𝟎𝟏𝖝𝟎𝟑 '𝕰𝖞𝖊 𝖋𝖔𝖗 𝖆𝖓 𝕰𝖞𝖊'


Alyssane correu pelas passagens escuras da Fortaleza, o coração disparado, até que finalmente chegou ao Fosso dos Dragões. A cena diante de seus olhos fez seu sangue gelar: Aemond estava cercado por Baela, Rhaena, Lucerys e Jacaerys, todos lançando golpes com uma fúria desenfreada, enquanto Aemond, com a mesma intensidade, se defendia a altura.

— O que está acontecendo aqui? — Alyssane gritou, sua voz ecoando nas pedras frias, enquanto corria em direção à briga, o olhar fixo em seu irmão.

Aemond, com um leve sorriso de triunfo, respondeu sem hesitar, desviando de um soco de Jacaerys.

— Eu reivindiquei Vhagar.

As palavras caíram como uma bomba. Alyssane sentiu uma onda de surpresa e admiração ao ouvir isso, mas antes que pudesse responder, Rhaena, com os olhos brilhando de lágrimas e raiva, retrucou com veemência:

— Você a roubou! Vhagar era da minha mãe, então ela é minha por direito!

Jacaerys e Lucerys pareciam mais hesitantes, os olhares nervosos enquanto observavam a cena. Aemond, no entanto, não parecia abalado.

— Se você a quisesse tanto, deveria ter reivindicado. — Aemond retrucou, sem esconder o desprezo na voz.

Alyssane, ao lado de seu irmão, sentiu a tensão no ar e, em vez de se juntar à briga, levantou o queixo e concordou firmemente.

— Aemond está certo. Vhagar escolheu ele, então agora ela é dele. Não existe direito sobre os dragões. Eles escolhem a quem pertencem.

As palavras de Alyssane só alimentaram a fúria de Rhaena. A neta de Rhaenys tentou avançar novamente, mas Alyssane se posicionou ao lado de Aemond, os olhos brilhando com determinação. A situação estava prestes a explodir em uma briga ainda mais violenta.

Rhaena, impulsionada pela raiva e pela dor, não hesitou. Com um grito de fúria, ela avançou sobre Alyssane, empurrando-a com força. Alyssane, pega de surpresa, perdeu o equilíbrio e caiu no chão duro, o impacto a atordoando momentaneamente.

— Alyssane! — Aemond gritou, vendo a irmã ser derrubada. A visão de Alyssane no chão despertou algo dentro dele, um fogo que ele não conseguia mais conter. Com uma explosão de raiva, ele se lançou sobre Rhaena, acertando um soco tão forte que a menina caiu também.

Mas não houve tempo para respirar. Jacaerys, Lucerys, e Baela não ficaram parados. Os três avançaram sobre Aemond, que tentou se defender, mas foi dominado pela quantidade. O caos se instalou. Alyssane, ainda no chão, sentia a dor pulsando em seu corpo, sua visão turva por um momento.

Tudo parecia um borrão até que, ao abrir os olhos novamente, Alyssane viu uma cena que fez seu coração parar. Jacaerys estava caído no chão, seu rosto marcado pelo soco de Aemond. E ali, em meio ao caos, Aemond segurava uma pedra, os olhos queimando de fúria e ressentimento.

— Bastardo! — Aemond gritou, o insulto saindo como um rugido, enquanto sua mão tremia ao segurar a pedra.

A Targaryen, ainda atordoada e sem fôlego, tentou se mover, mas seu corpo parecia pesado. Tudo estava acontecendo rápido demais, e o medo crescia em seu peito, sabendo que aquilo poderia terminar de forma desastrosa.

