Três - Entre odaliscas e rivalidades
A biblioteca de Alexander Maximus era uma das coisas mais fantásticas que Mike já havia visto. Assim que o sino para o almoço tocou, ele praticamente fugiu da classe de história pra chegar cedo a biblioteca antes de lotar. Mike compartilhava todas as aulas com Millie e Will, exceto o terceiro o quinto período. Foi um completo alívio para o rapazinho, ter duas pessoas amigáveis pra sentar do lado dele.
—Leve o tempo que for necessário, Jauregui. – Millie provocou, inclinando-se contra o balcão onde as folhas estavam, fazendo o garoto de cabelos escuros franzir o cenho com a proximidade.
—Nem sinal do Will, ainda?
—Não. Ele provavelmente deve chegar dentro de alguns minutos, Will é praticamente uma preguiça antes do meio-dia.
—Por que ele está sempre tão cansado?
—Sua mãe é... – Millie deu um sorrisinho, e os olhos do rapaz vagaram pelas pequenas pintas do seu rosto, parecia um pequeno sunday de flocos. O sabor favorito de Mike. – Ela é intensa. Inscreveu-o para tantas coisas fora da escola que ele mal consegue dormir. Que foi Jauregui? Porque está me olhando assim?
—Eu não estou te olhando "assim" eu só... Esquece... – Mike envergonhado empurrou a folha para a colega. – Faz primeiro.
Millie anotou rapidamente seu nome em letra cursiva, passando a caneta para Mike, que rabiscou o seu em sua vergonhosa letra irregular.
—Isso parece ruim, quero dizer, sobre a mãe dele.
—Eu conheço Will desde a pré-escola, e a senhora Reike não melhorou com o passar do tempo. Ela o defende ferozmente... Um pouco ferozmente demais se quer saber. Você deveria ter visto ela em seus jogos de vôlei. Uma mistura total de Molly Wesley e o basilisco.
—Ele ainda joga?
—Não, ele quebrou seu braço na quarta série. Sua mãe decidiu colocá-lo para nadar, ele é realmente bom nisso.
—Que pena. Teria adorado tentar entrar para a equipe da escola com ele.
—Você joga vôlei?
—Era isso ou futebol. – Mike encolheu os ombros, – eu tenho uma altura boa pra vólei. Além do mais, eu não quero viver constantemente a sombra da minha irmã.
Millie riu disso, andava ouvindo falar sobre a irmã de Mike. Era praticamente a única coisa que todos na escola falavam no momento. Will entrou na sala uns cinco minutos depois assinando seu nome rapidamente, e os três começaram a sair da biblioteca indo para a cafeteria, então entraram duas alunas veteranas.
Os olhos de Mike se arregalaram ao ver uma morena passando por ele. Ele só conseguiu voltar a enxergar com clareza cerca de dois segundos depois de ela ter passado por ele, mas ainda estava impressionado com sua beleza. Ela tinha lindos olhos castanhos ferozes, e a pele bronzeada. O rapaz passou o caminho todo virando o pescoço tentando vê-la mais uma vez, até Millie lhe dar um empurrão de brincadeira no ombro.
— Calma lá, garanhão. – Zombou. – Ou vai quebrar o pescoço.
Envergonhado, Mike franziu o cenho e sorriu, mas logo os três estavam gargalhando da situação. O pequeno Jauregui, sentiu como se tivesse amigos pela primeira vez e isso era absurdamente bom.
—Milla por que estamos na biblioteca de novo?
Camila rolou os olhos virando-se para a amiga ruiva. A verdade é que o humor de Sophie estava realmente péssimo desde seu mais recente encontro com Alycia Evans.
—Eu preciso me inscrever para ser tutora de algum pirralho, você sabe que preciso do dinheiro extra para os matérias de artes.
A renda da família Cabello tinha diminuído drasticamente após o divórcio. O trabalho de Sinuhe como treinadora atlética da escola nunca ofereceu muito dinheiro. Era o emprego de Alejandro como engenheiro que fornecia a maior parte dos fundos da família, portanto Camila se sentia mal em ter que pedir dinheiro à mãe pra comprar um simples pincel.
—Isso vai levar apenas dois segundos, né? – A ruiva deu uma boa olhada na enorme fila de alunos, cruzando a biblioteca até a saída.
—Sim, Sophie eu só queria alguém pra vir comigo, mas aparentemente todos estão com muita preguiça. – Camila disfarçou um segundo, e furou a fila na maior cara de pau
—Eu também estou com preguiça.
—Eu não ligo. – Camila sorriu dando de ombros.
