que sair dali seria perigoso, mesmo que isso custasse a vida de uma pessoa, eles não poderiam fazer nada.
O monstro ainda assim, não havia sentido os golpes da garota, eram fracos para si, como picadas de mosquitos em pele de crocodilo, ele não havia notado ela ali, apenas retirando sua mão e retornando ao centro do palco após cheirar bem o ar e perceber que não havia mais nada ali que poderia o alimentar, estava bem enganado, porém não é como se pudesse saber disso.
As luzes se apagam, o choro de dor de Lisa era alto, suas lágrimas caiam como cascatas pelo seu rosto, socando a cadeira do seu lado esquerdo como se tentasse ofuscar a dor de sua perna, ela se negava a olhar, porém quem viu entendia o motivo do tão desesperada que ela estava.
A perna dela simplesmente foi levada ao chão, ela estava sem a perna direita.
– Espero que estejam apreciando o show e entendendo como sobreviver a esses lindos apreciadores de diversão... – aquela voz era demoníaca, era aquela voz que causou tudo isso, aquele apresentador de circo que havia feito tudo isso – Mas nosso malabarista está bastante cansado... Então irei o permitir que descanse e trarei agora a atração principal desse circo!
Jeongin engoliu seco, então ele iria deixar o mais perigoso para o final? Havia entendido certo?
Agora sim estariam fadados a morte? Não poderiam aceitar morrer assim. Haviam visto tantas pessoas tendo seus fins fadados a morte, não poderia se permitir morrer, não agora, nem deixaria seu amigo para trás.
– Com vocês... Lee Know! – a fumaça branca lentamente subiu, cobrindo todo o chão daquele palco.
Aquela fumaça parecia subir cada vez mais era preocupante o quanto que aquilo subia cada vez mais forte, cada vez mais rápido.
Jeongin foi o único a olhar ao redor, alguns estavam levantando e saindo desesperados, foram duas pessoas a sair, desesseis pessoas que estavam vivas, sendo que uma dessas estava gravemente ferida. O número de vivos estava cada vez menor.
– D-devemos ir? – Seungmin perguntou, vendo o Yang negar com a cabeça, quando a fumaça tocou o rapaz da fileira de baixo do canto, ele não parecia ter nenhum tipo de intoxicação, ele estava completamente normal – Não parece ser algo perigoso...
– Por via das dúvidas, não vamos sair daqui... – o Yang olhou atentamente, até a fumaça subir e ficar na altura de seu tronco, não via mais o chão do circo, as pessoas que correram dali não eram mais visíveis aos seus olhos.
O Yang apenas olhou na direção do amigo antes de silabar:
"Não irei me mover, custe o que custar... Não se nova"
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