Alyssane, ainda sentindo a dor reverberar pelo corpo, forçou-se a levantar. Sua cabeça rodava, mas ela sabia que precisava intervir. Viu Aemond com a pedra levantada, a expressão de ódio nítida em seu rosto e seu coração acelerou de preocupação. Ela abriu a boca para gritar, para mandar que ele largasse a pedra mas antes que qualquer palavra pudesse sair, tudo aconteceu em um instante.

Lucerys, movido pelo pavor, deu um golpe desajeitado, mas certeiro. A pequena lâmina que ele segurava brilhou por um segundo antes de atingir Aemond, rasgando o ar e se cravando no olho do irmão de Alyssane. O grito que saiu dos lábios de Aemond foi estridente, carregado de dor pura e insuportável. Alyssane, como se sentisse a própria carne sendo ferida, gritou junto com ele, sua voz cheia de desespero e terror.

O tempo pareceu parar. Aemond caiu de joelhos, as mãos cobrindo o lado atingido do rosto, o sangue escorrendo entre seus dedos. Alyssane, em estado de choque, mal conseguia respirar, sentindo a dor de Aemond como se fosse dela. Ela caiu de joelhos ao lado dele, as lágrimas já escorrendo pelo rosto, sem saber o que fazer ou como ajudar, apenas sentindo a agonia de ver seu gêmeo ferido de uma forma tão brutal.

Alyssane piscou algumas vezes, confusa, enquanto a escuridão ao seu redor se dissipava. A dor pulsante em sua cabeça a fez levar a mão até a têmpora, e quando seus dedos encontraram a umidade quente do sangue, ela franziu o cenho. Ainda atordoada, ela olhou ao redor, tentando entender onde estava.

Ela havia apagado? Ela não sabia. Só sabia que, quando finalmente recuperou os sentidos, tudo já havia acontecido, e agora, tudo o que restava era o caos ao seu redor.

O grande salão da Fortaleza Vermelha estava mergulhado em uma tensão palpável. A luz das tochas refletia nos rostos sérios e ansiosos das pessoas ao redor. 

À sua frente, Lucerys e Jacaerys se escondiam atrás de Rhaenyra, os olhos arregalados de medo e confusão. Rhaena e Baela estavam ao lado de Rhaenys, ambas parecendo desoladas.

Aegon estava de um lado, um sorriso debochado nos lábios, enquanto Daemon, no outro lado do salão, observava a cena com interesse, mas sem intervir.

A loira sentiu o peito apertar ao ver sua mãe, Alicent, de pé ao lado de Viserys, lágrimas escorrendo pelo rosto enquanto ela observava o mestre cuidando do ferimento de Aemond. Viserys tentava desesperadamente restaurar a ordem no salão, sua voz ecoando autoritária, mas com uma nota de desespero.

Alyssane olhou para o irmão, Aemond, sentado sobre uma cadeira próxima, o rosto contorcido em dor enquanto o mestre trabalhava no ferimento onde seu olho havia estado. A visão do sangue e do olhar vazio de Aemond fez seu estômago revirar, a realidade do que havia acontecido finalmente começando a se assentar em sua mente.

Aemond estava quieto, seu rosto uma máscara de calma sombria. A dor, que antes havia arrancado gritos de seu peito, parecia ter se dissipado, ou talvez ele estivesse escondendo-a sob uma camada de aço, como apenas ele conseguia. 

Ainda assim, algo no silêncio dele, na forma como ele encarava o vazio com o olho remanescente, fez Alyssane sentir um nó se formar em sua garganta. O olhar vazio e inexpressivo do irmão era como uma facada lenta em seu coração.

De repente, a tensão acumulada dentro de Alyssane explodiu. Ela gritou, um som agudo e desesperado que ecoou pelo salão, quebrando o silêncio pesado e atraindo todos os olhares para ela. 

Suas mãos começaram a tremer incontrolavelmente, e seu corpo entrou em um estado de pânico, como se a realidade do que acontecera tivesse finalmente a atingido com toda a força.

— Aemond! — Alyssane berrou, as palavras saindo em um grito desesperado, enquanto ela lutava para se aproximar do irmão.

