Glossário 1
Este glossário reflete o meu entendimento em alguns temas pesquisados, conforme significados encontrados e/ou disponíveis ao meu alcance. Ou seja, pode não ser tão profundo quanto se desejaria, para conhecimento das matérias. É mais um guia prático para ajudar um leitor desavisado, com alguma dificuldade de entender o que está escrito, ou que está sem acesso ao Tio Google. Eu sei, eu sei. É praticamente impossível não ter o Tio Google à mão, já que todo mundo usa celular hoje em dia. Sugiro aos leitores que apenas o utilizem como um esclarecimento prévio e superficial; um mero guia para suas próprias pesquisas. Alguns termos aqui contidos apresentam explicação que engloba outros termos do livro, de modo que se o leitor o consultar na ordem em que as palavras aparecem no texto, pode obter entendimento adiantado de palavras que vêm depois. Algumas palavras já explicadas no próprio texto, não foram colocadas no glossário. Eu resolvi usar Nilo como nome do rio, no lugar de Ar, pois é mais conhecido. Para concluir, mantive algumas palavras e seus significados, mesmo depois de tê-las cortado na edição do livro, porque achei a pesquisa interessante.
Absolvições públicas - No caso dos filósofos, o leitor pode estranhar, mas eles tinham um peso muito grande até mesmo em questões que para nós, hoje, são judicializadas... As palavras dos filósofos poderiam condenar ou salvar pessoas pela força do argumento, da lógica com que defendiam determinado objetivo. Então, o sujeito incorporava o filósofo, orador, cientista/pesquisador, juiz, advogado e político em um só cargo, por assim dizer.
A retórica era uma tremenda arma política. Assim, os oradores (e filósofos) tinham importância na vida social e moral, inclusive na evolução econômica das cidades-estados gregas.
A Comédia dos Burros - é uma obra de Plauto, que já foi um soldado, comerciante, carpinteiro, cenógrafo, ator e moleiro. Enfim, conhecia como ninguém a vida da "classe média pobre romana". Ficou famoso por traduzir as obras teatrais gregas. No entanto, a Comédia dos Burros remete a um jovem apaixonado e sem dinheiro; com um pai que compete com ele; uma esposa insuportável; uma fofoqueira de plantão ladina e calculista; escravos espertos e exímios enganadores.
A Espada de Roma - título atribuído a um dos maiores generais e líderes romanos da época da República. Ele se chamava Marco Cláudio Marcelo, cônsul e general. Ficou conhecido, principalmente, por derrotar seus oponentes em combates singulares, o que na gíria significaria combates "mano a mano".
Ahura Mazda - Deus; criador de todas as coisas vivas e materiais; encarnação do bem, no culto dualista do Zoroastrismo, que prega um deus de bondade e outro de maldade. Alguns consideram o Zoroastrismo o precursor das religiões monoteístas, como o judaísmo, o cristianismo e a religião muçulmana.
Alabastro - espécie de mineral, quando lapidado ficava com um efeito fosco (opaco); às vezes claro, às vezes colorido. Dependendo da qualidade e do tipo do cristal, pode se parecer com o mais branco dos mármores.
Foi feito um caixão de alabastro - acho que não originalmente para Alexandre - mas o caixão original foi substituído porque, acredito, quiseram derreter o ouro do caixão com que ele veio da Babilônia, para seus propósitos políticos (Não sei se foi Cleópatra quem fez isso, para financiar Marco Antônio contra Otaviano (futuro Augusto), ou se foi um dos Ptolomeus que fez isso antes dela...). Não existe certeza de nada, mas acredita-se que podem ter reaproveitado o antigo caixão de alabastro do faraó Nectameno II. O último faraó nativo do Egito. Eu imagino que se você modela e escava o alabastro e se os sarcófagos egípcios "encapsulavam" o corpo do morto, ele não ficava com o corpo todo exposto, com os pés para fora e descobertos, como mostrado em algumas ilustrações famosas, inclusive a "Auguste Au Tombeau D'Alexandre", de Lionel Royer (1878). Pelo que eu vi do sarcófago de Tutankamon, no Museu do Egito, esses caixões não eram meras camas abertas, como fizeram nos desenhos mais modernos que ilustram a cena de Augusto colocando uma coroa em Alexandre. Por isso, achei que não haveriam armas, além da espada, dentro do caixão com o morto. Não haveria espaço.
Alforjes - espécies de bolsas com compartimentos separados para carregar coisas de forma a equilibrar o peso, durante a viagem a cavalo.
Amazonomaquia - representações artísticas gregas cujos temas centrais giram em torno das guerreiras amazonas e suas batalhas, especialmente contra os próprios gregos.
