Vinte e nove - Quente e doce.
As notícias viajaram mais rápido do que os passes perfeitos de Lauren durante os jogos. Em apenas alguns dias, todo o corpo docente, funcionários e rivais de escolas secundárias sabiam que Lauren Jauregui estava fora dos dois jogos mais importantes do ano. Provavelmente Lorena Trump era uma das pessoas mais odiadas por qualquer pessoa que se interessasse por futebol feminino também.
Camila observava as movimentações e fofocas na segunda semana de Novembro. Não por acaso, era o dia que Lauren voltava as aulas regulares. De longe ela viu a menina caminhar de ombros caídos, parecendo física e emocionalmente destroçada.
Perdida entre a multidão de alunos, não fosse sua beleza de deusa greco romana, Camila poderia até dizer que ela era uma garota normal. Estava usando jeans simples, uma camiseta de banda e o braço enfaixado pendendo um pouco. Seus olhos estavam um pouco negros, quase curados e sem as bandagens em volta do nariz. Ela usava o cabelo em um coque bagunçado de onde pequenos fios caindo pelos lados, e a surpresa eram os elegantes óculos redondos que deixavam ela quase uma nerd.
— Dinah... – Mila murmurou para a amiga do lado de Sophie a apenas dois passos de onde ela estava. – O que eu faço pra controlar essa vontade incontrolável de...
— Dar pra ela? – A loira murmurou irônica. – Dê. Vocês duas estão solteiras, lembra?
— Por que eu ainda te peço conselhos? – A loira deu de ombros, jogando as ondas loiras em direção a amiga.
Antes que Cabello pudesse protestar, Lauren deslizou em seu assento, tirando a bolsa cara do ombro. O sorriso cínico que ela quase sempre usava para cumprimentar Camila de manhã tinham sumido, ela apenas acenou resignadamente. Mila passou a mão pelos cabelos castanhos, odiava ver Lauren daquela maneira. Onde estavam os sorrisos e as piadinhas sem graça? Cabello se sentiu muito mal por ela.
— Bom dia, Camz. – Ela acenou com o apelido que esquentou o peito de Camila.
— Bom dia, Lauren. – Camila se virou para ela com um sorriso tímido.
— Ufa, pelo menos você não está me olhando como se eu estivesse marcada para morrer.
— Você e sua torcida estão igualmente chateados. – Lauren recostou na cadeira, franzindo as sobrancelhas. – Não confia no seu time?
— Eu tenho fé nas meninas, eu só...
— Só não confia nele?
O "nele" fez Lauren fechar a cara em desgosto. Só de pensar que um dia chegou a imaginar que Tyrone Rodgers era um gênio perdido em uma cidade pequena... Santa ingenuidade.
— Sim. – Assentiu Lauren, e virou o rosto para trás, notando que falavam dela em um tom de voz não muito baixo. – Não acredito que vou dizer isso, mas, eu não quero pensar em futebol tão cedo. Só preciso melhorar as condições do meu braço e vai ficar tudo bem.
— Acho que nós podemos te ajudar...
— Nós? – Lauren inclinou a cabeça com curiosidade.
— Minha mãe e eu. – Camila informou. – Ouça. Mama ajudou Dinah com a sua fisioterapia e acelerou o processo dela em duas semanas a menos. Sei que tem grana pra conseguir o melhor fisioterapeuta do estado, mas se quiser, podemos fazer o mesmo com você, capitã. – Lauren sorriu, melancolicamente para o apelido. Ela era tudo menos capitã, naquele momento. – Mas você tem que se dedicar e fazer exatamente o que eu digo.
— Você é mandona, sabe disso?
Camila revirou os olhos. – A proposta acabou de ser revogada.
— Eu aceito. – Sussurrou Lauren, olhando nos olhos de Camila. – Eu devo ter ficado muito confusa nas últimas semanas. – Jauregui escorregou os dedos sobre a mesa e agarrou a mão de Camila. Mila sentiu o toque frio do anel de pérola contra a pele da sua mão. – Mas eu queria dizer que serei grata pra sempre, sobre tudo. Sobre Mike principalmente.
Indo buscar o ar que ela nem sabia ter prendido, Camila sentiu como se não tivesse nada que ela quisesse mais fazer do que colar seus lábios.
