Redenção? - Conto

No portal, Samantha sente novamente a estranha sensação de ser puxada através do espaço-tempo. Desta vez, ao emergir, encontra-se em uma paisagem futurista. A cidade ao redor é uma mistura de arquitetura moderna e tecnologia avançada, com arranha-céus reluzentes e veículos flutuantes. As ruas estão iluminadas por luzes neon, e hologramas projetam anúncios coloridos que piscam em diferentes idiomas. Há uma atmosfera vibrante, mas também uma tensão palpável no ar, como se a cidade estivesse à beira de algo grande e perigoso.

Samantha e Elena emergem do portal e imediatamente são atingidas pela vibração e energia da cidade futurista. Elas olham ao redor, deslumbradas e um pouco desorientadas pela grandiosidade do ambiente.

— Uau... — Samantha murmura, ainda assimilando a visão diante dela.

Elena toca levemente no braço de Samantha, trazendo-a de volta à realidade. — Vamos, precisamos nos mexer. Não sabemos quanto tempo temos antes que eles percebam que estamos aqui.

As duas começam a caminhar pelas ruas movimentadas, tentando parecer naturais enquanto observam o ambiente ao redor. Samantha sente seu estômago roncar alto, lembrando-a de que não tinha comido há horas. Ela olha para Elena com uma expressão de desespero cômico.

— Por favor, me diz que tem algum lugar onde eu possa comer alguma coisa. Se eu ouvir meu estômago roncar mais uma vez, acho que vou enlouquecer.

Elena sorri, mas seus olhos estão alertas. — Vamos procurar algo. Mas precisamos ser rápidas.

Enquanto caminham, Samantha observa as pessoas ao seu redor. Elas estão vestidas com roupas que parecem saídas de um filme de ficção científica, com tecidos brilhantes e acessórios tecnológicos. Vários cidadãos têm implantes cibernéticos visíveis, e Samantha vê alguns drones flutuando acima, monitorando a área.

— Este lugar é incrível — comenta Samantha, tentando concentrar-se apesar da fome.

— Sim, mas também pode ser perigoso para nós — responde Elena. — Fique atenta.

Finalmente, elas encontram uma pequena lanchonete futurista. As portas de vidro se abrem automaticamente quando se aproximam, e o interior é iluminado por uma luz suave e reconfortante. Hologramas flutuam no ar, mostrando o cardápio com opções de comidas e bebidas.

Samantha se apressa em pedir uma refeição rápida e nutritiva. Ela observa com fascinação enquanto uma máquina prepara a comida em segundos, entregando-a em uma bandeja flutuante.

— Incrível — diz Samantha, pegando a bandeja. Ela se senta em uma das mesas e começa a comer vorazmente. — Nunca pensei que uma simples refeição pudesse parecer tão boa.

Elena se senta ao lado dela, comendo uma pequena barra de energia. — Precisamos planejar nosso próximo passo. Eu acredito que fomos mandadas para cá por algum motivo, nunca chegamos tão longe na investigação... O que acha que precisamos procurar?

Samantha pensa enquanto termina de comer, refletindo sobre tudo o que sabem até agora. — Um... laboratório? — Ela responde, colocando a bandeja de lado. — Disseram que as flores são feitas em laboratórios, certo?

Elena assente, olhando ao redor da lanchonete futurista. — Sim, faz sentido. Precisamos encontrar o lugar onde essas orquídeas azuis estão sendo cultivadas. Deve haver algum tipo de instalação secreta onde estão fazendo essas modificações.

Samantha limpa a boca com um guardanapo e se levanta, pronta para continuar a investigação. — Vamos ver se conseguimos encontrar alguma pista. Talvez possamos acessar alguma base de dados ou encontrar alguém que saiba mais sobre esses laboratórios.

As duas saem da lanchonete e voltam para as ruas movimentadas da cidade. O ambiente futurista continua a fascinar Samantha, mas ela mantém o foco na missão. Elas passam por várias lojas e estabelecimentos comerciais, observando os habitantes e tentando captar qualquer informação útil.

— Precisamos de um terminal de informações — sugere Elena. — Algum lugar onde possamos acessar dados sobre a cidade...

— E que tal um museu? — Samantha para, observando o grande "Museu Metanoico" à sua frente. — Museus geralmente têm informações detalhadas sobre a cidade e suas principais tecnologias.

Elena olha para o museu, com sua arquitetura moderna e linhas arrojadas. — Pode funcionar. E também podemos aprender mais sobre como a tecnologia evoluiu aqui, o que pode nos dar algumas pistas.

