A Nova Vida; 0.2
O final de semana passou rapidamente para a família Jackson. No sábado, foram juntos ao mercado, escolhendo alimentos e transformando a atividade em um momento de descontração. Max, o cachorro, ficou do lado de fora, encantando quem passava.
No domingo, aproveitaram o dia ensolarado na praia. Noah relaxou ouvindo música, enquanto Max corria animado pela areia, perseguindo gaivotas e cavando buracos. Seus pais caminharam pela beira do mar, aproveitando a tranquilidade.
Ao entardecer, voltaram para casa com a sensação de que estavam começando a se adaptar e realmente desfrutar da vida na Califórnia.
Noah acordou com um sorriso no rosto ao sentir o cheiro doce de panquecas no ar. Ela abriu os olhos lentamente, ainda com o corpo pesado de sono, mas o aroma que invadia o quarto foi o suficiente para fazer seu estômago roncar. A luz suave da manhã entrava pelas janelas do quarto, iluminando as paredes azuis e criando um clima acolhedor.
Ela se espreguiçou e olhou para Max, que ainda estava deitado ao seu lado, como se nada no mundo fosse mais importante do que dormir mais alguns minutos. Noah riu baixinho e fez um afago na cabeça dele antes de se levantar da cama.
Seu pai, sempre tão animado quando estava em casa, estava na cozinha preparando o café da manhã. Ele já usava o avental, algo típico dele quando queria mimar a família com algo especial. Noah sorriu ao pensar nisso, sabendo que ele tinha o dom de transformar uma simples refeição em algo memorável.
Ela desceu as escadas e entrou na cozinha, onde encontrou seu pai ao lado do fogão, virando uma pilha de panquecas douradas.
── Bom dia, pai ── Noah disse, com um sorriso preguiçoso, apoiando-se na bancada.
── Olá, dorminhoca ── ele respondeu, com um sorriso de orelha a orelha. ── Vai querer panquecas? Tenho uma pilha aqui só esperando você.
── Claro! ── Noah respondeu, indo até a mesa, onde seu pai já tinha colocado alguns pratos. ── Parece incrível!
Ele colocou algumas panquecas no prato de Noah e serviu também uma porção generosa de frutas frescas. Max, que sempre ficava de olho quando se tratava de comida, já estava sentado ao lado dela, com os olhos fixos nas panquecas.
── Você vai trabalhar mais tarde, né? ── perguntou Noah, pegando uma garfada da comida deliciosa.
── Sim, vou dar uma passada no escritório, mas, por enquanto, aproveito a manhã com vocês. ── Ele sorriu, pegando uma panqueca para si também. ── Como foi sua noite? Dormiu bem na sua nova casa?
Noah olhou para ele e assentiu, com um sorriso satisfeito. Não sabia se era a comida ou a sensação de finalmente ter encontrado um lugar onde se sentia confortável, mas tudo parecia mais leve.
── Sim, dormi muito bem. E o Max também ── ela brincou, olhando para o cachorro, que agora estava deitado no chão, olhando para as panquecas com uma expressão de pura esperança.
O pai riu, pegando um pedaço de panqueca e jogando para Max, que o pegou com habilidade.
── Acho que Max vai gostar de morar aqui.
Noah sorriu, apreciando a conversa tranquila com seu pai, e, por um momento, sentiu que a mudança para a Califórnia estava começando a parecer mais certa.
── Ansiosa para o primeiro dia na escola nova? ── perguntou Willian, dando uma mordida em sua panqueca.
Noah deu de ombros, mastigando uma garfada generosa antes de responder:
── Um pouco. É sempre estranho ser a novata, mas acho que vai dar certo.
Willian assentiu, compreensivo.
── Com certeza vai. Você vai se sair bem, como sempre.
Depois do café, Noah foi se arrumar, escolhendo uma roupa confortável e um par de tênis. Ela suspirou ao lembrar que seu carro novo ainda não tinha chegado, então dependeria do pai para levá-la à escola.
── Tudo pronto? ── Willian perguntou, pegando as chaves do carro.
── Pronta. Vou voltar de Uber, já que você vai estar no escritório, certo?
── Isso mesmo. Não se esqueça de me avisar quando estiver a caminho.
Willian deixou Noah na entrada da escola. Ela desceu do carro, ajustando a mochila nos ombros, e observou a movimentação ao redor. Era um típico dia de início de semestre: alunos entrando em grupos, conversas animadas ecoando pelo pátio.