— Eu é que deveria está te confortando. – Murmurou ela, observando Lauren rir enquanto soltava sua mão.
— Estamos nesse estágio da nossa relação? – Disse Lauren, apoiando o cotovelo na mesa para apoiar a cabeça nele.
Camila deu uma olhadinha para trás, eternamento grata que Dinah e Sophie estavam absortas em uma conversa particular. Ela mataria as duas se tentassem lhe zoar mais tarde por ouvir aquela conversa.
— Relação? Ou esses joguinhos que estamos jogando? Amigos, inimigas, amigas, inimigas, beijos furiosos, sexo, inimigas.
Lauren respondeu com um sorriso que foi rouco o suficiente para ser sensual.
— Se quer saber. – Inclinou-se apenas um pouquinho. – Da minha parte eu nunca quis ser sua amiga... quero menos agora. Eu quero você, Camila.
Mila suspirou baixinho, ela ainda não estava certa de como deveria agir com essa Lauren tão direta e sedutora. Na verdade, essa Lauren deixava ela desarmada. Ela tinha medo do que aconteceria no momento que estivessem juntas em algum lugar sozinhas o bastante para Camila não poder fugir.
— Esse golpe na sua cabeça ativou sua personalidade mais direta?
— Essa sou eu sem um relacionamento me prendendo. Você não gosta? Gosta sim. E ainda mais agora que está livre para poder admirar sem culpa. – Ela riu pra expressão de pânico nos olhos de Camila. – Você deve estar se perguntando como eu sei que você está solteira... Encontrei ela no Tidesejo... A mensagem "tentando buscar uma nova diretriz" me deixou tocada... Você é uma quebradora de corações.
— Você tem uma conta nesse aplicativo? – Camila não sabia por qual motivo ela ficava mais chocada. – Eu não quebro corações e eu não tenho porque te explicar isso.
— Eu não estou interessada em saber o motivo do término. – Deu de ombros. – A conta no tidesejo é só uma distração.
— Igual a jornalista? – Desafiou Camila.
— Keana Marie e eu temos uma relação bem definida. Sexo. – Sorriu voltando a tocar a mãos de Camila que escapou pra o deleite do lado mais cínico de Lauren. – Quando eu digo que te quero, estou incluindo não só o sexo, mas todo resto que Keana e eu não temos.
— Se está pensando que vai me vencer com essas cantadas baratas, enganou-se.
— Sinceridade, Cabello... O nome disso é sinceridade. – Ela sorriu e concluiu para desestruturar Camila mais uma vez. – Você aceita sair comigo hoje?
— Sair, Sair? Tipo um encontro? Eu... – Antes de responder ela foi interrompida pela professora de literatura.
Camila ficou aliviada, era muita informação para o seu cérebro processar em poucos minutos.
Alycia rondava o corredor do quinto andar segurando uma pasta com seus dados. A porta da coordenação de cursos do campus estava aberta, porém o aluno lá dentro parecia realmente decidido a atrapalhar os planos de Evans. Ela rolou os olhos algumas vezes, e impaciente encarou a sala de fora para dentro.
Quando já estava pensando em ir embora e encontrar uma nova forma de reorganizar seus horários vagos agora que não fazia mais parte do time, a porta se abriu. Agradecendo aos céus ela se enfiou na sala da coordenação estudantil, a senhora Gloss já estava sentada em sua cadeira com os óculos com armação rosa na cara.
— Pode sentar senhorita, Evans. – Ela disse com a voz rouca de fumante. Alycia podia sentir o cheiro da fumaça impregnado nas paredes, todos comentavam que quando a mulher se encontrava sozinha ela colocava John Wayne para tocar nos fones de ouvido e fumava os melhores cigarros Marlboro. Alycia gostava da velha exatamente por isso.
— Eu vim buscar meu novo cronograma, baby. – Brincou capturando uma das várias balas de café dentro de um copo dos Yankees.
— O que aprontou dessa vez? – A mulher sorriu, enquanto as duas esperavam a máquina impressora fazer seu trabalho.
— Absolutamente nada demais. – Piscou fingindo inocência, ao mesmo tempo que pegava o papel na mão da mulher. – Centro de pesquisas em Historia?
— Sim. É um curso novo, conta muitas aulas pra universidades. – Disse ela. – A senhorita Griffin está fazendo um trabalho fantástico...
