𝟎𝟐𝖝𝟏𝟐 '𝕾𝖚𝖓 𝖆𝖓𝖉 𝖙𝖍𝖊 𝕸𝖔𝖔𝖓'𝖘 𝕯𝖊𝖑𝖎𝖌𝖍𝖙𝖘'
Logo, a notícia da gravidez de Alyssane se espalhou por todos os cantos da Fortaleza Vermelha, transformando o cotidiano da corte. Aemond tentava manter uma expressão neutra, controlando as emoções que fervilhavam em seu interior. No fundo, ele estava profundamente preocupado com as implicações da situação, mas sua determinação em proteger Alyssane era inabalável. Aegon, por outro lado, estava mais feliz do que o normal, não pelo bebê em si, mas pela perspectiva de finalmente ter um herdeiro e, consequentemente, cessar as constantes cobranças de sua mãe.
Alicent, em particular, demonstrava um raro contentamento. Ela via nessa criança a chance de solidificar a posição de Aegon no trono, algo que ela tanto desejava.
Pouco depois do anúncio oficial, Alicent apareceu nos aposentos de Alyssane. Com um gesto suave e surpreendentemente terno, ela bateu na porta antes de entrar. Pela primeira vez em muito tempo, havia um ar de carinho em sua postura, um contraste com o rigor habitual.
— Alyssane — começou ela, aproximando-se da filha com uma expressão que era quase maternal — Quero que saiba que estou orgulhosa de você. Cumprir seu papel como esposa de Aegon é fundamental para a estabilidade do reino, e você fez isso de maneira exemplar.
Alyssane, que ainda processava as mudanças recentes, manteve-se em silêncio, ouvindo com atenção. Alicent, percebendo a hesitação da filha, continuou, sua voz suave, mas carregada de intenção.
— Sei que, por vezes, fui dura com você. Talvez até injusta. Mas entenda, minha filha, que tudo o que fiz foi pensando no seu bem, no bem da nossa família. Não queria que você seguisse um caminho que pudesse levar à ruína. Adulterar com Aemond... Isso destruiria você e ele. Aemond é uma pessoa difícil, complexa. E agora, graças a você, solidificamos a reivindicação de Aegon ao trono. Tudo isso é possível por causa desse bebê, por sua causa.
Alyssane sentiu um misto de emoções. As palavras de sua mãe, por mais doces que fossem, carregavam consigo uma pressão que parecia esmagá-la. Alicent tocou o rosto de Alyssane, um gesto raro de afeto.
— Estamos caminhando para tempos difíceis, mas você tem sido uma peça-chave. Confio que continuará a fazer o que é necessário para o bem do reino.
Com essas palavras, Alicent deixou o quarto, seu rosto mantendo a serenidade que ocultava a intensidade de seus planos. Alyssane permaneceu onde estava, o peso das expectativas da mãe ainda mais evidente em seus ombros. Sabia que o caminho à frente seria árduo, mas também sabia que tinha que encontrar uma maneira de proteger a si mesma e a seu bebê, independentemente das pressões que a cercavam.
Com Viserys ainda preso à cama, debilitado e ausente, Alicent assumia as rédeas do reino, atuando como regente em cada decisão importante. Naquele dia, os membros do conselho se reuniram para receber a delegação da Casa Lannister, que viera negociar novas alianças e acordos.
Alyssane foi a última a se juntar à reunião, entrando no salão com passos graciosos, mas hesitantes. A atmosfera estava carregada com a expectativa do encontro, e a presença dos poderosos lordes Lannister apenas aumentava a tensão no ar.
A mesa do jantar estava ocupada por rostos conhecidos: Alicent, sentada à cabeceira, exalava autoridade em seu manto verde; Aegon, desarrumado e com o olhar turvo pelo excesso de vinho, mal se esforçava para parecer atento e Aemond, sempre impecável, estava alinhado em sua postura, o tapa-olho perfeitamente ajustado e os longos cabelos prateados penteados com cuidado.
Quando Alyssane entrou, todos os olhares se voltaram para ela, mas o de Aemond foi o mais intenso. Seu olho, brilhando como safira sob a luz das velas, percorreram cada detalhe da figura de Alyssane. Ele observou o movimento do vestido sobre suas curvas, o brilho suave de sua pele e a forma como os cabelos prateados caiam sobre seus ombros.
