𝐈𝐈

⚡ Menção de violência sexual, Alerta de crise de pânico e luto.


Encerrando o meu passado

Sua cabeça doía demais, seu corpo ainda estava trêmulo, mesmo que se recordasse mal do que ocorreu, haviam curativos em seus braços e seu rosto, tentou se sentar e sentiu uma fisgada no ombro.

-- Ai... -- Sussurrou e ao tentar se levantar tanto a barriga quando o baixo ventre e as pernas doeram fortemente e você simplesmente voltou a se deitar.

-- Ela acordou. Como está garota? -- A voz vinha de uma mulher alta em um uniforme que você nunca tinha visto antes e sobre essa mesma peça um Haori branco com desenho de folhas verdes embelezavam a peça.

-- Eu... Onde estou? Quem é você? -- A mulher de longos cabelos castanhos sorriu.

-- Me chamo Fuyumi Kazani e você está em uma casa de repouso, por assim dizer.

-- Mas por que estou aqui? Quer dizer, eu sei que me machuquei e obrigada por me ajudar, mas eu preciso ir embora, meus pais devem estar preocupados. -- A mais velha respirou fundo e apoiou a destra em seu ombro, não havia sorriso em seu rosto, apenas uma expressão de tristeza que lhe fez arfar em medo.

-- N-NÃO! Isso é mentira! -- Foi tudo o que você conseguiu dizer.

-- Eu sinto muito. -- A voz lhe alcançou enquanto suas lágrimas rolavam por sua pele, não queria e não acreditaria nisso, não quando seu irmão ainda estava lá fora, você sentia em seu coração e pensando assim se levantou, com tanta pressa que a fisgada em seu baixo ventre fez com que seu corpo todo ressoasse ao se ajoelhar. O sangue pingava sem precedentes manchando a veste branca de descanso e Fuyumi respirou pesado aplicando um golpe em seu pescoço e lhe colocando para dormir.

-- Chamem um médico. -- Ordenou pra a caçadora de baixo ranking que estava ao lado. Não tardou muito até que um homem seguido pela dama da mansão adentrasse o local. -- Ela tentou se levantar e alguns pontos abriram.

O médico suspirou.

-- Essa criança... Se ela sobreviver até amanhã será muito. Eu já refiz esses pontos duas vezes.

Fuyumi suspirou, ainda lembrava o estado ao qual te encontrou, após você ser salva por um usuário da respiração do trovão, os cabelos loiros do moleque de olhos fechados que matou o oni com tanta fúria e te carregou até o local mais próximo, tentando pressionar seus ferimentos, não deu muitos detalhes do que ocorreu apenas que quando chegou o demônio estava prestes a devorá-la o restante ficou por conta da Hashira que viu o nervosismo do garoto antes de desmaiar de verdade e não demorou muito para que Kuwajima o alcançasse pronto para lhe dar uma bronca, porém, dessa vez não aconteceu.

ϟϟϟ

ϟϟ

ϟ

Foram ao todo um mês e dezesseis dias na mansão, em todo esse tempo você mal conseguiu se manter acordada, a Hashira que lhe socorreu havia saído em missões, mas ordenou que o corvo lhe avisasse quando você estivesse acordada. No décimo dia seus olhos finalmente encararam a claridade do ambiente se sentando levemente e sentindo o corpo todo tremer automaticamente abraçou seus joelhos sentindo as lágrimas escorrerem novamente, as lembranças do ocorrido na floresta se misturavam com a possibilidade de sua família estar morta e isso te fazia sentir ainda mais desgraçada, a falta de ar lhe acometeu conforme tentava respirar, estava tendo uma crise e não saberia lidar com isso, seu coração batia tão alto que ecoava em seus tímpanos e seu corpo todo doía como se estivesse te esfaqueando, sua mente se quebrava em milhões de pedaços e um zumbido forte passava por seu ouvido.