Com uma mistura de nervosismo e determinação, Noah respirou fundo e entrou no prédio, pronta para encarar o primeiro dia nesse novo capítulo de sua vida.
Noah entrou no prédio, ela foi recebida por uma enxurrada de conversas e risos ecoando pelos corredores. Os armários coloridos alinhados ao longo das paredes pareciam vibrar com a energia dos alunos que já se conheciam e estavam ansiosos para colocar as fofocas em dia. Ela apertou as alças da mochila, tentando não parecer perdida enquanto olhava ao redor.
"Ok, Noah, foco", pensou. Tirou o horário das aulas do bolso e verificou novamente a primeira sala. "Sala 205, Literatura".
O corredor parecia interminável, e Noah não queria ser a garota que precisava parar para pedir informações logo no primeiro dia. Decidida, seguiu os números das portas e finalmente encontrou a sala. Já havia alguns alunos sentados, tinha um aluno que tinha um moicano vermelho. Ela escolheu uma mesa próxima à janela, tentando passar despercebida.
Enquanto Noah se acomodava na mesa perto da janela, tentando se familiarizar com o ambiente da sala, ouviu passos se aproximando. Ela ergueu o olhar e deu de cara com um garoto com moicano vermelho e uma expressão confiante. Ele estava parado ali, perto dela, examinando-a por um momento.
── Você é nova, não é? ── perguntou ele, de maneira direta e casual, com uma voz leve e amigável.
Noah deu um leve pulo no banco e ajeitou a mochila no colo.
── Ah, sim... ── respondeu, um pouco tímida. ── Me chamo Noah. Me mudei da Flórida recentemente.
O garoto sorriu e estendeu a mão.
── Eli ── disse, com naturalidade. Depois de uma pausa, completou: ── Mas pode me chamar de Falcão, se quiser.
Noah inclinou a cabeça, confusa.
── Falcão? ── perguntou, tentando entender.
Ele deu uma risada leve, como se estivesse acostumado com esse tipo de reação.
── Sim, Falcão ──disse, com um tom leve e informal, gesticulando para seu moicano vermelho, que parecia dançar conforme ele se movia. ── É meu apelido. Todo mundo me chama assim.
Ela sorriu tímida, agora se sentindo menos fora de lugar.
── Ah, entendi... Legal. ── Ela apertou a alça da sua mochila novamente. ── É bom conhecer alguém por aqui.
Eli deu um sorriso caloroso, quase como um convite para se sentir bem-vinda.
── Relaxa. É só o primeiro dia. Logo você vai se acostumar com tudo por aqui ── afirmou, antes de se virar para olhar os outros colegas que começavam a entrar na sala.
A professora entrou no momento certo para interromper a conversa. O ambiente na sala se acalmou instantaneamente, com os alunos se acomodando em seus lugares. Noah respirou fundo e tentou se concentrar no que estava acontecendo.
Noah estava tão distraída olhando pela janela que nem percebeu o tempo passar. A voz da professora encerrando a aula parecia um som distante, e o toque do sinal do saída só a trouxe de volta à realidade quando os outros alunos começaram a se levantar.
Ela suspirou, ajeitando a mochila no ombro, enquanto ainda sentia uma espécie de vazio inquietante dentro de si. Quando deu o primeiro passo em direção à saída, o celular vibrou em sua mão, mostrando uma notificação.
"Você esqueceu seu remédio em cima do balcão."
Era uma mensagem do pai. Noah parou, encarando a tela por alguns segundos. O rosto dela permaneceu impassível, mas seus dedos apertaram um pouco mais o celular.
Ela sabia que ele estava tentando ser gentil, mas não gostava de ser lembrada do que aquilo representava. O remédio era uma parte da rotina que ela preferia ignorar, um lembrete constante de algo que ela fazia questão de evitar pensar.
Respirando fundo, digitou uma resposta curta:
"Eu sei, pai. Está tudo bem."
Noah chamou um Uber para ir para casa. Enquanto esperava, ficou olhando para o movimento da rua, tentando afastar o turbilhão de pensamentos que insistia em rondar sua mente. Quando o carro parou na frente do colégio, ela entrou e soltou um suspiro discreto, apenas observando a cidade passar pela janela durante o trajeto.
