Playing Lab
Soube no momento em que cheguei no campo de treinamento especial que estava com problemas. Por fora era uma grande casa de aparência tradicional, assim como o restante dos prédios da escola, mas no momento que você colocava os pés no lado de dentro era como entrar em outro mundo.
As paredes eram cobertas de talismãs e amuletos de proteção, reconheci também algumas outras ferramentas jujutsu. Era um lugar extremamente reforçado, poderiam prender uma maldição de grau especial ali dentro sem problemas.
O chão era de terra e o teto se estendia por metros e mais metros acima da minha cabeça. Uma casa por fora e uma caixa por dentro, não tinha nada além das paredes.
Ignorando o meu novo professor, que estava parado bem no meio, livre dos ternos caros e sapatos de marca que ele geralmente usava, Akira estava vestido com um agasalho esportivo e tênis de corrida. Além do característico sorriso cínico, é claro.
-Mas veja só – ele começou – Tenho certeza de que quando nos separamos ontem seu cabelo estava maior que isso. O que aconteceu?
-Tirei pra lavar – rebati sem muita paciência, e vendo que ele manteve os olhos em mim esperando uma resposta séria fui obrigada a completar.
-Shoko cortou pra mim, é um crime agora querer mudar?
Uma mudança rápida no ar e eu senti um toque na minha nuca dedos longos se embrenhando nos cabelos num leve cafuné. – Eu gostei, combina com você. - Um calafrio percorreu a minha espinha, não pelo carinho mas pela lembrança incrustada de Ryker puxando a minha cabeça para trás enquanto me afogava e dizia atrocidades.
Afastei a mão rapidamente em seguida colocando um pouco de espaço entre nós, segurei com firmeza os fios como se precisasse ter certeza de que quem estava no controle era realmente eu e não um fantasma deturpado do antigo comandante da Prometeu.
Satoru me encarava levemente preocupado pela reação inesperada, algo similar a tristeza também passando por seus olhos. Os óculos não estavam presentes hoje me dando uma visão clara do azul cintilante das suas íris.
-É uma surpresa te ver aqui no horário, Yaga-san me disse que você tem uma tendência a se atrasar. – Akira interrompeu na tentativa de aliviar um pouco o clima – Eu o chamei, se é isso que está se perguntando.
-Achei que íamos começar a minha reabilitação – comentei – Não ir direto com os experimentos.
-De fato vamos, mas como você não usou sua energia amaldiçoada nos últimos tempos não sabemos como está seu controle. Satoru é o único que pode te ajudar a treinar sem correr grandes riscos.
Aceitei o motivo dele, não tinha muito o que falar sobre isso realmente – Então com o que começamos? – juntei as pontas dos meus dedos, as linhas que se formaram entre eles a princípio da mesma forma que eu me lembrava, mas havia algo diferente que fez a minha cabeça pulsar.
Chrono brilhava num tom mais escuro de azul e parecia ter um contraste maior como se tivesse ganho um pouco de espessura. Já a Trama com seu tom púrpura parecia ter pequenos reflexos de vermelho que brilhavam ocasionalmente.
O destino, a linha da promessa, por outro lado, apenas flutuava em espirais como o de costume se afastava de mim e ia em direção a Gojo o envolvendo. Ele parecia seguir ela com os olhos, mas no momento que levantou a mão para tocá-la nada aconteceu.
-Posso vê-la – comentou – Mas não consigo manipular, deve ser algo específico da sua Dádiva das Moiras.
Cutuquei o fio de leve e ele se mexeu seguindo o movimento fluido – Sentiu algo? – perguntei levantando a minha sobrancelha recebendo um aceno de cabeça negativo. Aproveitando que Akira não tinha nos interrompido ainda, enrolei o fio azul pelo destino para ver o que acontecia.
O tempo permaneceu normal para mim e para Satoru, mas Akira pareceu ficar congelado por um segundo. Antes de eu sentir uma pontada na lateral da minha cabeça e soltar as linhas de uma vez.
-Vai levar algum tempo para eu me acostumar de novo – apertei de leve a minha têmpora. –Acho melhor usar as outras por enquanto.
-Você manda – Akira respondeu –, vamos começar.