Elas entram no museu, onde são recebidas por um saguão amplo e iluminado, repleto de exibições interativas e holográficas. As paredes são adornadas com telas que exibem a história da cidade, desde seus primórdios até seu desenvolvimento futurista.

Samantha e Elena se dirigem a um terminal de informações no centro do saguão. A tela holográfica se ativa automaticamente ao detectá-las, exibindo uma interface intuitiva.

— Vamos procurar por laboratórios de biotecnologia — diz Samantha, enquanto Elena começa a interagir com a interface.

Elena navega pelos menus, buscando por qualquer menção a laboratórios ou instalações de pesquisa. — Aqui está — ela aponta para uma listagem na tela. — Há um laboratório de biotecnologia na periferia da cidade. Parece ser o único lugar que menciona pesquisa genética avançada.

Samantha olha para o mapa holográfico que aparece na tela, mostrando a localização do laboratório. — É uma boa pista. Vamos até lá e ver o que conseguimos descobrir.

Elas saem do museu e seguem o caminho indicado pelo mapa, caminhando pelas ruas cada vez mais desertas conforme se afastam do centro da cidade. O contraste entre o movimentado centro urbano e a periferia mais tranquila é notável. A tensão no ar aumenta, e Samantha sente uma sensação de urgência crescer dentro dela.

Samantha e Elena estão escondidas nas sombras de um beco escuro, observando o laboratório de longe. Através de uma janela, avistam uma vasta sala iluminada por luzes fluorescentes, onde cientistas trabalham em mesas cheias de equipamentos avançados. No centro da sala, uma árvore gigantesca se ergue majestosa, com suas raízes mergulhando em um tanque de nutrientes. Da árvore, pendem várias orquídeas azuis, brilhando com uma luz etérea.

— É aqui — sussurra Elena. — A grande árvore onde cultivam as orquídeas.

A cena é ao mesmo tempo hipnotizante e perturbadora. As orquídeas azuis, com suas pétalas reluzentes, parecem quase sobrenaturais à luz artificial. Os cientistas se movem com precisão, manipulando frascos e equipamentos, aparentemente alheios à presença das duas espiãs.

Samantha estuda a sala, tentando memorizar cada detalhe. — Precisamos entrar e descobrir o que eles estão fazendo. Isso pode nos levar aos responsáveis pelos crimes.

Elena acena com a cabeça, seus olhos brilhando com determinação. — Mas como vamos entrar sem sermos vistas?

— Vamos dar a volta e procurar uma entrada secundária — Samantha sugere. — Um lugar menos vigiado.

Elas se movem silenciosamente ao longo do beco, mantendo-se nas sombras. O prédio do laboratório é grande, com várias entradas e saídas. Encontram uma porta de serviço na parte de trás, aparentemente menos protegida.

— Vamos torcer para que esteja destrancada — murmura Samantha, enquanto tenta a maçaneta. Para sua surpresa, a porta se abre com um clique suave.

Elena lança um olhar rápido para os lados, certificando-se de que ninguém as viu. — Vamos entrar rápido, antes que alguém apareça.

Dentro do laboratório, o ambiente é frio e estéril. O som de seus passos ecoa pelos corredores vazios. Elas seguem em direção à sala principal, onde a árvore está localizada, guiadas pelo brilho azul fraco das orquídeas.

Ao se aproximarem da entrada da sala, ouvem vozes baixas vindo de dentro. Samantha espreita pela fresta da porta, observando um homem segurando o que parecia ser um caderno, enquanto observava atento a tela à sua frente, arrumando o óculos em seu rosto. De repente, uma das orquídeas azuis, que estava na mesa ao lado do homem, brilha com mais intensidade, quase como se reagisse à presença delas. Samantha congela, o coração batendo mais rápido.

— Tem alguma coisa errada com essa flor... — sussurra, sem tirar os olhos do brilho intenso. — Parece... consciente.

Elena olha para a orquídea, os olhos arregalados. — Precisamos sair daqui, agora. Isso pode ser uma armadilha.

Antes que possam se mover, a porta se abre abruptamente e um grupo de guardas entra, armados e prontos para agir. Samantha e Elena são cercadas, sem chance de fuga.

— Vocês duas, paradas aí! — um dos guardas ordena.

Samantha levanta as mãos lentamente, olhando para Elena — Foge! — Ela sibila para a morena, que entende e logo abre um portal escapando, deixando Brooks sozinha no futuro.

Os guardas levam Samantha para uma sala de despensa, onde é deixada sozinha por alguns minutos. A sala é pequena e mal iluminada, com apenas uma mesa, duas cadeiras e algumas caixas. A tensão é palpável, e Samantha sente a ansiedade crescer dentro dela.