A ruiva sorriu e batucou a caneta impacientemente contra a tábua da mesa. Os longos e brilhantes cabelos ruivos estavam presos em um coque feito às pressas para suportar o calor realmente terrível que fazia em Santa Clarita naquela semana.
—Gostou? – Sophie colocou o celular praticamente na cara da amiga. – Ela toma conta de gatinhos, ama café e Bukowski. Ou seja... zero parecida comigo.
Mila franziu o cenho ao ver a figura de uma garota abraçada a um gatinho.
—Achei meio... estranha? – Sophie enfiou o celular no bolso da calça jeans e mostrou a língua pra amiga.
—Qual o seu tipo?
—Eu não vou aceitar sair pra jantar com você Sophie.
—Duvido que você resistisse aos meus encantos.
A ruiva finge seduzir a amiga, mordendo os lábios.
—Com certeza, eu ia.
—DJ tem razão, você está se tornando uma chata.
—Tudo bem. Pelo menos eu não fico procurando relacionamentos no tidesejo.
—Tenho que me livrar de Alycia e eu só conheço uma maneira.
—Saindo com uma louca cheia de gatos?
—Idiota. – Sophie descansou a cabeça contra a bancada da mesa dramaticamente. – Podemos ir?
—Só mais um segundo.
—Você disse isso há cinco minutos.
—Feito! Podemos ir agora...
Quando as amigas se aproximaram da mesa em que sentavam desde o primeiro ano, Dinah, Nico e Normani dividiam um pedaço de bolo com três colheres. Sabe quando você frequenta a escola durante muito tempo, pra só depois fazer amigos? Não havia sido assim com Camila e seus amigos. A amizade entre eles aconteceu logo, parecia coisa do destino. Sabiam praticamente tudo da vida um do outro, mais ou menos desde quando ainda frequentavam a escolinha.
—Eu quero!
—Se você quiser manter essa mão, sugiro que não se aproxime desse bolo, Cabello. – Dinah ameaçou erguendo sua colher ameaçadoramente em direção a amiga.
Cami recuou um passo e jogou suas mãos para cima em rendição, sorrindo inocentemente para Dinah.
—Só queria ver de perto. – prometeu, arrastando uma cadeira pra sentar entre Dinah e Normani.
—A minha princesa cubana favorita. – Mila ergueu a sobrancelha ironicamente para o apelido de Nicholas Turner. – Poderia jurar que estava me evitando.
—Acho que é essa terrível colônia barata. – Brincou. – Honestamente você está cheirando como um boteco. – O irmão mais velho de Sophie, colocou a mão no peito com os olhos arregalados com um falso horror.
Nico e Sophie eram completamente diferentes um do outro, e não apenas fisicamente. A família Turner havia migrado de Londres direto para a Califórnia em busca de um lugar mais quente para criar os dois filhos. Sophie era ruiva, os cabelos assumiam uma tonalidade quase brilhante ao sol, e algumas sardas bem discretas pintavam seu rosto bonito e harmonioso, assim como os de sua mãe. Já Nico, tinha os cabelos escuros e olhos castanhos do pai, e um irritante sorrisinho torto que combinava em absoluto com a aura de cafajeste que ele tinha.
—Ele não tem grana pra comprar um perfume legal porque gasta todo o seu dinheiro nesse cabelo. – Sophie debochou tentando desarrumar o topete impecável do irmão.
—Hey! Uma beleza como está não vem naturalmente. Camila, eu sei que você gosta do meu cheiro. Eu não gasto 96 dólares em um perfume pra não cheirar como o céu.
—Depois a Milla que é a princesa. – Sophie fingiu confidenciar pras amigas.
—Pode apostar que sou. Você só está com inveja porque eu roubei todos os genes da beleza da nossa mãe.
—Qualquer coisa que te faça dormir bem à noite, Nico.
—Beleza? É óbvio que estão falando de mim. – Dinah ficou de pé dando um giro e deixando seu casaco das lideres de torcida cair dramaticamente. – Eu sou fabulosa!
—E modesta. – Camila zombou.
—Senta aqui amorzinho. –Normani puxou a namorada pelo braço. – Se continuar nesse pique seu ego vai alcançar a lua.
—Se você tivesse meus genes, se exibiria também.
— O que disse?
A mesa explodiu em "uhhhhhs" e risadas. Estavam chorando de rir, enquanto Dinah tentava roubar um beijo da namorada fingindo estar brava. O sentimento de amizade e lealdade sempre foi mais forte que qualquer coisa entre eles. Talvez porque lealdade fosse à qualidade proeminente em todos. No geral aquela era a rotina dos melhores amigos.
—Oh, é a Jauregui.