Âmbar - Alguém já ouviu falar da sala de âmbar do palácio de Catarina da Rússia? Aquele que os nazistas roubaram? Sim, eles desmontaram os painéis de âmbar e levaram. Hoje em dia existe uma réplica que vale milhões, no lugar da sala roubada. Mas os painéis originais não tem preço. Pois bem, o âmbar é uma resina fossilizada de árvores. Não creio que seja tão fácil de encontrar, como li em alguns sites da internet. Com o âmbar se produzem bonitas joias.
Amintas III - Rei da Macedônia e bisavô de Alexandre, o grande.
Amurada - muro do navio, grosso modo.
Andrajos - trapos velhos, maltrapilhos, roupas sujas.
Androceu - No caso, é um androceu arquitetônico. Local de convivência estritamente masculina.
Antígono Monoftalmo - Considerado por alguns como o mais poderoso entre os Diádocos que disputavam os territórios de Alexandre. Estabeleceu seu reino na Ásia Menor e criou na Dinastia Antigônida. Viveu até quase 90 anos.
Apaziguar - acalmar.
Aplacar - acalmar, apaziguar.
Apogeu - máximo, ápice, auge.
Aquiesce - do verbo aquiescer; significa "concorda", "aceita".
Arauto - enviado, mensageiro.
Argentarii - um tipo de negociador. Representava um comprador, ou oferecia serviços de negociação de câmbio e de tudo.
Arguição - alegação.
Arguto - esperto.
Aritmã - a representação do mal. Foi revelado a Zoroastro (Zaratrusta), o pai do Zoroastrismo, que Aritmã e Ahura Mazda são deuses que vivem em perpétua luta. O bem versus o mal.
Arquitrava - Viga mestre... Grosso modo, é como uma barra repousando entre duas colunas e que distribui o peso do teto do monumento. Nela, por vezes encontram-se uma placa de identificação de um monumento, especialmente aqui falando de um sepulcro ou complexo funerário. A placa, no caso, identifica a câmara como pertencente ao morto, pois tem o nome dele escrito. Também pode ser chamada de Epistilo, embora pelo que eu estudei parece que não é exatamente a mesma coisa. O Epistilo pode fazer parte ou conter a arquitrava.
Arrefeça - enfraqueça, diminua.
Arúspice - espécie de oráculo, profeta, adivinho ou vidente da Antiguidade.
Assoberbado - sobrecarregado.
Aterrada - apavorada.
Auctoritas et Dignitas - Autoridade e dignidade são dois conceitos que traduzem o sentimento de ser romano. Ou melhor, ser um homem romano, aristocrático e militar. A dignidade é algo pessoal, que move o homem à guerra. A autoridade é o recurso que tem sobre os demais, para influenciar os outros a aceitar a sua vontade. A autoridade está mais próxima à credibilidade e respeitabilidade atuais. A dignidade está mais próxima à honra pessoal, de seu nome, e do nome que carrega (oriundo de seus ancestrais).
Augúrio - presságio, previsão.
Áureo - moeda de ouro usada em Roma.
Aurigas - Piloto/condutor de bigas no Circo Máximo.
Azruba'al - Asdrúbal, irmão de Aníbal.
Baal - sobrenome usado por mim, mas eles se chamavam na vida real de irmãos Barca. Aníbal e Asdrubal Barca.
Baco - versão romana do deus Dionísio (grego). Baco é o deus do obscuro que existe dentro das pessoas. O lado impulsivo, irracional... De acordo com Freud, poderíamos comparar ao reio do inconsciente. Dionísio é invocado nos festivais de música, de teatro, nas festividades que envolvem muita bebida... Onde as pessoas geralmente perdem o controle sobre o lado racional. Mas Dionísio estava no panteão, creio eu, justamente para criar o equilíbrio entre o lado racional e o lado irracional do ser-humano. Em Roma, a devoção a Baco deu origem às bacanais, ou festas orgiásticas onde as mulheres liberavam geral... kkk
A vingança de Dionísio era o que chamavam a ressaca pós bebedeira, e também as coisas malucas que as pessoas faziam sob o efeito do álcool, durante as orgias. Ficavam bêbadas, se matavam e depois se arrependiam, no dia seguinte. Foi o que aconteceu com Alexandre, depois de matar Cleito, o negro. Eles atribuíram, ou cogitaram o acontecido à vingança de Dionísio, porque o rei negligenciou as oferendas e sacrifícios ao deus, como deveria ter feito... Assim, a vingança de Baco torna-se perfeitamente cabível aqui, também. Uma coisa que o leitor precisa entender, é que não existia água potável e/ou tratada saindo de torneiras, ou sendo vendidas em garrafas, naquela época. As pessoas tomavam água misturada com produtos alcoólicos, para matar as impurezas. Então, além do prazer embriagante que levava ao vício, havia esse aspecto a ser considerado. Então, bebia-se praticamente de manhã até de noite, pelo que eu pude entender. O mundo antigo era feito de muitos bebuns (e os soldados não eram diferentes, ao contrário)... É de lá que vem essa consagração das bebidas que vemos hoje, por parte da indústria do álcool.