— G-Griffin? Eliza Griffin? Só existe disponibilidade com ela? – Puxou a pilha de papéis com todos os nomes preenchidos. – Eu faço qualquer coisa. Aulas de crochê? De artesanato? Essas coisas que ninguém quer fazer.
— Algum problema, senhorita Evans?
— Problema? Problema algum. Eu só... Minha ansiedade não me deixa ficar em uma sala por tanto tempo assim.
— Então será excelente pra você. – Afirmou e acrescentou – Sinto muito, senhorita. Sua vida no ensino médio está quase no fim, ou você volta a jogar bola ou terá aulas com a senhorita Griffin.
— Porra... – Murmurou Alycia, notando o olhar crítico da mulher. – Desculpe. Eu aceito...
— Leve esses papéis pra ela assinar e pode se juntar a equipe.
Alycia saiu da sala segurando os papéis na mão como se pesassem uma tonelada. Uma tonelada de assuntos que ela pensou que estivessem mortos, mas que agora estavam puxando seu pé. Quando abriu os olhos viu sua linda namorada cruzar o corredor, sorrindo para ela como uma deusa dessas que só existem em contos de fadas.
— Ei... – Murmurou ganhando um beijo nos lábios.
— Uou... – Sophie afastou-se, enquanto lia suas feições. – O que aconteceu? Parece que você viu um fantasma.
Evans travou por um segundo, o mais certo seria contar a Sophie sobre o seu envolvimento com a professora de Historia, mas não era apenas sobre sinceridade. Como sua namorada reagiria a saber que, pelo menos, até o fim do ano Alycia ajudaria a professora com pesquisas, alguém que ela se relacionou. Porém omitir era o mesmo que trair e dar lugar para que isso se tornasse um habito. Um habito que ela já tinha cultivado antes.
A saída veio do toque do seu celular, enganchado na sua calça jeans. Alycia atendeu, ainda sentindo a voz trêmula, mas depois de um minuto de conversa seu humor melhorou vertiginosamente. Eram excelentes notícias!
— Que cara é essa? – Sophie indagou assim que ela guardou o celular no bolso.
— Vamos viajar para Nashvile esse fim de semana.
— Vamos a um show da Taylor Swift? – Riu, porém parou no meio do caminho notando que a namorada falava muito sério. – Me de um bom motivo para eu cruzar o país com você, Evans.
— Tyrone Rodgers. – Não conteve a satisfação em sua voz. – Consegui notícias maravilhosas, vamos atrás do passado sujo do nosso amado professor.
— Minha mãe nunca vai deixar eu ir pra Nashvile, ainda mais no dia de ação de graças.
— Podemos ocultar esse fato e dizer a ela apenas que Camila Cabello vai com você, a última viagem dos amigos...
— Sem a Dinah e o Nico? – Duvidou a ruiva. Seus pais eram muito liberais, porém, sempre com a companhia reguladora do seu irmão gêmeo. Cruzar o país durante o feriado em companhia da sua namorada era algo que nem nos melhores sonhos de Sophie aconteceria. A não ser que... – Eu posso tentar, mas quem te garante que a Cami vai aceitar?
— Eu sei que ela vai...
— Você anda cheia de planos maléficos, por que eu ainda namoro com você? – Riu e a namorada colocou os braços delicadamente em volta do seu pescoço puxando-a para perto.
— Por que eu sou linda... gostosa... inteligente e... – Agarrou Sophie sussurrando bem ao seu ouvido. – Faço um oral maravilhoso.
— Safada. – Deixou um selinho rápido nos lábios e sorriu novamente. – Eu gosto um pouquinho só.
— Por causa do oral? – Recebeu um tapinha no braço e mordeu o ombro da namorada. Todas as dúvidas anteriores sucumbiram na sua mente quando ela soltou sem nenhum tipo de pudor. – Eu sei que é sim.
— Também... – Chupou os lábios da namorada lentamente escorregando até a bochecha dela onde deixou um beijo casto. – mas também porque você é carinhosa, linda e maravilhosa e eu te amo.
— Olhe pra mim. – Pediu contemplando as íris azuis como o céu da Califórnia em uma manhã ensolarada. – Eu...
— Você?
— Eu te amo.
