Every Sunday's Getting More Bleak

Olha eu aqui denovo!

Fanfic autoral escrita para a semana de Au do projeto dezdrarry

Primeiramente essa é uma death fic, então se tiver problemas com isso melhor não ler gente.

Segundo essa fic foi inspirada na Música de mesmo título da fic, os nomes dos capítulos são trechos da música

Espero que gostem!!!
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— Criador do mundo, Tu que dissestes “peça e receberás”, inclinai teus ouvidos a esta humilde criatura. Na Glória do teu poder, ouça a minha prece, ó pai amado. Fazei que por Vossa vontade, eu obtenha a graça que tanto almejo e necessito para minha vida. Abençoe todos os súditos de nosso reino e mande para o inferno, para queimar no fogo eterno dos pecados, todos que acham que é das graças divinas, que Tu nos concebe, a ideia de amar aquele que és igual perante a criação, os dê um fim digno nos fogos regados pelos pecados e que isto seja feito pelo poder constituído em suas divinas mãos. Amém.

O velho padre, trajado com sua batina branca adornada de bordados feitos pelos fios do mais caro ouro, pegou entre suas velhas mãos a taça também feita de ouro, que eu imaginava conter vinho, e a estendeu para frente, como um convite para todos os presentes ali naquela igreja fazerem o mesmo.

Será que nenhum ser percebia o quão errado era aquela reza? Pelo amor de todos os santos, todas aquelas pessoas estavam sofrendo uma lavagem cerebral instituída pelo poder divino de todos os religiosos fiéis, às palavras daquele velho padre.

Eu percorria com os olhos todas as expressões que eu poderia encontrar nos rostos alheios dentro daquela igreja estupidamente dourada.

Em algumas expressões, eu conseguia ver certa adoração às palavras ali ditas; em outras, eu via a falsa concordância, e até mesmo os sorrisos carregados de deboche mascarados pela expressão de indiferença.

Era a mesma coisa todos os domingos, em que toda a população, sendo ela rica ou pobre, era convocada pelos bispos da igreja a prestar adoração às palavras proferidas pela voz asmática e rouca do velho padre Argo Filch. Todos os nobres de roupas brancas e todos os camponeses de roupas cremes enfiados em uma construção gótica, adornada por quilos de ouro, ouvindo os discursos contra o amor entre duas pessoas do mesmo sexo era um pesadelo.

Ao contrário de todos, eu explorava com meus olhos, da forma mais discreta que podia, as feições diferenciadas que tinham ali sua presença.
Afinal, se alguém recusa-se o que a maioria chamava de convite para ouvir a palavra divina, a pessoa era enforcada em praça pública com a alegação de trair a igreja. Por isso, todos reservavam suas manhãs de domingo para se sentar nos bancos feitos de carvalho por um tempo mínimo de 3 horas e escutar todos os evangelhos e capítulos da bíblia que o padre quisesse ler.

Meus olhos pararam por alguns minutos na família do visconde Arthur Weasley.
Todos aqueles numerosos ruivos chamavam atenção, todos os 6 filhos e a única garota ruiva tinham expressões mal disfarçadas de tédio, com exceção, é claro, do 3° mais velho, que escutava tudo com uma animação estranha.

Depois parei para observar a condessa Zabini e seu filho, filho este que tinha um sorriso carregado de deboche em seus lábios. Pelo menos alguém, assim como eu, achava aquela baboseira de “mande para o inferno aqueles que acham que é proveniente de sua graça divina amar alguém do mesmo sexo”. Uma tremenda idiotice.

E, por fim, meu olhar tomou o tão conhecido caminho até se deter no príncipe Potter. Tomei meu tempo de sempre para observar a pele morena, os cabelos pretos e revoltosos, e todo o conjunto de belezas que ele tinha.

Mas, diferente de todas as vezes que eu o observei, daquela vez eu vi, ou pelo menos achei ter visto, um vislumbre de seus olhos verdes faiscarem em minha direção. Aquela pequena possibilidade fez com meu estômago revira-se e um suspiro escapar de meus lábios sem minha permissão.
Suspiro esse que chamou a atenção de minha mãe, que se inclinou da forma mais aristocrática e discreta que pôde, fazendo o cheiro enjoativo de narcisos e baunilha invadir meu olfato, fazendo meu estômago revirar ainda mais e eu ter a leve impressão de que iria colocar meu café da manhã para fora de uma maneira nem um pouco discreta.