Alyssane sentiu o peso do olhar de Aemond e, por um breve momento, seus olhos se encontraram. Ele não desviou o olhar, mantendo a intensidade em cada segundo que passava. Alyssane manteve a compostura e, com um leve aceno, dirigiu-se ao lado de Helaena, que estava sentada próxima a ela, absorta em seus próprios pensamentos e murmúrios.
Aemond continuava a observá-la, como se estivesse gravando cada detalhe em sua mente, cada gesto e cada expressão. O amor e a possessividade em seus olhos eram inconfundíveis, mas ele se mantinha em silêncio, controlando as emoções que fervilhavam sob a superfície.
Enquanto Alyssane se acomodava ao lado de Helaena, Aemond desviou o olhar, voltando-se para os Lannisters, mas o pensamento de Alyssane nunca o abandonou. Ela era dele, e em um salão cheio de lordes poderosos, Aemond sentia que protegeria aquele segredo e aquela ligação proibida, custasse o que custasse.
Helaena, com sua doçura habitual e um sorriso gentil, voltou-se para Alyssane, que estava ao seu lado. Seus olhos, sempre distantes e sonhadores, fixaram-se no ventre da irmã.
— Como está a gravidez, irmã? — perguntou Helaena, sua voz suave como um murmúrio do vento.
Alyssane, com um gesto afetuoso, ajeitou os cabelos prateados de Helaena, deixando que seus dedos deslizassem pelos fios finos e brilhantes.
— Está tudo indo bem — respondeu Alyssane, um sorriso forçado curvando seus lábios enquanto o peso do segredo dentro dela fazia seu coração bater mais rápido. — Minhas náuseas foram em bora, ao menos.
Helaena, porém, parecia alheia à tensão que cercava sua irmã. Seus olhos se perderam em algum ponto distante, e sua voz adquiriu um tom etéreo, quase como se estivesse repetindo palavras de outro tempo.
— Cuidado com o sol e a lua, pois juntos, eles trazem escuridão.
As palavras de Helaena pairaram no ar como um sussurro sombrio, um presságio envolto em mistério.
Alyssane franziu a testa, tentando compreender o significado oculto naquelas palavras. Por um momento, ela se lembrou de seu pai, Viserys, que, em seus primeiros anos, a chamava carinhosamente de ''Sol'' enquanto Aemond era a ''Lua''. Naqueles dias inocentes, os nomes eram uma lembrança do vínculo especial que os gêmeos compartilhavam, um equilíbrio perfeito entre luz e escuridão.
Agora, as palavras de Helaena pareciam carregar um aviso, uma sombra lançada sobre aquele amor que antes era puro. Alyssane sentiu um arrepio percorrer sua espinha. O que Helaena queria dizer? Como poderia o Sol e a Lua, que sempre foram complementares, trazer escuridão? Seria uma referência ao segredo que crescia dentro dela, um segredo que ameaçava envolver todos em trevas?
Helaena, como sempre, não ofereceu explicações. Ela voltou a murmurar para si mesma, perdida em seus pensamentos e visões, enquanto Alyssane tentava decifrar o enigma. O peso das palavras da irmã parecia se entrelaçar com o peso do segredo que carregava, um lembrete silencioso de que até o mais puro dos amores pode trazer consequências sombrias quando oculto à luz do dia.
Alyssane, desejando escapar por um momento do peso das palavras de Helaena e das intensas emoções que a envolviam, decidiu andar um pouco pelos corredores do palácio. As tapeçarias penduradas nas paredes, ricas em detalhes e histórias antigas, ofereciam algum consolo enquanto ela tentava ordenar seus pensamentos. O leve som de seus passos ecoava suavemente no chão de pedra, uma melodia sutil que acompanhava seu estado de espírito.
Enquanto caminhava, foi interceptada por um dos lordes da Casa Lannister, um homem de postura nobre e sorriso calculado. Ele se aproximou com elegância e, com um gesto respeitoso, curvou-se levemente diante dela antes de tomar sua mão. O toque de seus lábios em sua pele era frio, mas sua voz soou calorosa e cheia de cortesia.
