Three

O quarto de Cassidy era bonito, as paredes eram pintadas de um azul que parecia um céu sem nuvens, era espaçoso, ao contrário do meu que mal cabia minha cama e guarda-roupa. Mas a melhor parte do quarto de Cassidy eram os puffs, ela tinha dois, o qual um eu estava sentada. Vim até sua casa para fazermos tarefas do colégio, desde que me tornei sua amiga minhas visitas eram frequentes, já que ela sempre me chamava para vir aqui. Estava concentrada em uma conta de física, estava empenhada em achar a resposta, enquanto Cassy não saia do celular já fazia alguns minutos.

-— Cassy, será que você pode se concentrar aqui?! Temos que mostrar isso para a professora de física na segunda-feira.

Cassy não me deu bola, apenas sorria para a tela.

— Cassidy!

— Ãn? O que foi, Ally? — ela finalmente me olha.

— Está falando como Benjamin?

— Não, Benjamin está sem celular, o pai dele confiscou.

— O que o Benjamin andou fazendo? Ontem ele começou um trabalho provisório na lanchonete, Bill contou que foi a mando do pai dele.

— Bem, na quarta-feira, o Ben foi no aniversário de um amigo dele, eu não quis ir, ele encheu a cara e os amigos dele tiveram que levar ele pra casa, ele estava com o carro do pai dele e deixaram estacionado em frente a casa, mas o doido do Benjamin depois quis colocar o carro sozinho na garagem e enfim bateu o carro na entrada, o pai dele ficou furioso, o que resultou nesses castigos - ela me responde rápido e depois volta a atenção para o celular.

— Que droga! E você não foi com o Benjamin ao ainversário por quê?

— Pra ele eu disse que não estava a fim, mas eu tinha um outro compromisso.

— Que compromisso, Cassy? — ela não responde. — Cassy? Com quem você tanto fala? Não vai me dizer que com o Caio?

— Tá bom, não vou mais esconder as coisas de você, você é minha amiga e merece saber o que acontece comigo. Então, eu sai de novo com o Caio e dessa vez a gente se beijou, desculpa, apenas rolou.

— O quê? — meu queixo cai.

— Eu sei o que você vai falar... Cassy você é louca, está traindo o Benjamin, mas em minha defesa, o Benjamin liga mais para os amigos dele do que pra mim, eu estava carente e precisava de atenção, o Caio apareceu e fiquei vulnerável, sei que o que fiz foi errado, mas, aconteceu — ela dá de ombros, como se não fosse nada demais o que acabara de falar.

— Cassy, eu nem sei o que dizer - eu não esperava que Cassidy pudesse fazer mesmo isso. Estava perplexa.

— É um segredo que preciso que você guarde, Ally, pode fazer isso por mim? Eu precisava contar, sei que você está decepcionada comigo, posso ver no seu rosto.

— Eu estou surpresa, Cassy, eu não pensei que você pudesse trair o Benjamin. Ele não merece ser enganado.

— Eu sei, eu sei. Eu vou me separar dele, só preciso criar coragem para fazer isso.

*


Desde que Cassy me contou sobre o que fez, os dias passaram e nada dela terminar com Benjamin, me sentia mal por vê-lo as noites e pensar que ele estava sendo traido por minha amiga. Nunca me imaginei em uma situação como essa, eu iria odiar saber que alguém que eu amava estava com outra pelas minhas costas, eu estava me pondo no lugar de Benjamin...

— O que está pensando?

— Benjamin, você tem que parar de chegar sorrateiro perto das pessoas — o  repreendo.

Ele apenas ri.

— E você tem que parar de ficar olhando para o nada parecendo uma zumbi.

Tirando o lado da pena que sentia por Benjamin, ainda estava sendo um martírio ter que aguentar a existência dele.

— Vai ficar aqui por mais quanto tempo?

— Não, sei. Talvez um mês.

— Por que veio pra cá? — Eu já sabia a resposta, mas queria ver o que benjamin me responderia.

— Fiz merda e essa é a punição.

— Como assim? — questionei.

— Desde quando se interessou pela minha vida Alissa?

Eu fico sem saber o que falar. Não deveria ter perguntado nada.

— Estou brincando relaxa — ele me olha de esguelha, seus lábios se reprimem em um sorriso divertido. Suspiro. — Bati o carro do meu pai — Benjamin começa a explicar. — Ele fez eu pagar o concerto, mas com o dinheiro que ganhasse em um emprego, então ele me mandou pra cá, e fez questão que fosse algo a noite para eu parar com minhas saidas, confiscou meu celular e cartão de crédito.

— Ele ficou tão furioso assim?

— Tem alguma dúvida ainda? A batida do carro foi o ápice para ele explodir.

Ficamos em silêncio por poucos segundos.

