Vinte e oito - A bruxa está solta.


Lauren acordou com as paredes brancas, o ar frio e uma crescente sensação de pânico. Respirar através do nariz doía, então ela abriu a boca, ofegando no ar fresco arregalando os olhos verdes olhando em volta freneticamente, tentando descobrir onde estava. Depois de alguns momentos de inspeção, o latejar em sua cabeça e o braço que ardia profusamente preso em gesso, deu a ela uma leve noção que estava em um hospital.

Demorou mais alguns instantes antes que os acontecimentos da semana passada caíssem sobre ela como um maremoto.

Os dois gols. O jogo. O jogo.

Uma fúria fervente subiu em seu peito quando ela se lembrou exatamente como ela tinha acabado naquela cama rígida de hospital. Seu ombro doía como se lembrasse naquele momento a agressão que sofreu e uma enxaqueca muito ruim ameaçava dar as caras.

Lauren esticou o pescoço para a esquerda um pouco, ignorando a dor que isso causou. Um pequeno sorriso enfeitou sua boca quando viu Mike esparramado em algumas cadeiras, dormindo, mas seu coração pulou no peito quando viu em quem exatamente ele estava dormindo.

Camila Cabello estava sentada, muito quieta na cadeira, a cabeça de Mike no seu colo e mesmo que ela parecesse sonolenta, seus dedos estavam correndo através dos cabelos escuros. Os cabelos castanhos, presos em um coque bagunçado e haviam escuros círculos sob os olhos dela pela falta obvia de sono, mas Lauren achou que não existia ninguém mais lindo em todo mundo.

Um apito irritante do seu lado acabou com seu momento de contemplação. Ela estava fixa em um monitor cardíaco que irritantemente aumentava o fluxo de batimentos. Lauren esperou que as enfermeiras entrassem a qualquer momento pensando que ela estava tendo convulsão, porém nada aconteceu.

— Pare com isso seu aparelho idiota. – Reclamou olhando para cima, como se esperasse que o aparelho atendesse a sua ordem.

Seus olhos se fecharam antes que ela pudesse oferecer mais atenção ao monitor.

A segunda vez que Lauren acordou, depois de um sono sem sonhos, ela já estava ciente de onde estava, e havia o som distinto de um tênis batendo contra o piso. Por um momento, ela tinha quase certeza que era Mike e Alycia, mas foi só abrir os olhos que mudou de ideia.

Os olhos verdes grogues abriram para encontrar o tom castanho quente olhando para ela com uma leve diversão, espiando por cima de um caderno de desenho.

— Bom dia, bela adormecida. – Lauren pensou um segundo depois como seria acordar com a voz rouca matinal de Camila.

— Onde? – Perguntou com a voz fraca e rouca e Camila meio que já sabia quem ela buscava.

— Mike foi para o restaurante. – Respondeu ela parecendo menos empolgada e mais tímida. – Alycia está com ele.

Lauren franziu o nariz só de pensar no sabor da comida hospitalar, em seguida ela ganiu de dor. Mas então veio algo para aliviar sua dor. Camila deu uma risadinha. Era talvez o som mais bonito do mundo inteiro, suave e ofegante e cheio de alegria. Lauren queria ouvi-lo para sempre.

Ela arregalou lembrando do monitor cardíaco acima da sua cabeça.

— O que aconteceu? – Mila pairou em sua preocupação sobre Lauren.

— Nada. – Respondeu, suspirando aliviada notando que não estava mais conectada aos fios. Seus batimentos cardíacos estavam escondidos em segurança dentro do seu peito.

— Acho melhor você limitar suas ações, não queremos mais nenhum osso quebrado.

— É um pouco tarde para pensar nisso. – Lauren respondeu sem humor. – Quais danos, doc?

— Bom saber que seu humor altamente irônico está de volta. – Lauren tentou erguer uma das sobrancelhas em desafio porém fez uma careta de dor e xingou baixinho. Camila achou novamente adorável. – Você tem algumas fraturas no braço, nariz e teve uma concussão grave. – Mila começou a explicar tudo que tinha ouvido do médico e de Alycia. – A maior preocupação agora é a sua concussão, e é por isso que você está aqui. Não vai fazer muito além de dormir durante um tempo.

Lauren fez beicinho. Se havia uma coisa ela odiava, era ficar confinada em uma cama, e isso aconteceu poucas vezes ao longo da sua vida. Ela era ativa demais para ficar parada em uma cama, mas estava grata por não ter acabado pior.

Embora suas pálpebras estivessem pesadas, indubitavelmente machucadas e enegrecidas pelo impacto no nariz, e sua cabeça zunindo pela medicação que a deixou dormindo durante quase uma semana, Lauren estava tentando aproveitar o máximo de tempo que poderia ficar consciente.