"Por que eu?" Essa era a frase que rondava seu curto pensamento conforme apertava com força os braços ao redor do corpo, chegando a arranhar os pulso com as unhas curtas.
"Eu me sinto tão suja." Aquela sensação sufocante tornou tudo pior.

-- Ei senhorita, se acalme, tudo bem? -- Uma mão foi em suas costas e você se retraiu, se negando a olhar para cima, em uma única noite havia perdido tudo. -- Senhorita precisa comer para se recuperar. -- Pela fresta de seus joelhos viu a mão da idosa e só assim desfez o aperto, seu rosto inchado pelas lágrimas. Ela não deveria, mas ainda assim se aproximou afagando seus cabelos e deixando que chorasse o quanto quisesse, suas lágrimas só cessaram quando sua respiração começou a cortar entre uma fungada e outra, com dificuldade devido os calafrios e leve tremores que lhe percorriam, respirou fundo antes de comer.

"Quando antes melhorar, você conseguirá ver sua família." Era isso que dizia a si mesma e sem poder prosseguir com a vontade de correr para o alento materno, passou um mês nesse mesmo local.

...

Fuyumi te encarava da porta você estava melhor, aparentava estar equilibrada o suficiente para ir embora, como o seu kimono foi praticamente destruído a dama da mansão Wisteria lhe deu um novo em tom verde-claro com ondas brancas horizontais. Você agradeceu e se vestiu rapidamente, no momento estava na cama trançando seu cabelo e a Hashira se aproximou.

-- Se precisar de um lugar para ficar, venha até mim. -- Lhe deu um cartão branco com a descrição correta do local onde morava.

Você sorriu de maneira amável.

-- Muito obrigada, mas minha família está me esperando. -- Seu sorriso doce deixava o coração da Hashira doído, pois, em sua cabeça não entrava que sua família poderia estar morta, assim como apagou o ocorrido naquela noite, uma autossupressão conhecida como defesa que lhe permitiria viver de agora em diante ou talvez não...

-- Muito bem, mas se precisar sabe onde me achar. -- Você assentiu ao se despedir, agradeceu a todos e seguir para a porta da mansão, recebeu uma bolsa com alguns alimentos e uma pequena trouxa com glicínias, além da recomendação de andar pela floresta apenas de dia, algo que em seu íntimo tinha plena certeza de que não desobedeceria.

A Hashira lhe observou partir e assobiou para que o corvo de aproximasse.

-- Siga a garota e se aparecer algum problema peça ajuda ao caçador mais próximo. -- O corvo assentiu e partiu para sua missão, já a castanha se levantou indo até o médico.

-- Como ela reagiu ao tratamento?

-- Ela está bem, pelo menos fisicamente.

-- Entendo, provavelmente o demônio que ela encontrou conservou algo de podre de sua vida humana, pois, nunca vi um oni estuprar sua presa, óbvio que quanto mais cruel, mais eles se divertem torturando os humanos antes de os devorar, mas aquilo, se eu pudesse, reviveria ele cem vezes para lhe dar o mesmo tratamento até que implorasse pela sua miserável vida.

O doutor apoiou a mão no ombro da Hashira.

-- A senhora é ótima, portanto não faria algo assim, porém compreendo a sua raiva, essa garota tem a idade da minha filha. -- E assim ambos suspiraram antes de seguir seus caminhos.


...


Você andou o dia inteiro, sentia tanto medo de estar com outras pessoas que não falava com ninguém e quando as respondia eram apenas mulheres, quando a lua abrilhantou o céu havia acabado de atravessar parte da floresta, então, conhecia o lugar perfeitamente já que costumava caçar e pegar lenha e flores com seu irmão, no entanto, a recomendação daqueles que lhe ajudaram estava ali pairando por seus pensamentos.

