POV TAEHYUNG

- Não sei se tenho muita história pra contar.. - foi a resposta vaga e um tanto reservada que soltei a garota na cama a minha frente.

- Não tem problema – ela disse com um meio sorriso no rosto, com os olhos atentos a mim, aguardando eu começar, eu olhei pra baixo e dei um risada baixa, me encostei no encosto da cadeira afim de ganhar tempo para pensar em como começar.

- Bem... Eu tenho vinte e dois anos, e também nasci em Daegu – ela me olhou com cara de surpresa – eu sempre morei com os meus pais e dois irmãos mais novos, um menino e uma menina, e o meu cachorro – disse e soltei uma risada ao lembrar dele, e ela riu também, será que a minha história estava começando a ficar engraçada? Pensei após ver o espontâneo sorriso dela – Nós sempre fomos da cidade, vida urbana, mas algumas vezes viajávamos para o interior, junto com o meu avô... – parei por um momento - inclusive foi ele que me deu este nome – disse animado ao lembrar daquilo.

- Sério?! – perguntou ela de forma curiosa – E o que significa?

- Significa que "todos os meus sonhos se tornarão realidade"

- Uau – ela disse e olhou pro lado pensativa – realmente é um lindo nome.

Ela falava enquanto mexia nas próprias mãos, ela era uma mulher/menina pensei eu, ela voltou a me olhar, provavelmente esperando que eu continuasse com a história.

- O seu também é lindo..

- Será que o seu avô poderia me dar o significado? Queria saber.. – ela disse de modo expontaneo, foi algo sincero, porém que me surpreendeu, geralmente sabemos o significado dos nossos nomes.

- Ele com certeza pode sim, ele é um mestre nisso, é uma espécie de carreira, cria nomes e junta eles dando belos significados, quando eu vê-lo eu perguntarei do seu nome.

- Komawo – ela disse e fez reverência, mas era diferente ela me cumprimentar daquela forma, na verdade era mais compreensivo e menos formal que o cumprimento de antes. Foi inevitável não me sentir mais próximo a ela daquele jeito, de alguma forma isso estava acontecendo de modo rápido e ainda assim natural, sem pressa, só estávamos desfrutando um da companhia do outro e ao mesmo tempo, conhecendo as pessoas que iam além dos nomes 'V' e 'Irene'. Estávamos compartilhando coisas pessoais da nossa vida, mas mesmo assim não me sentia nem um pouco incomodado com isso, poderia conversar por muito mais tempo com ela. – O que mais?

- É.. – eu cocei um pouco a cabeça pensando nas coisas marcantes da minha vida – eu toquei saxofone por três anos.

- Você é bem surpreendente – disse ela com cara de que foi surpreendida mais uma vez.

- Você acha é? – disse um pouco sem graça pela colocação.

- É um instrumento incrível, gosto muito mas nunca irei aprender a tocar..

- E o que você gostaria de tocar? – perguntei colocando o corpo mais pra frente da cadeira, de maneira curiosa.

- Tenho vontade de aprender piano... – eu concordei com a cabeça enquanto tentava imaginar ela tocando aquele instrumento - mas você não toca mais saxofone?

- Já faz um tempo que eu parei, eu comecei a treinar com a bighit quando tinha uns quinze anos, desde que sai de casa, não tive mais o luxo de ensaiar e treinar com ele, provavelmente não estou mais tão bom como era antes.

- Aposto que se tirar um tempinho para treinar você vai conseguir sim, certas coisas nós não esquecemos por completo, né?!

Ela tinha razão, quando você pratica muito algo por uma parte da sua vida, aquilo nunca sairá totalmente de você, esse aprendizado ficará guardado esperando o momento de retornar para a ativa. Sorri pensativo até que bateram na porta do quarto, fazendo com que nos desviássemos da conversa.

- Com licença – entrou uma outra enfermeira, parecia ser mais simpática que a anterior – Joohyun?

- Sim?

- Já terminaram a cirurgia da Wendy, os médicos vão estar falando com os pais dela, mas... - eu olhei para a morena que mudou um pouco o seu semblante encarando a outra, de forma preocupada e ansiosa - pediram pra chamar você também...

