Sleeping Beauty
Não foi uma semana, faz mais de dois meses que [Nome] estava naquela maldita cama de hospital. Os exames feitos mostraram algumas irregularidades em seu coração, perturbando o seu batimento rítmico normal. Os médicos alertaram que não era nada que necessitasse de cirurgia, mas que deveria manter um cuidado constante e talvez um tratamento.
Bem que Miller havia avisado que mexer com o passado podia causar consequências físicas severas no usuário, pensando na professora grega e no alunos estrangeiros eles haviam deixado o país há algumas semanas, após ter certeza que tudo que havia sido recuperado e que a colega estava segura. A corporação Gaia ainda existia então o pequeno grupo de gregos ainda tinha trabalho a fazer.
Nos campos de treinamento Satoru olhava sem interesse algum os primeiro-anistas Kento Nanami e Yu Haibara, enquanto o sol abaixava cada vez mais trazendo os tons alaranjados de fim de tarde. Shoko como sempre estava no laboratório e Getou estava em algum lugar que não sabia. O rapaz estava sem ter realmente o que fazer, sendo apenas assombrado pelas lembranças e pensamentos sobre é hoje, ou quem foi no passado.
-Gojo.
-Yaga-san! Por favor, me diga que tem uma missão para mim, não aguento mais ficar olhando esses dois. – se virou para os alunos mais novos levantando uma mão - Ah, sem ofensas.
-Sem problema – Yu respondeu sem ligar muito enquanto Nanami apenas manteve a mesma expressão entediada de sempre, Satoru raramente conseguia identificar algo que não fosse desgosto no rosto do primeiro anista. Exceto se fosse raiva.
-Venha comigo – o diretor pediu e andou de volta em direção ao prédio. O mais novo não perdeu tempo em o seguir, precisava ocupar sua mente de qualquer jeito.
-Que segredista Yaga-san – disse colocando as mãos nos bolsos do uniforme e olhando para as costas do mais velho por cima dos óculos – É alguma missão especial? Quem sabe conseguir um objeto super amaldiçoado de um local esquecido pela humanidade.
Não obteve nenhuma resposta do diretor, então apenas soltou o ar pela boca antes de entrar na sala que ele havia indicado logo franzindo o cenho ao reparar na figura sentada à mesa.
-O que esse cara está fazendo aqui?
-Bom saber que você aprecia a minha companhia Gojo-kun. Com certeza torna nossa colaboração bem mais fácil.
Akira mantinha uma posição largada e um sorriso um tanto quanto sarcástico no rosto, ele poderia até se parecer com Akio-san, mas a personalidade era completamente diferente. Havia algum ressentimento em relação ao fato de que ele não se revelou até o último momento, e também o misterioso sumiço exatamente uma semana depois do incidente. Ambos motivos fazia com que Satoru não gostasse dele.
-Não tenho nenhuma intenção de colaborar com você - respondeu ainda de pé, as mãos fechadas em punho e no rosto uma máscara de desprezo.
-Se sente – Yaga disse tomando a cadeira na ponta da mesa, cruzando as mãos em cima dela em seguida –, escute o que ele tem a dizer depois pode tirar suas próprias conclusões.
-Sim, escute o que tenho a dizer. Afinal... – ele deu uma pausa para se virar para encarar Gojo, a feição se tornando mais sombria – Tenho certeza que você não quer morrer e levar nossa querida [Nome] junto não é?
Engoliu seco, aquelas palavras soaram dolorosamente familiares.
Seu silêncio foi mais do que o suficiente para que o homem continuasse – Ótimo, já é um ponto de partida. E antes que você comente, eu deixei a escola sob a permissão do próprio diretor.
Satoru olhou para o antigo professor se sentindo ligeiramente traído – Por quê?
-Por conta disso – ele colocou uma folha na mesa, parecia bem antiga e estava protegida por um plástico – É a segunda parte da promessa que selou a sua vida com a de [Nome], ainda falta um pedaço.
Ah, para Akira a expressão perdida do garoto foi mais do que satisfatória – Não fiquei todos esses anos apenas esperando o meu momento de brilhar sabe, fiz o meu dever de casa e apesar de tudo, respeito a vontade de Akio-san.
Satoru alcançou o papel, reparando nos padrões de encantamento. Não reconhecia nenhum deles, deveria ser um feitiço muito específico e os escritos nele também eram de um japonês arcaico quase ilegível.
Mas mesmo sendo tão antigo conseguia enxergar os resquícios de energia amaldiçoada que se ligavam aos traços de caligrafia, uma cortesia da sua técnica dos seis olhos.
-Você consegue ver a energia do encantamento não?
-Para que você quer saber? – Satoru devolveu o papel a mesa o encarando de volta.
-Suponhamos que eu tenha uma lista passada de gerações em gerações sobre os possíveis lugares que essa última parte possa estar. Mas veja só, eu pobre feiticeiro medíocre não posso encontrar as páginas, seria ótimo ter alguém que conseguisse não seria?
