XVIII. Minha saia


Não importa o que havia dito ou pensado antes, Teddy definitivamente ficava adorável em uma saia, não só pelo fato da cor azul marinho tinha uma contraste perfeito com o tom claro de azul que havia em sua blusa, mas também por irradiar a genuína felicidade. Já havia chegado em casa há um tempo, e era presumível que ele iria estar cansado e tirar a roupa para tomar um banho, mas apesar de lutar contra o sono para ficar em pé, continuava contra tirar a saia.

— Edward Lupin, você vai tirar essa saia e nós vamos dormir, agora - aquela voz imperativa fez os olhos verdes desviarem como se até mesmo hesitasse olhar Draco, mas Teddy não parecia se importar com nada.

— minha saia, minha saia - o garotinho cantarolava enquanto corria pela casa.

— se eu jogasse essa almofada nele, e acertasse forte o suficiente para ele cair, seria agressão? - Draco virou o rosto para Harry, a pergunta genuína atrás de um sorriso sarcástico.

— sim, e a senhora Weasley nos avisou que ele ainda é novo pra isso, só depois de três anos nós podemos dar palmadinhas - Harry recordou a conversa que haviam dito com Molly.

— "palmadinhas"? Espere só até eu poder acertar um chinelo na cara dele.

— você nunca vai poder fazer isso - Harry replicou com uma expressão horrorizada.

— e se ele se transformasse em adulto com a metamorfose dele? - parecia realmente levar as possibilidades a sério.

— não importa, você definitivamente não pode bater nele com raiva, vai acabar o machucando de verdade, e agora ele é novo demais, dê um desconto - Harry parecia tentar se controlar também, estavam cansados e com sono. Tudo o que desejavam era dormir em paz e mesmo assim eram obrigados a ficarem acordados tendo que recordar momentos vergonhosos do natal.

Draco soltou um suspiro derrotado e se jogou no sofá, já havia tomado seu próprio banho e mesmo assim estava disposto a sacrificar seu pijama limpo para dar banho em Teddy e aquele garotinho ingrato continuava correndo alegremente, isso rapidamente se tornava irritante quando se tinha sono.

— pelo menos me dê um motivo. Por que não quer tomar banho, Ted?

— a água é molhada, ecaaa - Teddy passou próximo a Draco ainda com suas pernas curtas cheias de energia que não paravam de correr, o adulto, então, se esticou e prendeu o menino em seus braços, que instantemente começou a pedir socorro de um jeito desnecessariamente dramático.

— a água é molhada? - Draco encarou o garotinho incrédulo de que essa era a reclamação — oh, Eu nunca notei isso, pequeno gênio. Será que eu estou criando o próximo Merlin?

— Draco, por favor. São três da manhã - Harry suspirou frustrado.

— não, Harry. Eu estou admirando a sabedoria dele.

— a água é muuuito molhada - Teddy explicava e Draco acenava com a cabeça como se levasse a sério, mas sua expressão mostrava que apenas debochava do garoto em uma forma de escape para a raiva.

Harry se sentiu como um apaziguador quando entrou na frente dos dois e pegou Teddy no colo.

— isso me lembra... sem bolo de chocolate pra você, Ted - Harry falou.

— por que?

— nós tínhamos um acordo, eu iria te dar um bolo de chocolate se não contasse pra ninguém o que viu, mas você contou pra todo mundo.

Draco tinha que controlar sua expressão para não entrar em desespero, apenas lembrar aquele momento era vergonhoso. Ao mesmo tempo, engraçado.

— eu não contei nada

— claro que contou - os olhos verdes se divertiam com a insistência da criança, não acreditava que Ted iria tentar mentir com uma face tão honesta.

— não, eu não contei, eu mostrei.

— touché. Talvez eu esteja realmente criando o próximo Merlin - Draco estreitou os olhos para Harry e sorriu, aquele sorriso divertido misturado com uma maldade que ficava perfeito nele.

E Harry acabou rindo também, porque aquele natal havia sido perfeito, mesmo que fosse quatro da manhã e ele não houvesse conseguido descansar, poder sorrir despreocupado com Draco e Teddy era o melhor presente que poderia receber e desejava que momentos como aquele sempre existissem.

...