Foram algumas horas retomando e analisando o quanto afetada as minhas técnicas estavam. Meus três ataques principais pareciam estar normais – em sua funcionalidade, sendo um problema apenas o meu físico, ainda cambaleava dependendo da movimentação que eu fazia – Karakuri Ningyo e Restrição de Aracne passaram em todos os testes que o mais velho propôs.
Já meu Julgamento de Aisa, as linhas cortantes, pareciam estar mostrando certa resistência, prova disso foi quando errei completamente um ataque na direção de Satoru, das dez linhas que lancei em sua direção sete acertaram o chão e três a parede.
-Droga – respondi esfregando uma palma na outra e alongando meus dedos – Tem definitivamente algo errado, é como se tivesse um freio impedindo que eu faça o que eu quero de verdade.
-Você está fazendo a mesma coisa que fazia antes, não é? – Akira perguntou e eu concordei – Talvez esse seja o problema, querendo ou não as coisas que você passou te deixaram mais forte e trouxeram à tona coisas que você ainda não tinha conhecimento. Coloque mais energia amaldiçoada e tente de novo.
Girei o meu pescoço e juntei as pontas dos meus dedos novamente, deixando que mais energia fluísse para as minhas palmas e imediatamente algo pareceu diferente. Bati uma delas no chão e foi instantâneo o corte com alguns centímetros de profundidade feito na terra do local.
-Parece que eu vou ter que desviar de verdade agora – Satoru disse se posicionando.
Eu não estava me movimentando muito, as linhas fazendo todo trabalho. Jogando Gojo para dentro da armadilha que eu mesma estava criando em segundo plano, foi quando inesperadamente ele fez um sinal com as mãos.
-Mesmo que seja você, não estou disposto a perder.
Ele ia usar uma expansão territorial? Jura? Antes que a técnica fosse concluída lancei as linhas em sua direção uma segunda energia azulada se fazendo presente, não sabia o que era, mas mesmo assim puxei em minha direção. E num instante, apenas por um segundo, foi como se o plano que estávamos se separasse, distorcido, o tempo e o destino reluzindo mais do que nunca.
Um estrondo foi a única coisa que eu ouvi antes de sentir meu corpo ser puxado para trás, no local onde Satoru anteriormente 5 grandes fendas se apresentavam. E não eram simples cortes, o que quer que existisse ali antes, havia desaparecido resultado da deformação que as nossas técnicas causaram no espaço-tempo.
Meu coração bateu pesado dentro do peito, me forçando inclinar para frente. O ar parecia não querer entrar nos meus pulmões por mais que eu estivesse tossindo não conseguia puxar oxigênio de volta.
Senti duas mãos segurarem o meu rosto – Olhe pra mim, [Nome]. – a visão embaçada me impedia de ver qualquer coisa, algo ainda escuro se fazendo presente na minha visão periférica.
-Foca em mim – Satoru disse novamente – O que você vê?
Podia ser uma frase comum, mas no momento foi como se fosse a chave para acabar com um encantamento. Mesmo que ofegante eu estava respirando de novo, os batimentos soando nos meus ouvidos acompanhando a minha cabeça latejante, apoiei a testa no peito dele usando sua própria respiração de marcação.
-Nossas técnicas se fundiram – ele disse provavelmente para Akira, ainda mantendo as mãos na lateral da minha cabeça. – Acho que [Nome] cortou a dimensão, com a minha ajuda é claro já que o espaço é a minha técnica.
-Explica o ricochete – Akira respondeu – Acredito que funcione como um cabo de guerra as energias de vocês convivem em harmonia, mas a partir do ponto que um lado puxa mais esse cabo. O equilíbrio pende pra um lado, e o resultado já vimos ali.
Respirei fundo uma última vez antes de levantar a cabeça, Satoru ajeitou alguns fios fora do lugar atrás da minha orelha – Melhor?
Apenas acenei com a cabeça e voltei a olhar para as marcas do ataque. – Acho melhor evitarmos brigar, ou Yaga-san não terá uma escola para ser o diretor.
Satoru riu – Provavelmente você está certa.
N/A: "O que você vê?" vai ser o lance deles cara tão nho nho nho.
Até semana que vem! Xx
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