IRENE POV

De alguma forma eu me sentia angustiada, eu sei que não deveria pensar de forma negativa apesar das circunstâncias, então.. em meio ao meu conflito emocional eu balancei a cabeça de forma positiva, ela saiu da sala e eu olhei para o Taehyung, processando rapidamente aquela informação. O tempo conversando com ele passou tão rápido que nem havia notado no horário que já era.

- Acho que terei que me levantar daqui, né?! – ele disse e eu dei um meio riso concordando. – deixe eu te ajudar.

- tudo bem.. – disse me levantando da cama, mas ele insistiu em ajudar a posicionar a cadeira e tudo mais para arrumar a minha perna, eu me acomodei ali e quando pensei em por a mão para empurrar ele foi mais rápido, era um pouco incomodo ser uma espécie de peso para outra pessoa, era como me sentia no momento. – você não precisa.. – disse me virando para ele e dei um sorriso sincero. – você precisa ficar com o seu amigo Jimin também..

- Eu sei.. mas não precisa ser agora – dizia ele me olhando de cima pois eu estava sentada e ele atrás de mim se posicionava de uma forma que eu podia vê-lo. - Pelo menos te levarei até lá..

- Aish... – resmunguei e olhei para baixo – acho que não tenho pra onde correr, então..

Ele deu uma risada abafada e voltou a me empurrar, não sendo mais possível eu ver o seu rosto, ao sairmos do quarto a enfermeira já nos aguardava do lado de fora.

- Você vai subir dois andares, sala 607.. – ela falou e em seguida olhou para o Taehyung com uma cara que mudava um pouco a concepção de "simpática" que transpareceu antes – eu não sei se você vai poder entrar..

- Eu só vou levar ela, gomapseumnida! – disse sem dar muita importância, e continuou o caminho me empurrando.

Nós fomos até o fim do corredor e paramos de frente ao elevador, esperando com que ele subisse ou descesse.

- Seu amigo Jimin está em qual andar?

- No andar debaixo.. – a voz dele era rouca e grossa, aquilo era algo meio engraçado, pois no tempo que eu tive pra conversar e conhecer um pouco ele, sua personalidade era totalmente doce e alegre, parecia não combinar, mas ao mesmo tempo aquilo fazia dele um ser único.

- É... você já disse, mas... – o que raios eu estava fazendo.? – Você tem vinte e dois anos mesmo? – disse querendo rir, ele se curvou meio que de trás de mim parando com o rosto fixo ao meu com cara de surpreso. – quer dizer... a sua voz, parece ser de alguém mais velho..

Ele mordeu o lábio e pois uma mão no rosto como se aquilo tivesse sido constrangedor.. realmente foi um comentário desnecessário, após falar eu reparei no quanto não precisava ter dito aquilo.

- Não é a primeira vez que escuto isso, a minha cara entrega a minha idade, mas se estou por telefone posso muito bem me passar por alguém mais velho mesmo... 

- Nossa, eu imagino.

- Mas parando pra pensar.. – ele virou a minha cadeira ficando de frente pra mim, me olhando fixamente o rosto, sua vistas desciam pro meu nariz, boca, depois ia pra testa, como se tivesse me analisando. Pisquei algumas vezes digerindo o fato que ele estava analisando meu rosto sem nenhum constrangimento.

- O que está fazendo?

- Você não me disse a sua idade ainda.. – dizia ele com as mãos escoradas nos braços da minha cadeira.

TIDUM

A porta do elevador se abriu a nossa frente fazendo com que eu tomasse um susto com o barulho e dando assim um leve susto no Taehyung a minha frente, fazendo com que ele arrumasse a sua postura e voltasse para atrás de mim, umas pessoas desceram do elevador nos olhando e em seguida, com o elevador vazio nós entramos, ele posicionou a cadeira da maneira que estava antes e voltou a me olhar de frente, desta vez não abaixado. Ainda era o mesmo olhar...

- O que? – perguntei para ele tentando disfarçar a vontade de rir.

- Sua idade..

- Aish – disse e revirei os olhos soltando o riso um tanto envergonhado – eu tenho vinte e seis.

- VINTE E SEIS? – perguntou de forma surpresa o que não me fez me senti lá nas melhores condições.

- YA!!! – disse reclamando – Isso é forma de falar com uma garota mais velha?

