Te "judiei"...



Dois dias depois de sua chegada, Paulinho estava todo a vontade, ajudando a cozinhar e se encantando com o jeito das pessoas. Acordou na manhã de sábado inspirado para acompanhar o preparo de "iguarias" feitas do porco recém-abatido e Lucas contrariado teve que acompanha-lo.

— Pra que passar esse monte de perfume, se arrumar assim? O rancho é só uns cem metros daqui, lá ó... — Lucas era direto quando se acostumava com alguém.

— Credo Lucas, vai que tem um urso poderoso feito o tio... Ai, preciso casar, maninha.

— Aqui só tem o pessoal do sítio, não tem ninguém assim... igual o MEU Pedro.

— Deixa de ser bobo, não sou desse tipo não. Tô super curioso pra ver esses processos.

— Se eu fosse tu, eu não ia. Vai ficar com seu cabelo catingando a fumaça e cheiro de porco. Fora que recém mataram o bicho, devem estar estripando.

— Ai não tira minha empolgação, menino. — Paulinho era divertido, mas só Pedro que sorria o tempo todo. Via sua irmã Jacira nos modos e traços do jovem e isso causava nele uma alegria sem medidas. Tinha a sensação de ter uma família outra vez. — Tio, tô indo com o Lucas ver o povo fazer bacon, ai eu amo bacon.

Pelo curto caminho, Lucas percebeu que Paulinho rebolava ao andar, nas conversas se colocava no feminino, falava de romance, tinha jeito de ser muito carinhoso e verdadeiro. Paulinho contou toda a sua vida em dois dias e Lucas percebeu que ele era quieto perto do sobrinho de Pedro. "Ai de Pedro se ainda falar que sou tagarela", pensou Lucas vermelho de tão irritado.

Não foi novidade que Paulo quase passou mal ao olhar as tripas penduradas que serviriam para preparar as morcelas. A banha dentro do latão, vísceras que seriam moídas, fumaça que defumaria a barriga do animal, fedor de pele do animal sendo escaldada com água fervente e o último ato de "terror": a cabeça!

Quando Paulinho voltou para casa, ficou completamente calado ao caminhar ao lado de Lucas.

— Viu? Eu disse... Tava se arrumando como se fosse pra uma festa de casamento.

— Lucas... — Pedro chamou a atenção do namorado sentindo que ele estava sendo arrogante e insensível com Paulinho. — Tu tá bem, Paulo?

— Tio, eu nunca mais vou comer bacon na minha vida. Nossa Senhora, que carnificina, aquilo é a visão do próprio inferno. Vou sonhar com aquela cabeça. Que horror!

— Que frescura, vejo eles matando porco desde que eu tinha sete anos. — Lucas destilou.

A desolação de Paulinho durou apenas algumas horas, pois quando colocaram a mesa com bisteca, coração suíno recheado e costela suína assados na churrasqueira, ele comeu e repetiu. Vários funcionários almoçaram com a família e depois dispersaram voltando às suas casas. A esposa de Aldo era dispensada das tarefas domésticas no final de semana, por isso ganhava um pequeno "bônus" de Pedro para fazer um pouco de comida a mais naqueles dois dias. Tudo para não necessitar de Lucas na cozinha.

Lucas terminou de almoçar e avisou que ia pendurar as roupas, depois descansaria. Deu uma piscadinha discreta ao seu homem que ficou assanhado e louco para segui-lo. Em casa retirou da máquina as peças íntimas e encontrou uma calcinha... Uma calcinha? O que uma roupa íntima feminina fazia entre as cuecas de três machos? Será que Pedro estava aprontando? De onde surgiu aquela calcinha? Calcinha preta e rendada. O jovem olhou a sua volta com os olhos arregalados e Pedro com seu costume de chegar sorrateiro fê-lo gritar.

— AH! Pedro!

— Onde tu arrumou isso?

— O quê? Como que eu vou saber. Eu é quem pergunto.

Ambos ficaram se olhando querendo dar risada quando entenderam que a peça mínima tinha um dono e ele vinha andando na direção deles. Pedro praticamente arrancou a peça centrifugada da mão de Lucas e enfiou no bolso da jaqueta.

— Ai meninos, eu comi muito. Vou engordar e por a culpa em vocês.

— Mas daí a gente fica feliz, isso significa que gostou da comida daqui.

— E tem como não gostar? Eu nem sonhava que coração suíno assado e recheado com bacon era tão bom. Eu comi praticamente um inteiro. Acho que vou fazer o sono da beleza.

Pedro e Lucas ficaram olhando o jeito assanhado e rebolante de Paulinho ao entrar em casa. O mais velho se voltou encontrando o olhar verde escuro mirando seus olhos e um sorriso quase perverso a enfeitar a boca de lábios carnudos.