— E você por que veio para cá?

— Eu tenho que ajudar minha mãe em casa, o salário dela como cozinheira na escola mal dá pra pagarmos o aluguel e suprir nossas necessidades, e eu também quero fazer faculdade, então estou guardando dinheiro.

— E o seu pai? — ele me pergunta, percebo seus olhos em mim. O olho também.

— Eu não o conheci, ele nos deixou antes deu nascer — viro o rosto e encaro a cerâmica branca do chão da lanchonete.

— Eu sinto, Alissa!

— Tudo bem — sorrio e o olho rápido. Seus olhos demonstravam compaixão.

— Mas, bem, você quer fazer faculdade do quê? — ele muda rápido de assunto.

— Contabilidade — respondo simples.

— Sério? — ele indaga supreso.

— Sim, sou de exatas! — Rio devido a sua expressão.

— Meu Deus!

Rio mais ainda por ele demonstrar tanta surpresa com a minha revelação.

*

Chris aparece quando o horário de fechar a lanchonete se aproximava, eu estava fechando o caixa e Benjamin limpando as últimas mesas usadas.

— Eai, Ally.

— Eai — sorrio fechado. — O quê deseja?

— Bem — ele se reclina sobre o balcão, o cheiro de álcool alcança minhas narinas — Você!

Rio de nervoso.

— Você está bêbado?

— Claro que não. Totalmente sóbrio — ele sorri.

— Acho melhor você ir para casa Chris, e também já estamos quase fechando.

— Ótimo, eu te acompanho até em casa.

— Não sei nem se você consegue chegar até sua própria casa.

— Eu vou ao banheiro — ele diz de repente e sai meio cambaleante rumo sanitário.

Bill aparece e eu lhe passo o dinheiro que lucramos hoje. Benjamin reparace colocando as mesas para dentro.

— Tudo certo pra fechar? — Bill pergunta.

— Um cliente foi ao banheiro.

— Está bem, estão dispensados — ele olha pra mim é Benjamin. — Eu espero ele sair.

— Tchau Alissa — Benjamin fala seguindo para sua moto e eu rumo até minha bicicleta que deixo atrás do estabelecimento. Mas antes que chegue até lá a voz de Chris ressoa.

— Ally, espera! — Eu só queria ir para casa não ter que lidar com Chris bêbado. Não paro e pego minha bicicleta enquanto ele se aproxima. E então ele bloqueia a saída .

— Chris, me dá licença.

— Ally por que você é tão difícil? Por que  não me dá uma chance?

— Por que não tô afim, pensei que isso já tivesse ficado claro — rebato.

Ele tenta me tocar o rosto mas me esquivo.

— Dá licença, eu já falei — Mas ao invés de se afastar ele avança. Tento colocar minha bicicleta entre nós.

— Se você não parar eu juro que vou gritar! — ameaço.

— Eu não tô fazendo nada, Ally... — antes que Chris terminasse de falar ele é puxado para trás, cambaleante ele cai no chão de predrinhas brita.

— Mas que droga! — ele resmunga Ainda caído.

— Você não ouviu ela pedindo licença não ô idiota?! — Benjamin fala com a voz áspera.

Fico olhando a cena a minha frente perplexa.

— Quem você pensa que é... — Chris mal consegue completar.

— O cara que vai quebrar o seu nariz se você não dar o fora daqui.

Chris se levanta e me olha. Estava estática agarrada minha bicicleta.

— Se manda! — O olhar de Chris se enfurece, mas ele sai caminhando para longe de nós sem dizer mais nenhuma palavra.

— Você está bem? — Benjamin se vira em minha direção.

Assinto.

Bill e sua mulher aparecem.

— O quê estava acontecendo aqui? — Bill indaga.

— Nada, só o Chris incomodando mas o Benjamin já fez ele ir embora.

— Tem certeza que não foi nada? — Jude olha para mim. Eu assinto.

Bill e Jude concordam e então partem em seu carro.

Benjamin ainda estava parado próximo a mim.

— Quer que eu te acompanhe pra casa? Tem certeza que está bem? Parece abalada?

— É só que eu não esperava que acontecesse isso. Você não precisava me defender — Benjamin me olha. — Mas obrigada! — forço um sorriso para ele. E começo empurrar minha bicicleta.

Subo nela.

— Cuidado no caminho! Quando chegar em casa me avise — ele diz.

— Não tenho seu número — respondo dando as primeiras pedaladas.

— Deveria ter — não, não deveria.

— Tchau Benjamin.

— Tchau, Ally — olho para trás ao ouvir ele me chamar pelo apelido. Pela primeira vez.

— Olha pra frente se não vai cair — ele me grita.

Olho para frente e balanço a cabeça em negativa. Um sorriso mínimo desponta em meu rosto.

...

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