-- Onde eu posso me esconder? -- Sussurrou se recordando quando brincava com seu irmão na floresta e aos poucos chegou perto da cachoeira onde a pequena cabana construída pelos dois ainda estava de pé. Você entrou no local e sentou todo o seu corpo tremer como se todas as hostilidades e sensações ruins alcançassem cada fibra do seu ser, assim abraçou os próprios joelhos e deitou na folhagem torcendo para não chover, sei corpo não conseguia descansar, estava tão tensa como uma noite turbulenta e agora chorava silenciosamente torcendo para que todos esses anseios e temores fossem embora. Não sabe quanto tempo passou ali sem realmente estar dormindo, mas no primeiro raiar do sol se levantou correndo para fora da cabana e lavando o rosto com a água limpa, depois procurou uma forma de aliviar a pressão que sentia na bexiga por estar apertada e por último voltou para a cabana e pegou a comida, não se preocuparia em comer calmamente preferindo assim os poucos passos pela floresta enquanto comia quanto mais perto de casa seu coração parecia que rasgaria seu peito e sairia ali mesmo. Suas lágrimas já escorriam sem sua permissão, mas quando Finalmente chegou na outra ponta de floresta e viu a fumaça saindo pelo telhado não conseguiu conter o choro, correndo desesperadamente e empurrando a porta de bambu apenas para ver a mulher de longos fios brancos bem ornados sentada em frente ao fogareiro, seu corpo congelou e seus olhos passaram a vagar de um lado para o outro buscando traços de sua família.

-- Sn... -- Uma voz te chamou e você não conseguiu assimilar.

-- Sn... Por favor, me diga que está bem. -- Continuou inerte, mas ao sentir o toque em seus ombros tudo tremeu.

-- T-tia Emi. -- A mais velha te abraçou. -- Cadê minha família? -- A mais velha que agora massageava seu rosto em um afago enquanto te abraçava suspirou você percebeu que ela também chorava antes de balançar a cabeça negativamente e te abraçar com força. -- Não. -- Foi tudo o que você conseguiu pronunciar antes de se deixar consumir pela dor, tristeza e sofrimento.
No fim tudo o que lhe restou foi preencher três covas vazias, além de colocar flores sobre elas, por dois dias, não conseguiu comer ou dormir e chorou tanto que chegou a desidratar, sua tia não sabia mais o que fazer, porém, decidiu não interferir em seu luto mesmo que temesse por sua vida, dormindo e acordando naquela friagem sem ao menos dizer uma palavra.
Seu coração podia estar batendo, mas você estava morta em todos os sentidos espirituais possíveis e agora a morte lhe chamava para o abraço mais caloroso possível, lhe prometendo um doce reencontro toda vez que seus olhos vacilavam, mas, no fundo de sua alma sentia que ceder a esse impulso ou pedido não honraria a memória tão preciosa de Washi e talvez seja por ele que você continua sentada ao lado dos túmulos ainda respirando.

.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.

Suas escolhas não foram fáceis, sua vida complicava a cada passo dado, sua mente lutava contra suas vontades e talvez seja por esse motivo que se encontre diante de tantas confusões.

Sua Tia sempre foi uma ótima pessoa, mas tinha um vício terrível em álcool e jogos e para você aquilo parecia uma maldição de família, seu pai, sua tia e provavelmente seu avô também era assim.

-- Sn leva mais bebida para a mesa número seis. -- Você concordou, agora trabalhava na pequena taverna dela que mais devia do que vendia já que a própria era uma cliente assídua, a porta do local abriu e um garoto conhecido pra você passou, seu suspiro saiu pesado antes dele sorri e sua tia afirmar que foi a melhor troca que ela já fez.

-- SNZINHA Vamos para casa. -- O garoto loiro te encarava juntando os dedos e sorrindo de olhos fechados e tudo o que você queria era enfiar uma faca na mão dele, seu passado ficou há um ano de distância e agora você só queria fugir.



A fanfic em si começa a partir do próximo capítulo. Esses foram só uma olhada no passado da Sn que continuará ocorrendo em forma de flashback's.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top