Amava de fato, com todo seu coração. Mas a história está cheia de romances que encontraram seu fim mesmo com todo amor do mundo. Alycia sabia que era a grande prova de fogo daquele amor, e no que dependesse dela, passaria mais aquele desafio sem danos.
As aulas seguintes foram um tormento sem fim para Lauren. Ela presumiu que as pessoas com o tempo iam parar de fazer caras de velório quando cruzasse come la, mas até o professor de Química estava afetado com a falta da garota no time nos playsoffs.
— Eu não posso acreditar nisso. – Balançou a cabeça, olhando pra Lauren quando ela entrou. – Isso é uma droga... – Rosnou. – Você vai perder os jogos mais importantes do ano, Lauren. Não acredito que estamos fora da disputa.
— Senhor Tribney... – Lauren tentou falar com sua voz mais tranquila. – As meninas são capazes de vencer qualquer jogo, com ou sem mim.
— Oh, eu acho que não Lauren. Sem você elas são um time comum.
Lauren sorriu completamente desconfortável, passando o olhar pra ele uma última vez. Muitos professores tinham cordialmente conversado com ela naquela manhã, não deu a mesma sorte com o homem. Antony Tribney era conhecido por levar as coisas um pouco longe demais, algo empírico nele o fazia agir sempre no limite. Era irritante e deixou Lauren irritada.
Não só pelos comentários do professor, mas porque ela sabia que por ser mulher. Era retirado dela o direito de errar um milímetro se quer. Homens se contundem todos os dias em treinos e jogos, mas é só uma mulher se contundir que paira nela a dúvida se de fato é forte o bastante par isso. Sussurros estavam enchendo a escola, muito dos pais e alunos murmuravam nas suas costas:
"Bem, é isso que você ganha por praticar o esporte de um homem."
"Ela tem sorte de não ter morrido."
"Talvez ela seja aprendido a lição e vá jogar vôlei"
"Mulheres não foram feitas para futebol."
Lauren queria sufocar todas as pessoas que perpetuavam aquelas ideias. Ela mal podia esperar quando estivesse de volta aos campos e por vontade ou força de seus atos aqueles caipiras idiotas voltassem a se curvar diante do seu talento. Mas por enquanto, ela estava presa em remédios e aquela tala patética. Aparentando exatamente o que pensavam. Que ela era fraca e inútil.
Ficou mais que satisfeita em sair daquela sala quando o sinal tocou, arrastando-se para fora o mais depressa possível. Ela abriu o seu armário com raiva e tirou de dentro alguns livros. Com uma expressão fechada desceu até as escadarias da saída. Agora, para melhorar seu humor teria que esperar Alycia namorar para poder enfim ir embora.
— Lauren? – Uma loira se aproximou surgindo do nada, encostando perto dela ousadamente.
— Oi? – Jauregui respondeu com sobrancelha erguida. Lembrava de ter visto a loira uma ou duas vezes com Lucy, talvez fosse do time das lideres de torcida.
Camila Cabello vinha andando atrás rindo de Dinah e Normani quando travou vendo Lauren parecendo extremamente confortável em um papo com Lana Whists. Seu sorriso rapidamente se transformou em uma careta, quando notou que a garota praticamente se esfregava em Lauren.
Nas escadarias a garota tentava conseguir um encontro com a pobre ex-capitã do time de futebol.
— Eu soube o que aconteceu. – A garota lambeu os lábios, estendendo a mão para tocar o ombro de Lauren. – Pobrezinha. Como está aguentando? Você parece ótima.
Lauren respirou fundo, se fosse em outra ocasião poderia de fato achar o máximo toda aquela atenção, mas estava deprimida e apaixonada demais para colocar seu interesse naquilo.
— Eu estou indo bem, obrigada.
Os olhos de Camila se arregalaram. Lauren estava caindo naquela tentativa baixa de levá-la pra cama?
— Parece que alguém está com ciúmes, o que você acha amor? – Provocou Dinah.
— Eu tenho 100% de certeza. – Riram e Camila travou os punhos.
Levou dois segundos pra que ela tivesse exatamente certeza do que faria.
Camila caminhou sem pensar muito bem no que estava fazendo. Ignorou os chamados de Normani e Dinah bem atrás dela. Ignorou os alunos a sua volta, provavelmente com celulares prontos para gravar qualquer showzinho. Ela só estava focando no que queria.