Finalmente, a porta se abre e um homem entra. Ele é alto e imponente, com um olhar frio e calculista. Ele se senta à mesa, observando-a por alguns segundos antes de falar.

— Você sabe o que são essas flores, não sabe? — pergunta ele, a voz baixa e ameaçadora.

Samantha levanta o queixo, enfrentando o homem com coragem. — Quem é você? — pergunta ela.

O homem sorri lentamente, seus olhos frios e calculistas. — Eu sou o responsável por este projeto. Usamos a orquídea azul para purificar este mundo, uma vida de cada vez. — Ele coloca um caderno vermelho na mesa e continua a encará-la. — Sempre soube que mandariam você para cá, Samantha Brooks. Fomos nós quem modificamos o emblema. Mas você é muito espertinha, não é?

Samantha sente uma onda de raiva e repulsa. — Vocês matam pessoas e jogam os corpos em momentos como 2019 em Nova York. Por quê?

O homem ri sombriamente. — É uma purificação. A orquídea azul oferece uma segunda chance, mas para isso, a vida atual deve ser sacrificada. É um ciclo de renascimento.

Samantha aperta os punhos, tentando controlar a raiva. — Vocês não têm o direito de brincar com a vida das pessoas assim. Isso é loucura!

— Loucura? — O homem inclina-se para a frente, seu rosto ficando mais sombrio. — Loucura é deixar o mundo continuar a se corromper sem fazer nada. Nós oferecemos redenção. Um novo começo.

Samantha olha para o caderno vermelho na mesa. — E o que há nesse caderno? Mais planos de assassinato?

O homem abre o caderno, revelando páginas e páginas de anotações e diagramas. — Isto é uma agenda, senhorita. Ela contém registros de todas as nossas operações. Cada vida que foi purificada, cada segundo de renascimento. Você é apenas mais uma peça no nosso quebra-cabeça, Brooks.

A mente de Samantha corre enquanto ela examina rapidamente as páginas. Se pudesse sair daquela sala com o caderno, poderia acabar com todo aquele horror. Mas como?

— E você acha que pode simplesmente continuar com isso sem ninguém te parar? — Ela desafia, tentando ganhar tempo.

— Não me subestime, Brooks — o homem diz, levantando-se e se dirigindo à porta. — Nós controlamos o tempo. Sempre estamos um passo à frente. E agora, você vai descobrir o que acontece com aqueles que se opõem a nós.

Antes que Samantha possa reagir, sente uma dor aguda no pescoço e sua visão ficando turva, cada vez mais difícil de continuar acordada. Samantha luta contra a inconsciência enquanto é arrastada para uma cela escura. As paredes são frias e úmidas, e a única luz vem de uma pequena abertura no alto. Ela percebe que está sozinha, sentindo uma mistura de medo e desespero.

Mas ela sabe que não pode desistir. Precisava descobrir uma maneira de escapar e parar aquela loucura. Enquanto seus pensamentos correm, ela lembra das palavras da elfa: "Essa flor significa morte, mas não uma morte comum. É como uma purificação, uma segunda chance de fazer algo correto em outra vida."

Samantha tenta se levantar, mas suas pernas estão fracas. Sentada no chão frio, ela fecha os olhos e respira fundo, tentando se acalmar e pensar em um plano. A cela é pequena e sem mobiliário, exceto por uma fina camada de palha no chão. O ar é pesado e cheira a mofo.

Ela se força a ficar de pé, usando a parede como apoio. Seu corpo dói, mas a determinação é mais forte. Caminha pela cela, explorando cada canto, à procura de algo que possa usar para escapar. Encontra uma pequena pedra afiada no chão, que guarda como possível ferramenta ou arma.

Enquanto examina a abertura no alto da cela, ouve vozes se aproximando. Tenta ouvir a conversa, mas as palavras são indistintas. Sua mente corre, tentando entender o próximo passo dos sequestradores.

De repente, a porta da cela se abre, e uma figura encapuzada entra. A luz fraca não revela seu rosto, mas a postura é autoritária.

— Levante-se, Brooks — a figura ordena, sua voz firme e sem compaixão. — Temos planos para você.

Samantha levanta-se com dificuldade, mantendo a pedra escondida em sua mão. Olha desafiadora para a figura, tentando manter a coragem.

— O que querem de mim? — pergunta ela, a voz firme apesar do medo.

— Você será parte de um experimento muito importante — responde a figura, aproximando-se. — Sua viagem pelo tempo está longe de terminar.

2098 palavras

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