𝟎𝟑𝖝𝟏𝟕 '𝕺𝖚𝖙 𝖔𝖋 𝖈𝖔𝖓𝖙𝖗𝖔𝖑 𝕸𝖊𝖓'


Alyssane se jogou na cama, os lençóis macios mal trazendo o conforto de que precisava. Ela se sentia desgastada, emocional de uma forma que não costumava ser. O reencontro com Jacaerys e Lucerys a abalara mais do que esperava. 

Não era como ela; Alyssane sempre conseguira manter suas emoções sob controle, especialmente quando se tratava da família. Mas aquela tarde mexera com ela de um jeito que não sabia explicar, uma mistura de nostalgia e uma dor silenciosa que ecoava em seu peito.

Ela passou o resto do dia ali, no quarto, enjoada. Cada vez que se lembrava da conversa que tivera com Aemond mais cedo, sentia uma leve ânsia. As palavras dele ecoavam em sua mente, duras, possessivas. O modo como ele justificava seus atos, especialmente o assassinato frio da empregada, fazia seu estômago se revirar. Era uma sombra sempre presente entre eles, uma memória que ela tentava reprimir, mas que voltava à tona nos momentos mais vulneráveis.

"Talvez tenha comido algo ruim" pensou, tentando racionalizar o desconforto físico que se misturava ao emocional. Mas sabia que não era só isso. Sua cabeça latejava, e seu corpo parecia em desequilíbrio. Aquele mal-estar não era apenas estômago, era algo mais profundo. 

Sua mente vagueava de volta a Aemond, a presença dele tão ausente quanto pesada. Mesmo com tudo o que o irmão fizera, mesmo com as dúvidas e a repulsa que surgiam de vez em quando, parte dela ainda o queria ali, naquela noite. Ela sempre o quisera.

Mas Aemond não apareceu.

Ela esperou, como sempre, com o coração dividido entre o desejo e o medo. Havia uma parte dela que ansiava pela presença dele, pela sensação de segurança e de posse que ele lhe trazia, e outra parte que se perguntava até quando continuaria carregando os segredos e os fardos de uma relação tão complicada.

No dia seguinte, Alyssane acordou com o mesmo mal-estar que a perseguira durante a noite. O enjoo persistia, e o peso em seu estômago parecia aumentar, deixando-a desconfortável. Suspirou, passando a mão pelo rosto e tentando afastar o cansaço. Havia algo no ar, uma sensação de que o dia traria tensões. E ela sabia exatamente o motivo.

A audiência sobre a sucessão de Driftmark estava acontecendo naquela manhã. Alyssane sabia que Otto, seu avô, e Alicent, a rainha regente, haviam decidido apoiar Vaemond Velaryon, o que não surpreendia ninguém.

Afinal, o argumento de que Lucerys era um bastardo não era segredo, e os Hightower sempre aproveitavam qualquer oportunidade para enfraquecer Rhaenyra. Isso, no entanto, também era perigoso para a irmã. Um movimento ousado demais poderia fazer explodir tensões entre as duas facções da família.

Ela se sentia frágil e doente, o corpo ainda fora de equilíbrio, mas o espírito de fofoqueira falou mais alto. "Não posso perder isso", pensou, o instinto de estar no meio dos eventos importantes sendo mais forte que o desconforto físico.

Alyssane se levantou, mesmo que cada passo parecesse pesar o dobro, e começou a se vestir, ignorando o enjoo e a sensação de fraqueza.

Com a ajuda de uma serva, ela colocou um vestido simples, mas elegante, adequado para a ocasião. Arrumou os cabelos com rapidez, prendendo-os de forma a parecer apresentável para os nobres que se reuniriam no salão do trono. Cada movimento era um esforço, mas a curiosidade a empurrava adiante.

Ao sair de seus aposentos e caminhar pelos corredores, Alyssane pôde sentir o burburinho de conversas sussurradas entre os nobres, ansiosos pelo desfecho da audiência. Driftmark era um assunto que todos comentavam, mas que poucos ousavam abordar diretamente, especialmente com a tensão crescente entre os Hightower e os apoiadores de Rhaenyra. Ela sabia que a decisão que seu avô e sua mãe apoiavam beneficiaria a Casa Hightower, mas as consequências poderiam ser explosivas.