Quando ficou perto o bastante da dupla, esticou as mãos interpelando a conversa e obrigou Lauren olhar pra ela. Os olhos verdes se arregalaram quando reconheceu o rosto bonito da cubana.
— Camila? O que vai-
Não esperou que Lauren concluísse a frase, puxou-a pelo colarinho da blusa preta arrastando-a diretamente até seus lábios. Levou dois segundo para a enxurrada de flashs vindos só smartphones obrigassem Camila a fechar os olhos. A vida privada em Alexander Maximus era inexistente e ela não poderia se importar menos.
Estava com tanta saudade daquela boca, os lábios eram macios e úmidos na medida certa. Jauregui passou o braço bom em volta da sua cintura, e Camila ergueu-se ficando na pontinha do pé para alcançar mais rapidamente seus lábios. Suas línguas dançavam em uma intimidade selvagem, enquanto as duas sorriam por dentro.
Os dedos de Camila, escorregaram do seu rosto para os cabelos da morena. Inclinou-se um pouco para a direita, as mechas pretas e castanhas de seus cabelos se misturaram como um degrade luxurioso.
Ah, como era bom beijar aqueles lábios.
Quando soltou a boca de Lauren, os olhos se encontraram. Sentiram mais uma vez como se apenas elas duas estivessem nas escadarias de mármore da escola.
Camila inclinou-se murmurando só pra ela ouvir, piscando os olhos castanhos brilhantes.
— Eu aceito sair com você. – Puxou o colarinho da sua blusa extinguindo a distância que ameaçava dar as caras. – Não se atrase.
Ela certificou que tinha afastado a menina antes de continuar caminhando com as amigas, como se não tivesse acabado de dar um beijão em Lauren na frente de metade da escola.
— Você está bem? – Na expressão de Dinah Jane a prova que ela não acreditava no que tinha acabado de ver.
— Sim. – Assumiu sorrindo para Dinah. – Eu estou muito bem. Então, vocês vão ficar ai?
As sete e 24 da noite Lauren desceu do táxi que tinha levado-a diretamente para a casa de ladrilhos amarelos. Não sabia dizer se estava atrasada ou adiantada, na verdade, ela estava tão ansiosa que as 18 horas e dois minutos já tinha tomado banho, vestindo a melhor roupa do seu guarda-roupa. Um conjunto estiloso de calça preta nova, jaqueta de couro e camisa branca por dentro da calça. Nos pés usava seus famosos coturnos estilosos, e os cabelos escorriam pelas costas limpos e brilhantes.
Lauren notou que a luz da janela do quarto de Camila estava acesa. Olhou para as pequenas pedrinhas que faziam parte da decoração do jardim e sorriu... Atirou a primeira pedrinha e aguardou um tempo curto até que Camila apareceu na janela, totalmente furiosa. A expressão de raiva na face da menina sumiu e deu lugar a um pequeno sorrisinho alegre.
Ela balançou a cabeça e abriu a janela, gritando lá de cima:
— Você conhece uma coisa chamada celular? – Lauren deu de ombros e Mila respondeu sorrindo. – Me espere ai em baixo...
Lauren enfiou a mão no bolso da calça e chutou algumas pedrinhas enquanto esperava pacientemente. Estava tão ansiosa, as mãos soando e uma espécie de dor de barriga que nunca passava. Tudo por conta de Camila Cabello. Lauren desce os olhos lentamente notando como a cubana está impossivelmente linda. Ela usa uma calça jeans branca com alguns rasgos aleatórios, os olhos de Lauren vão subindo ainda mais lentamente até chegarem nas blusas brancas que parecem abraçar o corpo relativamente magro, nos pés botas de salto, quase nenhuma maquiagem e o melhor sorriso.
Jauregui franze o cenho se dando conta que na mesma medida que Camila não poderia estar mais linda, ela não poderia estar mais apaixonada.
— Uau. – Lauren exala e Camila se aproxima agora parecendo mais tímida. – Você está linda.
— Você também. – Lauren fecha os olhos quando recebe um beijo no rosto. Pode então sentir o cheiro delicioso do perfume da cubana. Era uma deliciosa mistura de óleos corporais e o cheiro inconfundível do seu perfume.
—Eu vou tirar o carro da garagem, sei que não pode dirigir. – Lauren assentiu enquanto Camila voltava rapidamente para a garagem da sua casa. Quando a cubana apareceu novamente já estava dentro do carro da mãe. – Você vai me guiar. – Disse ela enquanto Lauren colocava o cinto.