— O que você estava desenhando? – Ela perguntou de repente, Camila recuou, olhando para ela e depois para o caderno de desenho jogado sobre o sofá, com um tom rosado sobre a pele naturalmente bronzeada.

— Eu, uh, ainda não está terminado. – Camila respondeu desajeitadamente. – Eu te mostro quando estiver pronto, é só um pequeno esboço seu.

Lauren piscou algumas vezes voltando a mente o dia da exposição e não pode impedir que as próximas palavras saíssem com mais veneno do que ela queria:

— A última vez que me desenhou não terminou muito bem. Tem certeza que Brooke Lauren não está por ai escondida pronta para te dar outro beijo cinematográfico?

— Lauren... – A cubana advertiu para não seguir em frente com aquilo. Ela certamente não poderia esganar Lauren.

— Bem, eu não ligo de qualquer maneira. Eu estou muito bem.

— Obvio que você está. Essa cama de hospital é um indicativo máximo de como você está bem.

— Não é disso que eu estou falando. – Rebateu com ainda mais ironia.

— Puta madre! Eu acho que você precisa de mais alguns sedativos.

— Eu não preciso ficar sedada, eu preciso de você.

— Você... – Camila parou a frase e ficou balbuciando qualquer coisa, com os lábios semiabertos e os olhos grudados em Lauren.

Não houve muito tempo para discutir mais, porque a porta se abriu e Mike entrou correndo, com Alycia logo atrás. Os olhos dos dois munidos do mesmo tipo de emoção por perceber entre o alívio e a saudade que Lauren estava, de fato, viva.

— Lauren! Você está acordada! – Lauren estremeceu ligeiramente com o volume da voz do irmão, zumbindo na sua cabeça e Mike timidamente sorriu, antes de baixar um pouco o tom. – Desculpe, foi mal, você me assustou. – Com a preocupação genuína em seus olhos, Lauren sentiu o coração doer mais do que a cabeça, transbordando de amor pelo irmãozinho.

— Você deixou todo mundo louco, Laur. – Alycia se aproximou um pouco mais contida, mas sem esconder os olhos marejados. – Papai e mamãe quase me mataram por ter deixado isso acontecer com você.

— Duvido que você pudesse fazer algo.

— Camila ficou comigo durante toda essa semana. – Mike disse orgulhoso.

Lauren sentiu seu estômago se agitar mais uma vez ao ouvir aquilo então sorriu levemente e disse:

— Obrigada por cuidado meu irmão. – As bochechas de Camila enrubesceram.

— Não foi nada demais. Ele é um anjo.

— Ai, parem de flertar. – Camila e Lauren tiveram a conexão de olhares interrompida, quando Alycia se meteu entre elas. – Ainda estamos aqui.

— O que importa é que agora está tudo bem. – Disse Mike.

Lauren até teria acreditado na frase do irmão, se por coincidência não tivesse captado a troca de olhares nervosos entre sua prima e Camila, reagindo aquela frase, aparentemente inocente.

— O que foi?

— Quando voltar pra casa nós conversamos. – Alycia tentou negociar.

— De jeito nenhum, eu quero saber agora. – Insistiu ela.

As duas meninas olharam para Mike que encolheu os ombros de maneira indignada.

— Já sei, papo de adulto. – Resmungou. – Eu odeio vocês, e se querem saber vocês não são adultas ainda.

— Mas já fazemos coisas de adultos. – Alycia zombou dele.

— Alycia! – Lauren gemeu. – Deixe ele em paz.

Mike tombou Alycia com o ombro antes de deixar o quarto resmungando baixinho e as três aguardaram com certa ansiedade que o garoto deixasse o quarto. Nem Alycia e nem Camila sabiam como Lauren reagiria ao que elas estavam próximas a dizer.

— Parem com essa cara de pavor e me digam o que é que está acontecendo.

Depois de uma olhada demorada em Camila, Alycia por fim falou:

— Nós temos quase certeza que Tyrone Rodgers tem algo a ver com sua lesão.

— O quê? – A frase ficou transitando pelo cérebro de Lauren, enquanto ela vasculhava mais profundamente onde e o motivo do treinador tentar acabar com ela daquela maneira. Suspirou. Precisava se acalmar e entender. – Por que vocês estão desconfiando disso?

— Não é bem uma desconfiança. – Mila disse. – Na verdade, eu tenho certeza do que vi, momentos antes de Lorena lhe agredir ela trocou sinais com o professor Rodgers.

— Isso é doente e... criminal?

— Sim, mas a minha palavra não será o suficiente para conseguir que ele deixe o cargo, precisamos de algo maior.