Quase inconscientemente a cabeça de Camila virou-se para onde Dinah estava apontando.
—Uau Cami, estou vendo uma baba?
—Calada, Dinah Jane! – Camila ordenou furiosa, deixando de olhar para Lauren por um instante.
—O que eu perdi? – Nico perguntou com uma sobrancelha erguida.
—Camila está totalmente crushada pela Lauren Jauregui.
—Eu não... – Seu grito de negação foi interrompido por Nicholas dramaticamente ofegante.
—O quê? Quer dizer que você tem um crush por alguém que não sou eu? Estou ferido, princesa, eu verdadeiramente estou...
—Não é culpa dela, Nic, – Sophie zomba. – Jauregui é realmente quente.
—Se ela é quente eu não sei, mas ela é boa no que faz. – Normani exalou com admiração. - Ouvi dizer que todos os ingressos para a primeira partida do campeonato foram vendidos. Em horas...
Camila nesse ponto parou de ouvir, a única coisa que funcionava eram seus olhos. Ela viu quando Lauren caminhou até a pessoa mais detestável do universo, Lucy Vives.
A rivalidade entre Camila Cabello e Lucy Vives começou nos primeiros dias da pré-escola quando Lucy jogou tinta no cabelo de Camila e rasgou seus desenhos, e desde então só cresceu. As duas garotas faziam das suas aulas de artes campos de competições que teriam terminado em derramamento de sangue se não fosse à intervenção de Dinah e Sophie, que tiveram que refrear vigorosamente sua melhor amiga de atacar fisicamente a garota algumas vezes. Era um ódio tão profundamente enraizado que nem a tentativa da direção da escola em encontrar um meio de exterminar aquela confusão trouxe resultados.
A visão de Lauren, com o braço casualmente arremessado em volta dos ombros de Lucy, fez Camila quase vomitar seu almoço. Claro que a nova queridinha de Alexander Maximus, seria namorada da queridinha, a líder de torcida, a menina dos olhos do corpo docente, a não queimada, a quebradora de correntes.
Camila sabia que ao contrário dela seus amigos admitiam quando ela não estava que Lucy não era tão mal assim, talvez com eles ela realmente não fosse. Lucy sabia ser simpática, e até(pasmem) educada. Seu problema era apenas com Camila.
—Uau, há uma razão pra você estar esfaqueando sua comida como se ela tivesse pessoalmente te ofendido?
—Foda-se, Nicholas. – Camila murmurou entre dentes.
—Isso está me cheirando a absolutamente ciúmes, o que vocês acham?
—Totalmente. – Dinah sorriu.
—Sem sombras de dúvida. – Normani concordou, tossindo o chá gelado que estava tomando quando Camila jogou um bolinho de papel amassado em sua direção.
—Todos vocês são idiotas.
—Ao seu serviço, milady. – Nico debochou antes de virar-se para Camila com os olhos divertidos. – Admita que você está totalmente afim dela.
—Eu...ela é só bonita... – Camila soltou a força, era difícil admitir que Lauren era realmente linda, seria mais fácil odiá-la se ela não fosse fisicamente atraente. – parem com isso, ok?
—Mas quem está falando da Lauren?
—Eu... –Novamente a mesa explodiu em risadas irônicas. – Perros dos infiernos.
—Tudo bem, tudo bem, vamos deixar pra lá, – Dinah apaziguou. Camila só não ouviu o silencioso "por enquanto" que a amiga murmurou sob sua respiração.
A professora de história da arte não estava em seus melhores dias naquela tarde quente de abril. Os boatos eram que ela havia sido deixada pelo marido, que preferiu a babá do filho recém-nascido dos dois. Uma situação pra lá de bizarra que estava mexendo com os nervos dela. Então a mulher tornou a aula uma terrível odisseia maçante, refazendo todo o percurso de assuntos do ano passado.
—Até que enfim. – Alycia exalou jogando as mãos pra cima quando enfim o sinal de fim de aula soou.
A professora Weed, fingiu que não ouviu e se arrastou para fora da sala com os olhos vermelhos pelas lágrimas.
—Você às vezes é tão insensível, Alycia. – A loira deu de ombros e sorriu pra uma garota que passava do seu lado. –Sua falta de empatia com a senhorita Weed, deve-se ao fato que provavelmente você seria o marido em uma situação parecida.
Alycia parou de flertar com a menina pra dar a prima uma olhadela que confirmava o que Lauren havia insinuado.
—Que ideia totalmente errada você faz de mim. – Fingiu-se de ofendida.
—Não estou surpresa que aquela ruiva não quer te ver nem pintada de ouro.