Em algum momento, todos eles simplesmente adormecem na sala, Draco deitado no sofá, seu braço por baixo da cabeça e com Teddy deitado sobre si e Harry no tapete, seu único conforto provavelmente era a almofada que servia como travesseiro.

O moreno era sempre o primeiro a levantar, e não foi diferente no dia, mas definitivamente o horário foi mais tarde do que o comum, isso porque provavelmente foi dormir quase na hora que costuma acordar. Seja como for, teve a surpresa de notar que Draco também estava acordado, não fazia ideia de quanto tempo, mas o loiro apenas parecia hipnotizado com os olhos cinzas fixos no garotinho deitado ao seu lado, sua mão suavemente acariciava os cabelos que estavam em um tom amarelo vivo, o que indicava que Teddy estava tendo um ótimo sonho.

— parece acostumado a fazer isso - Harry falou, mas se arrependeu em ter deixado claro sua presença, pois a expressão de Malfoy mudou, não se tornou agressiva, mas um tanto mais distante e preocupada.

— eu gosto de o ver dormir, saber que ele está bem e seguro me deixa mais tranquilo.

Harry sabia disso, mesmo sem querer, havia acordado várias noites e visto Draco ao lado admirando Teddy, porque dividiram a cama, isso ficou ainda mais claro quando mesmo em sono, o loiro parecia ter uma certa urgência em checar os batimentos do menino.

— eu sei, você é um ótimo pai - ele brincou lembrando a fala de Teddy no dia anterior.

— esse pirralho me fez chorar em público, tenho certeza que foi tudo um grande plano para me humilhar. Você fez parte do plano?

— droga, fomos pegos - Harry colocou as mãos para o loiro fingindo redenção, se levantou esticando-se e sentindo o corpo reclamar por ter dormido no chão. Mesmo assim, foi uma noite sem pesadelos.

Com um pouco de ajuda, Draco finalmente conseguiu se levantar deixando o menino adormecido no sofá, ele seguiu para o banheiro no andar de cima onde aproveitou para escovar os dentes, eram uma certa necessidade básica que ele tinha, não conseguia fazer nada antes que estivesse com hálito de menta, Potter foi para a cozinha, já que priorizava sua fome e preparou o café-da-manhã, mesmo que fossem quase meio dia.

Draco demorou mais do que o normal e Harry já estava desconfiado que ele havia apenas ido para a cama dormir, mas ele voltou com outras roupas e o cabelo molhado. Uma camisa preta de botões e uma calça também preta com apenas alguns detalhes prateados, era uma roupa tão simples, algo que facilmente Harry vestiria, mas talvez pela postura aristocrática de Draco, aquele conjunto se tornava algo um tanto elegante.

O moreno não conseguiu impedir que seus olhos percorrem o corpo de Malfoy e depois de si próprio, não tinha uma boa opinião sobre seu corpo, era sólido e forte o suficiente para lutar, gostaria de ser mais alto, mas se sentia mediano, nem ligava para roupas e talvez por isso usava a mesma roupa do natal ainda se lembrando que nem havia tomado um banho quando chegou.

— não é melhor ir acordar Ted?

— oh, não. Ted fica de mau humor quando o acordamos, ele vai despertar daqui a pouco. - Malfoy conhecia melhor a rotina de manhã porque era quem sempre ficava com Teddy nesse horário, mesmo quando Harry estava em casa, a manhã era o tempo deles.

— Teddy e Victoire, hum? - Draco sorriu com a fala do moreno e se sentou na mesa ainda vazia, não ofereceu ajuda e apenas apoiou o cotovelo na mesa e seu queixo em sua mão.

— certo, parece que vamos ter uma ótima dupla de pirralhos.

— não sei se ela vai ficar muito feliz com Ted pegando todas as saias - Harry pontuou lembrando que o garotinho havia tomado a saia da mão dela com tanta urgência que nem se importou em pedir.

— mas acho que ela não liga, parecia feliz por ser Ted sorrindo.

— vai ser uma garota boa.

— espero que não tenha problemas, sabe, eles tem uma idade próxima e vão crescer juntos, não sei se ficaria feliz com algum sentimento além de amizade - Draco expressou suas preocupações e Harry as entendia, porque também pensou sobre isso.