— Princesa Alyssane — disse ele, seus olhos astutos observando-a com uma mistura de admiração e interesse. — Permita-me parabenizá-la por sua gravidez. — Ele ergueu os olhos para encontrar os dela, um brilho perspicaz em seu olhar. — Abençoada com tal beleza, é evidente que a maternidade cai perfeitamente em vós.
Alyssane esboçou um sorriso educado, embora o elogio do lorde lhe causasse um leve desconforto. Ela sabia que as palavras gentis de um homem como aquele sempre carregavam intenções ocultas. No entanto, ela agradeceu com um aceno gracioso, ciente de que cada movimento seu estava sendo observado e interpretado.
— Agradeço vossa gentileza, milorde — respondeu ela, mantendo a compostura enquanto retirava delicadamente sua mão da dele.
O lorde Lannister inclinou a cabeça em sinal de respeito, mas não antes de lançar um último olhar para ela, cheio de subentendidos. Alyssane sentiu um arrepio subir pela espinha, não apenas pela insinuação em suas palavras, mas pelo constante jogo de poder e intriga que parecia cercá-la a cada passo.
Ela sabia que precisava ser cautelosa, não apenas em relação ao que dizia, mas também ao que não dizia, pois a corte era um lugar onde os segredos eram moeda corrente, e cada palavra poderia ser uma arma.
Aemond, que como sempre seguia Alyssane a uma distância segura, mas o suficiente para observá-la, notou cada detalhe da interação entre ela e o lorde da Casa Lannister. Seus olhos se estreitaram ao ver o homem ousar tocar na mão de sua irmã, e uma raiva silenciosa começou a crescer dentro dele. Ele sabia o que aqueles olhares e palavras realmente significavam, e o pensamento de alguém tentando se aproximar de Alyssane de maneira tão imprudente o deixou furioso.
Esperando o momento certo, Aemond manteve sua postura firme e inabalável enquanto o lorde Lannister se afastava de Alyssane. Quando finalmente estavam longe dos olhares curiosos da corte, Aemond avançou, seus passos silenciosos e precisos. O lorde, alheio à presença de Aemond até então, sentiu uma sombra pairar sobre ele e se virou, encontrando o príncipe com seu olhar frio e penetrante.
— Lorde Lannister — Aemond chamou, sua voz baixa e firme, carregada de uma autoridade que não precisava de exaltação. — Perdeu algo no corredor da câmara da princesa?
O lorde Lannister hesitou por um momento, surpreso pela aparição repentina do príncipe. Ele rapidamente tentou recuperar sua compostura, esboçando um sorriso que não alcançou seus olhos.
— Príncipe Aemond — respondeu o lorde, inclinando-se ligeiramente em uma reverência formal. — Não, de forma alguma. Apenas ofereci meus cumprimentos a Lady Alyssane. Não há nada mais, garanto-vos.
Aemond deu um passo à frente, reduzindo ainda mais a distância entre eles. O tapa-olho escuro realçava a intensidade de seu olhar, e sua presença imponente parecia tornar o ar ao redor pesado.
— Espero que esteja dizendo a verdade, milorde — disse Aemond, sua voz carregada de ameaça implícita. — Pois a corte é um lugar cheio de perigos para aqueles que se esquecem de onde estão seus limites.
O lorde Lannister engoliu em seco, percebendo que qualquer resposta imprudente poderia ter consequências graves. Ele fez uma nova reverência, mais profunda desta vez, e se desculpou rapidamente.
— Claro, Príncipe Aemond. Meu respeito por vossa casa e por Lady Alyssane é inquestionável. Não haverá qualquer mal-entendido.
— Espero que mantenha sua palavra, Lorde Lannister — Aemond disse, sua voz fria como o gelo. Ele inclinou a cabeça ligeiramente, o que poderia parecer um gesto educado, mas seus olhos estavam fixos nos do lorde, transmitindo uma mensagem clara e ameaçadora. — Pois aqueles que esquecem seus juramentos, especialmente em relação à minha família, muitas vezes se encontram em situações... desfavoráveis.
O lorde Lannister engoliu em seco, sentindo o peso da advertência oculta nas palavras de Aemond. Com um aceno rápido e desconfortável, ele se afastou, praticamente fugindo do corredor, desejando evitar mais qualquer confronto com o príncipe.