— Vamos para o cine quente.
— O cinema que só passa clássicos?
— Sim. Soube que eles estão passando titanic hoje. – Mila espantou-se em ouvir aquilo.
—Lauren, você lembrou?
— Claro. Porque eu esqueceria que você nunca chorou vendo titanic?
— E vou me manter assim, posso te garantir.
— Do que você está rindo Jauregui – Camila bateu em seus braços secando as lágrimas. – Eu te odeio... tenho certeza que cabia os dois naquela maldita porta.... Lauren...
Camila estava com a cabeça recostada no seu pescoço enquanto fungava se lamentando do final trágico do filme. Lauren sorriu ao notar que algumas pessoas passavam olhando com estranhamento a garota se debulhando em lágrimas.
— Morte aos homens. – Brincou a jogadora e se esquivou rapidamente de outro tapa da cubana.
— Cretina. – Ela fungou mais uma vez. – Eu preferia nunca ter assistido esse filme.
— É uma boa história de amor. Então, você tá com fome? – A morena murmurou, chegando mais perto de Camila que sem se dar conta encostou sua cabeça no peito de Lauren novamente.
— Talvez.
— Eu conheço um restaurante de tacos maravilhosos, podemos ir lá.
— Hummm, na verdade... Agora é minha parte da noite.
— Você tem uma surpresa pra mim também? – Lauren dá um riso meio nervoso.
— Sim. – Camila assente e puxa Jauregui pelo braço bom. – Não precisamos de carro, speed racer. Vamos usar outro veículo.
Lauren deixa Camila arrastá-la para fora percebendo a estranheza do momento. Ela sabe que as duas não se conhecem de verdade. E, ao mesmo tempo, tem aquela energia reconfortante e indefinida que estão sentindo, que intuitivamente diz que deveriam tentar se conhecer. Ao dividir aqueles momentos íntimos estão dando pequenos vislumbres de suas almas. É um bom passo, um bom e importantíssimo passo.
— Por aqui. – Diz Camila, levando Lauren na direção.
Mila e ela desceram a rua do cinema chegando até o centro da cidade. O vai e vem de carros deixou o cérebro de Lauren confuso até que ela apontou para o veículo que usariam para a segunda parte da noite.
— Definitivamente não!
Lauren rugiu quando se viu parada de frente de algumas bicicletas de aluguel.
— Camila, não se se você notou mas eu acabei de voltar de uma lesão grave, prefiro evitar novas.
— Eu vou te levar até a segunda parte da nossa noite.
— Camz...
— Vem logo, Lauren. Eu pedalo muito bem, inclusive. – Ela usou apenas um pouco da sua força para fazer Lauren olhar em seus olhos. – Confie em mim...
— Eu... Eu confio, mas se derrubar eu te mato.
— Não vamos cair. – Garantiu.
Lauren tremulamente esperou Camila sentar na bicicleta e encarou a bicicleta como se fosse um touro bravo correndo em sua direção.
— Camz... – Fez beicinho. –Por favor, me diga que isso é uma boa ideia.
— É uma boa ideia, Lauren.
— Ok. Lá vou eu. – Lauren sentou na garupa da bicicleta e Camila olhou para trás vendo que a garota estava bem equilibrada.
— Segure na minha cintura.
— Na sua cintura? – Seu tom foi de amedrontado para safado. – Acho que estou gostado dessa ideia.
— E pare de olhar pra minha bunda. – Resmungou ela.
— Desculpe... – Respondeu Lauren fingindo inocência. – É que ela é tão...
— Camila? – A cubana para um pouco de pedalar para olhar para trás. – Você tinha me dito que eu não era um escolha segura para o momento atual da sua vida, o que mudou?
Mila se manteve pedalando por mais alguns segundos, processando o mais rápido possível aquela pergunta. Era uma boa pergunta que Camila ainda não tinha uma resposta.
Lauren se surpreende ao falar antes de Camila dizer qualquer coisa.
— Você gosta de mim?
— Basicamente, sim. – Responde a cubana. – E você?
— Eu já te disse que sim.
Ela assente, com os olhos presos nas luzes indo e vindo na pista.
— Tem sido fácil pra você?