Quando finalmente chegou ao salão do trono, o ambiente já estava repleto de nobres e cortesãos, todos murmurando entre si. 

Alyssane se juntou à família, posicionando-se ao lado de sua mãe, Alicent, e de seus irmãos, Aemond, Aegon e Helaena. O salão do trono estava lotado, com nobres de ambos os lados da disputa observando atentamente o desenrolar da audiência. A tensão era palpável. Aemond, como sempre, mantinha uma expressão séria e concentrada, enquanto Aegon, por algum milagre, parecia mais lúcido do que o habitual. Quando ele se virou para Alyssane, lançando-lhe um raro elogio, ela piscou de surpresa.

— Está linda hoje, Alyssane — disse Aegon com uma voz que, embora menos carregada do que o normal, ainda trazia o tom desinteressado.

Alyssane sorriu, ligeiramente desconcertada. Não era comum seu marido dispensar-lhe palavras gentis, e ela se perguntou se isso se devia à presença de tantos nobres.

— Obrigada — respondeu ela, mantendo o sorriso cortês antes de desviar os olhos, voltando sua atenção para Otto, que estava em pé perto do Trono de Ferro, com a habitual postura controlada e austera.

Alyssane se ajustou na posição, os dedos entrelaçando-se nervosamente enquanto observava a cena à frente. Foi então que cruzou os olhos com Jacaerys, que estava ao lado de Lucerys, Baela, Rhaena e Rhaenys. O olhar de Jace encontrou o dela, e por um instante, algo silencioso foi dito entre eles, uma nostalgia estranha, um passado compartilhado. Jace acenou para ela, um gesto discreto, mas afetuoso, que fez seu coração acelerar levemente.

Ela retribuiu o gesto com um pequeno aceno de cabeça. Porém, mal havia completado o movimento quando sentiu algo mudar ao seu lado. Aemond, de onde estava, não perdeu o detalhe do aceno entre os dois.

Alyssane percebeu, pelo canto do olho, que o único olho de seu irmão gêmeo, sempre atento, havia captado a troca entre ela e Jacaerys. O corpo de Aemond estremeceu sutilmente, mas o suficiente para que Alyssane notasse o ciúme que fervia sob sua fachada impassível.

O olhar dele, afiado como lâmina, se fixou nela, e Alyssane sentiu uma pressão familiar crescendo em seu peito. O olhar de Aemond era inquisitivo, possessivo, e ela sabia que ele não deixaria passar despercebido aquele gesto. Sabia que, dentro dele, aquele velho ressentimento por Jacaerys se intensificava. E, mesmo que Aemond não soubesse do verdadeiro segredo que ela e Jace compartilhavam, o ciúme era evidente.

Alyssane respirou fundo, mantendo a compostura, mas a tensão entre ela e Aemond era palpável. Por um momento, tudo no salão do trono parecia desvanecer-se, e apenas aquele olhar intenso e acusador do irmão preenchia o espaço ao redor dela.

De repente, algo surpreendente aconteceu, arrancando Alyssane de seus pensamentos e da tensão ao seu lado. As portas do salão se abriram, e uma onda de murmúrios e incredulidade se espalhou pela multidão. Alyssane arregalou os olhos, assim como todos os presentes, ao ver a figura esquelética e debilitada de seu pai, o rei Viserys, entrando no salão do trono. Fazia meses que ela não via o pai, e, da última vez, sua saúde já estava precária, mas agora... ele mal parecia o homem que ela conhecia.

O rei movia-se com extrema dificuldade, apoiado por guardas, seu corpo magro e curvado pela doença, o rosto desfigurado pela deterioração. Contudo, ele estava ali, presente, avançando com determinação. Alyssane sabia exatamente por que ele havia feito aquele esforço sobre-humano: por Rhaenyra.