Ele se virou e, com passos decididos, dirigiu-se ao quarto de Alyssane. Seus pensamentos estavam a mil, preocupações e frustrações se misturando. Ele sabia que precisava vê-la, assegurar-se de que ela estava bem, tanto física quanto emocionalmente, após aquele encontro indesejado.
Quando chegou à porta do quarto de Alyssane, Aemond não hesitou. Ele bateu levemente, mas não esperou uma resposta antes de entrar. Ao abrir a porta, encontrou Alyssane sentada à beira da cama, a expressão perdida em pensamentos.
— Alys — ele chamou suavemente, fechando a porta atrás de si e se aproximando. Sua postura, que era sempre firme e imponente diante dos outros, suavizou ao vê-la. Ele se ajoelhou diante dela, olhando-a nos olhos com uma preocupação genuína. — Você está bem? Aquele maldito lorde não a incomodou, não é?
Alyssane piscou, voltando à realidade ao ouvir a voz de Aemond. Ela balançou a cabeça levemente, tentando sorrir, mas Aemond percebeu que algo a perturbava. Sem esperar por mais palavras, ele estendeu a mão e acariciou seu rosto com delicadeza, o toque suave contrastando com a força que ele acabara de demonstrar no corredor.
— Não se preocupe com ele, Alyssane — murmurou Aemond, seu tom carregado de uma promessa implícita. — Ninguém se atreverá a cruzar o caminho entre nós. Eu vou garantir isso.
O peso de suas palavras, ao mesmo tempo protetoras e possessivas, pairou no ar enquanto ele observava cada reação dela, esperando ver algum sinal de alívio ou conforto. Alyssane, por outro lado, sentiu o coração apertar com a intensidade do olhar de Aemond. Ela sabia que ele faria qualquer coisa por ela, mas às vezes, a linha entre proteção e possessão era tênue demais.
Alyssane ergueu um olhar cansado para Aemond, um pequeno sorriso tentando desviar a atenção de seu desconforto. Ela forçou uma risada suave, embora não houvesse humor verdadeiro em seus olhos.
— Aemond, você está ficando paranoico. Eu sou capaz de lidar com um lorde Lannister.
Ele se endireitou, o olhar que antes era suave agora estava carregado de uma intensidade quase agressiva. A expressão de preocupação deu lugar a uma determinação feroz.
— Paranoico? — Aemond murmurou, quase com uma risada amarga. — Eu estou carregando o peso de uma situação que você nem pode começar a compreender. Você está carregando o filho meu, Alyssane. E eu não posso me permitir ignorar qualquer ameaça que possa prejudicar isso.
A voz dele tinha um tom cortante, mas não era a frieza que dominava o ambiente. Era a necessidade urgente de proteger o que era dele, uma obsessão que se manifestava não apenas em palavras, mas também em ações.
Sem esperar por uma resposta, Aemond abaixou-se e começou a beijar a parte interna das pernas de Alyssane. Seus lábios eram suaves, mas cada beijo carregava um peso profundo de possessividade e desejo. Ele estava tentando transformar a tensão em algo mais íntimo, algo que os ligasse mais profundamente e ao mesmo tempo, buscava afirmar seu controle sobre ela e o que carregava dentro de si.
Alyssane sentiu o calor e o arrepio dos beijos de Aemond, o toque delicado mas intenso. Ela não sabia se deveria se sentir aliviada ou amedrontada. O ato que deveria ser um consolo acabou por reforçar a complexidade das emoções que envolviam o relacionamento deles e a gravidez. O desejo que ela sentia se misturava com a confusão e o medo, criando um turbilhão interno que era quase impossível de controlar.
Enquanto Aemond continuava, Alyssane se apoiava nas mãos, o olhar perdido e os pensamentos confusos. Ela sabia que, por mais intenso que fosse o desejo dele, ele também estava expressando uma necessidade desesperada de afirmar sua presença e controle sobre o que considerava seu.
Aemond levantou-se do chão com uma expressão misturada de frustração e desejo ainda não saciado. Ele estava dominado por uma possessividade quase bruta, uma necessidade de marcar território que, embora claramente imposta, revelava a profundidade de seus sentimentos.
