CAPÍTULO IV - Família de sangue e família de coração.
Essa é a nossa Lucia, forte linda é que já passou por muita coisa na vida que fez ela ser tão forte é as vezes tão dura.
Maria Ângela
Terça- feira é dia de reunir o pessoal é bom ter mais um dia além do domingo para reunir meus filhos e Lucia à família que Deus me deu, uns de sangue outros de coração o que importa é que somos uma família, na cozinha da minha cobertura resolvo fazer uma lasanha bem suculenta, quando Estevão era vivo era o responsável pelos pratos salgados eu pelos doces hoje tenho que fazer tudo não fica tão bom, mas dou um caldo, escuto vozes atravessando a sala e vindo onde eu estou.
Uma Pietra carrancuda entra e me dá um beijo, Enzo entra atrás os dois com quimonos suados meus filhos praticam artes marciais, devido a Síndrome de Down meu filho é mais propenso a ganhar peso, por isso os dois sempre praticaram esportes juntos Pietra e Enzo sempre foram muito parceiros eles são o meu orgulho.
– Posso saber o porquê dessa cara amarrada Pietra? Perguntei mas acho que sei a resposta.
O Enzo solta uma risadinha e acaba respondendo pela irmã.
– Ela brigou com aquele bobão do namorado, mãe por isso essa cara feia.
Vou despachar o Enzo está na hora de ter uma conversa com a Pietra sobre esse namorado.
– Pois é rapazinho vai tomar um banho gostoso, ah é outra coisa a fono me ligou hoje é disse que o senhor faltou à sessão, eu remarquei para o dia seguinte e espero que não falte está ouvindo. – As idas ao fonoaudiólogo são fundamentais para o desenvolvimento da fala do Enzo apesar de ele não gostar.
– Mãe eu não gosto, não quero.
–Fica tranquila mãe eu acompanho o pentelho amanhã agora vai tomar banho malinha. – Enzo saiu correndo, rindo ele vai dar trabalho.
Assim que o Enzo saiu minha filha se sentou e eu me preparei, tinha que dizer o que penso sobre isso.
– Então Pietra a tempos percebo que está chateada você é o Omar tem brigado muito não quero me intrometer na sua vida mas eu tenho por obrigação te aconselhar. Penso que esse rapaz não seja para ti, não que ele não seja uma boa pessoa só que se vê de longe que vocês não combinam.
Pietra é uma menina alegre, batalhadora sempre esteve comigo na confeitaria já foi de tudo desde balconista até mesmo salgadeira. O carisma dela é surpreendente é adorada pelos outros funcionários é amiga dos amigos e quase uma mãe para o Enzo, sem contar a beleza da minha filha que é uma morena linda de pele amendoada e cabelos lisos, uma mistura minha e de seu pai a olhando sinto a sensação de dever cumprido.
– Omar é complicado demais mãe acredita que ficou com raiva porque eu fui treinar com o Enzo disse que os outros homens podem me olhar, como se me importasse poxa eu só quero treinar com o meu irmão para que ele não engorde demais se alguém vai ficar me olhando problema é dele. – O problema era mais complicado do que imaginava.
– Eu pesquisei sobre a cultura dele querida lá na Turquia eles são mais comedidos, as mulheres são submissas, se o ama vocês vão ter que encontrar um meio termo. - Expliquei.
– Tudo bem só que se ele é apaixonado por mim qual o sentido de querer que eu mude? Ele reclama das minhas roupas, se danço, da minha risada que acha escandalosa, ou seja, ele é apaixonado por mim, mas não gosta de nada que eu faço inclusive o meu trabalho que é uma das coisas que mais amo.
Nesse momento Alice chegou à porta da cozinha junto de sua filinha Nina, ela sempre foi amiga da minha filha uma ruiva que sempre despertou atenção por onde passa, quando adolescente ela engravidou aos quinze anos estava apavorada e em vez de acolhida foi posta para fora pela mãe que é muito religiosa é o padrasto que é pastor, uma menina gravida e sozinha lembrou muito de mim. O que eu fiz? Coloquei para dentro da minha casa, e a tornei minha segunda filha hoje Alice é uma excelente mãe e pessoa, uma excelente contadora que cuida de praticamente toda a parte financeira dos meus negócios.
E com Alice veio Nina uma criança doce, esperta que enche a nossa casa de alegria e felicidade, é minha netinha do coração a nossa pequena ruivinha.
– Ah tia Ângela é tem mais porque eu já vi, ele pergunta aonde a Petra vai , que horas volta se algum dos meninos das confeitarias falou uma gracinha. – Dedurou Alice enfiando o dedo na panela e provando um pouco do molho.
