Ela estava em perigo. E ela sabia disto desde o início, sabia que qualquer dia desses, algum integrante da realeza subaquática iria vir em busca dos refugiados, e por mais simples que pareça, Amy e Júlia eram as únicas.
Vultos negros passavam pelos seus olhos, ela estava com tontura, nada fazia sentido, Brandon era levitado por águas que, Amy não sabia de onde vinham. Ele tinha os olhos frios e calculistas, fitando-a como um leão fita sua caça antes do ataque, já ela, mantia-se firme pelo dna aquático, ou então já teria desmaiado.

- Então? Você decide, quer quebrar a maldição ou correr riscos? - perguntou indiferente, e uma corrente de ódio correu pelo seu corpo, fazendo com que tal respirasse fundo - E só mais um aviso, tem três dias para decidir, e não faço questão que você aceite.

Fúria, Ódio e Raiva. Os elementos mais perigosos que existem, fizera Amy caminhar um pouco mais a frente, ela fechou seus olhos e pensou no rosto de Augusto, a pele levemente bronzeada, os olhos esverdeados, sua paixão mais antiga fez seus olhos azuis brilharem feito faróis em meio á noite, as estrelas no céu, cintilantes, trazia mais sentimento ao seus olhos

"Eu te amo. Eu te amo. Eu te amo, Brandon."

Como a chuva, águas apareceram em meio á biblioteca, Amy já as-conhecia, e apesar de odia-las, sorriu ao vê-las atravessar o salão da biblioteca. Elas eram velozes, rapidamente, chegaram abaixo do garoto que flutuava

- Mas o que está acontecendo?!

Gritou James com seus olhos castanhos arregalados, fitando toda a cena.
Amy cerrou os pulsos, e no mesmo momento, as águas mortais foram impulsionadas e acertaram no rosto do garoto, que, em desequilíbrio, caiu. Antes que Amy estampasse um sorriso vitorioso, as pequenas ondas foram rápidas o suficiente para que Brandon caísse em repouso

- Você é bem esperta - disse o garoto de cabelos negros sorrindo, e ela sentiu medo daquele sorriso - até para uma refugiada.

- Não importa nada disso. - ela rangeu entredentes - não irei voltar.

- estou certo que não, aliás, continuará a ser uma... viúva negra?

Então seu coração apertou, ele havia tocado em sua maior ferida, a maldição. Visões vieram a sua cabeça, como o beijo que dera á Gavril antes dele sair de sua casa, ele mostrou um sorriso fraco, sem ter certeza de que continuaria o namoro, ver os olhos brilharem com luzes sobrenaturais o fez repensar neste relacionamento, estava certo em continuar?
Não. Esta era a resposta certa, mas ele já havia caído na armadilha, não poderia escapar, era inevitável.
Ele sorriu e despediu-se, Amy acenou contente, observou Gavril entrar no carro prateado e seguir seu caminho em direção a sua casa. Ela sentiu calafrios ao fechar a porta, mas nada fez, deu de ombros e limpou algumas gotas d'água que pingaram do teto, sendo que, não havia chuva, e nem excesso de água.

Naquela mesma noite, enquanto dormia, ouviu vozes, tais diziam que ela precisava voltar, e que seu lugar não era ali, e então, em sonho, viu Gavril entrar no carro e ela acenar, ele seguir caminho e ela fechara a porta. O que ela não tinha visto, eram as águas mortais que deslizavam pela rua, em poucos minutos, elas já estavam próximas ao carro, e então, quando ele estava passando próximo á praia, fumaça quente saía, e a velocidade aumentou, ele tentava frear e não conseguia, o carro ia em direção ao mar, em desespero, Gavril apressou-se a abrir as portas e saltar, mas algo prendiam-nas, ele tentou quebrar o vidro com uma ferramenta, e outra camada tomou seu lugar, e tal movimentava-se como água numa bacia, e ele empurrava em tentativas frustrantes.

O carro já estava sendo tomado pelo mar, os freios não funcionavam e as lágrimas de desespero desciam pelo rosto do garoto, ele debatia-se em busca de socorro, tentava ligar e o sinal caía, o carro entrava cada vez mais, e ele não podia fazer nada, iria ele morrer, morrer por culpa dela, pois aqueles olhos cintilantes não o-deixou feliz, fez sentir medo, e agora tinha certeza que não era paixão e sim, medo.

- Gavril! - gritou ela extremamente desesperada, lágrimas caíam feito cachoeiras e ela encolhera-se abaixo do cobertor, Júlia entrou no quarto, e abraçou a filha também em lágrimas, a notícia acabara de chegar, Gavril estava desaparecido.

Ela não podia deixar que aquilo acontecesse novamente, não queria ter mais vítimas, odiava a maldição que fora lançada sobre tal e desejava urgentemente que acabasse.

- Não ouse me chamar assim! - gritou ela, uma lágrima desceu - sequer me conhece!

- Tem certeza? - perguntou em deboche - Se eu não te conhecesse, porque estaria aqui?

- Amy! - gritou James confuso, não entendia o que estava acontecendo - o que é isso? Estou ficando maluco!

- Você decide Amy. Você decide.

Então as águas o-levaram, e ela quis esquecer tudo o que acabara de acontecer, mas era impossível, ela sabia que, pelo que Brandon dissera, só havia uma solução, e esta era casar-se com o príncipe, mas como ela iria fazer aquilo? Será que ele gostaria dela a ponto de casar-se? Poderia ele fazer esse favor? Ele a-deixaria voltar a superfície?

Eram tantas perguntas sem respostas, e ao seu lado, James a-fitava, os olhos castanhos denunciavam-na e ela não conseguia olhar em seus olhos

- O que foi aquilo? - perguntou atônito - o que ele é? O que você é?

- Desculpa. - ela sussurrou cabisbaixa - sinto muito.

Desculpa? - riu como se houvesse terminado de ouvir uma piada - Desculpa?

Ela assentiu, caminhou até uma das mesas e sentou sobre ela, olhou para cima e viu as estrelas no céu, e talvez fosse algo de sua cabeça, mas ouviu risadas vindo delas.

James a-fitou por mais alguns minutos, e sentiu-se mal pelo modo que dissera, talvez tivesse sido sarcástico demais. Ele caminhou até seu lado, sentou na mesa e cruzou os braços, olhou para o alto

- Amy? - perguntou tentando soar o mais calmo possível, ela apenas continuou cabisbaixa - Amy, tem algo que você queira me contar?

Ela assentiu com a cabeça, não tinha como esconder

- tenho. - respondeu em um sussurro

- Então conte-me. - pôs a mão em seu ombro, e ela sentiu um arrepio percorrer seu corpo, as águas mortais deslizaram para sua mão e desapareceram - o que você é?

Gostaram? Quem está lendo o Spin-off de Tempestade, Marítima, já devem ter visto algumas coisas. Espero que tenham gostado.