— mesmo se der errado eles teriam que continuar convivendo, não sei se seria bom.

— mas pode dar tudo certo também - os olhos cinzas pareciam inquietos, procurando as possibilidades do futuro.

— bem, talvez Teddy nem goste de garotas, ele com certeza gosta de saias, mas prefere nele - Harry tentou a piada misturada com uma outra dedução, não funcionou para tirar um riso, mas deixou a dúvida no ar.

— talvez - então ele riu e a confusão nos olhos de Potter foi clara, Draco explicou — acabei de notar o quão ridículo é estar pensando na possível vida amorosa de crianças.

— tem razão - Harry passou a mão na nuca e soltou um riso soprado — mas gostar de alguém é horrível, não quero que Ted tenha uma experiência pior do que o normal.

— eu entendo, também odeio quando estou gostando de alguém, eu viro um idiota sempre que fico perto da pessoa que gosto.

— bem, você sempre é um idiota. - Harry provocou, mas algo em si tremeu, pois notou como Draco disse 'pessoa que gosto' no presente.

— é, não pense muito sobre isso - Draco revirou os olhos pensando em como Harry conseguia ser mais idiota que ele, e então se lembrou de algo — oh, eu deveria ir ver Pansy. São que horas?

— tarde, coma primeiro antes de ir - Harry colocou manteiga na mesa, a última coisa que faltava e então se sentou.

— não, eu deveria ir logo. Todo natal nós sempre nos encontramos de manhã, mesmo quando o ministério estava nos proibindo de ver fizemos isso, não posso deixar de fazer agora.

— hum... sabe que isso pode te colocar em problemas se eu reportar isso? - Harry desviou a atenção do pão que passava a geleia e olhou para cima provocando o loiro que levava a caneca de chá a boca.

— mas não vai contar, certo?

O moreno sorriu, porque a expressão um tanto desconcertada de Draco - mesmo que ele tentasse disfarçar - provava que ele mesmo não havia reparado em sua confissão. Era um raro momento em que ele estava com a guarda abaixada.

— nunca - ele sorriu, e algo em Draco pareceu se tornar mais cético, mesmo que ele continuasse com uma expressão suave e despreocupada.

— e nunca mentiria pra mim?

A pergunta foi dita com um ar de desimportância, como se Draco só quisesse ter certeza que Harry não iria contar para ninguém que quebrou a ordem de distância que o ministério colocou entre ele e Pansy antes. Uma dúvida genuína.

— claro que não - Harry falou sincero, pois nunca iria fazer algo que prejudicasse Draco.

Por outro lado, o loiro pareceu um tanto irritado, apesar de não ter feito mais além de sorrir, sem nenhuma explicação, ele saiu da cozinha dizendo que iria levar Teddy. Potter franziu o cenho, não era algo comum, ele nunca havia levado Teddy quando saia, isso por um ótimo motivo de segurança, mas agora parecia que achava melhor Teddy correr um risco desnecessário na rua do que ficar com Harry.

"Oh, o que eu fiz de errado?", Harry pensou.

...

Pansy claramente não havia dormido desde a ceia de natal, sua maquiagem forte continuava intacta. Ao que parece, ela havia chegado em casa há pouco tempo, seus saltos ainda estavam jogados pela sala e usava um vestido preto com brilhos, ele era apertado marcando as curvas do belo corpo. Teddy parecia gostar de encarar ela e ver o cintilar das pequenas pedrinhas presas em sua roupa, ele usava sua bela saia juntamente com uma blusa preta simples, mas talvez fosse por seu belo rosto ou cabelo azul, aquela roupa por si só parecia fantástica a ponto de fazer Pansy querer levá-la para si.

— uma garrafa de whisky de fogo - ela acenou para a elfa doméstica que saiu prontamente para atender o pedido e Draco franziu o cenho.

— Pans, ainda é manhã.

— ah, certo. Quer que eu peça torradas?

— céus - ele passou a mão pelo rosto preocupado só de imaginar como ela estava se alimentando, realmente não queria se estressar com algo assim logo que havia chegado, por isso mudou de assunto — onde passou o natal?

— com Astoria, ela me convidou. Um esconderijo dela perto do mundo trouxa, mas não lá, fui proibida de ir - ela mostrou o pulso, uma marca provando que havia um feitiço de rastreio nela.