— Tem – Diz Lauren para ela, porque é a verdade.
— Não é fácil pra mim o tempo todo. – Conta ela. – Mas eu sei que eu gosto de você mais do que normalmente eu gosto da maioria das pessoas. É uma espécie menos insana de amor.
Lauren para de pensar no que tinha ouvido e observa Camila por um momento. Ela está concentrada em suas pedaladas, e os cabelos castalhos se chocam o tempo todo na sua face. Parece sincronizada com o que acabou de dizer.
Mas a frase ainda paira pela cabeça de Lauren.
— Você acabou de dizer que me ama?
— Todo mundo ama Lauren, até os que não querem acreditar que amam. – Murmurou ela. – Eu amo você, é uma dimensão esquisita, mas amo.
Tem alguma coisa na expressão dela momentos depois. Jauregui não consegue dizer se é vulnerabilidade ou dúvida. Será que está insegura com ela própria ou com tudo que acabou de dizer?
— Vamos esquecer isso. Sim?
Camila balançou a cabeça aceitando o fim do papo sincero que estavam tendo. Haveriam outras oportunidades.
Camila freia lentamente parando a bicicleta perfeitamente no seu lugar de origem, então Lauren pisca um pouco confusa com a explosão de cores contra seu olhos. Ela roda em torno de si própria reconhecendo o lugar onde estavam.
— Nosso encontro é no parque?
— Essa era a surpresa. – A cubana deu um pulo na frente dela fazendo um movimento com as mãos. – Tcharaamm!
— Isto é esplêndido – diz Lauren.
Camila para ao seu lado. E Lauren só consegue sentir sua presença. Está no ar ao nosso redor, no cheiro do seu perfume e em todos os seus pensamentos.
Camila estica a mão até a de Lauren e levanta com delicadeza. Os dedos cobrem a distância.
Não soltam.
Ficam ali olhando uma para outra. Com os dedos entrelaçados. Sua respiração. Tudo não dito.
— Eu gosto das cores aqui. – Sussurra Camila, virando-se para olhar Lauren. – Me deixam inspiradas e você é culpada.
Ela sorrir com timidez.
Camila agarra Lauren pela gola da jaqueta e beija seus lábios, então depois deixa uma coleção de beijinhos pelo rosto até ficar sem ar.
— Me parecia ser o lugar certo pra te trazer. – Explicou enquanto Lauren segurava sua cintura. – Você parecia um pouco triste essa manhã com toda aquelas pessoas a sua volta, te julgando e-
— Eu preciso te beijar!
— Então me beije.
Lauren faz o que lhe foi permitido. Ela beija e Camila sente os lábios macios tocarem os seus. Sente seu toque, sua pele, sua língua. A mão macia alisar seu pescoço. Lauren imprime mais pressão em seu corpo e Camila precisa se apoiar na grade do Píer. Ela geme lentamente quando a língua desliza pelo seu pescoço desprotegido.
— Lauren. – Até o jeito que seu nome saia da boca de Camila era sensual. Rouco, como uma súplica ousada.
Jauregui atende aquele chamado abrindo os olhos, e percebe que Camila ainda está com as pálpebras fechadas, apenas deixando que sua boca roce suavemente sobre seus lábios.
Ela toca com o dedo as feições suaves, os cílios longos, escorrega os dedos sobre o nariz e para em seus lábios cheios.
— Como você pode ser tão linda? – Sussurrou segurando seu rosto com a mão boa, e suspirou quando sentiu as mãos de Camila subirem por dentro da sua blusa parando no sutiã.
— Precisamos parar. – Disse Camila, mas pela sua voz a última coisa que ela queria era parar. – Eu estou quase esquecendo que estamos em um parque. Chega de sexo em locais inusitados.
— Podemos ir pra minha casa quando sairmos daqui.
— Vamos tentar ir devagar, tudo bem?
— Eu entendo. – Lauren acenou tranquilamente, arrumando a jaqueta e o cabelo. – Nada de cavernas ou estacionamento de bicicletas...
— Prefiro que seja na sua cama, em um lugar mais confortável.
— Como sabe que minha cama é confortável se nunca teve lá?
— Duvido que você me colocaria em uma cama desconfortável. Você não vai querer toda a minha mobilidade seja comprometida. – Camila dá uma piscadinha nada inocente. – Vamos?