Mas antes que pudesse chegar até ele, Alicent, que já estava abalada pelo que ocorrera, rapidamente agarrou Alyssane pelos ombros, tentando contê-la. Alyssane se debatia violentamente nos braços da mãe, seus movimentos descoordenados e frenéticos, enquanto lágrimas começavam a escorrer por seu rosto pálido. 

Alicent, igualmente afetada, fez o possível para mantê-la sob controle, mas era como tentar segurar uma tempestade.

— Alyssane, calma! — Alicent implorou, sua própria voz embargada pelo choro, enquanto tentava manter a filha em seus braços. — Por favor, querida, acalme-se!

Mas Alyssane não ouvia. Tudo o que ela queria era estar ao lado de Aemond, segurar sua mão e fazer a dor dele desaparecer, de alguma forma. Ela precisava ter certeza de que ele estava bem, de que ainda era o mesmo Aemond, o irmão que ela tanto amava.

— Eu preciso ir até ele! — Alyssane gritava, seu corpo tremendo violentamente enquanto lutava para se livrar do aperto da mãe. — Ele precisa de mim, mamãe, me deixe ir! Me solta, me solta, me solta.

A força e a determinação em sua voz eram notáveis, mas Alicent estava determinada a proteger a filha, mesmo que fosse de si mesma. Ela segurou Alyssane com firmeza, puxando-a para perto, tentando acalmá-la, mas sentindo a própria força fraquejar diante da dor e do desespero de sua filha.

— Allysane, não! — Alicent a segurou com força. —  Aemond está aqui, querida, ele está bem... — Alicent tentava assegurar, mesmo que ela própria tivesse dificuldade em acreditar plenamente em suas palavras.

Alyssane continuava a gritar descontroladamente, sua voz ecoando pelo salão, como um lamento que parecia não ter fim. A intensidade de seus gritos começou a preocupar Aemond, que, apesar da dor e do choque, desviou sua atenção para a irmã.

— Mãe, deixe ela vir. — Aemond pediu, a voz mais suave do que de costume, porém firme. Ele não suportava ver Alyssane naquele estado, e a simples visão dela tão abalada doía mais do que a própria perda de seu olho.

Alicent, com o coração apertado, tentou trazer Alyssane de volta à realidade. Ela segurou o rosto da filha com delicadeza, usando os dedos para secar as lágrimas que desciam por suas bochechas. Alyssane tremia de forma incontrolável, como se a própria terra estivesse desmoronando sob seus pés.

— Alyssane, meu amor, acalme-se... estou aqui, ele está bem. — Alicent murmurou, tentando transmitir algum conforto, embora ela mesma estivesse destruída por dentro.

Aos poucos, com a suave pressão de sua mãe, Alyssane foi guiada até Aemond. Alicent se abaixou ao lado dela, ainda segurando sua mão, enquanto Aemond estendeu a dele. Alyssane hesitou por um momento, como se estivesse com medo de tocá-lo, temendo que o irmão estivesse mudado para sempre.

— Está tudo bem, irmã. — Aemond sussurrou, sua voz serena enquanto seus dedos encontravam os dela. — Eu perdi um olho, mas ganhei um dragão. Foi justo.

Alyssane olhou para ele, os olhos ainda marejados, mas agora cheios de algo além do medo e da dor: havia uma centelha de compreensão. Aemond, mesmo ferido, tentava tranquilizá-la. Ele estava tentando lhe mostrar que, mesmo na perda, havia algo a ser ganho.

Alyssane apertou a mão de Aemond com força, o coração ainda disparado, mas agora sentindo a presença reconfortante do irmão, como um farol em meio à tempestade.

Alyssane olhou para o irmão, mas sua voz saiu trêmula e baixa, quase um sussurro:

— Não... não está tudo bem.

