Advogados de Almas - Conto Relâmpago
Brooks olha ao redor, tentando entender onde está e como chegou ali. A estrada parece deserta, sem sinal de vida à vista. Ela decide seguir em frente, cautelosa, observando cada detalhe ao seu redor.
Enquanto caminha, Brooks nota que a paisagem ao redor parece distorcida, como se estivesse em um sonho. Ela se sente desconfortável e confusa, uma sensação de embrulho no estômago toma conta do seu estômago, fazendo-a se arrepender dos muffins que comeu no lanche da tarde.
De repente, um ruído chama sua atenção. Ela se vira e vê um carro se aproximando rapidamente. Instintivamente, Brooks se esconde atrás de um arbusto, observando o veículo se aproximar.
O carro para próximo a ela e a porta se abre. Um homem com um olhar sério e determinado sai do veículo e se aproxima.
— Samantha Brooks? — ele pergunta, olhando diretamente nos olhos dela.
Brooks fica surpresa ao ouvir seu nome. Ela assente, sem saber o que esperar.
— Venha comigo, temos muito o que conversar.
Sem opções, Samantha acompanha o homem de terno até o carro, onde ele dirige em silêncio até um prédio ao qual é obrigada a entrar.
Apesar das várias perguntas feitas no carro, Samantha não teve nenhuma resposta diferente de "em breve você terá todas as respostas que precisa", o que a deixou ansiosa. Um sentimento não muito comum para Brooks.
— Olá, Samantha Brooks — O homem de terno, provavelmente o chefe, a cumprimenta apontando para a cadeira logo à frente para que ela sente-se com ele.
O homem bebia algo que Samantha chutava ser conhaque.
— Como sabem meu nome? Onde eu estou? E quem são vocês?
— Entendo que tenha muitas perguntas e terei o prazer de respondê-las — Ele diz pegando a garrafa de conhaque e servindo a bebida em um outro copo, colocando-o na mesa logo à frente de Brooks — Lamento, você não deveria estar aqui.
— O que é aqui?
— O Entre Mundos, Samantha. Algo deu errado no seu transporte, eu sinto muito mesmo — o homem deposita o próprio copo na mesa e olha atentamente para a mulher — Nós somos advogados de almas.
As palavras do homem de terno deixavam Samantha mais tonta do que a bebida que sequer bebera. Embriagada. Era assim que esse lugar a deixava. Tonta. Enjoada. Idiota como uma bêbada.
— Advogado de almas? O que está acontecendo aqui, uma pegadinha? — Ela levanta apalpando a cintura e lembra que não está com sua Glock.
— Oh, sente-se. Não se preocupe, não vamos te machucar ou coisa assim — Ele diz ainda muito calmo, fazendo Samantha retornar à cadeira — Quando pessoas morrem injustamente em grandes massacres, crimes, atentados ou coisas assim, elas ficam presas no Entre Mundos. Nós julgamos suas almas para saber para onde elas devem ir... Mas tem um pequeno problema. Só conseguimos fazer isso a partir das investigações de julgamentos de vocês, quando uma Alma chega aqui sem ser por seu prazo natural, perdemos todo seu progresso de vida. Por isso julgamos cada uma de acordo com o que vocês encontram. Não somos oniscientes, caso queira perguntar. Nem onipresentes também. Só temos alguns sentidos a mais do que vocês, humanos.
— Certo. — A ruiva deixa escapar uma risada nasal um pouco zombeteira — E como eu nunca ouvi falar de vocês? Já investiguei muitos casos de homicídio e nunca vi vocês na vida. — Pergunta ainda desconfiada, imaginando ser só uma pegadinha de mau gosto.
— Vocês nunca lembram, acabam chamando isso de insights. Vocês acordam e têm uma ideia brilhante durante o banho ou até tomando café, que magicamente resolve todo o caso — Diz antes de bebericar a bebida forte, mas não faz careta alguma — Mas nenhum vem para o Entre Mundos, então lamento se meus modos foram inapropriados... Não gosta de conhaque? Pensei que gostaria, sei lá. Coisa de humanos — O homem diz sumindo com o copo num estalar de dedos, deixando Samantha ainda mais tonta do que já estava.
— Como você... — Ela aponta para a mesa agora vazia com uma expressão incrédula no rosto.
— É que eu nunca tive contato com humanos... enfim. Vamos ao que interessa. Algo atrapalhou sua passagem, mas faremos de tudo para que você vá para a época certa.
— Época certa?
— Preparamos um quarto para você, caso queira descansar enquanto investigamos o que atrapalhou sua passagem, sinta-se à vontade.
A mente de Brooks girava em confusão diante das revelações perturbadoras do homem de terno. Ela se sentia como se estivesse presa em um pesadelo surreal, incapaz de distinguir a realidade da ficção. No quarto, ela não viu outra opção a não ser sentar na cama confortável e esperar.
— Entre Mundos... advogados de almas... isso é loucura — murmurou Brooks para si mesma, sentindo-se cada vez mais desconcertada.
A noite passa lentamente e, ao amanhecer, no brilho da alvorada - que a ruiva viu surgir lentamente, como tantos outros dias - o homem de terno a convida para uma nova conversa. Ele explica que descobriram o que causou o erro em sua passagem e que estão prontos para corrigi-lo.
— Havia algo desmontado em seu amuleto, o toca fitas. — Ele então entrega um relógio de bolso para ela — Esse funcionará. Espero que encontre o que precisa.
— Como eu sei que parei no lugar certo? — Ela pergunta analisando o bonito e velho relógio prateado em sua mão.
— Só explorando você descobrirá. Vá atrás da única pista que você tem: a orquídea azul. — O homem então abre uma porta onde não dava para ver o outro lado, somente várias ondas azuis e verdes magicamente assustadoras — Ah e cuidado, se você morrer lá... Você nunca conseguirá voltar.
— Lá vamos nós, então... — Brooks engole seco antes de dar o passo na frente da porta que a suga rapidamente e diferente da outra vez, ela não vê várias luzes, apenas atravessa para a frente da porta de um banheiro, do que parece ser o quarto de uma pousada. — Ótimo... onde estou dessa vez? — Diz caminhando até a janela — Década de 80?! Muito original...
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