Uma ponta de dor atravessou seu coração. Ela sabia que Viserys amava Rhaenyra mais do que tudo, e, mesmo doente, ele estava ali, desafiando a morte, para apoiar sua filha mais velha. Alyssane tentou afastar o sentimento, mas não pôde evitar o ciúme que crescia dentro dela. Era uma sensação amarga, que ela não queria sentir, mas que estava presente, persistente.

Ela observava o pai com um nó na garganta, sabendo que ele jamais faria aquilo por ela, Aegon, Aemond ou Helaena. Ele gostava muito dela, claro. Sempre fora gentil e afetuoso em sua forma peculiar, mas não o suficiente. Não a ponto de mover céus e terras para defendê-la como fazia por Rhaenyra.

Alyssane abaixou a cabeça por um momento, lutando contra a onda de ressentimento que a invadiu. Aquilo não era justo. Ela sabia o quanto sua irmã significava para ele, e que Viserys via Rhaenyra como sua herdeira legítima, sua esperança de continuar a linhagem real. Mesmo assim, o vazio de não ser a escolhida pesava, especialmente naquele momento.

A audiência prosseguia, com tensão crescendo a cada momento. Alyssane, ainda de pé ao lado de sua família, observava tudo se desenrolar. Ao lado do trono de ferro, Otto Hightower conduzia os procedimentos como Mão do Rei, ouvindo atentamente os argumentos de todos os presentes. Rhaenyra e seus filhos estavam à esquerda de Viserys, enquanto Vaemond Velaryon tomava a frente do salão, defendendo sua posição com veemência.

Vaemond falava alto e com orgulho, mantendo sua postura rígida. Suas palavras, no entanto, tornavam-se cada vez mais rudes.

— Driftmark pertence aos Velaryon de sangue puro — começou ele, a voz cheia de indignação. — Eu sou o herdeiro legítimo! Não aceitarei que meu legado seja usurpado por bastardos.

Houve um murmúrio incômodo entre os presentes, mas o salão permaneceu tenso, esperando o desenrolar da situação.

Alyssane percebeu a hesitação de Vaemond ao olhar diretamente para Rhaenyra e seus filhos. Ele parecia estar lutando com as palavras, pesando suas opções. Um silêncio pairou no ar, e então, Daemon, encostado de maneira quase casual em uma das colunas próximas, com aquele sorriso frio nos lábios, incentivou:

— Diga, Vaemond. — Sua voz cortou o ar, fria e cheia de desafio. — Se tiver coragem, diga o que realmente pensa.

Vaemond estremeceu por um breve segundo, mas logo a raiva tomou conta dele. Os olhos do homem queimavam de fúria enquanto ele encarava Daemon e depois Rhaenyra. Com uma voz trêmula de ódio, ele cuspiu as palavras, ignorando completamente a presença do rei.

— Esses garotos... — Ele apontou para Jacaerys e Lucerys com desprezo. — Não são Velaryon. São bastardos, e sua mãe — Vaemond lançou um olhar furioso a Rhaenyra, com os lábios contorcidos em um sorriso amargo — uma puta!

O salão explodiu em murmúrios chocados e sussurros de indignação. Alyssane, paralisada, sentiu o impacto das palavras de Vaemond em sua própria pele, o ar denso de tensão tomando conta da sala. Seus olhos foram imediatamente para Jacaerys, que parecia estar prestes a avançar, e Lucerys, visivelmente abalado.

A tensão no salão do trono atingiu seu ápice quando Viserys, com muito esforço, começou a se erguer do Trono de Ferro. Seus movimentos eram lentos e dolorosos, o corpo frágil balançando enquanto tentava se manter de pé. Alyssane mal podia acreditar na cena que se desenrolava diante dela; fazia meses que não via o pai, e vê-lo tão deteriorado a deixou ainda mais ciente da gravidade de sua condição.

Tremendo, Viserys levantou uma mão trêmula, sua voz fraca mas carregada de autoridade.

— C... cortem... cortem-lhe a língua! — ordenou o rei com um fio de voz, o som arranhado ecoando no grande salão.