Pietra abaixou o rosto esse namoro definitivamente não estava lhe fazendo bem é eu não sabia o que fazer para ajudar.
–Vó o namorado da tia Pietra é muito chato é sem graça e até bonito mas está sempre de cara amarrada.
– Nina isso é conversa de adulto filha, não é pra senhorinha meter o bedelho. – Alice no modo mãe ralhando com a Nina.
O Enzo chegou com a sua alegria ele é a Nina se dão muito bem, meu filho ama crianças os dois saem felizes indo jogar vídeo game é uma das atividades que ajudam na coordenação motora.
– Pietra esse negocio de controlar seus passos eu não acho legal filha.
– O pior, é que ele tem uma ilusão que os dois se casando a Pietra vai ser uma linda e recatada dona de casa.
– Alice eu não sou contra a mulher ser dona de casa, mulher tem que ser aquilo que ela quiser desde que seja realmente isso que ela quer. Muitas vezes eu quis ficar mais em casa com vocês o que não foi possível.
– Tia Angela o Omar está fantasiando uma Pietra que não existe essa daí dentro de casa bancando a esposa ? Quero ver.
Minha filha estava com o semblante carregado, mas de repente deu um sorrisinho de quem ia dar troco.
– Eu poderia ser uma esposa, mas eu não quero somente esse papel na minha vida e vou com certeza ter uma decisão definitiva sobre o Omar, mas já que a Alice está me entregando eu vou contar que a sua mãe dona Alice voltou a te pedir dinheiro e está se tornando uma rotina mãe. A mulher está igualzinha menstruação todo mês aparece.
– De novo Alice? Sua mãe tem que te valorizar pelo ser humano maravilhoso, pela mãe maravilhosa que você é não pelo que pode oferecer. Tudo bem o dinheiro é seu e não é por isso, mas eu acho exploração desse pessoal.
Que raiva da mãe da Alice a menina é maravilhosa e eles a tratam como uma vagabunda, mas recebem o dinheiro dela ao invés de ir trabalhar correr atrás do próprio sustento, ficam sugando a menina.
–Ah tia eu sei, mas minha irmã esta grávida o marido ganha pouco é o encostado do meu padrasto não faz nada só fica na igreja, mas pelo o que eu andei escutando nem ocupação dentro da congregação ele está exercendo porque andou fazendo rolo com o dizimo dos fieis. Todo mês é uma choradeira da parte da minha mãe e eu acabo com pena.
–Eu entendo Alice, mas não acha que ela deveria ter te pedido perdão por tudo que fez a dez anos atrás. Até onde eu sei ela continua agindo como se estivesse coberta de razão, ou seja, você não é boa o suficiente é o seu dinheiro é?
– É outra ela chega à casa da Alice cheia de razão e atitude como se fosse uma obrigação dar o dinheiro, mal olha para Nina.
– Olha vão as duas tomar para sala eu vou terminar aqui e servir a lasanha.
Meu Deus minhas filhas estão perdidas, uma namorando um embuste disfarçado de homem a outra sendo explorada por uma família que não se importa com ela. E sem contar com Benjamin de volta bem que a Lucia disse a historia da Construtora Castro de Medeiros caiu na mídia o desgraçado deu entrevista e tudo, estão procurando o Carlo esse me parece já sumiu do Brasil. A imprensa está fazendo uma festa, a multa que vão pagar será exorbitante é muito difícil vê-lo e fingir que não conheço.
–Ai você podia bem ter ficado careca, barrigudo e ter o pau encolhido ia ser um castigo e tanto. - Pensei em voz alta e escutei uma risada atrás de mim.
– Amiga para quem está desejando esse castigo horroroso?- Perguntou a Lucia eu não tinha visto chegar.
–Para quem? Para o Benjamin ia ser um castigo justo, diga-se de passagem. Mas o homem está mais lindo do que nunca até mais de quando tínhamos dezessete anos. – Só o sorriso sumiu Benjamin sorria fácil, hoje é um homem sério.
Não vou dizer que não sinto nada por ele, as lembranças dele são muito doces Benjamin era maravilhoso até o dia que fomos descobertos, depois a mascara caiu é eu sai escorraçada daquela mansão.
– Então ele te afeta não é? Quer um conselho procura o Benjamin é pega seu homem de volta. – Olhei a Lucia como se ela tivesse duas cabeças.
– Doida eu não quero aquele homem nem pintado de ouro só o quero longe da minha cria, Pietra não necessita de mais problemas além dos que já tem.
