❂ CAPÍTULO 3: ❂

Enquanto isso, após um dia inteiro navegando, o enorme navio pirata finalmente havia chegado as coordenadas que o capitão lhes havia dado, que conseguira tal localização estratégica após retirar junto de seus subordinados tais informações de marinheiros desavisados vistos como loucos pela aldeia já que alegavam concretamente que haviam visto e interagido com sereias em algumas expedições nessas águas. Desse modo, após todo dia com o barco em movimento para a sua busca pela região, decidiram que iriam tentar uma estratégia diferente. Ancorando o barco em algumas falésias que ali existiam, fazendo com que este ficasse completamente estático, ficaram em completo silêncio na escuridão com exceção das luzes laterais as quais serviam para de certa forma atrair alguma coisa, de preferência, uma ninfa das águas.

Barba Negra naquele momento andava de um lado para o outro em sua sala com a bússola sagrada na mão direita, e um mapa sobre a mesa gasta de ferro, esperando que os ponteiros vermelhos do cursor se movessem revelando desse jeito o que mais queria, o caminho para a fonte do rejuvenescimento. Sem embargo, o estranho para si era que ao invés da seta apontar para alguma direção do modelo cartográfico de Sao Feng, ela apontava para a sua pequena janela, como se afirmasse que a sua tão aguardada pista encontrava-se mais perto do que imaginara. Estranhando esse evento, guardou seu mapa precioso em sua gaveta, a trancando e partindo assim com a bússola dourada até o convés onde passando por seus homens, seguiu até a beirada da embarcação olhando para o instrumento mágico o qual agora apontava para baixo.

Nesse período em que Edward seguira até a proa do navio, os demais corsários pararam atrás de si observando o mar e exatamente onde a bússola indicara, encontrava-se uma mulher extremamente bela que ao que parecia, admirada observava a caixa de vidro com a vela negra que enfeitiçada, nunca apagava a não ser se assim o capitão desejasse. Virando-se vagarosamente para os homens parados as suas costas, prontamente sinalizou para que fizessem silêncio e, ao mesmo tempo para que alguém trouxesse uma rede de pesca enquanto que encarando a vela, aumentou a sua chama pelo comando suave das palavras encantadas para desse modo fazer com que a luminosidade mais densa, conquistasse ainda mais o assombro da linda criatura.

Anya não imaginava o que estava por vir, por ter sido imensamente protegida por seus progenitores, desconhecia boa parte da maldade do mundo, apenas conhecendo aquilo que estava escrito em seus livros, o que infelizmente não era o suficiente para alertá-la de tudo que poderia encontrar no mundo exterior. Após saciar a sua curiosidade, a princesa preparou-se para voltar a festa dado que a essa altura sua mãe já estaria muito preocupada com a sua demora, mas ao invés disso, sentira algo caindo sobre si que possuía alguns pesos nas extremidades, o que impedia com que ela usasse sua força para erguer este objeto que a estava mantendo inerte. Aterrorizada, se empenhou em nadar para baixo, tentando desse modo sair pela parte aberta dos fios que a contia.

Todavia, para a sua agonia, era como se houvesse uma parede invisível que a impedia de atravessar os poucos centímetros que faltavam para ver-se liberta novamente. Apesar disso, como era obstinada, não desistiria tão facilmente e continuou forçando as mãos e a calda em sua prisão tentando desse jeito rompê-la, o que não durou muito pois seus atos desesperados foram prontamente interrompidos ao sentir o cubículo que a cerava sendo levantado em direção ao topo do objeto boiante ao seu lado onde gritos de euforia eram ouvidos por todos os lados da embarcação.

Quando começou a ser levantada para dentro do barco, a ausência da água se fez presente e com ela, um brilho púrpura cegou momentaneamente a todos, onde diante de seus olhos a sereia viu a sua linda cauda em tons de azul começando a transformar-se em duas pernas humanas. Onde um colar prata com uma pequena concha da cor da sua proeminência tão característica surgiu em seu pescoço. Isso fora exageradamente surreal, porque até acontecer, a jovem dama somente possuía leves suspeitavas de que podia transformar-se em uma humana, já que pelo que lera nos livros da biblioteca, essa seria a provável reação de seus corpos ao sair da água e não sabia-se com certeza desse fato, dado que a mais de três séculos, seu povo não aventurava-se para fora do mar.

Apesar disso, ao perceber sua situação, no mesmo instante voltara a realidade em que se encontrava semi nua com duas conchas azuis verde água em seus seios e uma calça Sifu azul Royal de um tecido translúcido além de estar sozinha em um local com pessoas que não pareciam ser amigáveis ou até mesmo compreensivas. Nesse instante um silêncio estranho instalou-se no barco especialmente por parte dos marujos que observavam a mulher angelical a sua frente que sem perder a chance tentou arrastar-se de volta para o mar o que infelizmente não aconteceu visto que Barba Negra agachou-se e segurou em seu tornozelo antes que fosse capaz de chegar até o seu objetivo.

O olhar que recebera desse homem de meia-idade jamais esqueceria. O modo como sorriu de um jeito maldoso e estourou em uma gargalhada cínica enquanto a segurava pelos cabelos e a arremessava no centro da platéia de piratas, a deixou completamente impactada, ocasionando com que o corpo magro e frágil da mulher se machucasse no processo e por nunca ter tido pernas antes não conseguia fazer com que elas se movessem acabando por ficar atirada no piso escuro e esburacado, sentindo-se sobre tudo humilhada pelo tratamento que recebera.

— Tripulação, hoje iremos comemorar a nossa conquista, estamos a poucos passos do nosso objetivo! — Bradou o temível líder aos demais em sua volta.

— Maurice!

— Sim senhor capitão.

— Leve-a ao porão e certifique-se de que esteja bem contida.

— Agora mesmo senhor — Exclamou com empolgação o tripulante o qual aparentava estar por volta de seus quarenta e seis anos mas que ainda possuía uma complexão forte para a sua idade, esboçando um sorriso atroz à indefesa criatura que ainda se encontrava atirada no frio piso de madeira.

Em passos largos, o homem de origem asiática encaminhou-se até a sereia que mesmo dolorida tentou afastar-se mesmo que esse ato não o tenha impedido de agarrá-la pelas partes inferiores das coxas, a colocando em cima do seu ombro. Firmemente a segurou para que esta não conseguisse fugir do seu agarre e assim em meio a comemoração ao seu redor ambos partiram para as escadas do barco, as quais levavam ao interior do navio que abrigava diversas salas como a cabine do capitão, as cabines de honra, a cozinha, os banheiros, o escritório e as salas voltadas mais à defesa do mesmo e foi aí que sem um pingo de delicadeza o homem abriu a quinta porta a sua esquerda e a jogou ali dentro como se tratasse de uma carga pesada a qual nem importavam-se, partindo tão rapidamente quanto a soltara ali dentro mas sem esquecer-se de trancar a porta, acabando com a ponta de esperança que ainda lhe restava de sair dali o mais rápido possível.

Apoiando-se pelos móveis ali presentes, tentou chegar a única janela ali presente, tão pequena e arredondada que seria praticamente impossível de sair por ali especialmente com a incapacidade dos seus agora pés. Desanimando ainda mais as suas feições, Anya sentou-se em um baú envelhecido pelo tempo que encontrava-se próximo à única fonte de iluminação daquele local, sustentando o cotovelo na leve elevação da mesma e o queixo em sua mão enquanto derrotada, ouvia o barulho do barco sendo desancorado e com este mesmo a sua chance de retornar para Atlantis.

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