Mas antes que qualquer guarda pudesse sequer se mover para cumprir a ordem, Daemon agiu. Com a agilidade implacável que lhe era característica, ele sacou sua espada, a lendária Dark Sister, em um movimento mortal e preciso. Antes que Vaemond pudesse reagir, a lâmina cortou o ar e encontrou sua cabeça, separando-a do corpo com um golpe limpo. O corpo de Vaemond caiu, mas sua cabeça, cortada na altura da boca, ainda mantinha parte da língua pendurada.

O silêncio que seguiu foi ensurdecedor. Daemon, impassível, observou por um instante o corpo decapitado, antes de soltar um comentário gélido, sem emoção:

— Agora ele pode ficar com a língua.

O horror tomou conta de todos. Alicent se encolheu, cobrindo os olhos por um momento, enquanto Helaena se retraía, incapaz de suportar a cena. Aegon, quase em choque, tossiu e se engasgou com o próprio espanto, enquanto Aemond, ao lado de Alyssane, observava Daemon com uma certa admiração pela forma brutal, porém eficaz, com que ele havia resolvido a situação. A maneira direta e violenta como Daemon lidara com a ofensa parecia impressioná-lo.

Porém, o olhar de Aemond logo se desviou de seu tio ao perceber algo que gelou seu sangue: Alyssane. Ela havia assistido a tudo, mas sua reação era completamente diferente. A violência, a morte de Vaemond à sua frente, a quantidade de sangue... aquilo a atingiu de forma devastadora.

— Alyssane? — Aemond chamou, a voz alarmada, percebendo o pálido rosto da irmã e os olhos dilatados.

O mundo ao redor de Alyssane começou a girar. O choque do que havia acabado de presenciar, a violência crua, misturada com a tensão que vinha carregando desde a noite anterior, explodiu dentro dela. Todo o enjoo que ela havia tentado ignorar, que mantivera preso no fundo de si, voltou com força. O estômago revirava, e antes que pudesse controlar, vomitou ali mesmo, diante de todos.

Era uma sensação estranha e humilhante, mas ao mesmo tempo, algo dentro dela aceitou que Aemond, o homem ao seu lado, faria algo muito parecido com o que Daemon fizera, se alguém ousasse ofendê-la.

Aemond já havia matado uma serviçal por um motivo muito menos sério do que a acusação feita contra Rhaenyra e os filhos dela. Pensar nisso, sobre o quão semelhante Aemond e Daemon poderiam ser, a fez sentir-se ainda mais enjoada. Talvez ela e Rhaenyra fossem dois lados de uma mesma moeda. Ambas eram amadas por homens intensos e perigosos, homens que não hesitariam em matar por elas. E ambos já haviam provado isso.

Ainda tremendo, ela se afastou do caos ao seu redor, o rosto ardendo de vergonha. Aemond estava a seu lado, como sempre, atento a cada respiração pesada que ela dava, enquanto os outros no salão continuavam a processar o que havia acabado de acontecer.

— Alyssane... — ele chamou novamente, a voz agora mais baixa, quase um sussurro, enquanto colocava a mão no ombro dela, tentando trazê-la de volta ao presente.

Aemond apoiou Alyssane pelo braço, a segurando firmemente enquanto ela ainda lutava contra a fraqueza. Ele sentia a pressão baixa dela, o corpo dela tremer levemente contra o seu, e os olhares ao redor não importavam mais. Com os olhos fixos em Daemon, ele apertou os dentes.

— Isso é culpa sua, maldito! — Aemond rosnou para o tio, sentindo a raiva fervilhar. — Ela não deveria ter visto isso!

Alyssane, ainda desorientada, piscava lentamente, lutando para focar na realidade, mas a sensação de distanciamento a envolvia. Tudo parecia turvo, como se ela estivesse assistindo de fora. A pressão baixa deixava sua cabeça pesada, e o estômago ainda revirava. Ela tentava se concentrar na voz de Aemond, mas a confusão tomava conta.

— Aemond — a voz de Alicent soou severa, interrompendo a troca agressiva. — Vaemond perdeu a cabeça, literalmente. O enjoo de Alyssane é a menor de nossas preocupações agora!