Basterna - tipo de liteira ou carruagem romana.
Batalha de Canas - A região de Canas foi o lugar onde Aníbal derrotou e massacrou os soldados romanos. Foram quase todos mortos devido a um erro de manobra retumbante, que foi explorado pelo general cartaginês.
Bellafra - um cumprimento em forma de gíria, como quem diz: "E aí, cara?"
Bendis - deusa da noite, da lua e da caça para os dacianos.
Bestas gigantes - os elefantes treinados de Aníbal (pobrezinhos, detesto pensar em como usavam e ainda usam os animais pra essas m***).
Bisavó de Alexandre, o grande -a rainha Eurydice.
Biscoctum - mistura cozida duas vezes. Cozida, no caso, assada. Não se torna uma comida meramente requentada, e sim algo que endurece. Ração dos soldados romanos, que é cozida duas vezes, e fica dura (a origem dos biscoitos).
Bolhas peregrinas - Os peregrinos são o mais próximo de legalidade que recebem os não-romanos e/ou os imigrantes comuns "aceitos", sem que sejam hóspedes, reféns, nobres de elevado status, profissionais liberais necessários, ou notáveis estrangeiros acolhidos, patrocinados por patrícios benfeitores.
Bramido - rugido de fera.
Bravata - fanfarronice, arrogância, impafia, no sentido de ameaça.
Brúquion - bairro central de Alexandria, naquela época.
Butim de guerra - bens confiscados dos inimigos por parte dos vencedores de uma batalha ou de uma guerra. Negócio gerado pela guerra. Saque dos soldados. Roubo oficializado.
Byproduct - subproduto, ou resultado de uma ação anterior.
Cadência - ritmo.
Calceus - Calçados, ou sapatos romanos.
Calenda - é o cálculo da lua minguante, no calendário romano. O primeiro dia do mês.
Cáliga - as cáligas são sapatos com tachas dos soldados romanos.
Calímaco - diretor da Biblioteca de Alexandria, orador, poeta grego.
Camaradas - era a maneira como Júlio César, algum tempo depois da época que eu abordo, tratava os soldados. Mas, como não encontrei outras formas de tratamento anteriores, acredito que essa expressão poderia ser utilizada antes deste ilustre general.
Campo de Marte - região que no começo da República era mais aberto, reunia as tropas para treinamentos e manobras. Mas, com o passar do tempo e as construções que foram sendo feitas, perdeu esse propósito e foi se tornando uma área estendida da cidade que já havia, dentro dos muros servianos.
Campus Esquilino - Muita antiga Necrópole/cemitério antigo. Deixou de ser utilizado para enterrar, quando se proibiu o enterro dos mortos no interior das muralhas da cidade.
Cão Molosso - Um cão que existia na Grécia, em Roma e foi utilizado no pastoreio, na segurança das fazendas, e na guerra.
Capcioso - enganoso, ardiloso, astucioso, que induz ao erro...
Carbatina - Bota que veio substituir o modelo com tachas dos soldados (as caligas).
Cartago - Poderosa Cidade-estado. Rival de Roma à época deste enredo. Os cartagineses eram uma das últimas cidades fenícias. Em seu tempo, a mais poderosa de todas. Dominava o comércio marítimo.
Cártula - Significa papel pequeno. É um certificado que tem uma qualidade similar ao do cheque, pois representa o valor descrito no papel. Representa o próprio dinheiro. É crédito, na Roma Antiga.
