Capítulo 4
Após impedir da mesma se cortar oito vezes enquanto tentava golpear o ar de forma descordenada, após ela lançar as facas cinco vezes longe do alvo posto, depois dela cair no chão e receber arranhos pelas pedras no chão diversas vezes, consegui ensina-la pelo menos como realmente se segura uma faca e a qual distancia se faz um golpe sem machucar a si mesma decidi treinar para valer enquanto deixava a mesma descançar.
Treinei com a espada, com dois Bier’s, mas sem matar nenhum dos dois para não assustar a Galihr e fazer dois sessões de exercicios imposto pelo Fegbier, ele parecia estar querendo me fazer tremer, me arrepender de algo, mas como todos sabem que sou do contra, que sou desafiadora; aguentei firme e me coloquei frente a frente dele esperando por mais. O mesmo não pareceu surpreso e nem ao menos irritado, parecia, pela primeira vez, sem saber o fazer, então deu as costas, dando assim por encerrado as atividades do dia.
Segui com a mesma de volta aos barracões, mas somente para pegar os tecidos de cama e nos encaminhar ao chuverão, mesmo sendo com água gelada, o banho pode-se dizer que foi relaxante, mas para ela foi um tanto “dificil” mesmo saindo já vestida como mandei, era claro ver seu tremor pelo frio, embora o solar ainda esteja nos aquecendo.
Fomos direto para o barracão, mas não entramos, estendemos os finos panos na única janela, antes que os outros chegassem e quisessem colocar os seus, aqui era assim, embora não ouvesse regras, depois de muitas mortes, todos aprendemos; onde o do outro já estava não tire, se vire. Logo após isso fomos para fila comer, embora já esteja acostumada a aguentar a fome, estava faminta como a muito não ficava, provavelmente por ter feito praticamente o dobro do que fazia, não era mal costume, vivemos de surpresas aqui, mas praticamente fiz o que fazia por mim e pela loirinha dos olhos oceanos, isso nunca foi feito por mim antes, além de que não comi o dia todo, então era previsivel estar com as tripas me corroendo atras de algo.
Já estavamos deitadas, cada uma em seu canto tentando se esquentar do frio repentino que chegou, claro que já estava acostumada com tudo por aqui, por isso que ao olhar para baixo, do outro lado do quarto e ver ela tremendo adormecida, toda encolhida com frio, me levantei e coloquei o meu pano de saco em cima dela, não é muito, mas junto ao dela, os dois devem esquenta-la pelo menos um pouco, não é ideal como cobertor ter pano de saco ou tecido corroido por traças, mas nunca ninguém ligou, quem dirá ligar agora, então terei de resolver do meu jeito, assim, voltei a deitar e mesmo com frio e sem proteção, dormi a noite toda.
Quando acordei levantei fazendo o mesmo processo do dia anterior e quando nós duas Já estavamos prontas fomos direto aos afazeres, hoje era dia de oferenda, então, todos sem excessão ficam sem comer por tempo indeterminada, embora a maioria das vezes seja de três dias, aos que não resistirem, os corpos são dados aos cães de guerra. Muitos aqui morrem assim; já comemos pouco e então passar dias sem comida é o fim, podemos somente tomar água, mas também não muito. Havia esquecido deste detalhe, claramente Galihr não vai aguentar, se antes sempre dava meu jeito de tentar arrumar comida, muitas vezes acabava sendo pega e castigada, agora farei do filho de Lúficer meu guardião e pegarei comida custe o que custar, ela não vai passar por isso, não comigo aqui!
Logo que terminamos nossos afazeres os soldados nos trazem as pedras para a carregagem, temos de leva-las até o outro lado do rio, pela zona de morte da passagem do Cast, todos que tentam fugir veem por aqui, só tem aquela passagem para tentar, mas logo que pissam os pés ali são atingidos por metralhadoras ou bombas terrestres, os que conseguiam sobreviver a isso eram torturados até a morte, depois de um tempo a maioria de nós se conformou em vive aqui.
Particularmente, sei como passar por ali, olhando cada ponto, cada pegada que ainda tinham na area, cada folha, conseguia ver as armadinhas e como fugir delas, por isso sobrevivi por anos nesses dias de oferenda, porém, Galihr esta totalmente perdida, sem saber o que realmente stá acontecendo, sem nem mesmo aguentar direito os dois sacos de pedras, mesmo assim ela segue ao meu lado, assim como disse quando entrou aqui.
Ao ver a linha preta em cima da terra sabia que ali era o início do desafio, muitos ao meu lado já choravam e pediam desesperados para não serem obrigados a ir, sabiam que não voltariam, e embora veja a morte nesta situação bem melhor do que viver, entendo o lado deles, ainda pensam que um dia serão livres.