— Que esse urso tarado tá querendo, heim? Pensa que não vi, tu olhando a bunda do moreninho...

— Lucas ele é meu sobrinho. Ah até parece que eu ia te desrespeitar.

— Acho bom. Porque eu ia sumir da sua vida. Mas antes ia te dar uma surra. E te deixar amarrado ali naquela árvore... pelado. Ia passar mel no seu corpo todinho... — Lucas estava cada vez mais perto e falava mansamente. — Ia te deixar bem duro, seu pau molhadinho depois de chupar e fazer você se contorcer todo.

— Você é do mau, Lucas... olha aqui — Pedro olhou em volta e com receio de serem vistos ali fora da casa onde morava, apenas apontou para a pelve onde um volume indiscreto apareceu. — Vamos subir pra dar uma namoradinha?

— Não... tô cheio de preguiça.

— Então porque você provoca? Lucas... só um pouco.

Era visível o tesão exalando por todo o ser de Pedro e mais notável que isso, era a maldade no jovem.

— Eu mal falei umas besteirinhas, nem toquei em você. — Lucas parecia tranquilo, pendurava as roupa e cuidava para que o mais velho não visse sua expressão de danado. Estava rindo porque sabia que seu homem não o desafiaria com medo de ser "castigado".

— Vem só um pouco. Tô louco de tesão... Amor do Pedro. Por favor, preciso de uns carinhos. Me dá uma atenção.

— Ai tá bom. Só porque eu quero e não porque você pediu por favor.

— Vai te cagar. Peste ruim. — Pedro ralhou com o mais jovem e deu-lhe um safanão na bunda quando entraram em casa. Juntos, tomaram um longo banho e Pedro foi muito "judiado". Chegou a ficar com o cacete arroxeado, quase "grotesco" de tão volumosas que as veias ficaram. Até o cheiro de seu sexo ficou mais forte e Lucas se deliciava. Poderia ter gozado, mas segurou porque Lucas o chamou de apressado no banho anterior.

De forma mandona, Lucas o secou com a toalha de banho e empurrou-o sobre a cama. O saco já muito inchado o fez afastar as pernas e acomodar-se para desfrutar do prazer intenso que era ser mamado por um bezerrinho bonito como Lucas.

— Ah que pauzão... esse pau gostoso quer entrar aqui nesse lugarzinho apertado?

— Ai sim...

Lucas engolia o pau até a goela, sugava com força, amassava carinhosamente as bolas do macho mais velho e descansava, falando alguma sacanagem. Pedro ficou meio sobressalto quando sentiu o dedo fino do rapaz procurando sua entrada, mas Lucas não forçou, somente provocou para que o mais velho sentisse que aquilo era uma fonte de prazer. Lucas queria Pedro dentro dele e fodendo gostoso como fazia. O mais velho era quente, metia com vontade fazendo o mais jovem se descontrolar muitas vezes.

— Me pega de quatro. — Lucas ordenou, se arrumou todo empinado remexendo o quadril e sorrindo enquato olhava por cima de seu ombro. Pedro se masturbava encarando-o. — Vem meu macho peludo gostoso. Mete a língua aqui nesse cuzinho, mete.

Pedro deu-lhe um cunete que levou Lucas a gritar com a cara no travesseiro, estava excitado no último nível e nem a ardência da penetração o desconcentrou.

— Ah que gostoso meu guri.

— Mexe agora... me fode! — Com certeza aquela ordem dada, sempre seria cumprida. Segurando a cintura de Lucas, Pedro o montou com fúria. O mais jovem apertava com força a coberta, descia o tronco como um felino espreguiçando languidamente. Gemia baixinho e pedia muito mais porque gostava de ser fodido duro.

Pedro saiu do corpo amado e disse:

— Deita...

— Não! Quero colinho... deita! — Com a mão espalmada, empurrou o macho mais velho sem fazer força e sentou no quadril deste. Montou e conduziu aquela foda à sua própria maneira.

Lucas era belo dentro de padrões ditadores de beleza, mas sua beleza ia além da física, era química. Pedro se apaixonara naquele dia novamente, como acontecia cada dia desde que o beijou.

— Dança, meu guri. — Lucas entendeu que era uma dança de casal, ambos sincronizaram os movimentos como se dançassem El Sombrero Blanco, na tarde fria. O vigor era tão entusiasmado e os dançarinos tão espirituosos que esqueceram da visita no quarto do lado.

Pedro levantou encaixado em Lucas e o meteu nele de pé. Ninguém se conteve, gemeram alto, suaram, se beijaram com apetite, gozaram deliciosamente e caíram na cama rindo.