Ele se aproximou de Alyssane, seu olhar penetrante enquanto seus lábios pressionavam o pescoço dela com uma força que era quase um desespero, como se tentasse transmitir toda a intensidade de sua possessão através do beijo. Depois, ele se inclinou para beijar sua boca, o beijo carregado de um desejo selvagem e uma urgência que parecia precisar de um desabafo.
Após esse beijo intenso, Aemond se afastou abruptamente, uma aura de severidade substituindo o calor dos seus beijos. Sua expressão endureceu enquanto ele tentava recobrar a compostura.
— Não acho que seja apropriado — ele disse com um tom de voz que era uma mistura de firmeza e cuidado, um contraste com a intensidade de antes. — Mesmo que a gravidez esteja ainda em seus primeiros meses, eu não quero correr o risco de machucar você.
Ele se virou e se dirigiu para a saída, a expressão em seu rosto misturando uma preocupação genuína com uma frustração não totalmente resolvida.
— Vá descansar até o jantar — ele ordenou, sua voz agora mais suave, mas carregada de uma determinação inflexível.
Com isso, Aemond saiu do quarto, deixando Alyssane sozinha com seus pensamentos tumultuados e o peso das suas emoções. O espaço ficou imerso em um silêncio inquieto, enquanto ela tentava processar o que acabara de acontecer e o que ainda estava por vir.
Alyssane rolou os olhos, uma expressão de cansaço misturado com exasperação cruzando seu rosto. Deitada na cama, ela não pôde deixar de refletir sobre a situação complexa em que se encontrava. Aemond estava tão confuso quanto ela sobre a gravidez. Embora ele estivesse determinado a proteger tanto a ela quanto ao filho deles, e a segurança de ambos fosse sua prioridade, a situação não deixava de ser angustiante.
Os dias tinham sido marcados por uma tensão constante, e Alyssane sabia que a melhor maneira de evitar levantar suspeitas era manter-se fora de vista. Aemond, apesar de seu comportamento às vezes ríspido, estava comprometido em garantir que nada ameaçasse o futuro deles. Ele havia mostrado um lado protetor que ela conhecia bem desde a infância, quando cuidava dele, e agora ele parecia estar tentando retribuir, mesmo que de maneira confusa.
Ela concordava que permanecer oculta era a solução mais prudente, e isso, de certa forma, a acalmava. Pelo menos, por enquanto, eles poderiam encontrar algum tipo de equilíbrio, mesmo em meio à turbulência que a gravidez trouxe para suas vidas.
Assim, Alyssane se acomodou na cama, preparando-se para descansar até o jantar. A decisão de Aemond de não arriscar sua segurança a fazia sentir uma mistura de gratidão e frustração. Mesmo que não fosse o plano ideal, a prioridade era manter a situação sob controle e garantir que o futuro deles permanecesse intacto.
O jantar estava em pleno andamento na elegante sala de refeições. As velas lançavam um brilho suave sobre a mesa, enquanto os convidados conversavam animadamente. Aemond, Helaena, Alyssane, Aegon, Alicent, os convidados da casa Lannister e outros membros da corte estavam presentes. A conversa fluía entre pratos e taças de vinho, mas a atmosfera estava carregada de tensão que poucos pareciam disfarçar.
Um lorde, com um sorriso cordial, ergueu sua taça e fez um brinde.
— Parabéns, Príncipe Aegon! E à sua bela esposa, Lady Alyssane. É uma notícia maravilhosa que um herdeiro está a caminho. Desejo-lhe a melhor sorte.
Aegon, risonho e já visivelmente embriagado, fez uma piada enquanto ria.
— Bem, espero que ela continue tão apertada depois do parto quanto antes!
O ambiente ficou instantaneamente mais tenso. Alyssane corou, seu sorriso forçado sumindo enquanto tentava esconder o desconforto. Alicent lançou um olhar severo para Aegon, visivelmente envergonhada pelo comentário impróprio. Helaena, ao seu lado, pareceu desconfortável, olhando para baixo.
Aemond, que estava sentado à direita de Alyssane, levantou-se abruptamente, batendo a mão na mesa com um estrondo que fez os talheres e copos tilintarem. Seu rosto estava uma máscara de fúria controlada.
