X. Ciúmes?
Aquela casa era definitivamente um esconderijo, perto da mansão que os sangue puros vivem ela era apenas miserável. Os móveis velhos, a pintura desbotada, pisos encardidos, nada parecia ao menos novo lá, o fato da má iluminação e poucas janelas deixar o lugar parecer ainda mais escuro também não ajudava, cada passo era um piso solto e rangido diferente.
Astoria estava um pouco diferente, era difícil apontar algo específico, algo em seu olhar, seu sorriso, até mesmo seu cabelo parecia mais leve e brilhante. Mesmo no meio daquele entulho que estava chamando de casa, parecia feliz. Draco rapidamente descobriu que existia um bom motivo para a alegria mesmo naquele lugar.
— grávida?! - ele ficou em pé sem ao menos notar.
— eu fiquei tão surpresa quanto você, faz dois meses, mas eu só descobri há uma semana - ela acariciou a barriga por cima do vestido, o volume ainda não era muito aparente, mas inacreditavelmente, lá dentro havia um bebê.
— então, o pai?
— eu o conheci na minha viagem em Paris, ele é um belo modelo - o loiro ficou confuso, sem ter certeza se aquilo era alguma profissão estranha, mas a amiga esclareceu: — ele é um nascido trouxa - Draco havia acabado de se sentar novamente e teve que se segurar para não se levantar.
— você deve ter ficado louca.
— pelo menos eu não sou apaixonada pelo salvador que juro odiar - ela retrucou um tanto ofendida pela reação do amigo, mas não é como se não tivesse previsto.
— o que é isso? Todo mundo sabe?
— Draco, querido, você subiu em cima de uma árvore só pra impressionar ele.
Greengrass sorriu maldosamente enquanto tomava um gole de sua xícara de chá, os dois adultos estavam sentados de frente um para o outro, o que facilitava encarar e depois de olhares sarcásticos, eles haviam voltado ao normal. Rindo de toda a situação bagunçada.
— e todo aquele papo de ser uma mulher independente, de não estar pronta pra casar?
— bem... eu ainda não sei ao certo, mas eu estou tão louca por ele, sinto que faria de tudo, e agora vamos tem um filho, casar parece pouca coisa, já que vamos ter uma ligação viva entre nós. Digo, agora vamos ser responsáveis pela porra de uma vida, isso é tão assustador, mas ao mesmo tempo, me deixa eufórica.
— isso é ótimo, mas um sangue ruim?
— Draco! Ele pode chegar a qualquer momento e não gosta de ser chamado assim. Eu abri a minha mente depois da guerra, ok? E também, quando fui pra outros países vi como aqui o preconceito parecia bem pior, eu amo ele e já amo meu filho.
— claro, claro. Eu entendo você, esse negócio de ser responsável por uma vida, eu estou numa situação pior se levar em conta que moro com Potter - Draco revirou os olhos lembrando da discussão de manhã, por causa da louça, já que Harry havia prometido que lavaria, mas como havia chegado tarde e estava cansado, deixou ela toda empilhada e quando o loiro acordou no dia seguinte não ficou nada feliz.
— o que? Como?
— aquele idiota, ele acha que só ele fica cansado de trabalhar? Ok, eu não vou trabalhar todos os dias e só trabalho seis horas por dia, mas a culpa não é minha e outra, Ted me cansa. Ele iria morrer por lavar uma louça?
— calma, me conta isso direito. Você tá morando com Harry Potter? Tipo, o Harry Potter que salvou o fucking mundo bruxo que você tem um crush e não tá aproveitando essa oportunidade?
Draco acabou contando a história inteira para a amiga, comentando até mesmo de Pansy, se Astoria pudesse iria visitar a morena, mesmo que não fosse uma amiga próxima dela, mas agora que estava grávida, tudo ficava mais complicado e ainda mais quando não só sua família estava a perseguindo, mas algumas pessoas ainda mais perigosas.
Astoria revelou o verdadeiro motivo de ter chamado Draco. Precisava fugir, porque assim como alguns comensais fugitivos a perseguiam, também estavam atrás dos Malfoy e todas as outras grandes famílias que tiveram a oportunidade de delatar os outros para diminuir a pena.
— está dizendo que tem comensais querendo nos castigar pelas merdas que eles fizeram? - Draco teve que confirmar o absurdo que ouvia, desde a guerra, muitos comensais acabaram fugindo e houve alguns rebeldes que tentaram lutar e até mesmo ir atrás das famílias influentes como os Malfoy.
Mas já fazia dois anos, não fazia sentido continuar com essa vingança sem sentido se todos perderam. Afinal, em uma guerra não há vencedores, apenas os que conseguiram sobreviver.
— acha que vão fazer algo com a minha mãe?
— Draco, ele estão bravos e estão procurando alguém pra culpar as desgraças alheias, querem matar você - a morena repetiu, já que ele não parecia ter entendido a dimensão do problema.
— bem, eu estou vivo e consigo me virar, mas a minha mãe está vegetando, de eles desligarem os aparelhos ela morre, não é difícil.