A rainha regente falava com frieza, tentando controlar a situação e manter as aparências. Para ela, o foco tinha que estar em manter a ordem e evitar qualquer escândalo maior. A reação de Alyssane, para ela, era uma distração.

Aemond virou-se para a mãe, os olhos brilhando de raiva, sua voz baixa e afiada como uma lâmina.

— E você acha que isso muda algo? — ele disse com desprezo. — Não me interessa o que aconteceu com Vaemond. O que me importa é que Alyssane foi exposta a essa barbaridade.

Alicent o olhou com severidade, mas Aemond não esperou por mais repreensões. Ele simplesmente passou por ela, ignorando o silêncio constrangedor que pairava no salão, enquanto guiava Alyssane com cuidado para fora. Ele não conseguia mais disfarçar o olhar protetor e possessivo que tinha sobre a princesa.

Ao passar por Daemon, o príncipe velho lhe lançou um sorriso calculado, um sorriso que incomodou profundamente Aemond. Daemon sabia. Ele sabia exatamente o que se passava entre eles, e aquilo o irritava mais do que qualquer coisa.

Daemon continuou sorrindo, como se tivesse acabado de descobrir um segredo que ele conhecia muito bem. Um segredo que Aemond e Alyssane estavam tentando esconder, mas que, pouco a pouco, estava se tornando impossível de manter em segredo. A maneira como Daemon olhava para eles era como um espelho, refletindo o que Aemond não queria admitir: ele e Alyssane estavam ligados de uma forma que não podia mais ser ignorada.

E por mais que Aemond odiasse isso, odiava ainda mais a ideia de que os outros pudessem ver o que ele tanto tentava esconder.

Aemond levou Alyssane para os aposentos dela e a deixou sozinha quando percebeu que ela estava bem, respeitando a vontade da princesa por privacidade. A tarde arrastou-se lentamente enquanto Alyssane permanecia em seu quarto, cercada pelo silêncio pesado que parecia lhe envolver. Os ecos da audiência ainda martelavam em sua mente, as imagens vívidas da violência a fazendo sentir-se enjoada novamente. Ela havia se estabilizado, mas o mal-estar emocional persistia.

O que mais a incomodava, no entanto, eram os homens descontrolados que cercavam a corte: Daemon, com sua arrogância e impulsividade; Aemond, com sua possessividade e a raiva que borbulhava sob a superfície; e até mesmo Aegon, que mal parecia se importar com as consequências de suas ações.

Ela se sentou na beira da cama, os dedos brincando nervosamente com a borda do lençol. As paredes do quarto pareciam se fechar ao seu redor, e a sensação de claustrofobia a perseguia. Havia algo inquietante em saber que aqueles homens, cada um à sua maneira, se deixavam levar por uma fúria que poderia se voltar contra ela e aqueles que amava. O que significava isso para o futuro dela? O que ela realmente poderia esperar em meio a tanta instabilidade?

O dia se arrastou até que a luz do sol começou a minguar, lançando sombras longas pelo quarto. Quando finalmente a porta se abriu, Aemond entrou, sua presença preenchendo o ambiente com uma intensidade que parecia palpável. Ele a observou por um momento, avaliando seu estado, antes de se aproximar.

— Como você está se sentindo? — perguntou, a voz grave cheia de preocupação.

Alyssane respirou fundo, tentando esconder a fragilidade que ainda a acompanhava.

— Melhor — respondeu ela, embora a sinceridade de suas palavras fosse duvidosa. — Só... pensando.

Aemond franziu a testa, notando a distância em seu olhar. Ele se aproximou e se sentou na beira da cama, os olhos fixos nos dela. Havia uma vulnerabilidade nele, algo que ela raramente via, e isso a deixou intrigada.

— Você não deveria estar sozinha — ele disse, quase como um sussurro. — Eu não quero que você passe por isso sem mim.

Alyssane sentiu seu coração acelerar. Havia algo em sua voz que a fazia querer se abrir, compartilhar as tempestades que assombravam sua mente. Mas, ao mesmo tempo, o medo a paralisava.