— Isso é inaceitável! — exclamou ele, sua voz carregada de uma raiva que não podia mais ser contida. — Não se faz comentários tão desrespeitosos sobre a sua esposa especialmente não em frente a toda a corte!
Os olhares se voltaram para Aemond, a maioria das pessoas claramente surpresas com sua reação. Alicent tentou intervir, levantando-se lentamente de sua cadeira, mas Aemond não parecia prestar atenção nela. Ele continuou a olhar para Aegon com um olhar que misturava desaprovação e desdém.
— Você não tem respeito nem pela sua própria esposa, Aegon — Aemond continuou, sua voz tremendo de raiva contida. — Nem mesmo em um momento que deveria ser de celebração, você se comporta como um bêbado insensível, idiota e sem escrúpulos.
Aegon, visivelmente surpreso com a explosão de Aemond, tentou retrucar, mas a intervenção de Alicent, que se levantou com um olhar severo, fez com que ele se calasse. Ela colocou uma mão reconfortante no ombro de Aegon, sua expressão tentando transmitir uma mistura de controle e reprimenda.
— Vamos todos manter a compostura — Alicent disse com uma calma que parecia forçada. — Este é um momento de celebração, e comentários desrespeitosos não têm lugar aqui.
Aemond, ainda irritado, se afastou da mesa e se dirigiu para um canto da sala, tentando se acalmar. Alyssane, observando o tumulto, se sentiu aliviada pelo apoio de Aemond, mas também estava preocupada com o que isso significaria para o restante da noite e para a dinâmica entre os presentes.
Helaena, com um olhar de preocupação, tentou distrair Alyssane com uma conversa suave, enquanto Alicent e Aegon tentavam restaurar alguma normalidade ao jantar.
A tensão, agora palpável, pairava sobre todos, e a noite continuava em um tom muito diferente do que se esperava.
O ano de 126 d.C. estava marcado por uma noite de tempestade, com o vento uivando e a chuva batendo furiosamente contra as janelas do Red Keep. O som das gotas de água parecia um eco distante no corredor, onde Aemond e Aegon estavam aguardando fora do quarto de Alyssane.
Aemond estava de pé, seu olhar atento e preocupado, enquanto Aegon, sentado em uma cadeira, tentava parecer relaxado, mas seu nervosismo era evidente. Aemond usava sua preocupação com o parto prematuro de Alyssane como desculpa, quando na realidade o bebê não era prematuro, mas havia sido concebido antes do esperado por todos.
Os gritos de Alyssane, abafados pela porta fechada, eram evidentes mesmo com o barulho da tempestade. Cada som de dor e esforço ecoava pelo corredor, e Aemond apertava os punhos, sua ansiedade disfarçada sob a fachada de preocupação.
Aegon olhava para a porta com uma expressão misturada de tédio e desconforto. Ele estava impaciente, mas não demonstrava muito mais do que um interesse superficial na situação. A importância do momento não parecia atingir completamente sua mente turva.
— Isso deve estar demorando mais do que o esperado — comentou Aegon, sua voz baixa e desinteressada.
— Você acha? — respondeu com uma frieza controlada. — Lembre-se de que este é um momento crucial para Alyssane. A situação é delicada, e sua indiferença não ajuda.
— Bem, o que posso fazer? Apenas esperar e ver.
A tensão de Aemond aumentava a cada grito que chegava aos seus ouvidos. Ele estava lá não apenas para mostrar apoio, mas para garantir que tudo corresse bem sem que ninguém descobrisse a verdade sobre a paternidade do bebê. Cada detalhe precisava ser perfeito, cada momento calculado para proteger sua irmã e o futuro de seu filho.
Finalmente, após uma eternidade de espera, a porta do quarto se abriu, revelando uma das amas de leite, com uma expressão cansada e um olhar que transmitia alívio.
— O parto foi bem-sucedido — anunciou ela, sua voz cansada mas firme.
Aegon, que estava meio inclinado para frente em sua cadeira, sorriu de forma leve e perguntou, com um tom brincalhão
— E então? É um menino ou uma menina?