— Tudo bem, Draco, meu amor? 

Sua voz era suave e doce de uma forma enjoativa, seu perfume ficou ainda mais forte, assim ficando relativamente difícil de respirar. Aparentemente, sua iminente preocupação chamou atenção de meu pai, que dirigiu um olhar inquisitivo em minha direção, me deixando um pouco nervoso e sufocado.

— Só um leve enjoo, mas não quero perder as sábias palavras de nosso padre.

Meu pai deixou um leve sorriso de aprovação transparecer por poucos segundos, eu sabia que aquilo era exatamente o que ele queria ouvir, e eu tinha essa consciência, pois meu pai prezava as palavras do velho padre mais do que tudo, então tudo que fosse ligado a igreja deveria vir primeiro.

Enquanto eu me esforçava para fingir estar prestando total atenção no discurso sobre a virgem Maria, pude perceber uma furiosa troca de olhares por cima de minha cabeça, e aquilo durou um longo minuto. No momento em que se finalizou a troca de olhares, meu pai se inclinou em minha direção, achei ter visto outra vez o vislumbre do olhar do príncipe em minha direção, mas era muito mais fácil eu simplesmente me convencer de que eu estava enlouquecendo.

— Draco, eu lhe dou permissão para sair e ir tomar um ar. Pode ficar os últimos 20 minutos que faltam lá fora, acho que as lições divinas de hoje já foram devidamente passadas.

Me sobressaltei um pouco com aquilo, não era do feitio de meu pai me dispensar das lições religiosas.

— Sim, senhor, pai.

Me levantei e saí do prédio de forma discreta, antes que meu pai fizesse alguma objeção sobre minha saída. Parei em meio às escadarias da igreja e suspirei de forma vacilante, olhei para os lados discretamente e me dirigi a passos vacilantes até a lateral esquerda da igreja.

Em poucos passos, me encontrei meio a uma clareira, com árvores altas e que, com suas copas cheias, cobriam toda e qualquer vista que se pudesse ter, olhando de dentro da igreja. Aquele era um dos melhores lugares para se ter privacidade, o que devo ressaltar que era bem difícil de se conseguir.

Eu me sentei escorado na parede de mármore, ouvindo com certa nitidez o discurso do velho padre, que falava desta vez algo sobre pedir chuvas para São Pedro a fim de molhar as vastas plantações de nosso reino. A sensação de sufocamento ainda estava presente em mim, me fazendo ansiar o momento em que poderia me livrar de minhas apertadas e sufocantes roupas.
Em meio ao meu leve desespero, levei meus dedos em direção aos botões de meu gibão, mas parei no ato de desabotoar a apertada peça, ao ouvir um leve farfalhar de folhas.
Passei alguns breves minutos tentando distinguir sons parecidos com o anterior, mas tudo que tive foi uma leve frustração ao não escutar mais nada. 

Desisti de me livrar do gibão, que vestia com medo de ser pego por alguém qualquer. Repousei minhas mãos sobre a grama e novamente ouvi o breve farfalhar das folhas. Passei meu olhar por toda a clareira, tentando a todo custo enxergar quem quer que fosse o autor dos ruídos. Depois de olhar para o mesmo ponto pela terceira vez, consegui identificar uma silhueta masculina por entre as árvores.
Busquei com os olhos algum traço do rosto da pessoa por entre a fraca iluminação, e a faísca dos olhos verdes que me encaravam ao longe, fez minha garganta secar.

— Prí... Príncipe ?

Minha voz claramente saiu mais histérica do que seria aceitável e eu ter gaguejado não me ajudava muito. Afinal, eu estava no mesmo ambiente que uma figura importante do governo.

A figura magra e ligeiramente mais baixa do que eu começou a vir em minha direção em passos leves e elegantes. Conforme o príncipe era banhado pela esverdeada luz, que iluminava a clareira, meu coração palpitava.

Uma palpitação proibida.

Um sorriso cativante brotou nos lábios do príncipe, conforme ele se aproximava, suas mãos mexiam e remexiam nos revoltosos cabelos, deixando-os com um ar ainda mais bagunçado, e fazendo, se possível, ele parecer... um adolescente qualquer.