— Você sabe que eu amo você, não sabe? — Aemond perguntou, puxando-a para mais perto, seu olhar intenso fixado no dela.

Alyssane sentiu um frio na barriga ao ouvir aquelas palavras. Era como se um feitiço a envolvesse, e ela não conseguiu evitar um leve sorriso.

— Claro que sei — respondeu ela, a sinceridade nas palavras aquecendo seu peito.

Sem mais palavras, Aemond a puxou para um beijo quente e possessivo. Seus lábios se encontraram com urgência, e Alyssane sentiu o mundo ao seu redor desaparecer, deixando apenas a intensidade daquele momento. A mão dele encontrou a nuca dela, enquanto ele a puxava para mais perto, como se quisesse absorver cada parte dela.

Alyssane correspondeu ao beijo, entregando-se ao calor que emanava dele. Era um amor profundo, um desejo que a fazia sentir-se viva, mesmo em meio ao caos que os cercava. A possessividade que ela temia se transformou em algo reconfortante, como se naquele instante, nada mais importasse além deles.

Quando finalmente se afastaram, ambos ofegantes, Aemond a olhou nos olhos, uma expressão de determinação em seu rosto.

Aemond afastou-se ligeiramente, um olhar sério em seu rosto.

— O pai vai fazer um jantar esta noite — informou ele, observando a expressão de surpresa no rosto de Alyssane. — Ele quer que a família toda esteja presente.

Alyssane franziu a testa, lembrando-se do estado deteriorado de Viserys. Era incomum que ele quisesse se reunir com todos, especialmente considerando as tensões recentes.

— Você está falando sério? — perguntou, a preocupação começando a se instalar em seu peito. — Por que ele faria isso agora?

— É o desejo dele — explicou Aemond, sua voz suave. — Com Rhaenyra e Daemon aqui, ele quer um último jantar com todos.

Alyssane sentiu uma mistura de emoções. Ela compreendia o desejo de Viserys de unir a família, mas o peso do passado e os ressentimentos tornavam a ideia desconfortável.

— Está tudo bem, Alyssane — Aemond disse, percebendo a tensão em seu corpo. — Não precisa ficar nervosa.

Ele se aproximou, as mãos firmes em seus ombros, e a fez sentir-se um pouco mais calma. Mas então, com um sorriso travesso, começou a desamarrar o vestido dela, as pontas dos dedos tocando delicadamente sua pele.

— Deixe-me ajudar você a se vestir — disse ele, sua voz baixa e carregada de intenção.

Alyssane sentiu um frio na barriga enquanto suas mãos deslizavam por sua cintura, desnudando-a lentamente, como se quisesse apreciar cada parte dela. As carícias dele eram suaves, prolongadas, fazendo seu coração disparar.

— Aemond... — começou ela, mas as palavras se perderam quando ele a puxou ainda mais para perto, sussurrando promessas que pareciam impossíveis de resistir.

Aemond manteve o olhar fixo em Alyssane, sua expressão brincalhona.

— Relaxa — sussurrou, como se sua voz fosse uma melodia suave capaz de desfazer toda a tensão acumulada em seus músculos. Ele continuou deslizando o tecido do vestido pelo corpo dela, suas mãos explorando com um toque firme e gentil, esfregando levemente as coxas dela.

Ela arfou baixinho, mas o pequeno gemido não passou despercebido por Aemond. Uma risadinha escapou de seus lábios, carregada de um charme irresistível.

— É uma pena que tenhamos um jantar importante mais tarde — disse ele, um brilho travesso em seu olho. — Mas pode guardar esses gemidos para a sobremesa.

Alyssane não pôde evitar o riso que se seguiu, finalmente sentindo-se descontraída em sua presença. Com um gesto afetuoso, bateu levemente no ombro dele.

— Você é insuportável, Aemond! — exclamou, a alegria dançando em seu tom.

Ele sorriu, satisfeito ao ver que conseguira quebrar a tensão que a envolvia, mesmo que apenas por um breve momento. A sensação de leveza entre eles fazia com que o mundo exterior desaparecesse, e, por instantes, a preocupação com o jantar e os conflitos familiares eram apenas ecos distantes.