Alicent, ainda segurando a filha, ergueu a voz, firme, mas cheia de dor:

— Alyssane tem razão. Não está nada bem!

Viserys, que até então tentava acalmar o salão, virou-se para a esposa, sua expressão uma mistura de cansaço e desespero.

— O que você quer que eu faça, Alicent? — perguntou, a voz marcada pela exaustão.

Alicent, tremendo e com lágrimas nos olhos, enfrentou o olhar do marido. A dor em seu peito era insuportável, e suas palavras saíram carregadas de uma raiva contida:

— Quero um olho do filho da Rhaenyra. — disse, cada palavra carregada de uma determinação fria.

O salão caiu em um silêncio profundo, a tensão quase palpável. Viserys olhou para Alicent, seus olhos implorando por razão.

— Alicent, por favor, não deixe que a dor tire o melhor de seu julgamento — implorou ele, com uma voz baixa e tensa.

Alicent, porém, não recuou. Ela apertou a mão de Alyssane com mais força, como se encontrasse força na presença da filha.

— Ele é seu filho, seu sangue. — disse ela, as palavras ecoando pelo salão como uma sentença.

A atmosfera no salão tornou-se sufocante, o peso da decisão iminente pressionando a todos os presentes. As palavras de Alicent eram um reflexo do medo e da dor de uma mãe, mas também de uma ferida que parecia destinada a se aprofundar ainda mais.

Lucerys começou a gritar, o som estridente cortando o silêncio tenso do salão. Alicent, ainda implacável em sua determinação, olhou diretamente para o menino.

— Você vai poder escolher qual olho quer manter, Lucerys. Um privilégio que Aemond não teve. — disse ela, sua voz dura como ferro.

Rhaenyra avançou, colocando-se na frente dos meninos, como uma leoa protegendo seus filhotes. Seus olhos faiscavam com uma fúria intensa, e sua postura era de pura ameaça.

— Ninguém vai machucar ninguém! — gritou Viserys, sua voz retumbando pelo salão, tentando desesperadamente restaurar a ordem.

Aemond, sentado e ainda apertando a mão de Alyssane, manteve-se em silêncio, sua expressão endurecida, mas sua conexão com a irmã parecia ser a única âncora que o mantinha ali, presente e forte.

Alicent, no entanto, estava decidida. Com os olhos fixos no filho ferido, ela se voltou para Viserys, sua voz cheia de determinação e dor:

— Se o rei não buscar justiça, a rainha o fará.

Ela então voltou-se para Criston Cole, o homem parado ao seu lado, a lealdade estampada em seu rosto.

— Sir Criston, traga-me o olho de Lucerys Velaryon. — ordenou ela, a autoridade em sua voz deixando claro que não esperava hesitação.

Criston Cole, porém, hesitou. O conflito interno era visível em seus olhos enquanto ele ponderava a ordem. Alicent, impaciente e cheia de raiva, acrescentou com firmeza:

— Você é meu espada juramentada, Cole. Faça o que mando.

Criston respirou fundo, a tensão aumentando a cada segundo que passava.

— Meu dever é proteger a rainha, Vossa Graça — respondeu ele, sua voz respeitosa, mas firme. — Não é meu lugar atacar ninguém.

A resposta de Cole fez o salão silenciar novamente, as palavras pesadas pairando no ar. Alicent olhou para ele, sua raiva esvaindo-se lentamente, substituída por uma dor profunda e a percepção da realidade cruel em que estavam. 

Alyssane, com a voz quebrada e cheia de lágrimas, chamou:

— Mamãe...

Ela estava visivelmente traumatizada, seus olhos inchados e o corpo tremendo. A imagem do irmão ferido e a violência ao seu redor eram mais do que ela podia suportar. Ela não queria ver mais nada além da paz e da segurança que lhe pareciam tão distantes.