— Mais do que nunca você precisa ficar boa para tirarmos esse filho de uma puta do time e da escola de uma vez, Laur. – Alycia se manifestou, cerrando os punhos enquanto falava. Toda vez que ela tinha que pensar nisso, sua mente ardia em ódio. – Olhe pra você, o que faltou para Lorena ter te matado?

Em outras situações Lauren riria do poder de sua prima de dramatizar situações pouco criveis, mas ela sabia que de fato, pela violência que foi agredida, poderia ter sido muito pior.

— Droga. – Suspirou Lauren, sentindo-se zonza. – Gente, por favor. Faremos o que for necessário para isso. – Ambas assentiram. – Mas eu preciso processar isso, e não será agora.

— Nós tínhamos combinado de falar disso apenas quando você estivesse bem. – Disse Alycia e então arregalou os olhos sorrindo com a única lembrança boa do último fim de semana. – Laur, você deveria ter visto o soco antológico que Camila deu em Lorena Trump.

— Você bateu nela? – Camila deu de ombros escondendo alguns fios detrás da orelha.

— Foi como Muhamed Ali. – Alycia simulou um soco no ar. – Você precisava ter visto. Foi tipo, pow e lona. Eu olhei as redes sócias da Lorena pra rir do estrago. Acreditem que aquele olho roxo valeu muito mais do que o gancho pesado que ela tomou.

— Ela tomou um gancho?

— Sim, claro que eu preferia que ela só voltasse a jogar bola quando o futebol fosse disputado na lua, mas ela só pode voltar aos campos quando você voltar a jogar.

Lauren abaixou os olhos encontrando o braço imobilizado, lembrando-se da proposta do Barcelona. Uma fratura de ombro como aquela não curaria totalmente antes de dois meses. A chance de se juntar a eles em janeiro era quase nula. Mas então ela lembrou das três pessoas que provavelmente mais ela sentiria falta quando tivesse que ir. Talvez, só talvez, aquela lesão grave não fosse uma coisa ruim.

— Acho que posso sobreviver. – Jauregui deu de ombros recostando na cama.

— O halloween é em uma semana, você já pode usar essa fantasia de múmia.

— Haha, nossa como você é engraçada Alycia. Eu vou chamar alguém para te expulsar daqui.

— Nenhum movimento brusco, Mich.

— Eu preciso ir em casa um pouco. – Disse Camila, interrompendo a brincadeira das primas. – Vejo você na escola, e você quando melhorar.

Camila hesitou por um momento antes de rapidamente se inclinar e pressionar um beijo suave na testa de Lauren, que de repente sentiu como se não houvesse nada entre elas duas.

— Descanse um pouco, ok?

— Pode deixar, Doc.

— Cretina. – Camila riu. – Tchau, Al.

— Caramba. – Xingou Alycia Evans, quando Camila saiu pela porta do leito. – É impossível ver vocês duas juntas e não achar que são o casal mais shippavel do universo.

— É culpa dela ser maravilhosa. – Murmurou Lauren, fechando os olhos e deixando que novamente o efeito da medicação colocasse ela pra dormir.

Mike corria pelos corredores de Alexander Maximus com um humor muito melhor do que ele poderia sonhar uma semana antes daquela. Ele tinha passado no teste de Rodgers com impressionantes 96% de acertos, e o mais legal foi ver a cara do professor quando lhe devolveu sua prova com o mais absoluto desgosto. Então agora ele esperava Camila tranquilamente na porta da sala para que os dois fossem tomar sorvete como recompensa dupla para os dois pela semana difícil.

Ele sorriu brilhantemente quando viu a garota dentro do carro da sua mãe, buzinando para ele e sorriu mais largamente quando entrou.

— Hey nerd.

— Uou, parece que alguém vai ser minha mais nova opção de carona. – Mila deu um beijo em seu rosto ainda sorrindo.

— Sorte sua que minha mãe ficou tão feliz com minha pre vaga em Juilliard que deixou que eu ganhasse mais responsabilidade e isso inclui dirigir o carro. – Mike franziu o cenho. – E também outras coisas mais chatas.

— Pré-vaga? Achei que você já estivesse dentro.

— Bem, quase. Eu ainda preciso de algumas entrevistas e manter meu melhor comportamento acadêmico, e isso inclui não socar a cara de absolutamente mais ninguém.

— Depois do último soco acho que você está inseta. Então, pronta para ir tomar um sorvete?

— Açúcar é combustível para minha alma. – Mike concordou e sorriu quando Camila entregou-lhe o cabo auxiliar.

— Eu espero que você goste de Fifth Harmony... É só o que tenho escutado nos últimos tempos.

— Por favor, Mike, que tipo de pessoa você acha que eu sou? Uma das componentes é até hoje meu crush celebridade...

— E é exatamente por isso que eu te amo.