Casa Heráclida - Tem a ver com os clãs que reivindicam sua hereditariedade em Héracles, o grande herói. Eles teriam lutado para reconquistar os territórios que julgavam seus, por herança e direito, devido ao herói. O rei Temeno, de Argos, era supostamente trineto de Héracles. Ele teve muitos filhos, bem como os demais governantes heráclidas... Existem muitas dúvidas históricas, mas eis o que eu acredito (a minha narrativa) sobre a trajetória dos príncipes, de Argos até a fundação da Macedônia... São minhas deduções e conjecturas, em virtude de tão diversas teorias em cima de diferentes tradições: Dizem que durante as disputas de sucessão, Pérdicas e seus irmãos Aeropus e Gauenes fugiram de Argos para o norte, ora expulsando, ora aliando-se às tribos bárbaras locais. Estabeleceram-se, por fim, em territórios anteriormente governados por aquelas. Quanto às lideranças locais, seus descendentes foram absorvidos e desaparecidos na "oficialização" da linhagem grega como a predominante. Os Argéadas emergem como uma linhagem unificadora. A história foi recontada e remodelada para congregar na mesma narrativa real, os povos locais e os invasores gregos que decidiram fazer daquela terra, sua. Ou seja, a terra onde estabeleceram os seus assentamentos. Amalgamou-se a figura de um grande fundador, na narrativa real, entre tantos líderes já mortos e queridos ao coração dos povos locais, de diferentes origens (gregas, trácias, ilírias, tessálias, seja lá quem for...). As tradições orais foram relembradas de diferentes maneiras, geração após geração... Este grande líder local pré-existente, ficou conhecido simplesmente como carano (do grego arcaico koiranos: o governante, ou o líder). E nas confusões e elucubrações políticas por parte de súditos, escribas, reis, seus sucessores e os interesses vigentes para cada época, atribuiu-se a este carano a fundação de toda a Dinastia Argéada... O único consenso sobre a fundação da Dinastia era de que era originariamente Temeníade (ou seja, proveniente dos filhos do rei Temeno, de Argos); da qual, anos depois, supostamente, Pérdicas (e não Carano) consolidaria um reino não meramente nascido dos clãs gregos locais, mas em franca expansão para domínio de todo o território, inclusive entre os clãs bárbaros. Então, ou Pérdicas é descendente de Carano, ou Carano é o mito de um fundador ideal abraçado pelos diferentes povos locais, ou Carano é Pérdicas, antes de Pérdicas. Enfim, provar a existência das pessoas e do que elas resolveram fazer naquela época, não é tarefa nada fácil. Permanece o enigma e o mistério sobre o fundador da Dinastia de Alexandre, o grande. O pai dele, Filipe II, acreditava em Carano, por isso deu o nome de Carano ao seu último filho, em homenagem ao fundador. Depois deu o nome de Europa, provavelmente em homenagem a uma das mais antigas cidades da Macedônia, Europos.
Casamentos de Susa - Quando Alexandre promoveu, na cidade de Susa (antiga capital do império persa), os casamentos entre seus companheiros e generais com as mulheres da realeza persa.
Cassandro - Um dos companheiros de Alexandre, filho de Antípatro (deixado como regente da Macedônia enquanto Alexandre invadia a Ásia). Cassandro não foi escolhido pelo próprio pai para sucedê-lo... O que diz muito sobre ele, já que Antípatro era tido como o mais leal servidor de Filipe e depois, de Alexandre. Dizem que Alexandre bateu a cabeça de Cassando na parede, quando este debochou dos persas que se ajoelhavam diante do rei. Depois, Cassandro se tornou o maior perseguidor dos descendentes de Alexandre. Mandou matar Olímpia, a mãe do rei; mandou matar Roxane, e o filho Alexandre IV, e também teria mandado matar Héracles, se Poliperconte não tivesse chegado primeiro. Dizem que Barsine teria sido morta com o filho... Mas a existência desse filho de Alexandre não é assegurada em todos os relatos.
Castro - base e, dependendo da região, forte militar romano.
Caupona - Albergue para os visitantes da cidade. Aqueles menos abastados.
Celata - em latim é o elmo que esconde a cabeça. Vem do ato de celar. O ato de proteger a cabeça, neste caso. Também era usado o cassis, um tipo de elmo de bronze.
Celerado - malfeitor.
Centúria - unidade de legionários romanos que formava as coortes (conjunto ou núcleos de ataque de infantaria), dentro do exército romano. Uma unidade (uma centúria) poderia conter em média 80 a 90 homens.
Centurião Principal - Aquele que comanda os centuriões.
Cevada e emmer - As mulheres egípcias faziam xixi em cima de um saco de areia misturada com sementes de cevada e outro saco de areia misturada com sementes de emmer (um tipo de trigo). Se as sementes germinarem, em torno de 1 a 7 dias, a mulher está grávida. Se a cevada crescer, é um menino. Se o trigo crescer, é uma menina. Hoje comprovou-se que os hormônios de uma mulher grávida fazem as sementes reagirem (70% de acuidade, ou seja, de o teste ser útil) ... Portanto, este deve ter sido o primeiro teste rápido de gravidez da Antiguidade.
Chancelam - aprovam, confirmam, dão o seu aval.
Cibele - deusa estrangeira (da Frígia) popular entre os romanos, que acreditavam ter uma conexão com ela. Os Jogos Megalenses (ou Megalesianos), ocorriam em honra a ela. Cibele era considerada a mãe dos deuses.
Cibus meridianus - almoço.
Cidade sagrada - Jerusalém.
Cidade-luz -apelido dado a Paris, considerando que é uma cidade que ilumina, guia, e representa o melhor da Europa. Pelo menos, era meio que uma capital do mundo nos séculos passados. Também recebeu esse nome devido à chegada da luz elétrica, na época, uma invenção moderníssima.
