Capítulo I

De todos os três grandes povos do princípio desta terra, os montanhescos Giales eram os mais misteriosos. Habitantes da cordilheira de Gonomle — que embasou o mundo em sua formação; foram eles os amantes do céu e das estrelas.

Subiram tão alto para construírem suas casas que quase deixaram o solo para viverem no ar. Subestimaram a gravidade com suas torres estonteantes e por lá fizeram suas vidas, aprendendo dia após dia com as aves os desígnios dos ventos.

Desde que se aventuraram pelas montanhas, nunca mais tornaram a descer. Aprenderam a tirar das grandes pedreiras o sustento que os impulsionou a construírem os castelos de alturas desafiadoras.

Dizem que um Giale só encontrava sua felicidade nas noites de céu estrelado e, por este motivo, necessitava estar acima das nuvens. De tal modo que nunca teria o sentimento inebriado pelos tormentos terrenos.

Fizeram dos primeiros ventos guias da mística terrena, e a gravidade não surtia tanto efeito na cordilheira como nas outras partes do mundo.

Gonomle se tornou intransponível com o passar dos anos, com os grandes paredões de rochas pontudas; e os Giales se isolaram dos demais povos, tornando-se uma lenda latente às mentes curiosas que andavam por essas terras nos anos antigos.

Existiam também os Nallias, senhores dos grandes mares de Nethal; filhos das águas salgadas que deixaram as terras para descobrirem no oceano a fluidez da vida.

Com ele, os Nallias aprenderam mais sobre as profundezas da terra que qualquer outro povo. Corriam boatos que eram capazes de mergulhar tão profundo que nem mesmo os raios do sol eram hábeis de segui-los.

Construíram cidades flutuantes arquitetadas e fortificadas, e lá se protegiam das tormentas continentais. Todos os seres de Nethal possuíam um olhar amplificado para as nuances da vida; conseguiam enxergar além do horizonte e ver por entre a neblina do tempo.

Eram quase clarividentes, pois aprenderam com as ondas o movimento temporal que leva e traz os acontecimentos para o presente.

Os grandes peixes de outrora eram seus guias. Levavam as cidades flutuantes para onde as águas bem os acolhessem. Sabiam desvendar os desígnios do clima e assim traçavam a rota rumo à calmaria.

Por conseguinte, eram conhecidos também como nômades do mar, já que não havia sequer um pedaço de Nethal inexplorado pelos Nallias.

O último povo antigo era conhecido como Finras, grandes mestres das florestas de Finshares e dominadores da medicina antiga já esquecida na noite temporal.

Tinham as frondosas árvores daquela época como verdadeiros santuários e construíam sob suas faustosas copas suntuosos palácios de cristal.

Eram eles os portadores das grandes bibliotecas com os segredos da formação do mundo e da divisão dos três grandes povos. Nenhum Finra era completamente adulto sem antes entender como um grão se transformava numa floresta, e como Finshares foi se perpetuando ao longo da história.

Tidos como os mais amigáveis, os Finras festejavam a chegada das estações em júbilo, pois viam na mudança climática um clico de oportunidades que se renovava. Se dependessem deles, os povos da terra nunca teriam se separado e a harmonia prevaleceria por toda a eternidade.

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