Alyssane escolheu um vestido que combinava um tom profundo de preto com detalhes em verde, a peça ajustando-se perfeitamente ao seu corpo. Quando ela o vestiu, Aemond não pôde deixar de segui-la, os olhos brilhando com um misto de admiração e desejo. Ele se aproximou, as mãos firmes enquanto amarrava o vestido dela com cuidado, como se estivesse vestindo uma joia preciosa.

— Você está perfeita — declarou, sua voz carregada de um calor que fez o coração de Alyssane acelerar. — Mal posso esperar para tirar esse vestido mais tarde.

O toque de Aemond se tornou mais íntimo quando suas mãos deslizaram suavemente pelo seio dela, descendo até seu pescoço. Ele começou a massagear levemente, a pressão de seus dedos possessiva, mas ao mesmo tempo incrivelmente reconfortante. Alyssane fechou os olhos por um momento, perdendo-se na sensação.

Foi então que Aemond, inclinando-se mais perto, deu um chupão forte no pescoço dela, fazendo-a soltar um suspiro involuntário. O gesto a fez estremecer, um frio e calor intenso percorrendo seu corpo ao mesmo tempo.

— Eu trouxe algo para você — murmurou Aemond, ainda atrás dela, enquanto tirava algo do bolso. Quando ele apresentou um colar com uma joia verde, o coração de Alyssane pulou de alegria. — Faz tempo que não dou nada a você — continuou ele, sua voz suave e envolvente. — Queria que você tivesse isso.

Com delicadeza, ele colocou o colar ao redor do pescoço dela, a joia brilhando à luz que filtrava pela janela. Alyssane tocou a pedra, admirando o jeito como o verde profundo combinava com seu vestido.

— É lindo — disse ela, virando-se levemente para encarar Aemond. A emoção em seus olhos era palpável.

Ele sorriu, a satisfação evidente em seu rosto.

— Assim como você — respondeu, a intensidade de seu olhar fazendo com que Alyssane sentisse o coração acelerar mais uma vez.

Alyssane sorriu, sentindo uma onda de gratidão e carinho ao olhar para Aemond. Sem pensar duas vezes, ela se aproximou e o beijou suavemente, seus lábios se encontrando em um toque que parecia silenciar todas as incertezas do momento. Aemond sorriu relaxado contra seus lábios, como se o beijo dissipasse as tensões que ambos carregavam.

— Confie em mim — disse ele, seu olhar intenso e sincero. — Nada vai acontecer no jantar.

A voz dele era um bálsamo, uma promessa de que, apesar das turbulências que poderiam cercá-los, ele estaria ao seu lado. Alyssane assentiu, absorvendo a certeza nas palavras dele, e sentiu uma centelha de esperança surgir dentro dela.

Antes de se dirigirem ao jantar, Aemond hesitou por um instante, seu olhar se tornando mais sério.

— Alyssane, preciso te avisar de algo — começou ele, sua voz baixa e cautelosa. — Eu acho que Daemon sabe sobre nós.

Alyssane franziu a testa, confusa.

— Como você pode ter certeza disso? — questionou, preocupada.

— Ele tem estado observando. Há uma maneira como ele nos observa que me faz pensar que ele percebeu — respondeu Aemond, seu tom sério. — Por isso, precisamos ter cuidado esta noite. Não podemos interagir como costumamos fazer.

O coração de Alyssane disparou com a ideia de que o segredo deles poderia estar à beira da descoberta.

— Você acha que ele vai fazer algo? — perguntou, um nó de ansiedade se formando em seu estômago.

— Não sei — Aemond admitiu, segurando suas mãos e olhando diretamente em seus olhos. — Mas não quero correr o risco. Vamos manter distância durante o jantar.

Alyssane assentiu, relutante, mas compreendendo a necessidade de cautela.

— Está bem — concordou, sua voz um sussurro. — Farei o que você achar melhor.

Aemond sorriu, embora a preocupação ainda estivesse visível em seu rosto.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top