Ele tinha uma mão levada na boca, enquanto os seus olhos sobre mim já falavam tudo.

- Desculpa.. – ele riu - ... você não parece ter essa idade... de verdade – ele tirou a mão do rosto – isso é algo bom.

- Aé? E quanto achava que eu tinha? – disse curiosa.

- No máximo estourando.. vinte e três anos.

- Sério?! – tenho que confessar que me senti muito bem em ouvir aquilo, mas não quis demonstrar. – acho que está perdoado.

- Isso significa.. – ele novamente repetiu o ato de antes e apoiou as suas mãos nos braços da minha cadeira de rodas, ficando mais perto.

- O que? – disse sem muita importância.

- Eu posso te chamar de noona..

Seu sorriso era de menino bobo, porém a fala foi emitida na voz de alguém bem maduro, qual daquelas pessoas era ele? Ou ele era os dois? Seria possível aquele garoto?

TIDUM

O elevador apitou, mas não deu susto dessa vez, nem ele nem eu nos movemos daquela posição, mas uma voz vindo de fora do elevador fez com que virássemos os rostos.

- Irene.. Irene é você??

[...]

- Oh... Oh Sehun?

Ele adentrou o elevador virando a minha cadeira de frente para ele, percebi que o Taehyung teve que andar meio passo para trás por causa da atitude rápida e podemos dizer um pouco "bruta" dele.

- Joohyun... como você está?! Fiquei sabendo que foi uma das ultimas a sair de lá..

- B-bem... – ele estava abaixado a minha frente enquanto falava, parecia afoito e preocupado. Como somos da mesma empresa nos vemos algumas vezes, mas o maior contato que tivemos mesmo foi em uma sessão de fotos para uma revista da qual fizemos juntos, conversávamos só o básico, do ensaio mesmo, não tinha muito para falar dele. – nós dois na verdade – eu disse e apontei para o Taehyung ao meu lado.

- Ah.. – ele disse e se virou para o Taehyung ainda estando abaixado a minha frente – Oi.

- Oi – ele respondeu ao Sehun da mesma forma, sem muita atenção.

- Mas... porque está vestido essa roupa? – disse ao Sehun, ele estava vestido social, aquilo não parecia fazer o mínimo sentindo sendo que o grupo dele também estava no ocorrido.

- Bem.. eu sou o filho do Presidente Oh. - Ele disse e ao parar pra pensar fazia um sentido, eu sabia que tinha muita gente na sm de família rica, mas não sabia da vida pessoal do Sehun, e muito menos da família dele. – Graças a Deus não aconteceu nada comigo nem com o meu grupo..

Aquilo foi algo um pouco indelicado de falar da parte dele... minha expressão logo entregou isso, afinal teve gente que morreu naquele lugar.

- Bom pra você – disse Taehyung chamando a atenção do Sehun para ele.

- Acho que me expressei mal – ele se levantando finalmente, gesticulando como se tentasse retificar – esse é o motivo da roupa.

- Mas porque está aqui então? – perguntei para ele.

- Resolvi fazer uma visita aos pacientes, saber o estado de cada um, se estão sendo bem atendidos.

- Ah certo.. - O elevador começou a apitar, tinha gente chamando por ele. – Eu tenho que ir, preciso ver uma amiga.

- A Wendy? Eu sei – franzi o cenho e senti que Taehyung fez o mesmo – acabei de voltar de lá, inclusive ia buscar por você.

Sehun se movimentou para ir pra trás da minha cadeira, mas Taehyung começou a empurrar de imediato, não permitindo que ele a tomasse antes.

- Você não pode..

- Eu sei – Taehyung respondeu próximo a mim – sala 607? – perguntou ele de maneira baixa para mim e eu confirmei com a cabeça.

Não demorou quase nada e já estava em frente a sala, Sehun parou logo do meu lado, como se fosse tentar me acompanhar novamente.

- Obrigada Tae. – Sehun foi para trás da minha cadeira naquele momento fazendo com que Taehyung se afastasse aos poucos, ele acenou com a cabeça e eu olhei para ele de forma grata até que ao me empurrar, Sehun me levou para a sala da Wendy. Um novo sentimento estava prestes a me invadir!

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