Chegando em casa, a primeira coisa que notou foi o carro de sua mãe estacionado na entrada. Noah franziu as sobrancelhas, surpresa.
"Ela está em casa? Novidade," pensou enquanto pagava o motorista e saía do carro.
Entrando pela porta da frente, foi recebida pelo latido grave e firme de Max. Ele estava deitado no chão da sala, mas se levantou ao ouvir o barulho da porta se abrir.
── Ei, garoto ── Noah disse com um pequeno sorriso, abaixando-se para acariciá-lo. Ele se aproximou, balançando o rabo com a mesma força de sempre, mas com movimentos mais leves agora.
Noah foi até a cozinha, sentindo um cheiro familiar misturado com algo novo no ar. Sua mãe estava ali, de avental, mexendo algo no fogão, e ao seu lado estava uma mulher de idade avançada, sorrindo de maneira amigável.
── Oi, filha — disse Jasmine, virando-se para ela com um sorriso caloroso. ── Essa é a Cecilia. Ela vai trabalhar aqui agora.
Noah parou por um momento, olhando para a mulher. Cecilia tinha cabelos ondulados brancos e olhos gentis, e parecia uma pessoa calorosa e tranquila. Sua presença na casa era inesperada, e isso fez Noah se sentir um pouco fora de lugar.
── Oi... ── Noah respondeu, tentando parecer amigável, embora sua voz tivesse um tom distante.
Cecilia sorriu novamente e estendeu a mão.
── Prazer em conhecê-la, querida. Não se preocupe, estarei aqui para ajudar no que você precisar.
Noah apertou a mão dela de forma automática, mas não conseguiu evitar o sentimento de apreensão que se instalou dentro dela. Sua mãe parecia animada com aquela mudança, mas Noah sabia que mudanças nunca eram simples para ela.
Jasmine deu um beijo suave na testa da filha e sorriu com ternura.
── Vou voltar tarde do trabalho, filha. Fica tranquila e aproveita o resto do dia para se acomodar, tá bom? ── disse ela, ajustando o avental com um gesto prático antes de voltar a mexer na panela no fogão.
Noah sorriu de volta e se levantou para subir as escadas. Seus pensamentos já estavam correndo para seu quarto, mas algo a fez hesitar. Max, que estava sentado perto da porta da cozinha, observava-a com atenção. Seu olhar era curioso e perceptivo demais para ela ignorar.
Antes que pudesse dar mais um passo, Max se aproximou, com um olhar que parecia saber muito mais do que deveria. Ela percebeu que ele a estava observando, atento ao seu comportamento. Seu coração deu uma leve acelerada.
Era como se ele soubesse que ela estava se sentindo estranha, sem saber por onde começar ou como ajudar com as mudanças em casa. "Ei, garota, pra onde vai tão rápido?" parecia ser o que Max estava dizendo silenciosamente.
Ela deu a meia-volta com um suspiro. Olhando para Ceci, que estava próxima ao balcão organizando alguns itens de cozinha, sentiu uma leve vermelhidão se espalhar por suas bochechas.
── Quer ajuda com o almoço? ── perguntou Noah, tentando soar casual, mas sua voz saiu um pouco embargada. Ela sentiu o rosto esquentar ainda mais ao perceber que provavelmente estava tentando se desculpar por alguma coisa que não soube definir.
Cecilia parou por um instante, sorrindo gentilmente para ela.
── Se você quiser, ficarei feliz com a sua companhia na cozinha. Adoro uma ajuda! ── respondeu Ceci, com um tom acolhedor que fez Noah se sentir um pouco menos nervosa.
Noah sorriu timidamente, seu olhar ainda fixo nas mãos de Ceci enquanto ela preparava ingredientes.
── Tudo bem, então ── murmurou, dando um passo mais próximo da mesa.
Noah percebeu que, apesar de sua timidez, esse poderia ser o começo de uma nova rotina para todos.
Por isso, respirou fundo e decidiu aproveitar aquele momento para se abrir.
── Então... o que eu posso fazer?
Cecilia sorriu novamente e a gesticulou para os ingredientes ao lado do balcão.
── Que tal me ajudar a cortar esses vegetais?
Noah se aproximou da bancada, pegando a faca e os vegetais enquanto uma sensação estranha de nervosismo ia se dissipando aos poucos. Ela percebeu que, mesmo que tímida, estava fazendo algo importante e construindo uma conexão, um passo por vez.
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