No caminho...

Marcos: - Papai, o mateus vive sonhando, mas ele disse que vai dar tudo certo e isto vai um dia mudar.

Sr. José: - Seu irmão é sonhador, mas porque não sonhar com ele?

Narrador: Assim foram, uma viagem de 2 dias, conseguiram alimento para 2 meses, na volta bateu uma tristeza em Sr. José, mas ele não sabia porque, ao chegar na casa a festa da criançada, pois a muito tempo que só existia fubá.

Sr. José: - Maria, conseguimos alimento para 2 meses e será assim até enquanto haver estiagem, o "governo" irá ajudar a todos com remédio e alimento.

D. Maria: - Graças a Deus, pois ele ouviu minhas orações!

Sr. José: - Tenho outra novidade! Em todos os sítios será implantado Cisternas que irá reservar água da chuva para quando vier a seca, com isso teremos água para os animais e plantação.

D. Maria: - Fico feliz com isso, eu e o Mateus conseguimos água o suficiente para o nosso banho e para cozinhar, mas tem um problema, nestes dois dias seu pai piorou, está com a voz fraca, chamou todos nós ao lado dele, parece estar se despedindo.

Rute: - Eu acabei de dar água para ele, ele olhou para mim pegou a Larissa nos braços e disse: - Estou indo embora e fechou os olhos.

Narrador: Foi aquele desespero, as crianças amavam o avô, mas não tinha mais o que fazer, já fora da idade, longe de tudo, não dava tempo de nada, a única coisa a fazer era retornar para o vilarejo para acertar o enterro de seu pai.

Lucas: - Mãe, o que acontece depois que morre? Os corvos comem igual come os animais?

D. Maria: - Não, meu filho, ele vai ter um lugarzinho só para ele na cidade, vai ficar bem guardado, para sempre.

Marcos: - Agora vai ficar tão triste sem o vovô.

D. Maria: - Foi melhor assim, ele viveu 70 anos, quando sua tia Rute nasceu, sua vó morreu, ele criou seu pai e sua tia sozinho, formou essas terras, possui gado e em todas as estiagens aquele sofrimento, passou muita fome para dar o que comer aos filhos, agora a hora dele chegou.

Mateus: - Mamãe, eu quero crescer e poder melhorar a vida de vocês, para o vovô não deu tempo, mas para vocês eu vou mudar tudo isto.

Marcos: - Você sonha demais Mateus, como você pode mudar isso?

Mateus: - Mamãe, eu quero estudar na cidade, depois vou trabalhar e volto buscar vocês.

D. Maria: - Nós não temos condições meu filho, a escola é muito longe daqui e você só tem 8 anos! E seus irmãos se quiserem também estudar? Como iremos fazer?

Mateus: - Eu vou primeiro, depois venho buscar vocês.

- Marcos: - Se você conseguir mesmo, não esquece de nós.

Narrador: O desejo de Mateus era muito grande, com a morte do avô, o sonho dele foi mais longe, pois o avô sofreu muito, criou os filhos, mas morreu sem conforto.

Passou-se aquele ano, e no próximo a mesma coisa, a vida difícil, as crianças crescendo, o gado que se multiplicava nas águas morriam na seca, nada mudava, mas para Mateus algo mudou.

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Não percebemos o sofrimento daqueles que necessitam, até nós passamos por ele.