—Nem me fale da Sophie, ela está me ignorando de verdade dessa vez. Você acha que se eu invadir o quarto dela algo mudaria?
—Sim, mudaria. Você provavelmente mudaria da casa dos seus pais para a prisão por assédio.
—É, você têm razão, chocolates devem resolver.
—Al, você quebrou o coração dela, chocolates não vão resolver.
Alycia era realmente inabalável quando o assunto era mulheres. E ela usava todos os artifícios disponíveis para conseguir as que queriam que normalmente fossem as mais bonitas, as mais legais e as mais improváveis. Mesmo com uma personalidade falha em relacionamentos, Lauren amava sua prima como amava Mike.
A grande coisa entre Alycia e Lauren era o equilíbrio. Amizades tendem a ser difíceis de equilibrar quando se é jovem. Disputamos tanta coisa, temos que lidar com TPM's, corações partidos e o início da utopia rebelde que nunca se completa. Mas entre Lauren e Alycia, uma linha invisível do equilíbrio havia se traçado a muito tempo.
-Precisamos entregar esses convites para a festa do sábado. - A loira disse retirando de dentro da bolsa uma quantidade grande de panfletos.
—De jeito nenhum eu vou perambular entregando essas coisas.
—Bem Laur, eu realmente não queria fazer isso, mas... –Alicia mexeu rapidamente no celular estendendo para Lauren pegar.
—Mas que filha da puta...
A foto de Lauren criança com trajes de odalisca surgiu na tela junto a Mike, em um Halloween qualquer. Lauren ainda encarava a prima boquiaberta quando a foto foi retirada de suas mãos.
—Você é terrível.
—É, eu sei. CUBA! – Alicia grita empolgada, jogando uma parte dos papéis sobre Lauren para ir até a tal Cuba, que obviamente não era o país caribenho.
Cuba era Camila Cabello, a garota que havia deixado cair o caderno de desenho aos seus pés, e depois ter culpado Lauren pelo cancelamento do curso de artes no dia anterior. Mila olha Lauren de cima a baixo os lábios rapidamente se tornando uma linha seria.
Lauren, no entanto, não fez questão de parar de olhar. Podia ver a maneira que seus olhos acompanhava o movimento do seu sorriso, reagindo a qualquer coisa que Alycia dizia para ela.
Quando Camila se afastou, foi a vez dos olhos de Lauren ganharem vida, acompanhando o rebolar carregado com a marca indelével das mulheres latinas. Uma coisa metade sensualidade, metade marca herdada pelos ancestrais. Um andar quase poético, não apenas mexer os quadris. Mas com Camila, o resto ainda parecia absurdamente demais para alguém tão pequeno.
Ela era incrivelmente linda. De frente... e infelizmente de costas.
— Linda, não é?
Lauren apenas sorriu levemente para Alycia, coçando a nuca. De repente, a possibilidade da prima já ter tocado naquele corpo agitou nela uma sensação muito conhecida. Não estava acostumada a sentir inveja. Se é que isso podia se chamar de inveja.
— Você já... ficou com ela... – Escapuliu sem ela conseguir frear.
— Infelizmente não... E olha que eu tentei, mas ela é diferente...
O desejo de perguntar o que era diferente foi passado para trás. Seja lá qual fosse o diferente, isso não era da conta de Lauren de qualquer maneira. Ela tinha uma namorada e estava muito ok com isso.
— Vamos entregar os convites vips. – A prima deu um tapinha em seu ombro.
— Ela vai?
— Com certeza. Todos irão para a melhor festa do ano.
Seus olhos fixaram nos convites em sua mão um momento longo demais, três dias para o fim de semana e tudo poderia acontecer até lá.
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HMMMMMMMMMM essa festa promete....
Ufa!!!! Até que enfim chegamos a esse capitulo. Acho que vocês devem ter percebido que a historia está mais "gráfica", exatamente, quero dar uma cara nova pra essa historia. Não é nada cheio de perfeição, mas é feito com muito carinho.
Sei que o que todo mundo quer ver é camren, mas normalmente eu escrevo historias com muitos personagens, vai ter muito camren pela frente, mas teremos outros personagens pra amar e odiar também. N me matem!!!
Queria saber se vocês gostaram do extra ser junto com a publicação. Acho que fica mais organizado, mas se quiserem volta a ser como antes.
Estou feliz demais com o resultado, uau, quase 250 leituras com apenas 2 capítulos efetivos? É incrível , não paro de agradecer a vocês.
Bem, até mais. Não vou marcar datas, mas devo voltar bem rapidinho.
BJOOOOOOOOOOS
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