– Aquele namorado dela não inspira confiança vejo todos os dias meninas se envolvendo com homens possessivos é o resultado não é bom. – Lucia como promotora vê muita merda na vida.
– Eu sei, me ajuda por a mesa.
Eu já havia decidido não era o que queria, mas não se faz uma omelete sem quebrar os ovos, há algum tempo Pietra pediu para montarmos uma filial no Rio de Janeiro eu não aceitei, pois não queria ficar longe da minha filha, mas agora minhas meninas precisam sair dessa cidade por um tempo. Alice vai repensar essa situação com a família toxica é esse vai ser o empurrão necessário para que a minha filha de um pé na bunda no embuste. O Jantar transcorreu na mais perfeita harmonia, todos riam e se divertiam com a companhia uns dos outros.
Eu tenho um comunicado a ser feito há algum tempo a Pietra pediu para montarmos uma filial da Doces Sonhos no Rio de Janeiro eu não aceitei mas repensando vejo que é uma boa ideia e quero as duas tocando o projeto.
Foi como se tivesse lançado uma bomba no meio da mesa de jantar, todos pararam de comer e me olharam espantados menos a Lucia que balançou a cabeça e me fuzilou com os olhos depois provavelmente teria satisfações a lhe dar, mas agora só gostaria que minhas filhas saíssem um pouco de São Paulo.
– Mãe isso agora? Eu não entendo quando eu fiz a proposta você não aceitou de jeito nenhum. – Pietra queria saber da minha mudança de opinião.
– Acredito que esse é o momento minha filha, tanto você quanto Alice necessitam de uma mudança é uma temporada no Rio seria bom. – Alice me olhava espantada, minha filha me analisava. – Então a minha proposta é a seguinte vocês duas viajam essa semana procuram um bom ponto comercial, uma agencia de arquitetura e paisagismo para que a nossa confeitaria seja um lugar maravilhoso é a cara de vocês sem limites de gastos.
– Um ano seria o tempo ideal para montarmos uma confeitaria de respeito. – O sorriso de quem estava prestes a aceitar um desafio era o que eu mais gostava em Pietra. – Eu aceito.
– Alice? – Perguntei não iria obriga-la, mas adoraria que fosse para se afastar daquela família suja que só sabe extorqui-la, a amo como filha e quero que pense com clareza sobre ficar dando dinheiro a eles.
– Tia eu não sei, tenho a Nina, uma vida aqui eu gostaria de ir, mas eu tenho que pensar nela. – Como pensei sempre colocando a filha em primeiro lugar antes que eu respondesse a própria Nina se pronunciou.
–Mãe pode ir eu fico com a vó Angela enquanto estiver e se precisar posso ir junto adoraria ir à praia. – Sorri minha menina adorava praia.
–Então eu topo vai ser bom ficar um tempo longe de São Paulo.
Enzo saiu correndo da mesa visivelmente contrariado era muito apegado a irmã eles nunca ficavam separados, Pietra fez um sinal com a mão e foi atrás dele. Fui com a Lucia para o meu quarto essa muito engasgada com certeza iria me soltar os cachorros.
- E muito mais fácil mandar a Pietra embora, magoar o Enzo do que contar a verdade? – Perguntou a Lucia muito irritada.
- Eu só estou protegendo a minha filha já disse isso pela milésima vez.
- Repete tanto isso Angela que eu penso que quer se convencer e na verdade está protegendo a si mesma. – Acusou Lucia
Para ela eu deveria enfrentar tudo de frente, reviver feridas e contar a verdade. O problema é que as feridas são dolorosas demais, ela não sabe senti a raiva aflorando em mim.
- Você não entendi porque não criou sua filha, não sabe como é amar tanto assim e são meus filhos e sei o que e bom para eles .- Vi a surpresa e depois a decepção nos olhos de minha amiga.- Lu perdão eu não quis dizer isso me desculpa fiquei nervosa, amiga sei o amor que tem pelos meus meninos.
- O pior Angela é que sabe o porquê deu não poder ter criado minha filha e o quanto isso me dói e que realmente eu os seus filhos como meus e que me preocupo com eles mas tem razão você sabe o que faz e eu me retiro na minha insignificância. – Limpando os olhos Lucia saiu da minha casa e eu só pude correr atrás.
- Lu não vai me perdoa fui maldosa mas não foi de proposito me perdoa? – Era o que podia pedir agora.
- Com certeza vou te perdoar, pois tenho muito amor por você e sua família, mas hoje.
Magoei quem não podia o medo de que a decisão que tomei de certa forma partisse a minha família ao meio me dominou, mas agora era tarde e tinha que seguir em frente com o meu plano custe o que custasse.
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