— não sabia que estavam próximas - ele havia as obrigado a se tratarem decentemente, mas as duas não pareciam se dar muito bem.

— não realmente, ela deve ter ficado com pena porque eu iria ficar sozinha - Pansy deu de ombros e bebeu um gole do copo de whiskey que havia magicamente aparecido na mesa de centro da sala.

— Teddy, não mexa nisso - Draco desviou a atenção da conversa para brevemente advertir o garotinho que mexia em uma gaveta do armário que ficava no local, o mais novo obedeceu cabisbaixo e fechou a gaveta — se tivesse feito algo te chamaria, mas fui arrastado para a casa dos Weasley.

— credo, eu não pisaria lá nem se me pagassem - Pansy fingiu um calafrio, mas sua expressão mudou totalmente mostrando uma malícia quando prosseguiu — mas você entrou de bom grado por Potter.

— não! Eu quis fazer isso. Por Teddy - o garotinho de cabelos azuis ouviu seu nome e tentou prestar atenção na conversa, mas logo não parecia nada interessante e ele resolveu vasculhar o cômodo desconhecido que estava — E se continuar me irritando não vai ganhar presente.

Ela passou os dedos sobre a boca, em uma mímica como se estivesse selando os lábios e então sorriu estendendo as mãos, Draco revirou os olhos vendo como ela descaradamente queria o presente, provavelmente mais do que a companhia. Aquela materialista sem coração.

— sabe que estou em... uma crise financeira, então só tem isso - Draco entregou a caixa de tamanho médio.

No ano passado também não havia sido grande coisa, antes da guerra, os presentes eram luxuosos, em grande quantidade, jóias bem trabalhadas e pedras preciosas, objetos trouxas, pergaminhos sobre alguma magia rara. Por isso, Pansy já sabia que não adiantava esperar muito, mesmo assim, se sentiu surpreendida ao ver um pequeno recipiente de vidro que carregava um líquido dentro.

— uma poção? - ela já havia ganhado algumas, principalmente para calma, então eram úteis, mas como um presente... um pouco sem graça. Para seu alívio, Draco balançou a cabeça.

— é um perfume, escolhi sua flor preferida, a que tem o nome igual ao seu.

No mesmo instante o rosto de Pansy se iluminou em expectativa, desde que eram menores Draco se interessava por poções e logo descobriu que a base era parecida com fazer perfumes e acabou fazendo os próprios, mas nunca fez para outra pessoa.

A amiga borrifou um pouco no pulso e levou o aroma até o nariz, era doce, mas suave, sem tirar a delicadeza de uma flor. Como o esperado de Draco que sempre tinha os mais únicos e cheirosos perfumes, esse não era diferente.

— minha maquiagem é cara demais pra eu arruinar chorando, mas saiba que eu estou sentindo muitas coisas aqui dentro - Pansy não escondia o sorriso enquanto abanava o próprio rosto tentando evitar lágrimas de rolarem.

Draco sorriu de volta, satisfeito por saber que a amiga havia gostado, e então Teddy parecia curioso para entender melhor a conversa.

— de'xa eu ver - ele se esticou tentando ver o que a mulher tinha em mãos, ela borrifou o perfume e ele sorriu indicando que também havia gostado.

— o seu presente - ela entregou, uma coleção de três livros sobre magia de cura que Draco havia dito que precisaria se quisesse fazer uma graduação, no fim, ele havia conseguido alguns de segunda mão e fora úteis o suficiente.

Aqueles livros renomados eram não só difíceis de conseguir, mas também muito caros. Um preço alto o suficiente para que Pansy não tivesse mais condição de gastar tão levianamente. Foi por isso que Draco pegou emprestado os usados, mesmo com algumas páginas faltando, rasgos e rabiscos.

— Pans... - Draco ficou com receio em aceitar.

— eu arranjei um trabalho, fique tranquilo. Paguei tudo à vista se quer saber.

— está vendendo seu corpo? - Draco sorriu sarcástico, mas havia uma certa preocupação real no fundo.

— seu idiota! - ela beliscou o loiro — eu trabalho em uma escolinha de crianças, ganho bem e ninguém sabe sobre mim.

— você é horrível com crianças.