Ciência - Temos uma visão moderna de ciência, baseada no nascimento da ciência moderna. Mas isso não quer dizer que os antigos não a praticassem com outros nomes. Especialmente os filósofos gregos, que viam a filosofia como algo muito maior do que entendemos hoje. A filosofia, grosso modo, incentivava formas de raciocínio e observação sobre o mundo natural. Em poucas palavras, buscava compreender os fenômenos do mundo e das pessoas. Outros povos, que não os gregos, praticavam ciência. Só não temos provas abundantes porque muitas revoluções fanático-religiosas destruíram essa produção de conhecimento, alegando heresia ou outra coisa qualquer. A maior prova de que havia ciência é a permanência da pirâmide de Gisé, com toda a matemática que envolvia cálculos complexos para alinhar de maneira tão perfeita as pedras que a compõem.
Cilindro do tempo - trata-se de uma analogia feita por mim ao cilindro de Ciro. No de Ciro, o grande, o rei que Alexandre mais admirou na vida, o rei persa é apresentado como o salvador do império, depondo o imperador caldeu. É apresentada a sua genealogia, seus feitos, e seu compromisso com o povo.
Civis et miles - dois tipos de cidadanias existentes: civis, como o nome já diz, tem a ver com os cidadãos romanos que vivem dentro da cidade. Os milis são os militares que lutam pela cidade.
Cividades peregrinas - autoridades relativas às pessoas que não eram civis nem milis, nem escravos cativos, nem servos por dívidas. Eram livres, mas não eram exatamente regulares/legalizados. Os peregrini se reportavam às autoridades peregrinas locais (ou seja, as cividades peregrinas), isso, já por volta de 30 anos antes de Cristo. Mas não acredito que Roma tivesse tudo isso tão organizado assim, duzentos anos antes, quando se passa o meu enredo. Eu imagino, para a época que retrato, que estaria mais para um bairro italiano em meio à cidade de Nova York, ou uma comunidade portuguesa em Oslo.
No passado, tipo trezentos anos antes de Cristo, havia esse tipo de problema de "assentamento étnico". Já se falava em quem era um grego puro e quem não era. Tal como os gregos colonos que viviam no litoral da Ásia. A Ásia menor, como foi chamada, acabou sendo controlada pelos persas. Os colonos eram gregos, mas para os gregos que continuavam na Grécia, já não eram exatamente gregos com o passar das gerações. Para os persas, os colonos deveriam se submeter a eles como todos os outros povos de outras etnias daquele continente. Para os gregos, por outro lado, deveriam manter a fidelidade ao espírito helenístico.
Presumo que os romanos zelassem pelo estilo de vida romano, ou como eles imaginavam que deveriam defender sua sociedade; e que tentassem controlar as migrações em massa conforme as situações se apresentassem. Acredito que a invasão de Aníbal e seus cartagineses deva ter gerado discussões sobre a presença de invasores durante os anos seguintes, entre os povos da península italiana. Mas creio que a questão da imigração só teria uma discussão toda especial com a invasão de imigrantes vindos do norte, combatida por Júlio César e seu exército bem treinado... Motivo para a criação de novas leis por parte do senado para determinar quem poderia e quem não poderia se estabelecer na península controlada por Roma. Além do mais, a expansão romana, que teve seu ápice durante o Império, muitos anos depois, deve ter sido boa parte do motivo para criar status para as cidades controladas e os graus de cidadanias que começaram a ser estabelecidos como moeda de troca entre Roma e as demais regiões.
Em resumo: da República ao Império houve um processo contínuo de ressignificação da questão forasteiro versus nativo, romano versus bárbaro ou não-romano, cidadão versus estrangeiro, nobre/patrício/oriundo das primeiras gentes versus plebeu/imigrante/oriundo de povos locais agregados. Deixo a palavra e o esclarecimento aos doutores de Bembridge!
Civis e milites - tipos de cidadanias romanas. A civil e a militar.
Circunspecta - austera, severa,no sentido de concentrada.
Clâmide macedônia -era um manto em formato de trapézio.
Cleópatra - Não é a mesma famosa amante de Júlio César e Marco Antônio. Uma coisa é importante saber: o nome Cleópatra é de origem grega e existiram Cleópatras conhecidas, como a irmã de Alexandre, o grande, e a esposa de Filipe II. Muito provavelmente, a rainha do Egito foi chamada de Cleópatra como um gesto de consolidação real, devido à importância do nome, antes de seu nascimento. Um reconhecimento e homenagem à essa importância, talvez.
Cloaca Máxima - sistema de esgoto romano, criado durante a Monarquia, em 600 a.C. e é funcional até hoje.