Maldita seja, Camila Cabello.
Lauren puxa seu braço esquerdo obrigando seus corpos se chocarem enquanto elas continuam andando em direção a entrada. Sua boca vai diretamente até os ouvidos da cubana.
— Sabe que vai me pagar por isso, não é?
— Que tipo de castigo? – Lauren deslizou suas mãos até o volume que a bunda faz no jeans e apertou sem pudor nenhum. Estavam escondidas enquanto não chegavam a entrada.
Ela se recompõe em tempo de ver Camila gemer baixinho com os lábios entreabertos.
— Jesus.
— Lauren. Meu nome é Lauren.
Mais tranquilas a dupla andou lado a lado até a entrada, onde um palhaço com a maquiagem bizarra vem lhes oferecer ingressos. Cabello parecia uma criança, horas antes do Natal, apontando para qualquer coisa que julgasse interessante, e comentando sobre cada pequena coisa que via.
Quando saíram da fila de ingressos, seus bolsos estavam cheios de ingressos, Camila, insistia em andar em TODOS brinquedos. Como não havia meio de dissuadi-la do contrário avançaram pelos brinquedos, inclusive os que Lauren nunca pensou que andaria. Por fim, já haviam andado em 70% dos brinquedos e Camila ainda parecia decidida em andar em alguns mais.
— Lauren. – Ela arrastou a jogadora pela mão com um grito esganiçado em direção a mais uma fila. – Precisamos andar no carrossel...
Lauren deu uma breve olhada na fila com o cenho franzido, era composta em sua maioria por pais e crianças pequenas que olhavam para dupla como se estivessem a ponto de roubar seus pirulitos.
— Camz. – Lauren puxou Camila disfarçadamente para o lado. – Olhe essa fila, só tem crianças.
— E? – questionou como se não fosse óbvio.
— E, que você já é muito grandinha. – Ela fez um bico adorável, franzindo o cenho pra protestar.
— E dai? Qualquer um pode andar. Por favor, Lauren – suas mãos se fecham entre si como uma súplica. – Por favor... Eu juro que eu faço o que você quiser.
Lauren suspirou convencida.
— Tudo bem.
Camila pula em seu colo e dá um beijo demorado no rosto agradecendo.
Receberam muitos olhares tortos, quando caminharam juntas até a plataforma e Camila montou no primeiro cavalinho colorido que trombou. Lauren senta envergonhada do seu lado abaixando a vista. Ela só conseguia agradecer por Alycia não está ali, sua prima não deixaria ela esquecer nunca da cena.
Longe das preocupações bobas de Lauren, Camila estava muito mais relaxada e confortável.
Com um solavanco o cavalinho começou subir e descer monotonamente. As luzes iam girando cada vez mais rápido, e só então Lauren percebeu a mão de Camila, estendida na sua frente.
Lauren agarrou seus dedos e deslizou eles para prender em sua mão, enquanto o cavalinho subia e descia. A latina ergueu a cabeça, e fechou os olhos contemplando seu próprio mundo enquanto o brinquedo erguia-se e abaixava lentamente. Ela sorria e Lauren sorria de volta contemplando a cena.
Parecia uma daquelas cenas clichês de comédia romântica. As mãos ligadas, o brinquedo, as cores os olhos de Lauren fixos nela. Se Lauren já não tivesse certeza, poderia dizer que estava se apaixonando novamente.
Olá, galero.
Capítulo mais cute, cute da história de Teoria que fez todos os percalços ate hoje valer a pena, admitam...
Tudo bem com vocês? Comigo tá uma coisa assim tão massa, como se diz aqui em Salvador. Gente quem é daqui me diz como é que faz pra não amar essa cidade todos os dias, meu Deus, eu sinto como se não fosse capaz de ir embora nunca mais. Nunca mais MESMO!
Esquecendo esses surtos meus com essa terrinha gostosa, entreguei um capítulo do jeito que cês queriam, apenas Camila e Lauren... desfrutem de cada momento delas juntas, porque né... Estou atualizando teoria hoje, mas as outras fics também vão ganhar att até o dia 30... Pra terminar 2018 muito bem...
Amanhã tem atualização maneira de Lycantropy e A ordem, mas n sei o horário. MAS VAI ROLAR!!!
Amo vocês, beijo se cuidem e tomem bastante água. heuheueh
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