-Confie em mim, não estou fazendo isso por caridade. – Akira continuou falando - Theodore fez questão de me dar um pagamento adiantado por isso.
Gojo continuou olhando para o homem – Achei que estava fazendo isso em respeito a Akio-san.
-Eu aceitei o serviço por ele, mas mesmo assim preciso me sustentar. Vamos demorar algum tempo para investigar todos os lugares então quanto mais rápido você tomar sua decisão, talvez mais rápido ela possa acordar.
-O que isso quer dizer? – diretor Yaga se pronunciou - Acha que pode ter alguma coisa interferindo na recuperação de [Nome]?
-Pode ser que sim, pode ser que não. Enquanto não conseguimos descobrir as cláusulas do contrato tudo é possível.
Por mais que odiasse Satoru teria que concordar, pelo menos um pouco, com o contrato selado sendo um mistério colocava diversas pautas em questionamento. Quanto antes tivessem essa informação melhor poderiam entender como que as técnicas de ambos funcionavam e se de fato ele mesmo poderia fazer algo a mais para ajudar a garota a se recuperar.
-De qualquer forma, tem até... – Akira puxou a manga do terno observando o relógio – Às 7 horas da noite para decidir. Me encontre na estação de trem de Tóquio se aceitar a minha proposta.
-Espero que tome a decisão certa dessa vez. - E assim ele partiu mais uma vez deixando aluno e ex-professor sozinhos na sala.
Satoru deitou sobre a mesa numa atitude que Yaga julgou um tanto quanto infantil, mas compreendeu, o diretor se levantou em seguida colocando a mão em seu ombro – Sei que não vai deixar a história se repetir, apenas se prepare.
Aquele era um dos questionamentos que ficara o atormentando durante as madrugadas encarando o teto do seu quarto, enquanto a insônia o impedia de descansar. Se naquele dia ele não tivesse sido... Bem, tão ele. Como será que as coisas teriam se desenrolado?
Se não fosse esse tipo de pergunta que flutuava em sua mente os sonhos constantes faziam seu papel em o torturar.
Num piscar de olhos ele deixou a sala da escola e se encontrou no familiar quarto de hospital, havia quase virado uma rotina e tendo o teletransporte a sua disposição conseguia visitar [Nome] sem que ninguém percebesse. Geralmente não fazia nada, apenas se sentava ao seu lado e lhe contava seu dia enquanto ouvia o beep dos seus batimentos ecoando pelo quarto, às vezes mais rápido outras mais devagar, tudo dependia do que estivesse acontecendo em sua mente.
Satoru se sentou na lateral da cama e pegou a mão fria da garota, por mais que os suplementos básicos fossem dados através do soro, não era o suficiente para a deixar saudável.
A apoiando em seu colo começou a falar – Como foi seu dia? Deve ter sentido a minha falta não é?
Sabendo que não teria resposta além do barulho dos aparelhos continuou – As coisas estão bem relativamente calmas sabia? Quase não tem missões... Shoko está sempre no laboratório e Getou andou recebendo alguns serviços solo.
-Nanami e Yu parecem estarem indo bem com os treinos – continuou falando - Mas sentem a sua falta. Mesmo que tivesse a mania de os deixar pendurados a toda hora, Yaga-san disse que mesmo você sendo um ano mais velha, vai permanecer no time deles.
Os batimentos que hoje estavam lentos, pareceram diminuir o tempo entre eles progressivamente enquanto continuava a falar sobre coisas rotineiras. Podia não ser nada, mas ele tinha certeza de que a garota estava o ouvindo e que essas pequenas conversas de alguma forma a seguravam nesse mundo, já que um conforto parecia se aconchegar seu peito sempre que o fazia.
Ou era apenas uma mentira criada pelo seu inconsciente para se livrar um pouco da culpa e da solidão.
-Vou sumir por um tempo... Então vim apenas me despedir e dizer não precisa se preocupar comigo. Se acontecer alguma coisa sabe, a linha telefônica Gojo está sempre a sua disposição.
Um sorriso fraco e um toque de leve no rosto inexpressivo – Boa noite bela adormecida – as palavras foram praticamente sopradas ao vento antes do quarto ficar vazio como antes, Satoru ainda tinha muitas coisas para fazer naquela noite fria.
N/A: Olar! Tudo bom?
Eu como sempre esqueci de avisar, mas vamos ficar por um tempo acompanhando a história pelo ponto de vista do Gojo, afinal a querida [Nome] precisa se recuperar.
Uma explicação que eu ia colocar no cap passado, mas de novo esqueci (minha memória é uma mierd*). Akio-san, icônico lindo e maravilhoso. Ele não "morreu" na cena da neve, ele acordou depois disso e viveu uma vida relativamente feliz até falecer de velhice.
E um comentário, que evolução de mulher aranha pra bela adormecida ein kakakakaka.
Vejo vocês semana que vem.
Até mais, Xx!
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