Colateral - aqui, tem o sentido de parentesco romano. O parente colateral está previsto nas leis romanas. Mas não deixa de ter uma analogia com o significado normalmente utilizado. Geralmente, colateral é o resultado inesperado para uma ação; ou acontece que uma ação esperada gera outra ação inesperada e geralmente negativa. Em termos de efeito colateral, seria um resultado de uma ação, da qual esperamos outro resultado. Pode ser um resultado paralelo ao resultado esperado.
Colégio dos Pontífices - são os sacerdotes romanos encarregados de ler os sinais na natureza e no céu, sobre o desempenho de Roma no mundo.
Colmo - vaso onde se armazenava o enxame de abelhas. Deu origem à palavra colmeia.
Columbário - local para depositar as urnas dos corpos cremados.
Combate singular - forma de luta, durante uma batalha, quando um guerreiro escolhido combate o guerreiro inimigo escolhido. Ou o general, ou o rei, combate o general, ou o rei adversário. O primeiro que matar o outro geralmente vence não só o combate, mas a batalha, já que envolve também o moral das tropas. Aqui eu faço uma analogia em comparação ao que acontece em um jogo fúnebre, mas são contextos diferentes.
Conflito das Ordens - disputas políticas entre patrícios e plebeus romanos, durante a República de Roma. Ocorreu desde 494 e durou até 287 antes da Era Comum. Esse conflito envolveu direitos sociais e econômicos dos plebeus em relação à supremacia dos aristocratas/nobres.
Conjuntura - contexto.
Continente sem frio - não há consenso, mas o nome África pode ter se originado da diferenciação que os romanos faziam das pessoas de pele escura que viviam ao sul de Cartago, bem como, pode ter se originado de outra raiz, que designava os territórios livres do frio. Eu prefiro esta última explicação, uma vez que naqueles tempos, havia muitas variáveis envolvidas na discriminação devido à cor da pele (colorismo), em diferentes partes do mundo conhecido.
Convivas - convidado de um banquete.
Congregar - juntar, reunir, convocar.
Coortes (Cohors) - subdivisões de uma legião romana, mencionadas anteriormente.
Cortejo do triunfo - Manifestação, em Roma, da vitória do general em nome da cidade. Essa vitória era ostentada por meio de um cortejo; as legiões desfilavam com os butins de guerra e os prisioneiros. Na mesma data ocorriam jogos e comemorações diversas que poderiam se estender dias após o fim do desfile.
Cosmopolita - seria basicamente o cerne do entendimento sobre um "cidadão do mundo" moderno; um ideal de humanidade que surgiu dos sonhos do fundador da escola estóica, Zenão de Cítia, como na visão da escola dos cínicos também, representada por Diógenes. O fato é que cosmopolita é um conceito que germinou entre 400 e 300 a.C. e sua prática foi colocada em campo, na minha opinião, por Alexandre, mesmo que ele não soubesse disso. Ou talvez, ele soubesse, já que era estudioso de filosofia, e aprendeu com Aristóteles. No entanto, ele não se deteve aos conceitos deste último. Alexandre era um devorador de livros.
Crátero - o melhor amigo de Alexandre. As pessoas se esquecem dele, por causa de toda a romantização que se fez em torno de Heféstion. Mas acontece que os dois, Crátero e Heféstion eram os dois amigos mais próximos do rei. Os únicos em que ele confiava totalmente. Os únicos que o representavam. Alexandre teria dito que Crátero era absolutamente fiel ao rei; e que Heféstion era absolutamente fiel a Alexandre. Como quem diz: um é fiel à coroa e o outro, ao homem/pessoa.
Mas, em relação a Alexandre, não existem certezas, só teorias. E aí vão algumas minhas:
1. Por tudo o que li, a história bem pode ter se encarregado de jogar Crátero à obscuridade e dar mais cor e luz a Heféstion, como se tudo fosse um grande e romântico amor cheio de corações e lantejoulas coloridas. Contudo, para que a imagem romântica desse certo historicamente falando, era necessário apagar Crátero. Talvez tenham feito isso.
2. Talvez o fato de Alexandre ser obcecado por Aquiles, tenha transformado a morte de Heféstion a um acontecimento comparado à morte de Pátroclo, já que Alexandre e Hesféstion fizeram um pacto e executaram esse pacto ao redor do túmulo de Aquiles para se tornarem as personificações dos dois personagens. Nessa hipótese, a morte de Heféstion poderia amplificar esse sentimento entre os dois e fez com que o pobre leal Crátero ficasse em segundo plano, na visão de Alexandre. Nesse caso, talvez, se Crátero tivesse morrido antes e não Heféstion, os papéis poderiam ter se invertido... Mas não creio, porque o laço aquiliano e patrocloniano era muito forte.
