Capítulo 13


Delfina realmente acordou assustada naquele lugar que tanto conhecia.

Aquela maldita ilha.

- Pelo visto, sempre tenho que limpar suas bagunças. – Delfina, volto para o pai que estava parado à frente. – Mais uma daquelas tentativas de sair de casa, realmente não sei mais o que fazer com você!

- Se você não fosse tão contrariado, eu não ia querer fugir tanto. – Delfina resmungo, se ajeitando na cama, notando suas pernas presas. – Você nunca foi desse jeito, não sei por que isso agora?

- Para alguém que apronto, está com muito deboche. – Paulo caminho na direção da filha com uma plantadeira.

- Eu não tenho mais medo e cansei de você sempre me prender, sendo que não fiz nada. – Delfina realmente tinha cansado de tudo.

- Não fez nada? – Paulo a puxou pela realidade segurando seus cabelos e, mesmo com a queimação em seu coro e o medo em seu peito, Delfina continuou firme. – Acha que não fez nada? Mentiu sobre querer casar-se, fugir para casar com um libertador e virar as costas para seu pai, que sempre cuidou de você...

- Você nunca cuida de mim. – Ela berro quando conseguiu sair de seu aperto, o empurrando para longe. – Você sempre foi uma sombra em minha vida! – Aponto o dedo para o homem. – Nem mesmo quando ela estava viva, você realmente participou de nossa vida! – Rosno, irritada.

- Ora, sua! – O tapa veio com força em seu rosto, mas Delfina pouco pareceu abalada, fazendo Paulo recuar de raiva.

- Estou falando a verdade, - Delfina se recuperou cuspindo sangue. – Você nunca me viu como filha e sim como alguém que fez seu nome sair da lama. – Delfina conhecia o milagre de ter sobrevivido, e sabia como seu pai olhava para ela, mas realmente sempre acredito em seu coração que um homem poderia amá-la de alguma forma, mas realmente que pai a prenderia numa ilha onde morreu tanta gente por amor?

Há um silêncio no meio desse impasse.

Delfina viu seu pai simplesmente sair, deixando-a ali na cama.

Delfina permitiu chorar finalmente, porque não era medo ou tristeza do que poderia acontecer agora, mas sim pela imagem do seu pai finalmente se desmanchar de todas as formas possíveis. Aquele homem que lhe deu a vida só mostra quem realmente é.

Sabia há muito tempo que seu pai tinha alguns parafusos soltos, sua mãe nunca realmente tinha comentado sobre a situação delicada de seu pai, mas o homem vivia na base da insanidade, o que era triste porque uma menina de 8 anos sempre quer agradar seu pai a todo custo, mesmo que isso custe caro.

Foi assim que ela pegou varíola, para agradar seu pai, para salvar sua mãe e, quando a sua querida mãe descobriu, acho que ela tinha enlouquecido. O pior de tudo é que nada adiantou, sua mãe não se curou com a descoberta de seu pai, simplesmente ela se foi e Delfina nem ao menos pode se despedir.

O pior de tudo foi ela querer um casamento para fugir daquela casa fria e sem amor, sempre em seus interiores queria uma família grande e feliz, uma coisa que ela conseguiu com celestino... ah,celestino, como será que seu marido está? Aquilo a fez olhar para o teto daquele lugar e rezar a Deus para proteger seu marido. Seu marido? Um sorriso surgiu em seu rosto marcado pelas lágrimas. Depois de sofrer tanto, finalmente tinha achado o amor...

Sua primeira tentativa de amor foi uma verdadeira história de terror. Seu pai escolheu um reprodutor, como se ela fosse um cavalo que precisava de um bom macho, e seu assistente achou gratificante essa oportunidade. Ela acabou se defendendo e, depois disso, foi completamente abandonada por seu pai. Disse a todos que a varíola a deixou doida e insana, os únicos que não acreditaram foram Ângela e Carlos.

Seus amigos mais íntimos.

Aquilo a fez sorrir tristemente.

Esperava não os deixar preocupados, e que celestino a perdoe por o usar para fugir para a Europa, mesmo que nunca tenha seguido seu plano.

Ficou pensativa em como sair, no meio de seus devaneios sentiu um cheiro de fumaça? Pera aí, fumaça, viro procurando o foco de incêndio, mas tudo que viu foi a fumaça a fazendo gelar.

- Pai? – O chamo dispersado.

Começou a se sacudir na cama, levando suas mãos a tentarem realmente desfazer os nós de suas pernas, mas não conseguiu. No meio disso, ouviu sons de tiros e berros, a fazendo gelar. – Pai? PAI? – O que diabos estava acontecendo?

- Eu não sou seu pai... – Delfina volto aliviada, encontrando Celestino bem ali na sua frente. – Mas posso te salvar se quiser?

- Estou aceitando. – Com risadas, Celestino correu para desfazer os nós. – Pensei, pensei muitas coisas. – Murmuro constrangida, vendo seu marido suado e acabado. Seus dedos foram aos seus cabelos, levando-os para longe de seus olhos, o vendo cansado. – Você não dormiu?

- Como dormir com você longe de mim? – Aquilo a fez sorrir de orelha a orelha. – Mesmo que esteja realmente chateado por não ter falado antes, mas acho que detalhes podem ser discutidos depois, né? – Ela confirmou, ganhando um leve beijo em sua testa machucada.

Com uma faca, Celestino a tirou dali, pegou-a em seu colo para facilitar a locomoção. Delfina sentiu suas pernas formigando e, quando conseguiu se equilibrar, deitou sua cabeça em seus ombros. Seus olhos procuravam seu pai até ver de relance um corpo caído no chão com sangue em volta, enquanto soldados discutiam o que fazer. No meio disso, Delfina viu seu pai num canto caído com marcas de bala ao peito e o foco de incêndio ao seu lado, a fazendo engasgar e chorar. Celestino, tudo que fez foi a segurar com força.

....

1 semana depois.

Delfina ainda se recuperava de tudo.

Mas ainda estava casada.

Seu pai tinha morrido por lutar contra os soldados do Brasil, e sua morte foi definida por um boato meio estranho. No funeral, foi com seu marido a contragosto na última despedida de seu pai. Tinha outras pessoas, mas Delfina se sentiu desolada. Agora estava em seu quarto arrumando suas coisas.

- No que está pensando? – Celestino, volto ela, preocupado.

- Estive pensando que todos os "amigos" dele não apareceram. – Murmuro tristemente. – Mesmo ele sendo daquele jeito, acho que foi esquecido por muitos...

- Sabe que não posso te ajudar com esse dilema. – Delfina sabia da raiva do marido, mas ainda se sentia desolada um pouco. – Mas acredito que mesmo depois de tudo, algo dentro dele ainda a amava de um jeito estranho, mas amava. – Murmuro e Delfina acabou sorrindo. – Mesmo querendo que você aproveite todos os momentos, quero realmente sair dessa casa e voltar para Portugal. – A puxou para perto e Delfina concordo.

Voltando para seu quarto vazio e pela primeira vez, ia verdadeiramente dar tchau para sua casa.

- Então vamos! – Bateu de leve em seu rosto, o vendo relaxar.

- Vamos, querida, para nossa casa. – Nossa casa? Delfina realmente finalmente parecia livre e feliz.

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