— Sinto muito se te assustei, não era minha intenção 

Sua voz era suave, claro que aquela não era a primeira vez que eu escutava ele falar, mas parecia que, naquela clareira, a voz dele se tornava extremamente atraente. Ao chegar perto o suficiente para me enxergar com clareza, seu sorriso apenas aumentou e, sem ser convidado, se acomodou ao meu lado, parecendo claramente ignorar a possibilidade de sua roupa inteiramente branca se sujar de grama.

— Então... Você está bem ? Parecia um pouco incomodado com o discurso contra homoafeto do padre.

Ele comentou de forma simples, como alguém que pergunta sobre o tempo. Dirigi um olhar confuso em sua direção, o príncipe pareceu não perceber a confusão que invadiu meu olhar ou, se percebeu, não estava se importando.

— Quem não ficaria? 

Minha voz saiu um tanto rouca, eu não queria admitir os fatos, mas as palavras do padre ecoavam na minha cabeça com uma violência que me deixava um pouco desnorteado. Afinal, eram coisas horríveis de se dizer de alguém.

O príncipe parecia perguntar minha opinião apenas por educação, o mesmo sorriso alegre cativante continuava em seu rosto e ele não parecia incomodado com o discurso. Bom... ele poderia estar, mas apenas não queria demonstrar ser contrário à igreja na minha frente.  
Em certo momento, ele se virou e direcionou um olhar atento para minha pessoa, avaliando cada centímetro de meu rosto. Senti minhas bochechas queimarem de vergonha, e isso não era um ato nem um pouco nobre, mas o que eu poderia fazer se era tão difícil fingir não estar no mínimo envergonhado por ser alvo daquelas lindas orbes verdes?

— Oh! Perdoe minha falta de educação, às vezes os costumes principescos me fogem.

Ele apressou-se em se desculpar, mas a pergunta para mim era “se desculpar pelo quê?”.

Ele apenas continuou falando coisas sem o menor sentido, tentando justificar seu pedido de desculpas e a falta de modos, falava sobre as regras de etiqueta que ele seguia no palácio e todas as aulas de infinitos assuntos que ele tinha. 
E, bom... Em dado momento, simplesmente me perdi na conversa, o que não era muito educado, mas um turbilhão de pensamentos passava na minha mente, e desses milhares de pensamentos alguns tinham relação com as palavras do padre ,outros simplesmente tinham a ver com o príncipe e seus olhos verdes.

— Mas, afinal, não sei qual é o seu nome. Sei que é filho do duque Lucius, porém não faço a mínima ideia de como se chama... Será que poderia me dizer?

Levantei minha cabeça, que eu não havia percebido ter baixado até então, e encarei os olhos verdes, que esquadrinhavam meu rosto com total interesse. Pigarreei ligeiramente e busquei em minha mente qualquer discurso educado o suficiente para pôr em prática. 

— Draco...

— O quê? 

Arqueei minha sobrancelha em resposta, vendo o príncipe sorrir envergonhado.

— Pra quem é príncipe, você tem um vocabulário bem roto.

O moreno deu uma risada sem graça e passou a mão pelos fios rebeldes de seu cabelo.

— Perdão. Eu quis dizer... será que poderia repetir o que disse antes. Tenho a leve impressão de que não escutei corretamente.

— Draco, meu nome é Draco Malfoy. Não preciso perguntar o seu. Afinal, o reino todo sabe o seu nome.

O príncipe deu de ombros em um gesto muito pouco refinado, tomei meu tempo para olhar discretamente o perfil do jovem monarca 

— Então... Como devo lhe chamar? Duque Malfoy? Duque Draco? 

Passei alguns instantes pensando seriamente naquela questão, colocando os prós e contras lado a lado antes de dar uma resposta ao príncipe, que me encarava com leve diversão em sua face.

— E eu? Como devo te chamar? Vossa Alteza Real? Alteza? Príncipe? Príncipe Harry? Talvez príncipe Potter? 

Rebati as perguntas anteriores com mais perguntas e pude ver um sorriso leve brotando nos lábios do moreno, que dava sua total e completa atenção para mim.

— Príncipe Potter ? Existe, seriamente, alguém que me chame assim? 