Os dois chegaram ao shopping do centro rapidamente, acompanhado as músicas soando pelos alto-falantes do carro, especialmente Work from home, que era a favorita de ambos. Os dois tinham uma sintonia tão tangível que aos expectadores podiam ser facilmente confundidos como irmãos. Mike tagarelava animadamente para Camila enquanto caminhavam, falando sobre seus amigos, especialmente Millie, e geralmente rindo de tudo e todos.

— Como vai o seu namoro? – Camila riu, puxando a mão de Mike em direção a sorveteria. O rapazinho quase nunca se interessava por Brooke, ela sabia que aquela pergunta tinha segundas intenções.

— Bem, na verdade, eu não sei. – Admitiu pensando um pouco. – Eu não a vejo desde o jogo da Lauren. – Ela encolheu os ombros e cutucou ele. – E você? Já conseguiu levar sua crush para jantar?

— Acho que ela vai para a festa de Halloween na sexta. – Ele limpou a garganta. – Parece que o mala do pai dela vai sair e bem... a sua janela não é muito alta.

— Mantenha isso em mente. – Camila deu uma piscadinha pra Mike. – Vai ser útil daqui há uns anos. – O garoto deu apenas um breve sorrisinho, ele convivia muito com Alycia para não saber exatamente o significado oculto daquelas palavras, mas por hora, era melhor que Camila não soubesse que ele sabia.

Os dois mudaram o papo para um silêncio confortável enquanto se esquivavam entre a multidão e eventualmente chegavam na sorveteria Rayo De Sol, a maior sorveteria da cidade. Era a favorita de Camila por servir a melhor banana split de toda Califórnia.

— Tudo bem, ninõ, peça o que você quiser, você merece.

Mike pediu chocolate e hortelã e uma colher de chocolate com calda quente e pedaços de biscoito, do jeito que Lauren e ele gostavam, enquanto Camila tinha uma enorme banana split, mergulhada em sorvete e morangos e chocolate. Os dois sentaram-se juntos no assento da janela assim que Camila pagou.

— Você sabe o que vai usar no Halloween? – Mike perguntou entre colheres de sorvete.

— Sim. – Camila riu. – Os delinquentes sempre escolhem um tema e vamos para a festa na casa assombrada juntos, este ano nós escolhemos filmes e séries. Eu vou de Harry Potter, Dinah Jane de mulher maravilha, Sophie de Sansa Stark e Nico de Homem de Ferro. E você?

— Isso é brilhante. – Ele exalou animado. – Meus amigos e eu, vamos fazer quase a mesma coisa. Estamos indo como os jovens titãs. Eu serei o mutano, acho que Alycia vai me ajudar a tingir meu cabelo de verde, Will vai ser Robin e Millie e Tris vão de Ravena e Estelar.

Mila engoliu mais um pouquinho do seu sorvete, o assunto Lauren parecia um fantasma esperando uma brecha para se fazer presente.

— Hm, como a Lauren está?

— Ela ficou um pouco chateada nos primeiros dias. Mas já está se movimentando pela casa. – Respondeu ele serenamente. – Sinto que ela a qualquer momento vai sair correndo apenas para não surtar. Mas, pelo menos, as visitas que ela recebe ajudam ela a se animar mais. Ontem as garotas do time levaram flores e chocolates, hoje a jornalista apareceu...

— Humm. – Mila limpou a garganta parando de tomar seu sorvete um segundo. Keana tinha ido visitar Lauren duas vezes quando ela ainda estava sedada, era meio obvio que Lauren ganharia uma visita pessoa em breve, não era menos ruim pensar nisso agora. – Keana Marie foi visitá-la...em casa?

— Sim, elas ficaram muitos minutos conversando no quarto da Lauren. – Disse Mike. – O humor da Lauren melhorou um pouco mais depois disso.

"No quarto dela..." 

A frase ficou se repetindo em eco na mente da cubana.

— Bem, então eu acho que a Lauren então está ótima. – Camila enfiou a colher com força na sua banana split. – A chateação dela era saudade da jornalista.

Mike parou também de tomar seu sorvete de chocolate com menta para observar a reação da menina com um risinho irônico nos lábios.

— Se disser alguma coisa você vai pra casa a pé. – Mike riu.

— Eu só ia perguntar se você não vai comer. – Camila olhou para a banana split mal comida.

Ciúmes tirando seu apetite, mais uma coisa para lista dos motivos que ela mataria Lauren Jauregui assim que pudesse.


Lauren tinha decidido que não deixaria sua lesão tirar as coisas que faziam prazer em sua vida. A noite de Haloween era uma dessas coisas. Desde que era apenas uma pequena garotinha que a noite exclusiva para acompanhar Mike em suas andanças por doces travessuras. Mas naquela noite ela percebeu com muito mal humor que seu irmão agora tinha variado seus gostos e preferia ir para a festa na mansão assombrada da escola.

