Entre Fitas e Segredos - Microconto

Brooks, ainda muito sonolenta, está na sala vestindo o uniforme do departamento de polícia. Sentada em seu sofá, assiste ao clássico canal 15 - o canal de notícias. Ela beberica um pouco de café quente e apoia a xícara na mesa de centro, logo ao lado da arma brilhante. É uma Glock .40. A primeira arma que adquiriu quando entrou para a polícia, e a única.

— Um bom dia, Nova York! — a voz abafada da jornalista é ouvida pela sala — Com a previsão de um dos dias mais quentes da semana, proporcionando essa linda aurora matinal, iniciamos o nosso jornal das 5h!

Brooks sempre achou a mulher bonita demais para ser jornalista matinal. Não que jornalistas devam ser feios, mas a apresentadora do jornal das 5h daria uma ótima apresentadora dos programas de domingo a tarde, no pico da audiência.

— Vamos às notícias. — a linda mulher loira muda seu semblante — Infelizmente a madrugada de hoje não combinou com o clima, um crime terrível ocorreu na Crosby Street e deixou os moradores assustados em suas caminhadas matinais.

Na mesma hora o celular de Brooks toca.

— Alô, comandante?

— Brooks, precisamos de você na Crosby. — A voz rouca do comandante Hodges soou pelo aparelho — Venha depressa.

— Estou a caminho.

Ao chegar ao local, Brooks vê muitos pedestres ainda presentes, vestindo roupas de caminhada. Ela avista o comandante Hodges ao longe, falando bravo ao telefone e franzindo o cenho. Hodges era um bom policial, embora se preocupasse demais com a mídia. Hodges avista Brooks e faz um sinal para que ela aguarde.

Ele finaliza sua ligação e se dirige à ruiva com um semblante cansado e preocupado.

— Não parece ter dormido bem, Samantha. Ainda com aquelas insônias? — O comandante diz finalmente chegando ao lado de Brooks.

— Digo o mesmo para o senhor. — Suspira — Essa rotina ainda vai nos matar.

— Não sei se a rotina ou a vida. Por exemplo, esse cara. — Diz encarando o corpo coberto na calçada — Na identidade dele diz ter apenas 26 anos, será que ele sabia que mal veria o sol nascer esta manhã? Pobre rapaz. Ninguém ouviu nada, ninguém viu nada, ninguém sequer o conhece por aqui.

— Ninguém o conhece? — Brooks pergunta curiosa — Se não o conhecem, não mora por aqui ou sequer trabalha aqui.

— Sabe o mais curioso? — Ele diz encarando-a — Aconteceu algo muito parecido semana passada na rua ao lado, você ainda estava de férias. Mesma coisa, ninguém ouviu, ninguém viu, ninguém conhecia.

— Acha que tem alguma ligação?

— Você vai descobrir. Esse caso é seu. — Entrega um envelope em suas mãos — Veja o que descobre e me encontre amanhã no DP, hum?

— Sim, senhor...

Em casa de novo. Com as pernas apoiadas no centro de mesa e mais uma xícara de café ao seu lado, Brooks começa a procurar por noticiários do caso anterior. Ela encara a foto principal e vê a mesma flor encontrada na cena de hoje.

— Será coincidência? — Ela resmunga dando zoom na imagem e encarando a linda flor azulada.

Um baque na porta interrompe os pensamentos de Brooks. Ao se levantar, Brooks olha pelo olho mágico, mas não vê ninguém. Ela abre a porta, e encontra um pacote em seu tapete, endereçado a ela.

— O que é isso agora? — Ela diz pegando com cuidado o pacote e aproximando do ouvido, mas não escuta nenhum tique.

Ela entra com o pacote em mãos. Com cuidado, Samantha abre o pacote.

— Um toca fitas? Voltamos para a década de 80? — Ela pega o dispositivo com cuidado e vê que deixou cair um bilhete — Hum... "Coloque o fone e aperte o Play. São as provas que faltam".

Ela obedece e imediatamente sente uma sensação estranha, como se estivesse se movendo sem sair do lugar. Começa a ver várias luzes que a faz fechar os olhos.

Quando Brooks abre os olhos, percebe que não está mais em sua casa. Em vez disso, encontra-se no meio de uma estrada vazia, com uma atmosfera diferente e desconhecida.

— Ai merda, o que tá acontecendo? — Tateia seu quadril em busca de sua Glock mas não a encontra — E mais essa? Cadê minha arma, porra?!

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