— claro que não, Teddy me ama, não é mesmo? - Parkinson acenou para o menino que folheava um livro da estante, e quando viu que sua presença foi requisitada, não hesitou em ir até a mulher e se deixar sem colocado no colo dela.

— Teddy ama - os cabelos azuis tornaram-se rosa assim como as bochechas dele. Ele só estava repetindo palavras que não sabia o significado, já que nem Draco ou Harry nunca haviam falado nisso.

Não havia um significado profundo, mas nenhum deles cresceu em um lar amoroso, falar "eu te amo" não era um costume para eles. Assim, amavam Ted, mas preferiam demostrar com ações.

— eu aprendi muitas músicas infantis no meu trabalho, tem uma nova que está fazendo muito sucesso, aposto que não conhece. Quer ouvir? - ela parecia animada e sorridente falando do trabalho, isso deixava Draco feliz.

— não realmente.

— você quer sim - ela ignorou a negação e começou a cantar enquanto balançava as mãozinhas de Ted

O lorde é malvado
Mas Harry Potter nos salvou
Com a varinha das varinhas
o mal evaporou.

A varinha das varinhas
pode ser mal e bem
Mas agora destruída
Não pertence a ninguém.

O mundo está a salvo
E então todos cantam
La-la-la
Viva a Harry Potter...

No final, com a última frase dita em grande euforia, Teddy já estava tentando cantar, parecia maravilhado com a letra e talvez achasse mais divertido ainda que houvesse o nome de Harry no meio.

— isso é ridículo - o loiro fez uma careta, indignado por existir uma música tão idiota.

— não precisa ficar com ciúmes, somos apenas gratos por Potter ter nos salvado. Ah, sim, não posso esquecer seu presente — Pansy apertou rapidamente Ted e logo o soltou puxando a sacola el embrulho amarelo que havia ao seu lado e Draco conseguiu deduzir rapidamente o que tinha dentro.

— não me diga que são roupas?

— oh, não. Me tornei a tia chata que dá roupa para crianças - Pansy colocou a mão na boca que se abriu em surpresa, seu rosto franzia como se houvesse cometido um crime — mas brinquedos são tão caros e eu não fazia ideia do que escolher.

— não é esse o problema - Draco riu do drama, sabia que era mais dramático, ainda sim, era divertido assisti-la — você comprou calças ou shorts?

— eu não sou boba, estamos em pleno inverno, por que compraria shorts?

— tem razão, mas é que Ted não usa calças, não sei se reparou, mas ele tem uma certa preferência por saias.

— oh, droga. Eu acho que consigo trocar, mas queria dar algo hoje... eu acho que consigo transfigurar.

— não tenha pressa - ele a tranquilizou.

— então, o que aconteceu? - Pansy direcionou a atenção para Draco.

— nada, por que acha que tem algo?

— fale logo.

Draco colocou as duas coisas na balança, falar de Blaise que iria destruir mais ainda Pansy ou falar de como Harry foi um idiota com ele porque o loiro ignorou os conselhos da amiga.

— Potter não gosta de mim - com certeza falar mal de Potter era melhor.

— explique melhor.

— nos beijamos de novo e ele falou que era hétero e só estava experimentando.

— e o que eu te disse?

— para esconder meu coração e não deixar ele quebrar

— e o que você fez?

— entreguei meu coração de bandeja e ele quebrou - o resto de orgulho e dignidade que havia em si provavelmente havia desistido e ido embora depois daquelas palavras.

— e o que você vai fazer agora?

— seguir seus conselhos.

— ótimo - ela suspirou e os olhos cinzas ainda a olhavam em expectativa quando ela puxou-lhe para deitar a cabeça em seu colo — ah, sério, por que garotos são assim? Não conseguem pensar com a cabeça de cima? Eu aposto que mesmo sendo humilhado assim você o deixou beijar de novo.

Ele sentiu o olhar acusador de Pansy caído sobre si e se remexeu desconfortável, — não foi no mesmo dia. A única coisa que conseguiu pensar foi em murmurar.

— oh, Santa Morgana, você realmente fez isso? Eu estava sendo irônica! - Pansy parecia completamente aterrorizada pela ação do loiro — é assim que protege seu coração?

— eu já estou me sentindo horrível, não quero ouvir seus sermões.