— você nem tem uma varinha pra se defender mais, fique aqui na Londres trouxa comigo, apenas por um tempo - ela colocou a mão por cima da dele que estava apoiada na mesa entre eles, não havia segundas intenções, o desespero naqueles olhos verdes deixam isso claro.
Agora que ela havia se inclinado um pouco, a luz iluminava perfeitamente aqueles belos par de olhos e Malfoy se lembrou porque quase se deixou levar com a ideia daquele casamento que seus pais queriam montar. Aqueles olhos esmeraldas eram bem semelhantes a um que ele conhecia, a diferença é que eles funcionavam muito bem sem óculos ridiculamente redondos.
— se eles quiserem me achar não é isso que vai impedi-los e eu não posso simplesmente abandonar Teddy - o loiro deslizou sua mão a tirando do toque de Astoria.
— ninguém vai abandonar ele, Teddy tem literalmente o salvador do mundo bruxo bem do lado dele.
— mas aquele idiota não consegue cuidar de Ted sozinho, nem eu consigo, é difícil cuidar de uma criança. Precisamos ficar juntos pra isso funcionar.
— você ainda não me explicou porque não está aproveitando essa oportunidade, faz o que precisar fazer. Você é bom com poções, coloca amortentia no café da manhã dele - a mulher sorria com as possibilidades, e Draco não se segurou em gargalhar com os absurdos que a amiga propunha.
— primeiro, é ele quem cozinha e segundo, eu já desisti, não é como se algum dia eu tivesse chances. Tia Andrômeda estava certa, não temos chances mesmo com amortentia.
— por que?
— eu resolvi fazer o que sempre fiz, já que não fosse demonstrar meus sentimentos, vou descarregar eles em forma de raiva.
— isso não parece uma boa ideia.
— sabe o que não foi uma boa ideia? - Astoria nem teve a chance de responder, já que o loiro se apressou — um coração no mercado negro custa 400.000 galleons e eu dei o meu pra ele de graça! Aquele idiota ingrato! - Draco se deixou levar pela raiva e a mulher acabou rindo.
— a namorada dele-
— eles terminaram - o loiro nem ao menos havia dado a chance dela terminar a frase, mas amiga logo pensou em outra suposição.
— então ele fez algo-
— ele me trata bem.
— então? - ela indagou frustrada, não parecia a ver um obstáculo real.
— eu apenas acordei pra realidade, apenas não combina, certo? Eu sou um sonserino e ele é um grifiótario.
— você quis dizer grifinório - Greengrass corrigiu confusa, pois não havia entendido o trocadilho, e o loiro sorriu.
— não... ele é um otario mesmo.
— você acha que ficar perto desse otario vai salvar sua vida? Por isso vai arriscar continuar no mundo bruxo? - ela não queria saber de piadas, apesar de que não conseguiu segurar um riso soprado.
— é o meu lugar, eu não saberia o que fazer se não estivesse lá - a tentativa de um sorriso sarcástico saiu apenas melancólico, e a amiga, sensível por conta da gravidez, acabou deixando algumas lágrimas derramarem, com pura preocupação.
...
— você chegou tarde - foi a primeira coisa que ouviu assim que entrou na sala, encontrando Potter no sofá em meio aos papéis.
— muito observador da sua parte, Potter - o loiro não estava com paciência e nem queria ter que dar atenção para o salvador, ainda mais enquanto ele estava em seu uniforme ridículo de auror.
— onde você estava?
— eu acho que isso não é da sua conta. Onde está Teddy?
— dormindo - Harry murmurou e logo continuou com um tom bem mais afetado — eu tive que dar um jeito de trabalhar com Ted na minha cola, se eu soubesse que você estava passeando pela Londres trouxa eu teria apenas deixado ele com você.
— como você sabe onde eu estava?
— por que estava lá? - ele retrucou a pergunta e Malfoy apenas franziu as sobrancelhas, assustado e confuso.
— você é louco - o moreno entrou em sua frente assim que viu o loiro tentando sair do cômodo.
— por que não está me respondendo?
— porque não é da sua conta! Merlin, você sabe ser irritante! - seu ombro bateu contra o de Harry enquanto ele passava por ele, não foi proposital, ou talvez fosse.
— ok, não é da minha conta se você foi se encontrar com a sua namorada. Agora, você se expôs para um perigo, tem um monte de gente querendo a sua cabeça em uma bandeja e você fica andando por aí sei nenhuma proteção apenas porque quer ver Astoria! - o tom de voz de Harry se elevou, enquanto Draco dei as costas para ele e continuou andando pelo longo corredor, mas assim que ouviu a fala de moreno ele congelou e teve que se esforçar para sorrir com sarcasmo ao invés de apenas socar a cara daquele idiota de olhos verdes.
— uou, uou... você está me seguindo, Potter, voltamos ao sexto ano?
— um auror viu você agindo suspeito e te seguiu, viram você e a Astoria, me informaram, isso é parte do meu trabalho - Harry tentou se explicar, mas acabou tornando as coisas piores e quando percebeu isso já era tarde demais.