Antes que a ama pudesse responder, Aemond, com um olhar ansioso e preocupado, interveio:
— Como está Alyssane?
A ama olhou para ele e fez um gesto tranquilizador.
— Lady Alyssane está bem. Ela está descansando, e o parto correu sem complicações.
Aemond, respirando aliviado, pressionou:
— E o bebê?
A ama sorriu suavemente, a exaustão no rosto dando lugar a uma expressão de contentamento.
— São gêmeos, Príncipe Aemond. Um menino e uma menina.
Após o anúncio da ama, Aemond fez um gesto de agradecimento e observou enquanto Aegon, com um ar de desinteresse quase cínico, se dirigia para o quarto onde Alyssane estava. Aemond permaneceu onde estava, sua expressão um misto de curiosidade e contenção, seu desejo de ver os filhos lutando contra a necessidade de manter as aparências.
— Vou ver os gêmeos — disse Aegon com um tom que misturava curiosidade e indiferença. — Esperemos que tenham herdado algo de mim.
Aegon entrou no quarto sem esperar, e Aemond permaneceu na antecâmara, seus pensamentos em tumulto. Ele não queria levantar suspeitas, especialmente não agora, quando a situação estava tão delicada. A visão dos filhos, que ele sabia serem seus, mas que o mundo acreditaria serem de Aegon, era uma mistura complexa de orgulho e frustração para ele.
A espera fora longa e dolorosa. Aemond sabia que deveria manter a calma e a compostura, mas a injustiça de não estar ao lado de Alyssane neste momento crucial e a antecipação de ver os filhos que realmente eram seus pesavam em seu coração. A dor da separação não era apenas física, mas emocional, um lembrete constante do jogo cruel que estavam forçados a jogar para proteger a todos envolvidos.
Finalmente, Aegon saiu do quarto, um sorriso satisfeito no rosto, que mal escondia sua falta de compreensão sobre a verdadeira importância do momento. Aemond, observando-o com uma calma controlada, viu a maneira como Aegon se afastava, não compreendendo ou talvez não se importando com o que estava em jogo.
Aemond respirou fundo, fechou os olhos por um momento e então se dirigiu ao quarto. Ao entrar, foi imediatamente envolvido pela suavidade da atmosfera, o brilho das velas iluminando o ambiente e a sensação de calma após o parto.
Seus olhos se voltaram para Alyssane, que estava repousando na cama, sua expressão de exaustão misturada com um traço de felicidade. Seus filhos estavam aninhados ao seu lado, um menino e uma menina, pequenos e frágeis, mas com a promessa de uma vida à frente.
Com um gesto cuidadoso e cheio de ternura, Aemond se aproximou da cama. Seus olhos se suavizaram ao olhar para os pequenos, seu coração inundado com uma mistura de emoções complexas. Ele podia sentir o peso da paternidade, a responsabilidade de proteger e cuidar de sua família, e a profundidade do amor que sentia por Alyssane e pelos filhos.
— Eles são perfeitos — murmurou ele, com um tom que era tanto um elogio quanto um reconhecimento da profundidade de suas responsabilidades.
Alyssane o olhou, suas expressões de cansaço e alívio se misturando, e ele pode ver a esperança e a segurança em seus olhos. Ele se inclinou para beijá-la suavemente na testa, um gesto de carinho e compromisso.
— Você fez um trabalho incrível — disse ele, sua voz carregada de admiração e orgulho. — Eles são tudo o que eu esperava e mais.
Com um olhar final para os filhos, Aemond tomou uma posição ao lado de Alyssane, sua presença agora um pilar de força e apoio, pronto para enfrentar o futuro ao lado dela e dos pequenos, mantendo-se sempre vigilante e protetor.
Aemond observava os filhos com um carinho visível, seus olhos fixos nos pequenos seres que eram a junção de Alyssane e dele, embora o mundo acreditasse que eram herdeiros de Aegon. O ambiente estava envolto em uma serenidade tranquila, quebrada apenas pelo murmúrio suave dos cuidados de Alyssane e pelos sons delicados dos recém-nascidos.
— Aegon já os nomeou — disse Alyssane, sua voz carregada de cansaço, mas também de um certo alívio ao finalmente ter conseguido dar à luz. Ela olhou para Aemond com um sorriso cansado. — Ele os chamou de Daeron e Daella.