Seu tom tinha uma leve pitada de um deboche mal disfarçado e eu em resposta apenas sorri, um sorriso malicioso que era marca registrada de meu pai e que eu conseguia reproduzir com total perfeição.

— Ora, suponho que certamente não conhece o lado mais... obscuro, digamos, de sua reputação.

Minha voz saiu um tanto ácida, mas mesmo assim o príncipe não recuou, seu fácil sorriso e a leveza no olhar ainda permaneciam ali, aparentemente não era daqueles que se rendiam fácil.

— Oh! Realmente, não conheço.

Seu tom não deixava dúvidas, o príncipe não dava a mínima importância para os comentários debochados que eram feitos sobre sua pessoa. Pelo contrário, ele parecia se divertir.

— Mas, em resposta às suas tão... bem feitas perguntas, prefiro ser chamado apenas de Harry. Sabe como é, às vezes é muito bem vindo ser tratado como alguém qualquer.

O tom sonhador que sua voz adquiriu não me passou despercebido, observei novamente a postura tão natural em que ele se encontrava, o desconforto que ficava estampado em seu rosto a cada movimento gracioso e friamente calculado que ele fazia não estava ali, ele exalava tranquilidade.

Observei a pele amorenada e as pequenas e quase inexistentes cicatrizes, arranhões pequenos e que não chamavam atenção alguma, quem olhasse rápido nunca iria perceber aqueles pequenos detalhes.
Detalhes esses que lhe conferiam uma grande beleza.

— Me chame de Draco então. Se posso lhe chamar pelo primeiro nome, é justo que faça o mesmo.

O moreno deu seu melhor sorriso e, no que pareceu um impulso, alojou minha mão entre as dele. Suas mãos conferiam um gostoso calor, diferente de minha mão, que estava gelada.

— Certo, Draco. Espero que esteja melhor, você não parecia bem antes.

Arregalei ligeiramente meus olhos, então quer dizer que ele prestava atenção em mim? Meu coração batia em ritmo acelerado demais e eu tive a leve impressão de que comecei a suar.

— Era só um enjoo, não pensei que tinha reparado nisso.

O príncipe se aproximou um pouco, a ponto de nossos joelhos se esbarrarem de vez em quando.

— Eu sempre reparo, Draco. Reparo em tudo e todos, e imagino que você também repare. Acho que não sou o único que não se interessa tanto pela palavra sagrada.

Ele me lançou um olhar cúmplice e eu senti minhas bochechas esquentarem de vergonha.

— Não precisa se envergonhar, Draco. Argo Filch é um saco de se escutar, e ainda tem os discursos que, sinceramente, me incomodam muito.

Sua voz era divertida, seu olhar refletia a mesma diversão que sua voz. Nossos joelhos se encontraram novamente e um arrepio percorreu pelo meu corpo, percebi com certa lentidão que o moreno se aproximava cada vez mais, e senti meu coração chegar no limite de sua aceleração.

— Sabe, não vejo nada de errado entre duas pessoas do mesmo sexo se gostarem... Até porque podem me julgar por isso, mas eu gosto de alguém assim.

Antes que eu pudesse questionar o real sentido de sua fala, ele venceu a distância entre nós e pressionou seus lábios nos meus. A princípio, fiquei chocado ,seus lábios tinham uma textura macia que provocava leve formigamento contra os meus. O moreno começou a aprofundar o beijo, e em questão de poucos segundos, já existiam línguas envolvidas no processo.

Tínhamos uma conexão maravilhosa, conforme as coisas iam avançando. Mesmo sem querer, nos separamos, eu ainda estava chocado com aquilo, mas, ao contrário de mim, o príncipe parecia orgulhoso. Em um piscar de olhos, ele estava de pé e se despedindo.

— Nos vemos por aí, Draco 

Ele começou a se afastar tranquilamente pelo mesmo caminho que havia feito para chegar aqui. Eu, por outro lado, continuei sentado na mesma posição com os lábios entreabertos e formigando.

Ele tinha mesmo acabado de me beijar? 

Eu fui beijado pelo príncipe?

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E aqui estou eu na semana de Au eba!!

Quero agradecer a psychocover por essa capa lindíssima aaa

Também quero agradecer a beta nywphadora por Betar esse primeiro capítulo

A próxima fic é o segundo Capítulo de Convite de casamento da alabrianne ! Vão ler gente

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