Teddy não entendia nada do que estava acontecendo, mas parou sua exploração para voltar aos braços de Draco e se aconchegar lá, apenas porque sentiu que deveria.

— minha mãe sempre disse que o melhor jeito de superar um cara era dormir com o melhor amigo dele.

— o melhor amigo dele é o Weasley - os dois se entreolharam em uma careta.

— ... o que minha mãe sabia? Ela é uma idiota que abandonou a filha. Tem um jeito bem mais simples de superar um coração quebrado.

— qual?

— sexo - a expressão assustada de Maldoy foi seguida do instinto em impedir que Teddy ouvisse, tampando os ouvidos dele. 

— não - Draco franziu o cenho, e nem se deu ao trabalho de falar mais nada, descartando a ideia.

— sim, e pra você, eu receito uma boa dose de Potter.

— o que? Não vou transar com ninguém só por isso - ele falou baixo e não satisfeito em apenas colocar as mão nos ouvidos de Teddy, fez um feitiço de silêncio para a conversa não ser ouvida pelo garotinho.

— você precisa disso, e com uma pessoa muito específica, me ouça pelo menos uma vez e durma com Potter. E então você vai poder finalizar isso. E finalmente superar.

— isso nem faz sentido, você só está falando isso para me zoar. - o homem fez uma careta e levantou voltando a se sentar com a postura ereta.

— não é, me ouça. O que sente chama tesão sexual, vocês tem isso desde que é ilegal eu comentar sobre, enfim, o fato é que isso foi intensificado com toda a questão de morar com ele e não estar transando com ninguém e ao invés de fugir disso, deveria apenas encara a situação, faça sexo com ele, veja que não é grande coisa, se desapegue.

Ela falava séria, talvez realmente desse certo, afinal, Draco tinha uma vida sexualmente ativa há um tempo, tinha mais experiência nisso que a maioria das pessoas de sua idade e podia imaginar que mais d o que Harry, com certeza mais do que ele em sexo entre caras. Talvez, só talvez ela tivesse uma pontinha de sentido nessa teoria, mas em grande parte, sentia que ela fazia isso de proposito contanto com a variavel de que talvez Potter seja bom e isso acabe o fazendo se apaixonar mais ainda. De qualquer modo, havia algo superior a isso tudo, o respeito que Draco sentia pelos sentimentos do outro, apesar de não demonstrar, não significa que iria se aproveitar dele.

— eu não vou usar ele desse jeito - não que achasse que Pansy iria tomar isso como motivo suficiente, sabia que ela não se importava nem um pouco com os sentimentos de Harry e mesmo que talvez tenha criado uma certa simpatia por ele depois de ter literalmente salvado o mundo, de algum jeito, aos olhos dela ele ainda não era bom o suficiente para Draco, o que era irônico, já que Draco pensava exatamente o contrário.

— ele já está te usando, vai apenas deixar isso continuar?

Se ela houvesse dito isso da primeira vez em que ele pediu conselhos, talvez Draco tivesse cogitado a possibilidade. Mas na atual situação. Aquilo era como a última coisa que podia passar pela sua mente. As coisas eram mais complicadas do que gostaria, e Draco por si só sabia que era complicado o bastante apenas por se tratar de 'Malfoy e Potter: os inimigos de infância'.

— não é só isso... ele mentiu pra mim e eu sei que é idiota, mas me decepcionou e tem tanta coisa acontecendo.

— nada pior do que já tenha acontecido - Pansy banalizou e o loiro puxou o ar para falar tudo de uma vez.

— minha mãe está terrível, recebeu ameaças, meu pai morreu, Potter me usou e ainda mentiu pra mim. Aparentemente estou sendo caçado por pelos comensais ou imitadores, não sei - Draco começou a enumerar os acontecimentos, eram muitos e cada vez piores, fez questão de não citar Blaise, mas daquele momento em diante já não fazia questão de guardar segredo.

— ... agora eu não sei como vou te contar isso - Pansy começou, mas não tinha coragem de continuar a fala e Draco arregalou os olhos. Haviam mais problemas?

— é sobre Blaise?

— sim, eu não sei direito, mas acho que ele mentiu sobre estar seguro, eu o liguei pela lareira ontem e o vi completamente tenso então apareceu um vulto por trás, e ele ficou um pouco nervoso, mas disse que não era nada.