Aemond sentiu um breve desconforto ao ouvir os nomes. Havia algo de perturbador em saber que Aegon, que nem sequer estava presente durante a maior parte da gravidez e que mal demonstrava interesse, tivesse o privilégio de nomear seus filhos. Ele tentou esconder sua reação, mas a sensação de frustração era palpável.
Com um esforço para manter a compostura, Aemond se aproximou da cama e olhou para os gêmeos, seus olhares delicados e suas pequenas mãos explorando o mundo ao seu redor. Ele deslizou o dedo gentilmente sobre a mãozinha da menina, sentindo a suavidade da pele e a fragilidade do pequeno ser.
— Daeron e Daella — repetiu ele, sua voz suave e ponderada. — Não são nomes ruins.
Ele falou com sinceridade, tentando afastar qualquer sensação de amargura. Apesar do desconforto que sentia, ele reconhecia que os nomes dados eram adequados e não desonravam os pequenos. Aemond continuou a brincar suavemente com a mão da menina, permitindo que seus sentimentos complexos fossem momentaneamente substituídos pela alegria e pela conexão que sentia com seus filhos.
Alyssane olhou para ele com um sorriso terno, percebendo o esforço dele para manter as aparências e a forma como ele tentava esconder sua frustração. Ela estendeu a mão e a pousou sobre a de Aemond, um gesto de agradecimento e solidariedade.
Aemond olhou para Alyssane e, apesar das emoções conflitantes, sentiu um orgulho imenso por ela e pelos filhos. Ele sabia que, apesar das dificuldades e das complexidades de sua situação, esses momentos de intimidade e conexão eram preciosos.
Ele se inclinou e beijou a testa de Alyssane, antes de olhar para os pequenos mais uma vez. Os nomes que Aegon havia escolhido agora faziam parte da vida deles, mas o amor e a proteção que Aemond sentia por seus filhos eram inabaláveis.
Aemond observava os gêmeos com um olhar carregado de complexidade emocional. A luz suave das velas lançava sombras delicadas sobre os pequenos, criando um quadro quase celestial. Ele se lembrava das antigas comparações, quando ele e Alyssane eram chamados de Lua e Sol, seus destinos entrelaçados como corpos celestes em um eterno balé de luz e escuridão.
A lua e o sol, eternamente distantes, mas inseparáveis em suas trajetórias, eram a metáfora perfeita para a relação deles. E agora, como se o cosmos quisesse repetir sua dança celestial, os gêmeos nascidos dessa união proibida eram, de certa forma, uma nova versão desse ciclo. Eles eram os filhos da lua e do sol, e a chegada deles trazia uma sensação de continuidade, uma esperança de que o legado de amor e de desafios persistiria através das gerações.
Era ao mesmo tempo confortante e aterrador. Confortante porque a promessa de um futuro estava encarnada naqueles pequenos corpos, um futuro que, embora envolto em complexidade, ainda oferecia a possibilidade de um começo. Aterrador porque a mesma força que unia o sol e a lua também carregava consigo a sombra de um amor proibido, um amor que ainda lutava para encontrar seu lugar no mundo.
Aemond sentia um orgulho profundo e um medo ainda mais profundo. O amor deles, embora profano e às vezes doloroso, havia gerado esses dois seres adoráveis. Ele se perguntava se poderia proteger os filhos deles, garantir que a luz que emanava de suas pequenas vidas não fosse ofuscada pelas sombras que ainda pairavam sobre o reino e sobre eles.
Enquanto o futuro se desdobrava diante dele, Aemond sabia que seu papel seria mais do que apenas um pai. Ele seria um guardião, um protetor, e um defensor da esperança que os gêmeos representavam. Em meio às incertezas e ao peso do amor proibido, ele esperava, com toda a sua força e determinação, que aqueles bebês encontrassem um caminho seguro e que, talvez, o brilho de sua existência pudesse, de alguma forma, iluminar até mesmo os caminhos mais sombrios.
fim do ato ii, estão gostando? Adoraria ler feedbacks :)
não esqueçam de votar no capitulo.
e publiquei uma fanfic do Jace, se quiserem ir dar uma olhada :)
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