Ela escorregou para dentro do carro dos tios, sentando do lado de Alycia. Seu braço já nem doía tanto quando voltou para a casa e ela estava fazendo seu melhor para não reclamar o tempo todo dos tombos que a prima dava enquanto dirigia. Alycia estava toda fantasiada na melhor fantasia de guerreira pós apocalíptica de uma série que ela tinha tentado boicotar depois que a personagem morreu de maneira idiota. Lauren não entendia, mas não perguntou.

— Me ajude a grudar essa coisa na minha testa. – Ela entregou um pingente nas mãos de Lauren.

— Eu só posso usar um braço. – Resmungou a jogadora. – E porque você precisa usar isso?

— Porque eu sou a Heda. – Ela disse como se fosse obvio. – Esse pingente é a grande coisa da fantasia.

— Eu não sei o que é heda, mas ninguém vai perceber. Sua fantasia está otima.

— Eu juro que vai. – Lauren rolou os olhos. – Sophie está tentando me provar que a sua está melhor, quero está impecável.

O irmão e sua prima correram apressadamente para a fila dos ingressos que já dava uma volta inteira no quarterão. Mas o mais impressionante mesmo era a casa mal assombrada, erguida em um lote vazio atrás da escola. Aparentemente, Lauren era a única pessoa usando roupas normais, usando suas jaquetas de couro apenas jogadas no ombro e as calças jeans rasgadas.

Gritos e gritos ecoaram dentro da casa, e Lauren se perguntou novamente porque estava se sujeitando aquilo de bom grado. Mike estava ouvindo atentamente, ouvidos atentos. E então, depois de ficar na ponta dos pés para olhar para frente, ele deu a volta.

— Laur. – Ele deu uma cotovelada fraca em seu braço bom. – Veja. É a Camila.

Mike tinha falado um pouco alto, e Lauren suspeitou que ele tenha feito de propósito, porque um segundo depois Camila virou-se para onde eles estavam. Seu coração disparou rápido demais para conseguir se controlar. Ela estava linda, era cansativo para Lauren repetir isso, mas ela estava mesmo. Ou talvez fosse a saudade em seu peito, elas não se viam a quase uma semana.

— Ei, Evans e Jaureguis. – Ela cumprimentou sorrindo, tentando não ficar vermelha quando os olhos de Lauren desceram para a saia do fardamento impecável de Hogwarts.

— Olá Cuba. – Alycia sorriu quando viu os olhos de Lauren se arregalarem, agarrando o braço de Mike. – Vamos falar com a Sophie, Mike. Quero mostrar você a ela.

— Harry Potter? Apropriado. – Ela tocou a pele de Camila rapidamente para consertar a cicatriz falsa que escorregava da testa da cubana. – Você combina de óculos.

Camila corou com o elogio implícito, sacudindo a cabeça. – Onde está sua fantasia, Jauregui?

— Eu estava sem ideias. – Ela brincou.

— Acho que podemos arrumar uma fantasia de Lamp pra você. – Riu e Lauren franziu o cenho fazendo uma careta de dor em seguida.

Lamp?

— Lauren mais Vamp... Lamp.

— Isso é muito assustador. – Camila piscou, inclinando a cabeça com curiosidade. – Muito mesmo. – Riram juntas por alguns segundos.

— Seus olhos estão quase azuis. – Ela murmurou. – Nunca vou descobrir qual o tom verde de verdade oculto neles.

Lauren sentiu seu coração palpitar e odiou cada centímetro de seu próprio corpo.

— Obrigada. – Saiu meio murmúrio, meio sussurro. – Onde está sua namorada? Estranhei você não está com sua segurança no seu pé.

— Provavelmente em casa. – Respondeu Camila, ignorando a provocação explicita.

— Camila! – A cubana virou-se encontrando Dinah.

— Acho que nossa conversa privada acabou. – Mila murmurou sorrindo para os amigos.

Lauren começou a notar seus amigos se aproximando aos montes enquanto a cercavam colocando um ponto final na conversa das duas. A frente, um casal muito menos complicado estava de mãos dadas conversando com Mike.

— Uou, Sophie! – Exclamou o garoto realmente impressionado com a fantasia de Halloween da garota. – Você parece mais a Sansa Stark que a própria Sansa.

— Obrigada. – Ela deu uma piscadinha provocando Alycia. – Evans está com inveja da minha fantasia.

— Só porque você é ruiva.

— Você fica muito linda com ciúmes. – Rebateu a menina ganhando um beijinho de consolo da namorada. – tire esse bico da cara e me dê um beijo...

Mike sorriu, olhando por trás delas para Lauren e Camila, que estavam trocando pequenos olhares alheias ao que acontecia ao redor.