No entanto, Alicent, consumida pela raiva e pelo desespero, parecia não ouvir a filha. Seu olhar estava fixo em Lucerys, e sua decisão estava tomada. Com um movimento rápido, ela agarrou a espada de Criston Cole, a lâmina brilhando fria sob a luz das tochas.

Com um grito de fúria, Alicent avançou em direção a Lucerys, sua intenção clara. No entanto, antes que pudesse alcançar o menino, Rhaenyra se lançou à frente segurando o braço de Alicent.

Instantaneamente, a situação se tornou um caos. Guardas e servos se precipitaram para separar os combatentes, tentando impedir que a violência se agravasse ainda mais. Alicent, com a espada ainda em mãos, foi contida pelos guardas que a rodeavam, enquanto Rhaenyra permanecia protegendo seus filhos, seu olhar determinado e feroz.

A cena estava se tornando um pesadelo sem fim, e a instabilidade da família real estava se desdobrando em uma batalha de frustrações e rancores. O salão, agora cheio de gritos e movimento frenético, era um reflexo da desordem que parecia consumir todos eles.

Quando Alicent viu o sangue escorrendo pelo braço de Rhaenyra, um choque de realidade a atingiu com força. A visão da ferida, uma evidência clara de que ela havia cruzado um limite perigoso, fez com que a raiva e a determinação da rainha começassem a desmoronar. Ela parou, a espada ainda na mão, o olhar perdido enquanto sua mente processava o que havia feito.

Rhaenyra, com a dor visível, olhou para Alicent com uma expressão de desaprovação profunda. Sua voz era uma mistura de raiva e desprezo:

— Parabéns, agora todos sabem quem você realmente é.

Daemon, que se aproximou de Rhaenyra, parecia uma sombra, sua presença impondo ainda mais tensão ao ambiente. Seu olhar para Alicent era um misto de desdém e condenação.

Aemond, ao lado de Alyssane, levantou-se para ir atrás da mãe, preocupado com o estado dela. Ele tentou aproximar-se de Alicent, sua voz calma e reconfortante tentando penetrar o caos em que ela estava imersa:

— Está tudo bem, mãe. Está tudo bem.

As pessoas no salão começaram a se dispersar, o tumulto se acalmando gradualmente enquanto o ambiente se enchia de murmúrios e sussurros sobre o ocorrido. O silêncio que seguiu parecia quase mais pesado do que o barulho da briga.

Alicent, agora dominada pela tremedeira e pelo choro, estava em estado de choque. Sentia o peso das consequências de suas ações, uma sensação esmagadora de que havia arruinado tudo. A dor e o remorso eram visíveis em cada tremor de seu corpo.

Alyssane, vendo a mãe em um estado tão vulnerável, aproximou-se e a abraçou com força.

— Mamãe, está tudo bem, eu estou aqui — murmurou Alyssane, seu abraço apertado, enquanto a mãe tremia em seus braços.

Alicent, apesar de estar lutando para manter a compostura, sentia a dor dos filhos machucados e a certeza amarga de que suas ações haviam causado uma divisão irreparável. Ela sabia que o dia havia mudado para sempre a dinâmica entre as famílias e a sua própria vida. A tristeza e o desespero a envolviam, enquanto ela tentava lidar com a realidade de suas escolhas e o impacto devastador delas.

Alicent respirou profundamente, tentando acalmar o tumulto em sua mente. Ela ainda estava em choque, incapaz de acreditar que Aemond tinha perdido um olho em um confronto que começou por um dragão — ou, como o próprio Aemond disse, por ter chamado os filhos de Rhaenyra de bastardos. A injustiça da situação pesava sobre ela, e a realidade cruel de que a perda de um olho poderia ter sido evitada a atormentava.

Ela observou os filhos, sentindo-se impotente e devastada. A dor que eles estavam enfrentando era um reflexo do caos que havia se instalado em suas vidas e em sua família. Alicent sabia que não poderia mudar o que havia acontecido, mas ainda era sua responsabilidade garantir que seus filhos estivessem bem. Com um esforço visível, ela decidiu que era melhor enviá-los para a cama, na esperança de que o descanso pudesse oferecer algum alívio.