Acontece então, aqueles momentos que o corpo relaxa achando a paz e o equilíbrio. Preguiça boa, bocejos e palavras doces.

— Rapaz, que judiação é essa com teu homem? — Pedro falava quase sussurrando.

— É tão bom...

— Ah peste! — Pedro fez cocegas e encheu o traseiro do mais jovem de tapas.

Fora naquela tarde que lembraram que já estavam namorando há um ano, pois consideravam o primeiro beijo o marco inicial. Acordaram no final da tarde e Paulinho havia feito café enquanto tagarelava com a esposa de Aldo.

— Sim, menina. Ele é catarinense. Era um bofe escândalo, mas um incubado e cheio de medo de viver a vida. Só aguentei um ano e mandei ele passear. Onde já se viu, sou menina de família.

— Guri... tu me mata de tanto rir. Eu só conheço o Pedro e o Lucas que são assim. Mas eles são envergonhados.

— Não é vergonha, é que uns são discretos. Haha, euzinha sou um luxo, do escândalo, do babado e balacobaco. Olha eu fiz de tudo pra amarrar o macho e ele pisou na bola. Agora corre atrás, me liga... olha só quantas chamadas que ignorei.

— Não fica ruim morando em estados diferentes?

— Nada. Ele que corra atrás, já disse.

— Ih, isso não me convenceu. Você gosta dele e tá quase dando uma brecha.

— Verdade. Ain como gostei de você, more.

Depois que Eda se foi, Pedro desceu e logo após, o Lucas. Ambos sorridentes e numa alegria indisfarçável. Tomaram café com Paulinho e então aconteceu uma conversa meio estranha.

— Algum de vocês viu minha lingerie? Eu pus pra lavar e não achei no varal.

Pedro engasgou com o café, Lucas arregalou seus grandes olhos verdes e Paulinho gritou:

— AHHHHH! O que é aquilo na parede? Uma lagartixa? Socorro!

Lucas pegou a vassoura para espantar o bicho.

— Pronto! Paulinho, pode sair do banheiro. Não acredito que tem medo disso. — Lucas e sua secura não fora suficientes para tirar Paulo do banheiro onde se trancou apavorado.

Foram dias alegres, frios e saborosos. Na hora de voltar para o Mato Grosso, Paulinho chorou litros de lágrimas na rodoviária, Pedro também chorou abraçando seu sobrinho e Lucas foi o único "forte" naquele momento. Bastou chegar em casa para fazer um berreiro. Nem sentiu vergonha de chorar com paixão até soluçar. Paulinho era da família. Aquela família que crescia lentamente.

Depois de uns meses, Guigo e Mariana casaram e em tom de confidência, ela disse que estavam grávidos. Bruno havia ido para Chapecó com a família. Seu João, segundo tio Nelsinho, estava gozando de plena saúde.

Lucas concluiu o segundo semestre de Letras no final daquele ano. Sua sociabilidade era um pouco maior agora na faculdade e não demorou para desencantar com docência. Pedro desta vez o encorajou, mas o jovem não queria prosseguir naquele curso. Seus colegas que já lecionavam destacavam demais os pontos negativos da profissão. Eram unanimes, ou seja, não tinha colegas em sala de aula que lhe aconselhassem a seguir naquela ocupação.

— Pedro nesse verão a gente vai lá nas Praias?

— Depois do ano novo. O Diego que mora pra lá, disse que não dá pra se mexer de tanta gente naquela semana de Natal e Ano Novo.

— Ele que tá fazendo Engenharia?

— É sim. O guri é afilhado do pai. Esses tempos me deu dó e ajudei.

— Porque?

— Porque graças a Deus, eu tô tranquilo depois que despachei as vacas. Agora vou me lascar uns meses para aterrar aquele cafundó que vou lotear e investir. Tá vendendo bem a Casa Germinada, sabe aquelas casinhas que parecem grudadas.

— Eu sei, mas não moro naquilo. É bom ter espaço. Se fizer essas casas não faça muito pequena.

Assim Lucas e ele conversavam alimentando os planos, sonhando e projetando. Logo começariam a por no papel aquilo que envolveria muito mais aquele casal. 


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Chegay! Ui que delícia! hehe

Eu não tava muito 100% hoje,  tava resolvendo uns "poblemas" como diz o Bombonzinho. De tanto cansaço então, eu "capotei" cedo e como acordei resolvi revisar o capítulo.

Quero pedir desculpas a uns leitores que comentaram e ainda não respondi. Amanhã venho aqui dar cheirinho e respondo. Desculpa mesmo.

Muita alegria, luz, vida e energias boas a todos. 

Amanhã volto mesmo. 

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