— Parece que elas estão totalmente apaixonadas. – Sophie ofereceu um sorriso irônico a Mike, seguindo a sua linha de visão. – E o seu plano.

— Bem... – Mike sorriu. – Eu meio que deixei Camila saber que Keana Marie visitou Lauren. E ela ficou bastante tocada.

— Serio? – Alycia piscou, com expectativa. – Isso é mais inesperado. Camila não costuma ser tão explicita.

— Na verdade não. – Sophie lançou um olhar para a amiga. – Olhe o jeito que ela lambe os labios por segundo. Ela definitivamente quer dar pra L... – Sophie parou no olhar assustado de Alycia, sacudindo a cabeça em direção a Mike. – Dar pra Lauren uns beijos.

Mike tentou não revirar os olhos, se divertindo em como eles tentavam o tempo todo sem nenhum sucesso falar de coisas explícitas.

Lentamente os grupos de amigos foram de dividindo em três, Mike e seus amigos, Lauren, Camila e Dinah e Normani e Alycia, Sophie e Nicholas Turner.

As paredes altas e escuras, forradas com teias de aranha falsas, muitas vezes brilhavam com luzes neon, dando caminho para figuras caindo dos tetos em fios apertados, passando por cima. Som de trovões falsos efeitos e música foram explodindo de alto-falantes, e só serviu para deixar a atmosfera mais assustadora.

O único que estava aparentemente com medo era Mike, que com cuidado Will e Millie, com Tris bem atrás rindo dos seus pulos, ou a cada vez que gritavam em uníssono. Um grito particularmente agudo fez Mike pensar que Camila tinha se assustado. No entanto, girando, Mike percebeu que era Nicholas Turner, que agora estava envergonhado por trás da irmã.

Lauren rolava os olhos para qualquer tentativa de lhe causar medo dentro daquele pequeno prédio, e Camila, como ela, também manteve a calma.

Tudo tinha corrido bem até o susto final no final, onde o quarto ficou escuro, e eles foram expulsos por criaturas mascaradas de todos os tipos. Talvez se as luzes estivessem acesas o efeito teria sido patético, porém na escuridão de um cômodo mal iluminado, teve o efeito desejado. Criou o caos e fez os amigos correrem de terror.

Sophie se jogou dramaticamente nos braços de Alycia, que sorriu ao pegá-la e começando a correr aos risos.

Mike viu quando um homem vestido com uma máscara de Demorgorgon notou ele e Millie encurralados na parede. Então deu a mão a amiga e começou a correr em direção a luz da saída sem soltar seus dedos nenhum segundo. Enquanto ele corria e sorria, sentiu uma avassaladora vontade brandir em seu peito. Então antes de chegar até a luz entrou em um corredor onde a luz vermelha de uma vermelha piscava sobre sua cabeça.

Mike não podia ver um palmo a frente do seu nariz, mas podia sentir a quentura da mão de Millie segurando seus dedos suados.

— Você acha que ele vai nos encontrar aqui? – A menina murmurou debaixo da respiração ofegante pela corrida.

— Espero que não.

Mike esperou a luz do teto piscar mais uma vez para encontrar onde de fato a garota estava. Quando o fez, aproximou suas mãos tocando seu rosto. Ele escorregou os dedos pelo rosto dela lentamente. Sentiu a respiração diminuir o ritmo e acompanhar ela.

Lauren sempre lhe disse para tratar todas as meninas como ele gostaria de ser tratado se fosse uma mulher. Então Mike pensou que antes de fazer, seria interessante perguntar. Mas e se ela dissesse que não? Aproximou um pouquinho o rosto tremendo contra a pele macia do seu rosto. A menina repetiu seu movimento, o cheiro de baunilha do seu cabelo contaminando o ar.

— Posso?

Ouve um silêncio aterrador, ele já estava quase se perguntando se nãos seria muito patético dizer que era uma grande brincadeira. Porém a coragem veio de onde ele não esperava, quando os lábios macios da menina repousaram superficialmente sobre os deles.

O que eu faço? O que eu faço? Mike entrou em pânico, lembrou que Lauren sempre segurava na cintura de Lucy quando a beijava, mas Alycia prendia suas mãos entre o pescoço e o queixo das meninas. Devia usar a língua ou deixar que ela movesse os lábios da maneira que preferia?

Millie muito menos nervosa que o garoto subiu as mãos pelos seus ombros prendendo o seu pescoço e então Mike suspirou. Isso era um sinal que ela estava gostando? Moveu a cabeça lentamente para o lado, e hesitantemente deixou que sua língua tocasse a dela. Tudo que ele pensou sobre o beijo inicial sucumbiu quando sentiu o gosto delicioso dos lábios da menina. Tinha gosto de gloss de uva e suco melancia. Era muito bom.