— espera, eu estou sendo vigiado até mesmo por vocês? Digo, eu já entendi, sou um comensal e o ministério está no meu pé. Mas os aurores deveriam procurar os outros comensais, ou sei lá. E você tem acesso sobre isso, quer dizer, nós dois morarmos juntos também é parte do seu trabalho pra extrair informações?
— o que? Não! Olhe as besteiras que está falando.
Os dois adultos não eram exatamente os mais calmos, e qualquer um sabia que eles nunca haviam se dado muito bem. Todavia, essa era de longe a briga mais intensa que tiveram desde que começaram a morar juntos. E se comparada com a briga anterior, por conta do encontro caótico de Malfoy com a família ruiva, o motivo parecia fútil no começo, mas de repente, virou uma grande coisa. E o que era sobre Malfoy não falar com quem estava ou Harry estar irritado pelo estresse de cuidar de Teddy sozinho, acabou virando uma briga sobre a desconfiança de Harry, as coisas que Malfoy escondia, e de repente eles apenas estavam xingando e falando coisas sem sentido, o loiro reclamou sobre a mania de Harry deixar os copos espalhados pela casa, e até mesmo Gina virou um tópico. Potter também já não tinha congruência, falando sobre como Draco não sabia fazer nenhuma tarefa doméstica corretamente, seja cozinhar ou limpar, e trabalhar à noite era uma péssima ideia.
— por que está trazendo Gina pra nossa briga?
— bem, porque ela é ridícula igual a esses seus argumentos? - Draco disse com um sorriso sarcástico, mas por dentro, ele mesmo não fazia mais ideia do que estava falando.
— você nem faz mais sentido.
— e você faz? Me perseguindo e mandando pessoas atrás de mim quando eu coloco o pé pra fora, sendo que aqui dentro você vive dizendo que confia em mim.
— eu confio! E eu estou me esforçando, você me viu indo pra casa dos Weasley? Eles são a minha família e eu estou deixando eles de lado por você, não consegue ver que eu desisti de algo tão importante por você.
— legal, mas eu nunca te pedi isso - Draco falou friamente, pois estava com raiva, mas parte de si ficou arrependido assim que as palavras saíram.
A boca de Harry abriu, pronta pra colocar toda sua raiva em palavras, tentando ainda se controlar para não elevar aquela briga verbal para uma física. Contudo, novamente, havia um pequeno serzinho que salvava a vida de todos.
— parem de b'igar! - Teddy gritou o mais alto que conseguiu, por estar no alto da escadaria sua voz deu uma leve ecoada pelo resto da mansão.
Os dois adultos tiveram o mesmo reflexo de sair correndo na direção do garotinho com medo de que ele descesse as escadas sozinho ou acabar escorregando. Definitivamente, se mudar para um lugar mais seguro para crianças parecia mais interessante a cada dia.
— desculpe Ted, nós acordamos você?
— sim, agora Ted tem fome - o garotinho falou manhoso enquanto coçava seu olho.
— já está na hora da janta, ah, por que deixou ele dormir até tão tarde? - Draco começou a reclamar de novo.
— talvez porque eu estava muito ocupado trabalhando pra fazer ele dormir de tarde.
— vão b'igar de novo? - Ted cruzou os braços e fez um bico com os lábios, a expressão que acreditava ser a mais brava.
— foi ele quem começou - os dois adultos responderam em uníssono, e se entreolharam antes de rir, nunca poderia imaginar que receberiam broncas de um garotinho com pouco mais de dois anos.
Mas afinal, era aquele garotinho o motivo de tudo, e nenhum dos dois tinha coragem de admitir, mas eram gratos por Teddy tem entrado na vida deles. Apesar dos pesares, a vida parecia ter ficado mais colorida desde que começaram a viver todos juntos.
Como uma "punição" na hora de dormir, Teddy pediu para os dois adultos dormirem juntamente com ele, e novamente, Draco não conseguiu dizer não para aqueles olhinhos brilhantes. E Harry continuou irrelevante, a única coisa que mudou foi que no dia seguinte, Teddy havia se levantado do meio deles e foi para o seu quarto passando o tempo esperando pacientemente os adultos acordarem, pensando como adultos eram chatos.
Naquela altura, eles já estavam entrelaçados um no outro em um completo e profundo sono, mesmo que os raios solares já estivessem se manifestado em meio as frestas da cortina.
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Notas da autora:
Não se esqueçam de votar! É só clicar na estrelinha
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Por que você não clica?
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Será que você sabe clicar?
Foi mal gente kkkk mas vota aí, na moral.
Falando de algo útil, eu não sei se isso foi comentado, mas a história se passa nos anos 2000, já que Ted nasceu em 1998 e agora tem dois anos e pouco. Além disso, tanto Draco quanto Harry nasceram em 1980 e tem 20 anos no momento.
Eu disse que ia postar o cap antes de segunda... eu aqui postando o cap quase terça feira 👁_👁 desculpa gente kkk não desistam de mim.
O próximo capítulo vai demorar um pouco, mas vai ser bem mais longo.
Obrigada por lerem e comentarem, até a próxima ❣️
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