3. Por outro lado, talvez tenha contribuído o fato de que Heféstion ser descrito como um "crianção". Ele era carismático, fazia o tipo "ingênuo" e impulsivo. Sonhador, talvez... E era perseguido e discriminado pelos outros amigos de Alexandre. Eles se indispunham com frequência. Isso pode ter despertado o instinto protetor de Alexandre. E para quem não sabe, o nome dele significa protetor, defensor, etc. O rei pode ter tendido a querer proteger com mais ênfase o amigo incompreendido do que Crátero, que era muito respeitado por todos.
4. Por outro lado, nu e cru, pode ser que Crátero fosse um homem reservado, autossuficiente e não curtisse todo tipo de liberalidade. Do tipo que não vai a todo e qualquer lugar... Pode ser que Heféstion e Alexandre vivessem um amor, sem medo de ultrapassar limites. Assim, nada mais natural que Alexandre excluísse Crátero da sua intimidade, já que este não ia "a todo e qualquer lugar", por ele, como homem... Mas ia "a todo e qualquer lugar" pelo rei.
Mas ainda acredito que Crátero era tão importante para Alexandre, quanto Heféstion. Mas ele foi deliberadamente apagado, como muitos personagens costumam ser, pela história re-contada. Eu digo isso, porque há trechos dos relatos que dão a entender que ele era realmente muito especial, no convívio de Alexandre. Não se tem certeza de que, ao ser perguntado em seu leito de morte, para quem Alexandre deixaria o comando do Império, se o rei teria dito "ao mais forte", ou a "Crátero". Já que as palavras se assemelhavam na língua deles e, dizem, Alexandre meramente teria sussurrado em suas últimas manifestações conscientes. Mas, quando perguntaram a Crátero se ele assumiria o comando de tudo, ele demonstrou estar mais interessado em cumprir as ordens de Alexandre. Perdicas, que supostamente recebeu o anel do rei, ficou com o comando depois disso (mas não durou muito; era um cara indeciso e cruel).
Cum manus - cerimônia de casamento que oficializa e celebra a ida da esposa para a casa onde vive o marido (ou a família do marido).
Cursus honorum - carreira pública; sequência de cargos na carreira pública. Cursos honoríficos, ou seja: cursos de glórias obtidas por um nobre romano. Pode ser entendido também como a estrutura hierárquica de poder, que as pessoas vão subindo conforme suas origens, condições financeiras e feitos militares. Existem cargos que são exercidos por plebeus e cargos exercidos pelos patrícios (nobres). Só não sei dizer se os plebeus possuem um lugar no cursus honorum ou se os cargos que exercem podem ser considerados como uma espécie de cursus honorum apenas para plebeus. Acredito que não.
Em suma, o cursus honorum é a linha que o político/militar ( ainda não há separação entre essas duas esferas de atuação, durante a República), vai subindo dentro da hierarquia do poder em Roma. O auge do cursus honorum é o cargo de cônsul.
Globalização - Claro que o conceito não existia no mundo antigo. Assim como os estudiosos atuais demoraram para perceber que, dentro da atual concepção de globalização, o mundo antigo já era globalizado. As trocas entre as nações nunca deixaram de acontecer. Suas economias dependiam do comércio umas com as outras. Mas existia uma ingênua arrogância de acreditar que o mundo moderno inventou algo que já existia. Os escritores de há bem pouco tempo só não tinham as ferramentas científicas e o método para entender como o mundo antigo funcionava. Agora, a ciência da arqueologia está bem mais articulada às outras ciências para entender sob uma ótica tridimensional. Mesmo assim, eu adoto o termo globalizado como uma forma de conectar o leitor moderno ao mundo antigo (veja a explicação seguinte, sobre a palavra "turista"; sugiro entender a questão da palavra "internacional" pela mesma lógica). Não quer dizer que os romanos se consideravam globalizados tal como o termo moderno requer.
Globuli - sobremesa da Antiga Roma: mistura de farinha de trigo, leite mel, fermento, ovos, compondo uma massa. Fazia-se bolinhas com essa massa, que era frita em óleo fervente. Esse bolinhos eram polvilhados com açúcar de diferentes naturezas ou embebidos em mel e/ou xaropes de frutas.
Gongo - Utilizado em templos com oráculos, como Dodona e Delfos, na Grécia, e também em Roma. Uma espécie de instrumento de percussão, feito de bronze, em forma de disco.
Grande Lobo Branco - Entidade espiritual que governa e protege os dacianos.
Grande mar - como chamavam o Mar Meditterâneo.