Naquele momento ele nem se lembrava onde estava, ou seus medos e dramas de adolescente. Era muito bom e ele não queria que acabasse nunca.

Do outro lado daquelas paredes Camila e Lauren passavam po maus bocados tentando se livrar dos mascarados que as cercavam, pressionadas contra uma parede cheia de teias de aranha falsas.

— Vem Camila. – Lauren deu um puxão na cubana empurrando os garotos pelo ombro. – Isso não tem graça, vocês não estão nos assustando... Saiam!

— Nossa como você é estraga prazeres. – Camila gemeu travando no corredor mal iluminado. – Admita que você ficou com medo.

— Eu consigo assustar mais pessoas do que esses palhaços de máscara.

— Serio? – Riu a cubana. – O que você poderia fazer para assustar? Está com o braço fodido. 

—  Posso fazer muitas coisas com só uma mão... você sabe.

Mila mordeu os lábios, sim ela sabia. 

—  Cretina... 

A jogadora prendeu Camila contra a parede e fechou ao redor dela de forma arrogante. Cabello sentiu arrepios na espinha sentindo a troca de calores oferecida pelas duas. Lauren estava irritada consigo mesma porque tanto quanto ela queria empurrar a garota contra a parede e fode-la, ela também queria beijar Camila com tanta ternura e docilidade, sussurrando seu nome e acariciando suas bochechas suaves e coradas.

Lauren usou as pernas para manter Camila imprensada contra a parede. Embora ela facilmente pudesse se livrar se quisesse. Camila Cabello era mesmo linda. Incrivelmente bonita. Na verdade, uma das garotas mais bonitas que Lauren já tinha visto. Não, talvez até a mais bonita.

— Eu não posso... – Camila murmurou parando sobre seus lábios. – Mas eu queria tanto... Tanto...

— Fique comigo... – A cubana engoliu em seco, despreparada para ouvir aquilo, e ainda mais para o que Lauren seguiu. – Eu preciso de você, Camila. Podemos fazer dar certo... Você sabe que podemos...

— E quanto a todos nossos problemas, Lauren? E quando você for embora?

— Eu estarei em Nova York todos finais de semana se for preciso, olhe para nós duas. Perdemos mais tempo pensando no que vai acontecer quando nos separarmos, mas você sabe que podemos fazer funcionar, é só a gente querer. E eu sei que você quer, tanto quanto eu quero.

Mila fechou os olhos se deleitando em ouvir tanta verdade naquela voz.

Quando a nova onda de estudantes vestidos com roupas de terror surgiu, Lauren acabou se assustando e dando um berro que correu a casa mal-assombrada. A jogadora virou-se e esmurrou um fantasiado na cara com a mão boa, sem culpa alguma. Felizmente Camila, deu as mãos a ela a arrastando para fora da casa mal assombrada, as duas acabaram caindo no riso.

— Bem, parece que nós duas caímos – Camila riu. Observado Lauren devolver o sorriso suavemente.

Ambas estavam caindo, não da maneira que suspeitavam. Caindo mais e mais fundo e agora não tinha mais como controlar.

Na manhã seguinte ao Halloween, Camila acordou cedo, tomou café e organizou todas suas coisas. Quando a tarde se aproximou ela já tinha desarrumado tudo novamente e uma decisão pairava na sua mente.

O coração batia aliviado no peito. Parecia que a última semana tinha de fato não passado de um borrão difuso agora que Lauren estava bem e acordada e as palavras que ouviu na noite seguinte pareciam vivas. O que não parecia um borrão difuso eram seus sentimentos por ela, na verdade Camila não podia mais nem se dar ao luxo de pensar em Lauren sem sorrir.

A jogadora era uma grande cretina, era arrogante, conseguia tirar Camila do sério como poucas pessoas. No entanto, isso era mais chama pra todas as outras coisas que faziam ela ficar mais apaixonada. Agora ela conseguia ver o que era oculto, além de todos os defeitos que faziam Lauren humana, ela era também linda, altruísta e muito apaixonante. Lauren atiçava o seu lado artístico, fazia ela querer escrever canções por segundo, e ela nunca sentiu algo parecido antes.

Não adiantava ela fingir que estava tudo sobre controle, não estava, mas ela estava muito bem com isso.

Parou carro parou na entrada do alojamento da faculdade de Brooke. Ergueu os olhos olhando para a janela do seu quarto. Tinha aparecido apenas um dia durante aquela semana, não por falta de convites, e sim porque ela não queria sair de perto de Lauren por um segundo.

Bateu duas vezes na porta assim que alcançou o segundo andar. Camila não foi recebida com um sorriso ou um beijo como era comum. O que Brooke Lauren deu a ela foi um simples olhar profundo.