Alyssane, aproximando-se da mãe com uma expressão de preocupação, perguntou, a voz ainda tremendo:

— Mamãe, posso dormir com o Aemond?

Alicent hesitou, ainda abaladíssima pela noite tumultuada e pelas emoções que a dominavam. Ela sabia que havia proibido a intimidade excessiva entre os gêmeos, mas o estado de Aemond e a súplica de Alyssane a fizeram reconsiderar. Ela olhou para a filha, vendo o cansaço e a necessidade de conforto nos olhos de Alyssane. Finalmente, Aemond, com a voz baixa e cansada, falou:

— Mãe, eu vou me sentir melhor se a Alyssane ficar comigo. Por favor.

Alicent, tocada pela preocupação e pela necessidade de seus filhos, cedeu, a dor visível em seu rosto. Ela sabia que não era o momento para manter regras rígidas.

— Tudo bem, só desta vez. Só hoje, entenderam? — disse Alicent, a voz cansada e quebrada e os dois assentiram. — Vão para a cama agora, e procurem descansar. Amanhã será um novo dia.

Alyssane, aliviada, olhou para Aemond com um sorriso triste e começou a guiá-lo suavemente em direção ao quarto.

Enquanto os gêmeos se dirigiam para o quarto, a tristeza e a frustração permaneciam em Alicent. A noite tinha sido uma dura lembrança de que o caminho para a reconciliação e a paz seria longo e doloroso.

Alyssane e Aemond chegaram ao quarto dele, um ambiente que, apesar de familiar e seguro, agora parecia carregado com a tensão e o peso dos eventos da noite. A luz bruxuleante das velas lançava sombras nas paredes, criando um ambiente sombrio que refletia o estado de espírito dos dois.

Alyssane, com o coração ainda acelerado e a mente perturbada, se aproximou da cama de Aemond e se deitou ao seu lado. Ela o olhou com uma expressão de tristeza e preocupação.

— Aemond, você está com dor? — perguntou ela, a voz tremendo, enquanto tentava manter a compostura.

Aemond, embora estivesse com um olhar cansado e pálido, focou em sua irmã. Ele podia ouvir o ritmo acelerado do coração dela, e isso o preocupava ainda mais. Ele tentou, com todas as forças, aparentar calma para acalmar Alyssane.

— Não, não estou com dor. — respondeu ele, sua voz suave e reconfortante. — Não se preocupe com isso.

Alyssane, no entanto, não conseguiu evitar que as lágrimas começassem a escorregar por suas bochechas. A imagem do tumulto, a dor de Aemond, tudo isso estava rodando em sua cabeça como um filme interminável. Ela queria chorar, queria deixar a tristeza e o medo que a consumiam escapar de uma vez por todas.

Aemond, sentindo a tensão crescente, olhou para a irmã e, com um tom de preocupação, disse:

— Se você chorar, vai doer ainda mais em mim. Por favor, tente se acalmar.

Alyssane, com um esforço visível, tentou controlar as lágrimas. Ela respirou fundo, tentando se acalmar, enquanto se acomodava na cama ao lado de Aemond. A presença dele, mesmo em meio ao sofrimento, era um consolo para ela. A tristeza ainda estava ali, mas a conexão com seu irmão era um ponto de apoio em meio ao caos.

Aemond, percebendo o esforço de Alyssane para se manter calma, estendeu a mão e segurou a dela, em um gesto de apoio silencioso. Eles ficaram ali, juntos, em silêncio, buscando um pouco de conforto e alívio na presença um do outro. O mundo exterior podia estar desmoronando, mas naquele momento, no calor da cama compartilhada, havia um breve refúgio para suas almas abaladas.

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