Guerra entre os diádocos - ou guerra da sucessão. Após a morte de Alexandre, o grande, os seus sucessores começaram a guerrear pelo poder. Os generais que o seguiam, cada qual, queria a sua porção de poder. Se pudessem conseguir o império inteiro, melhor, mas era utopia, então, eles começaram a dividir. Contudo, essa divisão era insatisfatória e eles começaram a formar alianças, uns contra os outros. Nesse ínterim, os descendentes diretos de Alexandre se tornaram uma ameaça e foram assassinados pouco a pouco. A saber: Olímpia, a mãe (ela até que durou um pouco mais, porque era uma jogadora política e também, uma mulher tão cruel quanto qualquer um deles); Arrideu, o meio-irmão deficiente de Alexandre; Alexandre IV, o filho do rei morto; e as irmãs de Alexandre, entre elas, as mais destacadas historicamente são Cleópatra, filha de Olímpia, e Cynane, filha de uma princesa ilíria. Acontece que Cynane, guerreira nata (porque os ilírios tinham uma tradição de mulheres guerreiras) treinou sua própria filha, Adea, para guerrear e governar. Cynane foi assassinada durante as disputas entre os sucessores. E a vida de Aeda termina quando a adolescente enfrenta Olympia e perde.
Guerra púnica - primeira, segunda e terceira guerras púnicas foram as guerras entre Cartago e Roma.
Guildas - eram como cooperativas misturadas com sindicatos. As Guildas reuniam determinados ofícios, desde a Antiguidade até a Idade Média. Padeiros, ferreiro, carpinteiros. Eram ofícios específicos com uma divisão interna de mestres e aprendizes.
Gracejar - brincar, zombar, ser espirituoso.
Grande Asilo de Rômulo (Asylum) - diz a lenda que Rômulo e Remo abriram as portas para todos aqueles que quisessem vir, para escapar de condições de vida infelizes. Perseguidos, fugitivos e criminosos.
Haanibal - Nós o chamamos de Aníbal. Eu adotei a versão estendida do nome, já que é uma ficção histórica, para não ser confundido com a figura histórica conhecida. É como uma realidade alternativa do real Aníbal. Procedi da mesma maneira com alguns outros (Scipio/Cipião, Prisco/Catão, etc.).
Héracles - Nome grego do herói/semideus que, para os romanos, era chamado de Hércules. Significa "À glória de Hera". Pode ter sido um homem que se destacou e as tradições foram contando seus feitos e mudando o rumo das coisas, tornando-o um deus... Mas, pode ter sido um personagem inteiramente fictício, criado para trabalhar as leis, como os gregos costumavam fazer. Supostamente, na tradição, ele era filho do marido infiel de Hera, Zeus, com a rainha humana Alcmena. Hera dificultou a vida do rapaz, como vingança pela traição. Assim, ele era forte, mas as coisas eram infinitamente mais difíceis para ele.
Hē thálassa - era como os gregos chamavam o Mar Mediterrâneo. Eles também chamavam simplesmente de "o mar"; "o mar ao nosso redor"; ou "nosso mar".
Hipocausto - de origem grega, significa aquecer por baixo. Nada mais é do que o aquecimento central de uma casa romana. Sistema de calefação, no inverno.
Homem novo - como eram chamados os homens bem sucedidos na carreira pública, mas sem ter uma origem familiar conhecida, como as tradicionais famílias romanas. Grosso modo, não tinham pedigree.
Hóspede - quando um inimigo é preso e levado para viver em Roma, semelhante ao refém. O hóspede era recebido por uma família romana e gozava de certas regalias.
Homero - autor nebuloso da Grécia Antiga, que criou A Ilíada e A Odisseia. Era o autor favorito de Alexandre.
Hostes - multidões, grandes grupos, tropas, bandos.
Imaginações - seria como encenações sobre a vida do morto.
Imperialista - Forma como um país constrói a sua economia e força política por meio da exploração de outros povos, deixando-os em situação de vulnerabilidade, a fim de manter o controle sobre os seus recursos.
Incógnita - desconhecido, indeterminado.
Infame - era a condição de uma pessoa sem direitos, abaixo de um cidadão de Roma. Acontecia muito às prostitutas e prostitutos.
Insula - significa ilha, ou prédio de apartamentos. Se forem ilhas, formam um condomínio, onde viviam os moradores mais pobres de Roma. Os ricos viviam em suas propriedades/casas/casarões, chamadas domus.
Insumos - Materiais destinados a execução de um projeto ou plano.
Imperium - poder ou abrangência do poder destinado a diferentes cargos, classes ou castas. No caso, pode ser um privilégio para ordenar, mandar, fazer algo em nome de uma autoridade. A pessoa se torna Imperator. O senado deu a Severo o imperium para agir em nome do Senado, na questão de busca e captura do guerreiro lobo. Algo que alguns generais recebiam para agir, em nome de Roma, especialmente em questões que envolviam relações estrangeiras. No futuro, o imperatum era algo de um imperador, aquele que manda em tudo. Esta minha explicação é como entendo a questão, muito mais complexa. É uma explicação de grosso modo.
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