Draco comparou as duas opções que tinha novamente, contar a verdade era a decisão mais sensata e lógica do momento, apesar de que não queria realmente fazer isso. Sentia que era melhor confortar a amiga com uma verdade absoluta do que ludibriar com um falso conforto.

— ele está no hospital, não sei os detalhes, mas foi machucado por comensais, os aurores estão o protegendo - Draco falou com calma e como o esperado, Pansy só precisou de um segundo para processar a informação e logo sua expressão de surpresa se tornou raiva.

— ou é o que Potter te contou, quem garante que não foram os aurores que o machucaram?

— na verdade, ninguém. E não foi Potter quem me contou, foi a senhora Malfoy.

— oh, sua mãe está no mesmo hospital que ele... - ela falou em voz alta assimilando a informação — então esse é seu problema com Potter? Ele não te contou sobre Blaise?

— e sobre meu pai, tenho certeza que sabia.

— e o que iria fazer com a informação? Chorar por Blaise? Dar uma festa pelo seu pai?

— Ei - Draco deu um empurrão nela, às vezes Pansy era apenas muito rude e fria — ele era meu pai, não importa o que aconteceu, entende que no fim ele se sacrificou pela família?

— como se ele tivesse outra escolha.

Pansy desdenhava do ato, porque repugnava o homem desde que ele permitiu que a marca negra fosse colocada no braço do filho, mas de fato, talvez Lucius pudesse ter tentado fugir ou lutar mais, porém, quando entendeu que se deixar ser preso em Azkaban iria fornecer uma chance para sua mulher e seu filho, ele aceitou a prisão. Seja porque estava cansado de lutar, ou pelo bem dos outros.

— esquece. Eu ainda não sei como me sinto, então podemos apenas mudar de assunto.

— claro, uma última coisa... quem machucou Blaise?

— eu não sei, minha mãe disse que pode ser Nott, já que ele é um tipo de líder desses comensais que querem vingança e foi muito estranho terem ido atrás de Blaise que estava em outro país. Parece que ela ouviu alguns aurores falar - ele passou a mão pelos cabelos tentando lembrar, mas sua mente estava nublada.

— fala sério, Draco. Nós conhecemos Nott desde que tinhamos 11 anos, ele é um idiota, mas não iria sair matando pessoas, ele se dava bem com Blaise - a amiga não parecia acreditar que Draco sequer levava a sério uma suposição como essa.

— eu não sei o que pensar, só estou me dizendo o que me falaram! - Draco falou em um tom de voz mais alto que o necessário. Pansy sorriu, porque sabia exatamente o que dizer.

— sabe que acho lindo como seu olho fica mais claro quando fica bravo?

— oh, por favor, eu sou lindo de qualquer jeito - ele cruzou os braços em uma pose superior infantil e nostálgica, parecia mais relaxado. Ele estava brincando, mas os dois sabiam que havia uma certa verdade narcisista por trás daquilo.

— duaco lindo - Teddy se intrometeu e todo o clima de tensão acabou se dispersando quando Draco sorriu docemente para o garotinho.

Draco se assustou com a constatação de que o garoto estava os ouvindo, supostamente havia um feitiço impedindo isso, talvez ele tenha se desfeito ou feito de mal jeito, uma outra probabilidade é que nunca tenha chegado a ser lançado apropriadamente. 

—————
Notas da autora:
Eu demorei e tenho uma ótima desculpa. Atividades do ead. Mas agora eu estou de férias e tenho até o capítulo extra pronto. Provavelmente vou postar ele amanhã, ou talvez hoje mais tarde, comentem o que preferirem.

Um pouco de interação:

• como acham que Draco está reagindo a tudo isso? Vocês são diferentes ou iguais a ele?

• e o que acham do Teddy de saia?

• como fica drarry daqui pra frente?

Eu comentei no capítulo anterior sobre estar insegura com a fic, mas entendam que eu estou amando ela. Não tenho intenções de abandoná-la, mas por ser uma iniciante eu fico preocupada em fazer um bom trabalho. Saber que vocês gostam é o suficiente🥰

Obrigada pelos comentário e votos.

Até a próxima❣️

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