— Oi. – A loira murmurou e Camila ficou em dúvida se deveria entrar ou ter aquela conversa ali mesmo. Porém, Brooke deu passagem a ela para o se apartamento, ainda em silêncio.

— Como você está? – Camila tentou manter contato, a conversa teria que acontecer de alguma forma.

— Bem, e a Lauren? – Ela notou cuidadosamente, como Brooke não perguntou como estava. A culpa tingiu seus pensamentos.

Culpa por ter escolhido alguém tão legal para ajudar ela a boiar em águas tranquilas e no final tudo que tinha conseguido era mais tempestades.

— Ela está bem. – Brooke assentiu, encostando o corpo contra a cômoda. – Acho que já pode voltar a frequentar aulas normalmente. – Mila pigarreou. – Podemos conversar?

— Estamos fazendo isso, Camila. – Mila suspirou oferecendo a Brooke apenas um pequeno sorriso que não foi retribuído. – Então qual desculpa vai dar pra terminar comigo? – Cabello abriu a boca, porém Brooke completou sua frase com surpreendente tranquilidade. – Foi pra isso que você veio, né?

— Sim.

— Pior de tudo é que eu sempre tive a sensação que você estava o tempo todo prestes a ir embora.

— Brooke eu-

— Camila. Está tudo bem. – Disse a loira. – Eu já sabia. Sua reação no dia do jogo foi mais que o suficiente para que eu já soubesse a verdade. Você está apaixonada por ela, é ela que você quer. – Brooke suspirou. – Passei a semana toda aguardando o dia que você tomaria coragem pra vir e fazer o que você estava planejando desde o começo. Você chegou com hora marcada pra ir embora.

— Eu sinto muito.

— Não sinta. Foi bom pra mim também, se não pelo amor, pelo sexo. – Brooke passou a mão pelos cabelos brilhantes de Camila. – Você é ótima, mesmo. Podemos ser amigas... – Cabello levou um minuto para recuperar sua postura. Ela era péssima com términos, sempre esperava gritos e acusações raivosas, mas Brooke tinha feito aquilo parecer tão leve.

Uma lágrima escorreu dos olhos de Camila, ela realmente se sentiu mal por Brooke. Ela sabia que a sua agora ex-namorada merecia alguém que a amasse com todo o coração, que pudesse desfrutar da pessoa maravilhosa que ela era.

Ela se inclinou para frente, pressionando um beijo triste nos lábios de Brooke, para depois se afastar colando seus olhos nos dela.

— Se eu pudesse escolher, você seria a escolha perfeita. – Brooke sorriu, beijando o rosto dela.

— Você está escolhendo, Camila. Essa é a graça do amor.

— Você vai ficar bem?

— Camila, calma lá. – Riu. – Não preciso de peninha. Juro pra você que vou ficar bem, claro que a rejeição está doendo um tantinho bom, mas eu vou ficar bem, tenho The Smiths do meu lado...

Camila assentiu, deixando a ponta dos dedos caírem do braço da outra garota. Ela novamente se curvou em direção aos lábios de Brooke, mais uma vez deixando um beijinho carinhoso.

Assim que se viu sozinha dentro só carro da sua mãe, Camila permitiu que as lágrimas deslizassem por seus olhos. Ela suspirou limpando suavemente o próprio rosto.

Ficaria bem, podia sentir isso.

Buuuuu!

Olá galero? Tudo bem com vocês?

Esse capítulo foi tão fácil de corrigir, sério, acho que ele é o mais tranquilo de todos até hoje, mesmo que tenham acontecido coisas importantes. Inclusive sabe o capítulo consequences? Pois é, tem um fato que liga ele a essa capítulo, na verdade ele é o fio condutor do caos, ou como a teoria do caos diz, ele é o bater de asas da borboleta. É importante que lembrem dele porque lá pelo capítulo 48 vocês vão lembrar dele e de um fato pequeno porém importante.

E sim, estamos realmente chegando no meio da fic. Eu uso a jornada do herói para escrever minhas histórias que é um conjunto de estruturas, divididos em doze passagens. Entramos hoje na passagem 7 da jornada do herói.

Não é nada importante, apenas curiosidades, falando em curiosidade. Esse negocio da Camila chamar a Lauren de Lamp, aconteceu de verdade em um Q&A. É muito engraçado, comento essas curiosidades pq tem muita gente nova que nunca ouviu falar. 

Demorei pra att porque eu estou na Bahia, meu rei. Está sendo uma experiência incrível, a Bahia é linda e eu não quero voltar nunca mais pra SP. Nunca, nunca, nunca...

Nos vemos só ano que vem, mas tá pertinho é semana que vem já... KKKK Profanos att hj também, estava quase sendo intimada a atualizar. 

Love u, desculpe mais uma vez o sumiço. 

Um aesthetic da Camilinha dessa fic, farei de todos personagens 

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