— Pise onde eu pisar, respire e pare onde eu disser. Não faça nenhum movimento diferente do meu.
— O que está acontecendo?
Ela olhava para todos os lados, seus olhos estavam marejados e seu olhar mostrava pânico, a abraçaria se não estivesse com três sacos de pedras nos meus braços, somente para lhe passar segurança.
— Se acalme. Você precisa confiar em mim, você precisar ficar firme e fazer exatamente tudo igual a mim para podermos voltar ok?
— Tu-tudo bem…
— Respire fundo e me ouça com atenção. — ela balançou a cabeça em afirmativa e então comecei. — Conte cinco passos para o lado direito depois do primeiro passo da linha preta, depois mais treze passos curtos para frente e então mais dois para a direita. Entendeu?
— A-acho que s-sim…
— Faça o que eu fizer, fique exatamente atrás de mim, olhe para o chão e veja onde meus pés vão; onde piso, você pisa. Olharei para frente, serei seus olhos do que vai vir a seguir. Só me siga!
— Tá bom, tudo bem.
— Isso… Respire fundo e lembresse da contagem, quando eu falar já começamos.
— Espera… não tem como…
— JÁ.
Comecei a andar e mesmo completamente assustada sabia que ela estava atrás de mim, sabia que estava me seguindo e por sentir sua respiração e soluços baixos, que estava conseguindo. Já era possivel ouvir os gritos de dor, as explosões de bombas tanto dos lados quando atrás, senti algo liquido atingir meu rosto, mesmo assim não parei, o grito de susto da Galihr me fez querer ir mais rapido para conseguir atingir a pedra pontuda, só ali poderiamos parar por poucos minutos para respirar e seguir antes de sermos atingidas.
Quando finalmente chegamos a pedra respirei fundo tentando atingir rapidamente a regulação, mesmo sabendo que isso poderia nos render mais facilmente, larguei os sacos de pedregulos no chão e olhei para trás vendo ela assustada, com o rosto totalmente vermelho de sangue, pelo menos sabia que não era dela. Seu corpo tremia enquanto a mesma soluçava, passei meus braços por seu rosto tentando limpar inutilmente as lágrimas que continuavam a descer.
— Presta atenção! Isso já está quase acabando, você só precisa ser mais forte um pouquinho e…
— Não, não por favor, Aggy. Vamos voltar. Por favor…
— Olha, não podemos voltar sem antes chegar do outro lado, seria o mesmo que morrer. Me ouça, não vou deixar nada te acontecer. Vamos voltar juntas, mas você precisar continuar a me ouvir e me seguir. Tudo bem?
Ela balançou a cabeça enquanto soluçava, quando ouvi o tiro cada vez mais proximo peguei rapidamente as pedras novamente e olhei para ela mais uma vez antes de voltarmos a correr.
— Faça o que eu fizer. Caso algo aconteça ou você veja algo me avise, mas não pare, se concentre somente nos meus pés. Agora vamos.
Mesmo assustada e em pavor, continuou a me seguir, os caminhos eram confusos, praticamente todos iguais, mas já conhecia bem o porquê disso e por qual deveria ir, a cada tiro, explosão e gritos que ouço mais corro, mas não só prestando atenção no caminho e no que ouço, mas também nela e em sua respiração, parece loucura, mas mesmo assim é como se ouvisse até mesmo os seus batimentos, ou eram os meus, tudo estava tão confuso, ensurdecedor que era facil confundir o que se ouvia ou não.
Já estavamos perto do fim, quando vi o que haviam feito ali, já conhecia a trilha, já conhecia o caminho, Fegbier sabia que poderia me pegar facilmente assim, mas logo quando deveria dar os últimos sete passos para frente, pulei para o lado, puxando rapidamente Galihr também por ter confudido a mesma e sabia que antes de perceber o que fiz, poderia pisar na granada e morrer instantaneamente, então assim, antes que algo mais podesse estar perto sem que eu percebesse e nos fizesse de refem, agarrada a mão dela e com os sacos grudados ao meu corpo caindo, corri a passos longos e descordenados para fora da linha preta, conseguindo chegar ao outro lado da zona morta, onde nos jogamos no chão ficamos ali segundos que mais pareceram minutos, logo ouvi gemidos e choros finos, além do dela, olhei cuidadosamente para cima e para os lados, vendo aproximadamente cinco ou sete pessoas, era sempre assim, dos quase duzendo que começavam, menos de dez voltavam.
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