CAPITULO II - BRAKEBILLS HIGHSCHOOL

POR PEARL QUINN

             O colégio Brakebills é como todos os outros colégios: possui suas panelinhas que apenas servem para dividir ainda mais os alunos, há aqueles que sofrem bullying e aqueles que o praticam; existem professores desinteressados e amassos quentes no armário do zelador — que sempre acaba pegando alguém no flagra.

Há os estudiosos e os populares e também há os populares que também são estudiosos e se provam mais do que um reles rostinho bonito dentre tantos outros rostos bonitos. Existe, ainda, romance proibido entre professor estudante; guerra de comida e muita — mas muita — detenção.

Armários coloridos em tom de azul e vermelho adornam os corredores principais e alguém sempre acaba explodindo algum experimento de química no laboratório. O que quero demonstrar aqui é que Brakebills Highschool seria como qualquer outro colégio estadunidense, não fosse pelo fato de ele ser um colégio específico para jovens magos; como devem imaginar, as coisas aqui tendem a ficar realmente sérias quando fogem do controle.

Magia+Adolescentes com hormônios a flor da pele = desastre na certa. Não é uma equação complicada de se fazer.

"Bom dia alunos — A voz tão conhecida por nós soa nos alto-falantes do colégio, retirando-me bruscamente de meus devaneios momentâneos — temos plena ciência de que os fatos ocorridos na noite de ontem são pesados em demasia para que carreguem-nos por si só; assim sendo, quero que saibam que a sala do orientador está aberta à todos que almejem conversar. Tenham um ótimo dia e, por favor, não hesite em procurá-lo." — O breve discurso é concluído no exato instante em que fecho a porta de meu armário

— Ele só pode estar de brincadeira. — É Lion quem se pronuncia ao meu lado — Ele nem ao menos se prestou ao serviço de oferecer as condolências à família ou de falar a palavra com s... — o interrompo de prontidão

— Não estou querendo agir como a advogada do diabo, mas, fazem quantos séculos desde o último suicídio cometido por um mago? Sejamos sinceros aqui, Li, nenhum de nós sabe, ao certo, como agir. Com ele não vai ser diferente. — Começamos a caminhar

— Não direi que você está errada; porém ele, como diretor, deveria ter o mínimo de preparo para lidar com uma situação deste tipo; entende? — Meneio a cabeça em sinal de positivo

— Você tem um ponto importante a ser levado em consideração. — Digo com serenidade

Sempre foi praticamente impossível debater com Lion Wicker, o garoto tem lábia suficiente para enganar até mesmo o mais profissional dos agentes e a mais observadora pessoa. No fim, acaba sendo mais fácil concordar com ele do que passar horas a fio debatendo sobre um assunto. Deve ser por isso que a equipe de debate do colégio sempre fez de tudo para angaria-lo e, por algum motivo louco, sempre teve sua oferta recusada.

— Sabe, eu o conhecia bem, não faz sentido algum ele ter cometido suicídio. Ele estava cheio de planos para o futuro... — Lion se pronuncia novamente

Paro de andar e me viro, ficando face a face com meu amigo; sobrancelha arqueada e braços cruzados sobre o peito completam minha imagem. Não sei o que o garoto de profundo olhos castanhos está querendo insinuar, contudo, não gosto nem um pouco do rumo que esta conversa parece estar tomando.

— Não gosto do que parece sugerir. — Comento em tom baixo, uma expressão séria adornando minha face — Você não acha que foi um homicídio e estão querendo encobrir, acha?

— Foi você quem indagou; não eu. — Ele sorri ladino, seu típico sorriso de vitória

Permito que meus olhos rolem em sua órbita, eu sempre caio nestes joguinhos e acabo por dar abertura à um assunto no qual eu realmente não quero tocar. Esse truque é tão antigo que me sinto uma tola todas as vezes nas quais Caio nele.

— Que seja, Lion, nenhum de nós sabe como estavam as coisas na casa dele; tampouco temos conhecimento sobre as coisas que se passavam por sua cabeça. É como os humanos costumam dizer: um belo sorriso pode esconder um coração partido. Algo pode ter levado ele a isso, magos não são muito bons ao falar sobre sentimentos e você, mais do que ninguém, tem conhecimento da veracidade desta afirmação.

Sorrio vitoriosa ao perceber que o silêncio se instaurou entre nós, isso significa que ele desistiu do debate e se deu por vencido. Eles eram próximos e isso é novidade para mim, o garoto em questão jamais foi um popular, para ser sincera, ele nunca fez parte de nenhuma panelinha, sempre andou só; não fazia ideia da proximidade de Lion para com ele.

Nos despedimos no exato instante em que chegamos na bifurcação do corredor leste; minha sala fica à direita e a dele à esquerda. Beijo sua bochecha e caminho rumo ao laboratório no qual a aula poções será realizada.

Sento-me em meu lugar habitual e ajeito minhas coisas sobre a bancada; jaleco, luvas e óculos colocados, tudo pronto para o início da aula. Não demora muito para que a professora irrompa pela sala com um semblante de preocupação adornando-lhe a face. Pelo visto a história do suicídio realmente está abalando à todos.

— Bem, a pedido do diretor Sammuels, iremos ao auditório B para conversarmos sobre prevenção ao suicídio e o quão benéfico é contar sobre seus problemas à alguém. — Sua voz sai baixa, praticamente inaudível

Alguns murmúrios se fazem ouvir, há aqueles que estão a reclamar sobre perder tempo importante de aula e também há aqueles que estão felizes, o segundo caso sendo proveniente de alunos que, certamente, fugirão para dar alguns amassos no armário do zelador.

Levanto-me novamente, me desfazendo de meus apetrechos. A gama de alunos segue a professora para fora da sala, alguns aparentam estar sofrendo com a perda de um colega, outros parecem estar indiferentes e há, até mesmo, aqueles que aparentam estar felizes — embora estes sejam a minoria. Eu estou neutra, não o conhecia bem o suficiente para lamentar sua morte trágica, contudo ele era uma pessoa e ninguém merece virar manchete após morrer, tampouco servir de exemplo para outros adolescentes e ter palestras a denegrir sua imagem.

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